Artigos
Igreja
Monsenhor Rafaelle Nogaro: Contra o Papa, o Motu Próprio... e contra o Concílio Vaticano II!
Othon Campos
Até que enfim, o Motu Próprio Summorum Pontificum saiu. Os dois milhões e meio de rosários tiveram um efeito mais do que benéfico. Através da Santíssima Virgem Maria, foi reconhecido o direito de qualquer padre rezar a Missa Tridentina, a Missa de Sempre, a Missa dos Santos, e sem precisar pedir licença ao Bispo. Bento XVI fez um grande bem à Igreja e aos fiéis católicos, que desejavam ter a Missa, cansados e saturados das missas-show, das profanações ao Ssmo. Sacramento, dos ultrajes a Deus causados pelos maus sacerdotes.
Bendito Motu Próprio!
Bendito seja Deus, nos Seus anjos e nos Seus Santos!
Bendito seja o nome de Maria, Virgem e Mãe!
Pois – como está escrito no lindíssimo “Memorare” de São Bernardo – nunca se ouviu dizer que nenhum daqueles que recorreu à Virgem Maria foi por Ela desprezado.
Até que enfim, podemos render o culto que é devido a Deus, o mesmo culto que São João Bosco, um “colosso de santidade,” nas palavras de Pio XI, fazia sobre os altares do Oratório de São Francisco de Sales, ou o mesmo culto que outro colosso de santidade fazia na Basílica de São Pedro, São Pio X, o “martelo do modernismo”.
Porém, a batalha foi ganha, mas não a guerra.
E quem está se aparelhando contra Bento XVI são os maus clérigos, que já uivavam quando da eleição de Sua Santidade, aqueles que Nossa Senhora já condenava, no séc. XIX em La Salette:
“Já não há almas generosas, já não há ninguém digno de oferecer a Vítima sem mancha ao Pai Eterno, pelo mundo”.
“Já não há almas generosas, já não há ninguém digno de oferecer a Vítima sem mancha ao Pai Eterno, pelo mundo”.
Ao ecoar as palavras de São Pio V, Bento XVI fez um terremoto, que sacudiu o fundo das almas. E bradou como nunca se viu nesses anos pós-conciliares: Portanto, é lícito celebrar o Sacrifício da Missa de acordo com a edição típica do Missal Romano promulgado pelo Beato João XXIII em 1962 e nunca anulado, como a forma extraordinária da Liturgia da Igreja. (Summorum Pontificum, Art. 1)
Isso, como foi dito, tremeu nas almas...
E tremeu de tal modo que o bispo de Caserta, Mons. Rafaelle Nogaro, com audácia incrível, disse sem ficar ruborizado:
"A missa em Latim é uma distorção do fato religioso. Nem mesmo professores universitários que ensinam latim rezam em latim. Este não é um instrumento apropriado para estabelecer uma verdadeira relação com Deus. Ajudar as pessoas a rezar é um esforço honrável. É isso que eu tentei fazer ao permitir o uso da Tenda de Abraão aos muçulmanos e a capela próxima a Catedral para ser usada pelo Ortodoxos."
“Mas assaltar os fiéis com imagens sagradas, coreografias teatrais e embelezamentos estéticos fazem o oposto. Aos fiéis deve ser oferecido algo válido e educacional, não uma ocasião de desorientação. Em resumo, resmungar orações em Latim não serve para nada”.
Isso é uma ofensa tremenda contra os santos que tanto prezavam pela manutenção do latim no rito da Missa – coisa que o Vaticano II não quis abolir – sendo, portanto, uma muralha intransponível contra erros contra a Fé. Muitos doutos bispos, como São Francisco de Sales e Santo Afonso de Ligório, já escreviam como o demônio tentava, de qualquer modo, destruir a Missa, pois ela é a chave de ouro para o paraíso, como escrevia São Leonardo de Porto-Maurício. Sendo, portanto, a chave de ouro, obviamente é através da Missa que Nosso Senhor, pelos méritos infinitos de Sua Paixão, nos concede as graças necessárias em cada estado de nossa vida.
Agora, o que nos deixa mais impressionado é Mons. Nogaro repelir o que o Concílio Vaticano II declarava no decreto “Unitatis Redintegratio”:
“Resguardando a unidade nas coisas necessárias, todos na Igreja, segundo o múnus dado a cada um, conservem a devida liberdade, tanto nas várias formas de vida espiritual e de disciplina, quanto na diversidade de ritos litúrgicos e até mesmo na elaboração teológica da verdade revelada” (Decreto Unitatis Redintegratio, n. 4)
Mons. Nogaro permitiu que muçulmanos e os “ortodoxos” (ou heterodoxos) tivessem “liberdade nas formas de vida espiritual e de disciplina, quanto na diversidade de ritos litúrgicos”. Mas, e a Missa de sempre nunca revogada? Também não se encaixa no quesito da “liberdade nas formas de vida espiritual e de disciplina, quanto na diversidade de ritos litúrgicos”?
E, talvez, diante dessa situação paradoxal o católico perplexo perguntaria:
PARA OS INIMIGOS DE DEUS, TUDO? E PARA OS FILHOS DE DEUS, NADA?
Muito fácil reclamar obediência ao pastoral Concílio Vaticano II, naquilo que é mais conveniente. Um amigo, comentando sobre essa situação inusitada, disse que diante de tanta obediência, mais parece ser o Vaticano II “infalível” do que os outros que realmente o foram.
Nada mais lógico, e conseqüência das atitudes dos maus prelados que trabalham para a destruição da Igreja, que promovem tudo aquilo que a Esposa de Cristo condenou e excomungou. Sobre essa situação calamitosa, escreveu Santo Afonso de Ligório:
Está em paz a Igreja, e não tem paz: está em paz da parte dos pagãos, em paz do lado dos hereges, mas não por certo da parte dos seus filhos. Os filhos dilaceram as entranhas da sua mãe. Na verdade a Igreja sofreu cruelmente da parte dos tiranos, que pelo martírio lhe arrebataram tantos fiéis; depois sofreu ainda mais cruelmente da parte dos hereges, que com o veneno do erro inficionaram muitos dos seus súditos; mas o seu maior sofrimento, a sua maior perseguição é a que lhe advém dos seus filhos, desses eclesiásticos indignos, que por seus escândalos dilaceram as entranhas maternais! (Santo Afonso de Ligório, “SELVA”)
Está em paz a Igreja, e não tem paz: está em paz da parte dos pagãos, em paz do lado dos hereges, mas não por certo da parte dos seus filhos. Os filhos dilaceram as entranhas da sua mãe. Na verdade a Igreja sofreu cruelmente da parte dos tiranos, que pelo martírio lhe arrebataram tantos fiéis; depois sofreu ainda mais cruelmente da parte dos hereges, que com o veneno do erro inficionaram muitos dos seus súditos; mas o seu maior sofrimento, a sua maior perseguição é a que lhe advém dos seus filhos, desses eclesiásticos indignos, que por seus escândalos dilaceram as entranhas maternais! (Santo Afonso de Ligório, “SELVA”)
Uma frase estarrecedora, mas verdadeira!
E Nosso Senhor irá pedir contas de tudo aquilo feito em nossa vida...
Dom Lefebvre (+Ut omnibus fidelibus defunctis requiem æternam donare digneris, te rogamus, audi nos) escreveu em seu testamento:
“Não quero que, quando aparecer diante de Deus, Ele me diga: O que fizestes com teu episcopado?”
“Não quero que, quando aparecer diante de Deus, Ele me diga: O que fizestes com teu episcopado?”
De fato, Dom Lefebvre jamais resmungou “orações em Latim não serve para nada”. Muito menos Dom Mayer, o “Leão de Campos”, o glorioso “Atanásio brasileiro”. Eles sofreram muito para que hoje tivéssemos o Motu Próprio. A luta desses bispos valorosos jamais será esquecida. Pax animam ejus, Domine!
Como vimos acima, dizer que na Missa Tridentina se resmungam orações em latim é uma ofensa grave, e é uma frase inacreditável vinda de um Sucessor dos Apóstolos. Vejamos o que diz São Francisco de Sales:
“Se em mim confias, hás de recitar o Pater noster, Ave Maria e o Credo em latim; não omitirás, no entanto, de aprender estas orações também em tua língua materna, para que lhe entendas o sentido. Deste modo, conformando-te ao uso da Igreja pela língua da religião, compreenderás outrossim o sentido admirável destas orações e lhes saborearás a suavidade. Convém recitá-las com a máxima atenção ao seu sentido e excitando os afetos correspondentes.” (Filotéia, P. II, c. I)
Também o Papa João XXIII escreveu a Veterum Sapientia – a sabedoria dos antigos! – no qual mostra os motivos da manutenção do latim.
Escreveu João XXIII:
"Além disso, a língua latina, que «com todo o direito podemos chamar católica», pois é própria da Sé Apostólica, mãe e mestra de todas as Igrejas, e consagrada pelo uso perene, deve ser mantida como «tesouro de incomparável valor» e como porta através da qual se abre a todos o acesso às mesmas verdades cristãs, transmitidas dos antigos tempos, para interpretar o testemunho da doutrina da Igreja e, enfim, o mais idôneo vínculo, mediante o qual a época atual da Igreja se mantém unida aos tempos passados e ao futuro de modo admirável" (Veterum Sapientia – n. 8)
Portanto, Mons. Nogaro está em gritante contradição. É contra Bento XVI, o Motu Próprio, João XXIII, e à tira colo, contra o Concílio Vaticano II!!! Depois, aqueles que não aceitam o Vaticano II são hereges, ateus, cismáticos, contra o Papa, rebeldes e outros tantos “afagos” dos neoconservadores...
Como dizem os americanos: “durma-se com um barulho desses!”
Fortaleza, 2 de outubro de 2007
Para citar este texto:
"Monsenhor Rafaelle Nogaro: Contra o Papa, o Motu Próprio... e contra o Concílio Vaticano II!"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/rafaelle_nogaro/
Online, 26/12/2024 às 14:15:24h