X, eu me chamo Mauro Rocha, sou eu mesmo o responsável pela dita Live que você critica. É com grande prazer que repondo ao seu e-mail, pois, de fato, você me parece ter sinceras intenções e objeções, mas, lamento dizer, sua indignação está eivada de sentimentalismo, a sua análise é apaixonada, repleta de emoções pelo seu querido padre e muito pouca indignação contra as heresias defendidas pelo tal padre, e, meu amigo, mais uma vez, lamento dizer, não é assim que age um verdadeiro católico, como nos ensina o grande oratoriano do século XIX, o inglês, padre Frederick William FABER:

“Pois, então, a suprema deslealdade para com Deus é a heresia. É o pecado dos pecados, a mais repugnante das coisas que Deus desdenha neste mundo enfermo. No entanto, quão pouco entendemos da sua enorme odiosidade! É a poluição da verdade de Deus, o que é a pior de todas as impurezas. (...) Dizemos aos homens a metade da verdade, a metade que melhor convém à nossa própria pusilanimidade e aos seus próprios preconceitos. E, então, admiramo-nos que tão poucos se convertam e que, desses tão poucos, tantos apostatem. Somos tão fracos a ponto de nos surpreendermos que a nossa meia-verdade não tenha tanto sucesso como a verdade completa de Deus. Onde não há ódio à heresia, não há santidade. Um homem, que poderia ser um apóstolo, torna-se uma úlcera na Igreja por falta de recta indignação” (Pe. Frederick William FABER. The Precious Blood, or: The Price of Our Salvation, pp. 314-316).

Pergunto a você, assim como você teve coragem e sinceridade em entrar em contato conosco para mostrar a sua indignação em favor da pessoa do padre, você usou da mesma coragem para solicitar ao padre um ataque incisivo contra a doutrina do Olavo e contra a doutrina perenialista do Antônio Donato Rosa, doutrinas que ele tanto defende e defendeu? A sua coragem é um tanto quanto seletiva, você não acha? A favor da pessoa do Padre, toda coragem e sinceridade deve ser aplicada, mas e a favor da doutrina de Nosso Senhor? Seriam dois pesos e duas medidas? Você não percebe que existe uma desordem nas suas atitudes?

Em primeiro lugar, caro X, a dita Live a que você refere foi retirada do acesso público há semanas, veja que este é o primeiro indício de sua defesa apaixonada do seu querido padre, você nem verificou se a dita Live ainda está pública, você simplesmente acusa sem verificar os fatos, maneira de agir própria dos sentimentais.

Em segundo lugar, você ainda afirma: “mas o curso em que ele falava disso já foi excluído há anos”, isso não é verdade, caro X, apesar de acreditar na sinceridade das suas palavras, ainda que eivadas de sentimentalismo, neste ponto, você falta com a verdade ou por negligência, ou por falta de conhecimento dos cursos do padre, veja, eu tenho acesso aos cursos da plataforma do padre, por exemplo, seu curso Engenharia da Santidade II está repleto dessa doutrina modernista do De Lubac, é só você verificar, cito algumas passagens para você (o estudo dessas passagens você pode verificar na segunda Live que fiz contra a doutrina do padre, com o título “Desconstruindo a Doutrina do Padre Paulo Ricardo”):

No Curso: Engenharia da Santidade II, Aula: A Alma Justa: (Minuto 39:50), o padre ensina que “O Espírito é o Castelo de Santa Teresa”; “Espírito é a realidade na qual só se entra com a ajuda da Graça”. Isso é falso, caro X, isso beira a heresia, para dizer o mínimo, trata-se do mesmo modernismo do De Lubac, amalgamado com o perenialismo do Antônio Donato Rosa. Veja, o espírito a que se refere São Paulo em uma de suas cartas, refere-se à inteligência e á vontade, as faculdades mais elevadas de nossa alma; o Castelo Interior de Santa Teresa D’Ávila refere-se ao organismo espiritual que se forma em nossa alma por conta da Graça Santificante que habita em nossa alma graças a uma ação externa de Deus. O Padre ao dizer que o Espírito é o Castelo Interior de Santa Teresa, ele faz uma confusão entre a ordem da Graça e a ordem da natureza, como fazem os modernistas da Nouvelle Theologie, e ele faz isso também por conta da influência da doutrina perenialista na doutrina dele.

Em outra passagem, o padre diz: Curso: Engenharia da Santidade II, Aula: A Páscoa da Alma:  (Minuto 19:06) “respondendo à pergunta que me foi feita: quer dizer que quem não é batizado não tem espírito, só tem corpo e alma? Resposta sim ou não. Todos os pagãos tem pelo menos algo da graça de Deus, este algo da graça de Deus que os teólogos chamam de "graça suficiente", eu posso chamar de espírito porque, afinal, não tem natureza pura”. Veja que aqui o padre continua afirmando que todo pagão possui a graça de Deus, pois segundo ele Castelo Interior = Espírito = Graça, veja no seguinte trecho: Curso: Engenharia da Santidade II, Aula: A Alma Justa, (Minuto 47:53) “Em todos os seres humanos habita Deus (espírito); um pagão em estado de pecado mortal está com Deus no coração dele; em Hitler, no centro da alma, habita Deus”. Portanto, repetidamente o seu querido padre continua defendendo as mesmas heresias!

Das duas uma, ou o seu querido padre esqueceu e, portanto, não se preocupa muito quais aulas e quais doutrinas ele continua deixando disponível na sua plataforma para ensinar aos seus assinantes e seguidores, mesmo que sejam erros modernistas. Ou ele não está muito convencido do seu arrependimento, e continua defendendo a mesma doutrina herética de sempre!

Veja, caro X, Santo Agostinho defendeu durante muito tempo a heresia dos maniqueus, seita gnóstica que fazia muito mal em sua época e que tinha muitos homens repleto de ciência mundana, depois de sua conversão, o Santo de Hipona passou o resto de sua vida atacando publicamente essa doutrina perniciosa. É assim que se portam os bons católicos, de conversão sincera, infelizmente esse não é o caso do seu afamado padre, responda com sinceridade, quantas vezes você viu o Padre Paulo Ricardo atacar a doutrina do Olavo ou o perenialismo do Donato? Quantas pessoas você vê por aí, na nossa realidade católica, mesmo entre católicos de grande fama, que seguem a doutrina do Olavo ou, pelo menos, que não veem nenhum problema em tal doutrina muito por causa da defesa apaixonada do Padre Paulo? Seja sincero X! Se o padre atacasse com coragem tais doutrinas perniciosas ele faria um bem enorme à muitas almas, por isso rezamos todos os dias, que Deus o ajude. Entretanto, não é passando pano sobre os seus erros modernistas que iremos ajudá-lo, espero que você entenda isso!

Outra afirmação fora da realidade que você faz é “como se ele estivesse defendendo os palavrões de Olavo. Evidentemente que não. Não se vê Padre Paulo dizer palavrões”, desculpa a sinceridade, caro X, mas de novo, de forma apaixonada, você falta com a verdade, veja, o padre diz com todas as letras “bendito os palavrões do Olavo!”, e, veja, quando um sacerdote de Cristo diz bendito é muito diferente de quando se trata de um simples leigo, pois o padre, de fato, tem o poder de abençoar, dado por Nosso Senhor, por tanto abençoar palavrões é uma coisa gravíssima que um padre pode fazer. Você faz uma relação de causa e efeito sem nenhum fundamento, por exemplo, os anjos maus, induzem os homens ao pecado contra o sexto mandamento, mas eles mesmos não podem praticar tais pecados, exatamente porque são anjos, são puros espíritos, não possuem corpos, mas isso não diminui a gravidade da sua influência, muito pelo contrário!

Não seja tão ingênuo, caro X, o padre justifica os meios pelos fins, isto é, a tolerância pelas palavras sujas do Olavo se justifica por conta da filosofia que ele ensina, é só aprender o mínimo de catecismo para saber que os fins nunca justificam os meios, e o padre, como um bom conhecedor da teologia moral, sabe disso, portanto, o erro dele nesse caso é gravíssimo e faz muito mal às almas, quem nos dera termos santos padres como os de antigamente que ensinavam:

"Não, meus irmãos, esta bela virtude não é conhecida por esta pessoa, cujos lábios não são mais que uma abertura e um tubo de que o inferno se serve para vomitar suas impurezas sobre a terra, e que se alimenta disto como de um pão quotidiano. Ai! A alma deles não é mais que um objeto de horror para o céu e para a terra!" (Santo Cura d"Ars).

Mesmo a própria filosofia do Olavo é venenosa, trata-se de uma doutrina esotérico-perenialista repleta de heresias que eu trato ponto a ponto na minha live “Desconstruindo a doutrina do Padre Paulo Ricardo”, é só você procurar no youtube, portanto, o padre erra duas vezes, ao querer justificar as palavras obscenas do Olavo, e ao indicar uma filosofia pra lá de maléfica.

Caro X, se o padre realmente se arrependeu ele tem o dever moral de atacar seus erros passados e todas essas doutrinas podres que pervertem tantas almas! Você ainda insiste “Há que respeitar o processo”, que processo você espera que respeitemos? Quer que fiquemos de braços cruzados até que o “processo” do seu famigerado padre resolva combater os erros?  E as muitas almas que se pervertem com essa doutrina podre? Infelizmente, caro X, não podemos esperar pela boa vontade do seu “processo”, pois o padre Paulo é uma pessoa pública, onde milhares seguem o que ele ensina, então, temos obrigação moral, na medida de nossas capacidades, de atacar os erros dele, pelo bem da doutrina de Nosso Senhor e pelo bem das almas.

Você me acusa de faltar com a caridade e faltar com a mansidão, sinceramente, me parece apenas acusações gratuitas, onde, na live, eu agi violentamente contra o padre, em que momento eu faltei com a caridade, prove suas acusações, infelizmente, meu amigo, preciso declarar que sua acusação é completamente falsa e despropositada pois você não dá nenhuma prova das suas acusações. Seria porque eu acuso publicamente a doutrina do padre? Mas ele defendeu publicamente tais heresias, por isso, o ataque tem que ser proporcional à defesa dele, assim pede a caridade e o zelo pela doutrina!

 Será mesmo que eu tinha obrigação de advertir primeiro pessoalmente o padre? Veja, caro X, se você conhecesse o mínimo sobre o assunto, você saberia que eu não fui o primeiro, e, provavelmente, não serei o último a ter vídeos no youtube atacando os erros desse padre, é só você pesquisar um pouquinho que você irá encontrar vários, portanto, apesar de tantas advertências ele nunca se retratou de forma proporcionada, portanto, não, eu não tenho obrigação de falar pessoalmente com ele, pois ele conhece bem as advertências contra os erros, e não é por falta de aviso, eu sou apenas mais um entre tantos!

Caro X, você mesmo reconhece que a doutrina do Olavo é uma “erva daninha”, mas você tentou entrar em contato com o padre para adverti-lo contra esse mal que ele defende com tanto apreço? Não, não é mesmo, será porque o contato com o padre não é tão fácil quanto se imagina? Mas você teve muita facilidade de entrar em contato conosco, e receber logo uma resposta, não é mesmo? Tenha coragem, X, a caridade urge que você procure atacar esses erros contra a verdade de Nosso Senhor, você tem o dever moral disso, o próprio Cristo, um dia vai pedir contas do teu zelo pela verdade, e vai te perguntar como um dia perguntou a Pedro "Simão, filho de João, você me ama mais do que a estes?" (João 21:15-22).

“Porém é inegável o trabalho que o Padre Paulo faz na Internet há tantos anos, seu esforço em conduzir tantas almas à frequência dos Sacramentos, sair do mero sentimentalismo religioso”, não, caro X, desculpe lhe dizer, mas outra vez você não é honesto, o padre, com sua doutrina perniciosa não conduz os outros a “sair do mero sentimentalismo religioso”, pois ao defender as heresias que ele defende, ele faz exatamente o contrário, pois ao misturar a ordem da graça com a ordem da natureza ele aproxima as almas dos fiéis do modernismo do sentimento religioso tão atacado por São Pio X em sua encíclica Pascendi, é só estudar um pouquinho que você entenderá toda essa trama. E a frequência aos sacramentos? X, essa mesma desculpa dão os defensores dos carismáticos, não, X, não, nem os carismáticos, nem o padre com suas heresias são responsáveis pela frequência aos sacramentos, pois, como já ensinei a você nesta mesma missiva, um meio mau não pode nos levar a um fim bom, mas Deus, com a sua misericórdia, é o único responsável de tirar de um mal (o padre e sua defesa de heresias), um bem ainda maior (a frequência das boas almas aos sacramentos), mas este mau não é nunca um meio lícito, mas um obstáculo que Deus, com sua misericórdia, ultrapassa pelo bem daqueles que Ele ama!

Por fim, caro X, um bom padre nunca apoia palavras obscenas, por mais ingênuo que ele seja, um bom padre nunca apoia filosofias esotéricas e teologias gnósticas, um bom padre não cobra mensalidade para evangelizar as almas. Os bons padres vivem a pobreza e ensinam a verdade de forma pública e gratuita, os bons padres dão a vida pela doutrina de Cristo e atacam veementemente, sem respeito humano, as falsas doutrinas e os erros modernos, afaste-se , o quanto antes, desses lobos em pele de cordeiro.

Comenta São Gregório Magno (sobre a passagem do bom pastor) que os bons e os maus pastores não se distinguem, quase, nos tempos de tranqüilidade, mas somente quando vem o lobo. Porque o bom pastor enfrenta o lobo, enquanto o mau o deixa agir livremente, ou foge dele.

A Característica dos maus pastores e dos falsos pastores é que eles, não sendo realmente responsáveis ou senhores das ovelhas, que não são deles, pouco se importam de que venha o lobo e as devore. Em vez de imitar a Cristo, dando a vida por suas ovelhas, eles, buscam salvar-se egoisticamente, pouco se importando com a ação do lobo.

Caríssimo X, desde já, e sempre, conte com minhas sinceras orações, sobretudo, pelo padre, para que ele tenha coragem de atacar todas as heresias que um dia ele defendeu, pelo bem de tantas boas almas que o seguem, mesmo que isso signifique perder toda a fama e prestígio. E que a Virgem Puríssima sempre proteja você, X, e toda a sua família, contra os lobos em pele de cordeiro, e por último, desejo a você, aquilo que outrora um, esse sim, bom sacerdote, desejou para todos nós:

“Somos tão fracos a ponto de nos surpreendermos que a nossa meia-verdade não tenha tanto sucesso como a verdade completa de Deus. Onde não há ódio à heresia, não há santidade. Um homem, que poderia ser um apóstolo, torna-se uma úlcera na Igreja por falta de recta indignação” (Pe. Frederick William FABER. The Precious Blood, or: The Price of Our Salvation, pp. 314-316).

In báculo Cruce et in virga Virgine,

Francis Mauro Rocha.