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Editorial: Vitória Pró-Vida e o Conclave
Lúcia Zucchi
Após 10 dias de silêncio ensurdecedor do Papa Francisco, a respeito da anulação de Roe vs Wade, a sentença que impedia legislações anti-aborto nos Estados Unidos, o Pontífice comenta de maneira fria a grande vitória dos católicos pro-vida americanos. Ao mesmo tempo, desautoriza a atitude do episcopado americano, que ainda é fiel à orientação da Santa Sé de Bento XVI para negar a comunhão a políticos católicos pro-aborto.
"O Papa na entrevista com Phil Pullella tocou no assunto da decisão da Suprema Corte dos EUA que derrubou a histórica decisão Roe contra Wade que estabelecia o direito de uma mulher a abortar, Francisco disse que respeitava a decisão, mas não tinha informações suficientes para falar sobre ela de um ponto de vista jurídico. Mas também condenou fortemente o aborto, comparando-o - como havia feito muitas vezes antes - à "contratação de um sicário". "Eu pergunto: é legítimo, é justo, eliminar uma vida humana para resolver um problema?"
O Papa também foi solicitado a comentar sobre o debate em curso nos Estados Unidos sobre se um político católico, que se opõe pessoalmente ao aborto, mas apoia o direito de outros de escolher, pode receber a comunhão. A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, por exemplo, foi proibida de receber a Eucaristia pelo arcebispo de sua arquidiocese, São Francisco, mas recebe regularmente a comunhão em uma paróquia em Washington, e na semana passada recebeu a comunhão de um padre durante a Missa em São Pedro presidida pelo Pontífice.
"Quando a Igreja perde sua natureza pastoral, quando um bispo perde sua natureza pastoral, isto causa um problema político", comentou o Papa. "Isto é tudo o que posso dizer.""
(Trecho da entrevista do Papa Francisco à Agencia Reuters publicada em 04.07.22 no site do Vatican News)
O comentário desdenhoso sobre a atuação do Arcebispo de San Francisco, Salvatore Cordileone, reforça a nomeação como cardeal de seu ex-auxiliar, atual bispo de San Diego, Robert McElroy, teórico defensor da comunhão aos políticos abortistas, considerado um "tapa na cara do episcopado americano". Em outros tempos, o comentário poderia ter levado à renúncia de Cordileone; nos dias de hoje, serve para unir a ala conservadora dos cardeais americanos no caso da eminência de um próximo conclave.
Para citar este texto:
"Editorial: Vitória Pró-Vida e o Conclave"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/imprensa/styling/Vitoria_Pro_Vida_e_o_Conclave/
Online, 26/12/2024 às 21:27:43h