Igreja

Padre Joãozinho não é um ignorante invencível. É herege mesmo.
Orlando Fedeli

 
Nota da Montfort:
 
     Ontem, dia 02 de setembro de 2009, publicamos este artigo com o seguinte título Padre Joãozinho não é um ignorante invencível. E, embora ele termine dizendo que Padre Joãozinho é, de fato, herege, um herege vencido, que se recusa a admitir que errou, o mesmo Padre publica hoje, dia 03, em seu famigerado blog, um post, citando nosso artigo, com o surpreendente título Orlando Fedeli reconhece minha ortodoxia. Por isso, decidimos fazer uma pequena alteração no título de nosso artigo, que agora ficou assim: Padre Joãozinho não é um ignorante invencível. É herege mesmo. 
 
 
*****
 
Sem esperar por minha resposta ao açodado desafio que me fez, Padre Joãozinho saiu com nova e precipitada nota em seu blog, voltando a me desafiar. Quão desafiador está esse padre ecumênico!
 
Espere um pouco, Padre, agora seria minha vez de lhe responder!
 
Estou preparando uma longa resposta para o primeiro desafio que o senhor me lançou com perguntinhas pérfidas em seu final. Logo mais minha resposta deixa-lo-á bem derrotado, para satisfação dos que têm fé, e para raiva de todos os modernistas que o consolam por sua derrota. Pois ando constatando que sua derrota tem despertado a ira eclesiástica de padres modernistas, assim como zangazinha carismática de moçoilas ginasianas, que o louvam em seu blog, e que aplaudem fanaticamente o padre melosamente galã. Aquele que, por enquanto, sumiu...
 
Onde andará ele? Em que TV estará ele dando entrevistas a modelos insinuantes e entusiastas por padres cuja maquiage “non clericat”.
 
Esta minha resposta ainda não é a que lhe estou preparando para encerrar nossa polêmica.
 
Já de per si, essa polêmica a que me desafiou demonstra a falsidade do ecumenismo: os seguidores do Vaticano II são ecumênicos com todos os hereges com quem dialogam. Mas, para com os católicos da Montfort, dedicam somente sua ecumênica repulsa e ódio..
 
Com a Montfort não há diálogo.
 
Graças a Deus!
 
Ufa! Que bom!
 
Com a Montfort só há polêmica!
 
Obrigado, Padre, por não nos colocar no nível dos hereges com os quais o senhor troca sorridentes heresias.
 
*****
 
Antes de tudo, Padre, deixe-me manifestar minha alegria por sua confissão de fé e de derrota.
 
Graças a Deus o senhor confessou uma coisa que deve ter lhe doído sair pela guela: “Fora da Igreja não há salvação”.
 
VIVA!!!
 
O senhor confessou que concorda com esse dogma da fé em gênero, número e grau!!!
 
ViVA!!!
 
Eis o seu texto:
 
Estes dias recebi o desafio de subscrever (ou não) o IV Concílio de Latrão, que foi uma das oportunidades em que a Igreja Católica definiu dogmaticamente que Extra Ecclesiam nulla salus, ou seja, fora da Igeja não há salvação. Já escrevi longamente a respeito disso no livro TEOLOGIA DA SOLIDARIEDADE, publicado por Edições Loyola. Porém, alguns insistem em pedir uma afirmação categórica de minha parte. É CLARO QUE SUBSCREVE EM GÊNERO, NÚMERO E GRAU ESTA AFIRMAÇÃO DO CONCÍLIO DE LATRÃO”(Padre Joãozinho em seu blog no dia 28 de Agosto de 2009) .
 
Que bom, Padre. O senhor começou a ficar católico.
 
Pois aceitar esse dogma é condenar tudo o que o senhor tem dito a favor das heresias e dos hereges. A favor do ecumenismo.
 
Subscrever esse dogma condena tudo o que o senhor tem dito e escrito.
 
Graças a Deus o senhor teve que declarar que “fora da Igreja não há salvação!. “Extra Ecclesiam nulla salus”!
 
E foi a Montfort que lhe arrancou — bem a contragosto ao que parece — essa proclamação de ortodoxia que condena todo o seu irenismo ecumênico.
VIVA!!!
 
Calculo bem, Padre, como essa confissão de fé e de derrota deve ter lhe custado.
 
Mas saiu.
 
Custou.
 
Doeu.
 
Mas saiu.
 
Ela deve ter, --pelo menos um tanto--,  alegrado os anjos do céu. E deve ter muito amargado seus confrades no Modernismo, pois deixou patente sua contradição. 
 
Sei que alguns padres estão lamentando sua teimosia e afoiteza em se meter a discutir com a Montfort. Eles o criticam, por que discutindo comigo, o senhor me concedeu um auditório eletrônico que me permite demonstrar seus erros contra a Fé e a sua doutoral ignorância metafísica.
 
O senhor deve estar levando cada “bronca”...
       
Console-se, Padre, isso não passa. Já está registrado.
 
E vai ficar ainda pior, hoje. E ficará muito pior ainda, quando sair na internet minha resposta a seu desafio desastrado.
 
Aguarde, Padre.
 
O senhor não perde por esperar.
 
Mas tenho contra o senhor, como se diz no Apocalipse, que o  senhor abandonou muito cedo sua proclamada ortodoxia.
 
Sua ortodoxa parece com o anel do cravo, que “era vidro e se quebrou”.
 
Pois o pior foi que, logo depois dessa sua confissão de Fé, aceitando o dogma de que fora da Igreja não há salvação, no mesmo documento, poucas linhas depois, o senhor tenta desmentir esse mesmo dogma se socorrendo de uma sua bem ssupeita e misteriosa Teologia da Solidariedade, de um documento de João Paulo II, como também da definição de Igreja do Vaticano II:
 
O QUE É A IGREJA? Se a consideramos somente uma BARCA INSTITUCIONAL, então quem estiver inscrito na INSTITUIÇÃO se salva… os outros não. Algumas igrejas evangélicas também caem neste erro de alguns tradicionalistas católicos. Isto não é DOGMA da Igreja Católica. A Igreja vai além de sua dimensão visível, institucional. Ela é MISTÉRIO; é SACRAMENTO UNIVERSAL DE SALVAÇÃO (Lumen Gentium). Neste sentido é preciso entender as diversas figuras da Igreja: videira, luz, sacramento, corpo místico etc.”(Padre Joãozinho em seu blog no dia 28 de Agosto de 2009. As frases foram postas em destaque pela Montfort).
 
Afinal, “Fora da Igreja não há salvação” é dogma ou não é dogma da Igreja Católica?
 
Decida-se, Padre.
 
O senhor renega o que subscreveu em gênero, número e grau”?
 
Se não é dogma, como o senhor disse que o aceitava como dogma? Foi mentira que o senhor o subscreve em“EM GÊNERO, NÚMERO E GRAU ESTA AFIRMAÇÃO DO CONCÍLIO DE LATRÃO” de que “Fora da Igreja não há salvação”?
 
O senhor faz ressalvas quanto ao gênero, quanto ao número, ou quanto ao grau da afirmação dogmática citada?
 
E o senhor tenta escapar dessa contradição, citando a Lumen Gentium, e traduzindo só um parágrafo de um documento de João Paulo II, omitindo – de fininho -- de traduzir o restante do documento, porque o resto do documento o condena.
 
Nesse discurso, do qual o senhor traduziu só um pequeno trecho, João Paulo II trata de como os que estão em ignorância invencível pertencem à Igreja de modo particular, isto é, por pertencerem à alma da Igreja.
 
Que significa “ignorância invencível”?
 
Não pense, Padre que “ignorância invencível” é a incapacidade de compreender alguma coisa, por exemplo substância e acidente, ou entender o que é metáfora e distingui-la de gênero literário.
 
Não é isso, não, Padre.
 
Estão em ignorância invencível aqueles que não têm absolutamente meios de conhecer algo, no caso em discussão, na impossibilidade absoluta de conhecerem a Igreja e a sua fé.
 
Por exemplo, os índios que viviam no Brasil, antes da chegada dos portugueses, não tinham possibilidade de conhecer o cristianismo.
 
Como esses índios poderiam se salvar?
 
São Paulo dá resposta a isso, dizendo que eles seriam julgados por Deus pelo respeito que tivessem à lei natural inscrita nos corações de todos os homens. Os índios que vivessem de acordo com a lei natural, não cometendo nenhum pecado grave contra ela, poderiam se salvar. Esses índios pertenceriam à alma da Igreja. Mas não a seu corpo.
 
Esses índios se salvariam pelo Batismo de desejo (Mais adiante  trataremos disso). Pelo batismo de desejo eles pertenceriam à alma da igreja.
 
Foi exatamente isso que exlicaram Pio IX e João Paulo II no discurso do qual o senhor, Padre Joãozinho, traduziu só um pedacinho, para tentar manter seus leitores, que desconhecem o italiano, em ignorância quase invencível.
 
Isso não é intelectualmenete honesto, Padre.
 
Vou já, já tornar seus leitore e os meus bem conscientes de sua pequena esperteza.
 
O Papa Pio IX, depois de reafirmar o dogma de que "fora da Igreja não há salvação", ressalvou na Alocução Singulari Quadam, de 1854, que deve ser entendido que não têm salvação os que estão fora da Igreja por alguma culpa própria.
 
"Com efeito, pela fé há de sustentar-se que fora da Igreja Apostólica Romana ninguém pode salvar-se; que esta é a única ARCA da salvação, que quem nela não tiver entrado, perecerá no dilúvio. Entretanto, também é preciso ter por certo que aqueles que sofrem de ignorância da verdadeira religião, se aquela [ignorância] é invencível, não são eles ante os olhos do Senhor réus por isso de culpa alguma. Ora, pois, quem será tão arrogante que seja capaz de assinalar os limites desta ignorância, conforme a razão e a variedade de povos, regiões, caracteres e de tantas outras e tão numerosas circunstâncias?" (Pio IX, Alocução Singulari Quadam, 1854, Denzinger, 1647. O destaque da palavra “ARCA” é nosso).
 
Veja, Padre Joãozinho, de novo, o que o senhor escreveu, enveredando por um contexto sofistico:
 
“Com este texto de João Paulo II, e outros do Magistério da Igreja, concluímos que está CORRETÍSSIMO afirmar que FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO. Mas o ponto seguinte do debate é o que interessa do ponto de vista hermenêutico: O QUE É A IGREJA? Se a consideramos somente uma BARCA INSTITUCIONAL, então quem estiver inscrito na INSTITUIÇÃO se salva… os outros não”.( O negrito e o sublinhado da palavra “BARCA” são da Montfort).
 
E Pio IX o condenou, Padre, pois escreveu:
 
pela fé há de sustentar-se que fora da Igreja Apostólica Romana ninguém pode salvar-se; que esta é a única “ARCA” da salvação, que quem nela não tiver entrado, perecerá no dilúvio”.(Destaque da Montfort).
 
E não vá acusar Pio IX de ser unilateral, por ter se limitado a usar para a Igreja apenas a imagem da Arca..
 
Portanto, em princípio, fora da Igreja não há salvação. Para alguém se salvar, precisa estar unido à Igreja Católica, pelo menos à alma da Igreja.
 
Isto é ainda mais claramente explicado por Pio IX na Encíclica Quanto conficiamur moerore, de 10 – VIII-  1863, na qual esse Papa condena o liberalismo, defensor da tese de que há salvação fora da Igreja (exatamente como Padre Joãozinho diz). Como condena também, o rigorismo jansenista, que não admitia que Deus concedesse qualquer graça capaz de salvar alguém que estivesse fora da Igreja, por ignorância invencível, recusando o batismo de desejo.
 
Vejamos como Pio IX explica isso, e como ele condena o que o senhor, Padre Joãozinho, ensina:
 
“E aqui, queridos filhos nossos e Veneráveis Irmãos, é preciso recordar, e repreender novamente o gravíssimo erro em que miseravelmente se encontram alguns católicos, ao opinar que os homens que vivem no erro, e alheios à verdadeira fé e à unidade da Igreja podem chegar à eterna salvação [v. 1717]O que certamente se opõe em sumo grau à doutrina católica”.
Isso calha em seu caso como uma luva na sua mão. Esse texto de Pio IX o acusa de cometer um “gravíssimo erro”, Padre Joãozinho.
 
Se o senhor conhecesse esgrima, eu lhe diria: “Touché”.
 
Prossegue o ensinamento de Pio IX, agora condenando o rigorismo dos jansenistas:
 
Coisa notória é para Nós e para Vós que aqueles que sofrem de ignorância invencível acerca de nossa santíssima religião, que cuidadosamente guardam a lei natural e seus preceitos, esculpidos por Deus nos corações de todos e que estão dispostos a obedecer a Deus e levam vida honesta e reta, podem conseguir a vida eterna, pela operação da virtude da luz divina e da graça. Pois Deus, que manifestamente vê, esquadrinha e sabe a mente, ânimo, pensamentos e costumes de todos, não consente, de modo algum, conforme sua suma bondade e clemência, que ninguém seja castigado com eternos suplícios, se não é réu de culpa voluntária”. “Porém, bem conhecido é também o dogma católico, a saber, que ninguém pode salvar-se fora da Igreja Católica, e que os contumazes contra a autoridade e definições da mesma Igreja, e os pertinazmente divididos da unidade da mesma Igreja e do Romano Pontífice, sucessor de Pedro, 'a quem foi encomendada pelo Salvador a guarda da vinha', não podem alcançar a eterna salvação" (Pio IX, Quanto Confficiamur Moerore, Denzinger, 1677. Os destaques são de OF.).
 
Compreendeu, Padre?
 
Quem como o senhor, subscreve e nega teimosamente o dogma de que fora da Igreja não há salvação, não podem alcançar a eterna salvação. Especialmente os doutorados em sua ignorância vencível.
 
Ou o senhor vai dizer que Pio IX era “protestante”?
 
E Pio IX não era da Montfort.
 
A Montfort que é de Pio IX.
 
Os erros do Padre Feeney
 
Para não lhe dar ocasião de sofismar, conto-lhe o caso do padre Feeney, cujos erros foram condenados no tempo de Pio XII. Erros que a Montfort também condena. Padre Feeney não aceitava o Batismo de desejo. A Montfort aceita que existe o Batismo de desejo. Pois está dito na Sagrada Escritura:
 
“E são três os que dão testemunho na terra: o espírito, a água e o sangue, e esse três são uma mesma coisa”( I Jo., V, 8).
 
Pois há três modos de Batismo: o sacramental, pela água; o do martírio, Batismo de sangue; e o Batismo de desejo, pelo Espírito.
 
Durante o pontificado de Pio XII, o Santo Ofício, ao ter que condenar os erros do Padre Leonard Feeney - negador da existência do batismo de desejo - reafirmou em carta ao Arcebispo de
 
Boston, tanto o dogma de que "fora da Igreja não há salvação", como a legitimidade do chamado "Batismo de desejo".
 
Ensinou o Santo Ofício, em 1949, nessa carta contra o Padre Feeney:
 
"Entre as coisas que a Igreja sempre pregou e nunca deixa de pregar, está contida aquela sentença infalível que nos ensina que "fora da Igreja não há salvação". Este dogma, entretanto, deve ser entendido no sentido em que a própria Igreja o entende. Nosso Senhor, de fato, não confiou à explicação das coisas contidas no depósito da fé aos julgamentos privados, mas sim ao magistério eclesiástico."
 
"E em primeiro lugar, a Igreja ensina que neste caso se trata de um rigorosíssimo preceito de Jesus Cristo. De fato, Ele mesmo disse explicitamente aos seus discípulos que ensinassem todos os povos a observar o que Ele havia ordenado. (cfr. MT XXVIII, 19-20). Entre os mandamentos de Cristo, não tem menos valor aquele que nos ordena que os incorporemos, com o batismo, ao Corpo místico de Cristo, que é a Igreja, e a aderirmos a Cristo e ao seu Vigário, por meio de quem Ele mesmo governa na terra de modo visível a Igreja. Por isso, não se salvará aquele que, sabendo que a Igreja foi divinamente instituída por Cristo, não aceitar, mesmo assim, submeter-se à Igreja ou recusar a obediência ao Pontífice Romano, Vigário de Cristo na terra.
 
"O Salvador, então, não só predispôs em um preceito que todos os povos deveriam aderir à Igreja, como chegou a estabelecer que a Igreja era o meio de salvação sem o qual ninguém poderia entrar no Reino da glória celeste."
 
"Daqueles meios para a salvação que só por instituição divina, e não por necessidade intrínseca, estão dirigidos para o fim último, Deus, na sua infinita misericórdia, quis que, em certas circunstâncias, seus efeitos, necessários para a salvação, pudessem ser obtidos também quando estes meios sejam ativados apenas pelo anseio ou pelo desejo. Isso vemos claramente enunciado no sagrado Concílio de Trento, quer em relação ao sacramento da regeneração, quer a respeito do sacramento da penitência."
 
"Nas devidas proporções, o mesmo deve ser dito com relação à Igreja, já que esta é um meio geral de salvação. Pois, para se obter a salvação, não se exige a incorporação real (reapse), como membro, à Igreja, mas é exigido, pelo menos, a adesão a esta pelo voto e o desejo (voto et desiderio). Não é necessário que este voto seja sempre explícito, como se exige dos catecúmenos. Se o homem sofre de ignorância invencível, Deus aceita um voto implícito, assim chamado porque contido naquela boa disposição da alma com a qual o homem quer a sua vontade conforme à vontade de Deus."
 
"Estas coisas são claramente ensinadas na [encíclica de Pio XII Mystici Corporis Christi] em relação ao Corpo Místico de Jesus Cristo [...] Quase no final desta encíclica [...] convidando à unidade, com o espírito cheio de amor, aqueles que não pertencem à estrutura da Igreja Católica [o Sumo Pontífice] recorda aqueles que, "por anseio ou desejo inconsciente, estão ordenados para o Corpo Místico do Redentor"; não os exclui absolutamente da salvação eterna, mas, por outro lado, afirma que eles se encontram em um estado no qual "nada pode assegurar-lhes a salvação [...] pois que são privados de muitos e grandes socorros e favores celestes que só podem ser desfrutados na Igreja católica."
 
"Com estas prudentes palavras, desaprova tanto aqueles que excluem da salvação eterna todos os que aderem à Igreja apenas com um voto implícito, como aqueles que defendem falsamente que os homens podem ser igualmente salvos em qualquer religião."
 
"E não se deve nem mesmo pensar que seja suficiente um desejo qualquer de aderir à Igreja para que o homem seja salvo. Exige-se, realmente, que o desejo mediante o qual alguém é ordenado à Igreja seja moldado pela perfeita caridade; e o voto implícito não poderá ter efeito se o homem não tiver a fé sobrenatural" (Carta do Santo Ofício ao Arcebispo de Boston, 1949. Denzinger, 3866 -3872. Os destaques são da Montfort).
 
Nesses vários documentos do Magistério Extraordinário e Ordinário da Igreja, fica patente a extrema Sabedoria - infalivelmente divina -- com que os Papas ensinam os fiéis da Santa Igreja, evitando todos os excessos e erros, quer por laxismo liberal, quer por um rigorismo sem misericórdia, típico do jansenismo.
 
Sempre absolutamente submissos à Cátedra de Pedro, fazemos questão de completar  a explicação deste ponto da doutrina Católica, com estas citações do Magistério Papal, para que nossos leitores possam conhecer plena e perfeitamente a doutrina da Igreja Católica. Como também para que não se fuja do problema em debate, apelando para a questão da ignorância invencível.
 
E com essa explicação tiramos a “chance” de padre Joãozinho nos atacar com outros sofismas.
 
Vejamos alguns casos de ignorância invencível.
 
Para bom entendedor, meia palavra basta. Mas, Padre Joãozinho é mau entendedor. O que me obriga a dizer mais do que uma palavra. A teimosia e a má vontade dele me obrigam a ser mais prolixo do que sermões de certos padres. (Nos seminários, parece que não se ensina por ponto final nos sermões).
 
Tomemos, então, outra questão muito abordada aqui no Brasil. É a respeito da eterna salvação possivel de índios, antes da chegada dos portugueses – como também da salvação eterna de membros de outras religiões.
 
Já vimos que Igreja tem como dogma que fora dela não há salvação (IV Concílio de Latrão). Isto não significa que um índio, que vivia no Brasil, antes da chegada dos portugueses, não pudesse se salvar.
 
Esse índio não poderia de modo algum conhecer a Igreja. Como então ele poderia salvar-se?
 
A resposta nos é dada por São Paulo, quando diz que aqueles que não conheceram a revelação de Cristo serão julgados pela lei natural, que Deus imprimiu no coração de cada homem.. 
 
Um índio, impossibilitado absolutamente de conhecer a Igreja, estava em estado de ignorância invencível. Mas, ele tinha conhecimento das leis naturais que governam a natureza, e a lei natural é a própria vontade de Deus governando a natureza. Então, esse índio, se ele obedecesse sempre as leis naturais, -- que estão codificadas nos dez mandamentos e inscritas no coração humano- ele poderia se salvar. Caso ele praticasse a lei natural, ele pertenceria, não ao corpo da Igreja (que ele não conhecia), mas sim à alma da Igreja, por sua vontade de obedecer à lei que Deus colocou na natureza. Foi isto que expôs Pio IX.
 
Outro é o caso de quem pertence a uma religião falsa e pratica as suas superstições com atos contra a natureza.
 
Se sua ignorância for vencível, isto é, se for a ele possível conhecer a religião verdadeira, ele deve aderir a ela. Se não lhe for possível, na medida em que ele praticar algo que uma religião falsa manda contra a natureza, nessa medida ele vai se perder.
 
Poderia alguém perguntar sobre o budismo como religião.
 
O budismo nega que exista Deus. É uma religião atéia. Há budismos que transformaram Buda num ídolo, mas nessa religião a própria existência é vista como um mal. E isso é contra a lei natural. A vida é um bem, mas para eles a vida seria um castigo. Então como poderão agradar a Deus que é a Vida?
 
A Sagrada Escritura diz:
 
"São vaidade todos os homens nos quais não se encontra a ciência de Deus, e que pelos bens visíveis não chegaram a conhecer Aquele que é, nem considerando as suas obras reconheceram quem era o Artífice; mas tomaram por deuses governadores do mundo o fogo, o vento, o ar sutil, ou o giro das estrelas, ou a imensidade das águas, ou o sol e a lua. Se eles, encantados com a beleza de tais coisas, as julgaram deuses, reconheçam quanto é mais formoso do que elas o que é seu Senhor; porque foi o autor da formosura que criou todas estas coisas. Ou se eles se maravilharam do seu poder e das suas inflluências, entendam por elas, que Aquele que as fez é mais forte do que elas; porque pela grandeza e formosura da criatura, se pode visivelmente chegar ao conhecimento do Criador. Todavia esses homens são menos repreensíveis, porque, se caem no erro, é talvez buscando a Deus e desejando encontrá-lo. Porquanto eles buscam pelo exame das suas obras, e são seduzidos pela beleza das coisas que vêem. Mas, por outra parte, nem estes merecem perdão, porque se chegaram a ter luz bastante para poderem fazer uma idéia do universo, como não descobriram mais facilmente o Senhor dele? " (Sab. XIII, 1-9).
 
O caso dos espíritas e dos maometanos é bem mais complexo.
 
Os espíritas vão diretamente contra o que mostra  a razão, e que foi revelado na Bíblia que diz: "Não haja entre vós... quem indague dos mortos a verdade" (Deut. XVIII, 11). E a Bíblia em muitas outras passagens condena a necromancia (a consulta aos mortos).
 
Quanto aos maometanos, bastaria que eles lessem o próprio Corão, para compreenderem que o livro pelo qual eles deveriam se guiar não é o Corão, pois no próprio Corão se diz:
 
"Demos o Livro a Moisés. (Não tenha dúvida de o encontrares), pois o colocamos como uma boa direção para os Filhos de Israel" (Surata XXXII, 30). "Demos o Livro a Moisés" (Sur. XXVIII, 43). "Certamente, nós demos boa direção a Moisés, e demos o Livro em herança aos Filhos de Israel" (Sur. XL. 56-53). "Demos o Livro a Moisés, colocamos junto a ele a seu irmão Aarão
como ministro" (Sur. XXV, 37).
 
E mais. O Corão mesmo diz que, quando Maomé tivesse dúvida sobre o Livro, que consultasse os mestres de Israel, os rabinos: "Se tens dúvida sobre aquilo que fizemos descer até ti, interroga aqueles que antes de ti liam o Livro" (Sur. X, 94).
 
O Corão manda Maomé, caso tenha alguma dúvida sobre o Livro que consultasse os rabinos judeus!
 
Que diria a AL Kaeda sobre isso?
 
Em todo caso, ninguém pode se salvar, praticando o que uma religião falsa ensina de errado, ou manda de contrário à lei natural.
 
Como também, deve-se lembrar que só Deus sabe quem, em concreto, se salva, e que Deus onipotente é infinitamente misericordioso, pode salvar uma pessoa de modos que não conhecemos.
 
Esperemos em sua misericórdia, mas seguindo a única Igreja verdadeira - a Igreja Católica - e aceitando o único Salvador que é Cristo Jesus, único nome pelo qual o homem pode ser salvo
 
Já vejo Padre Joãozinho vir correndo com uma pergunta-argumento: “E os protestantes? E os protestantes?”.
 
Por mais ignorantes que sejam os protestantes, por incrivel que pareça, a ignorância deles não é invencível. Por isso, mesmo, normalmente, eles não podem se salvar.
 
Um protestante não pode alegar ignorância invencível para conhecer a Igreja verdadeira, pois tem muitos meios de estudar as origens históricas do protestantismo, e a vida de Lutero, assim como os seus escritos. Ele verá que Lutero ensinou que se deve “Crer firmemente, e pecar muitas vezes”. Lutero ensinou a tese da santidade do pecado. E isso vai diretamente contra o que o protestante lê em sua Bíblia.
 
Todo protestente lê a Bíblia. Ora em São Paulo ele lê que “a Fé vem pelo ouvido”( São Paulo , Ep. Rom. X, 17). E a fé do protestante vem pelos olhos, pela leitura da Bíblia…
 
Na Bíblia, o protestante lê que Jesus não mandou imprimir bíblias, porque a fé não vem pelos olhos. E porque a Fé vem pelo ouvido, Jeus disse: “Ide e ensinai”(São Mateus, XXVIII, 19).
 
Cristo não disse: “Ide e imprimi”. Isso não existe na Bíblia.
 
Na Bíblia, o protestante lê que não adianta ler a bíblia, pois o escravo da raínha de Candace,quando o diácono Felipe lhe pergunta: “Compreendes o que lês?,respondeu:” Como poderei compreender, se não houver alguém que mo explique”(Atos dos Apostolos, VIII, 30-31). Logo, o protestante lê, na Bíblia, que não adianta ler a Bíblia, se não houver alguém que a explique, ensinando.
 
E o protestante lê que Maria foi dita a Mãe do Senhor e bem aventurada, que ela nos foi dada por Jesus como nossa mãe; que Pedro recebeu as chaves do reino dos céus, que sobre ele foi fundada a Igreja de Cristo, etc etc etc, E ETC.
 
Portanto, o protestante que tenha uso da razão, tem meios bem a seu alcance para vencer sua ignorância.
 
E o mesmo se pode dizer dos cismáticos orientais.
 
E se Padre Joãozinho quiser mais provas, que leia os textos do site Montfort que tratam disso. Eles lhe farão bem.
 
 
O TEXTO DE JOÃO PAULO II QUE PADRE JOÃOZINHO TRADUZIU… PARCIALMENTE.
 
Abaixo damos  a tradução completa do texto de João Paulo II citado por Padre Joãozinho.
 
Examinemos o que o Papa João Paulo II ensinou nessa audiência.
 
1- João Paulo II reafirma, várias vezes, que é dogma da Igreja afirmado pelo Concílio de Latrão que: “Fora da Igreja não há salvação”
 
No número 4 desse discurso, ele disse:
 
Fora de Cristo não “há salvação”. Como proclamava Pedro diante do Sinédrio, desde o início da pregação apostólica: “Sob o céu, não foi dado aos homens outro nome  no qual seja estabelecido que possamos ser salvos” (At 4, 12).
 
Ele afirma, no no 3 desse discurso, que foi proclamado por Pedro que o homem pode ser salvo só por meio de Cristo:
“em nenhum outro há salvação”, e chama Jesus “pedra de ângulo” (At 4,11-12), pondo em evidência o papel necessário de Cristo como fundamento da Igreja”.
 
“Esta afirmação da “unicidade” do Salvador extrai a sua origem das próprias palavras do Senhor, o qual afirma ter vindo “para dar a própria vida em resgate por muitos” (Mc 10, 45), isto é, pela humanidade, come explica São Paulo quando escreve: “Um só morreu por todos” (2 Cor 5, 14 cf. Rm 5, 18). Cristo obteve a salvação universal com o dom da própria vida: nenhum outro mediador foi estabelecido por Deus como Salvador. O valor único do sacrifício da Cruz deve ser sempre reconhecido no destino de todo homem”.
 
João Paulo II trata então, no primeiro item desse discurso dos que estão em ignorância invencível:
 
E admitindo que é concretamente impossível para tanta gente aceder à mensagem cristã acrescentei: “Muitos homens não têm a possibilidade de conhecer e de aceitar a revelação do Evangelho de entrar na Igreja.Esses vivem em condições socio-culturais que não permitem isso, e frequentemente foram educados em outras tradições religiosas (Redemptoris Missio, 10).
No número 3 desse discurso, diz ainda o Papa João paulo II, reiterando que os que stão em ignorância invencível podem se salvar:
 
Também para aqueles que sem culpa sua não conhecem Cristo e não se reconhecem cristãos, o plano divino predispos um caminho de salvação. Como lemos no Decreto conciliar sobre a atividade missionária Ad Gentes, nós cremos que “Deus, através de vias que só Ele conhece pode levar à fé necessária para a salvação  os homens que sem culpa ignoram o
Evangelho” (Ad Gentes, 7). Certo, a condição “sem culpa dele” não pode ser verificada nem apreciada por avaliação humana, mas deve ser deixada unicamente ao juízo divino”
 
Note-se bem: os que estão em ignorãncia invencivel são aqueles que ignoram a Fé e desconhecem a Igreja “sem culpa sua”. Esses podem se salvar.
 
“Por isso, pode-e dizer também sine Ecclesia nulla salus – “sem a Igreja não há salvação” –: a adesão à Igreja-Corpo místico de Cristo, por quanto é implícita e exatamente por isso misteriosa, costitui uma condição essencial para a salvação” (No No 4 desse discurso).
 
Por isso, o Papa João Paulo II adverte certos modernistas – como o Padre Joãozinho --que querem enfiar todo mundo dentro da Igreja sob a veste da Ignorância invencível:
 
“2- Quanto disse acima não justifica porém a posição relativista de quem julga que em qualquer religião se possa encontrar um caminho de salvação, mesmo independentemente da fé em Cristo Redentor, e que sobre essa ambígua concepção deve se basear o diálogo inter religioso. Não está aí a solução conforme o Evangelho do problema da salvação de quem não professa o Credo cristão. Devemos em vez disso sustentar que a estrada da salvação passa sempre por Cristo, e que pois cabe à Igreja e aos seus missionários o dever  de fazê-lo conhecer e amar em todo, em todo lugar e em toda cultura. Fora de Cristo não “há salvação.
 
Compreendeu, Padre Joãozinho?
 
É exatamente para o senhor que calha essa condenação de João Paulo II.
 
Porque o senhor não traduziu esse... “contexto”, Padre?
 
Que feio e que vergonha!
 
E nem Padre Fábio de Melo—ele que acha tudo “liindo”-- seria capaz de dizer desse seu ato de omissão: “Isso é liindo”.
 
Porque isso é horrível.
 
*****
 
De tudo isso se conclui... por hoje:
 
1 - Que o dogma “Fora da Igreja não há salvação” continua obrigatório para todos os católicos, inclusive para Padre Joãozinho
 
2 – Que os homens que, por “ignorância invencível”, não podem ter conhecimento da Fé, podem se salvar, se praticarem a lei natural que todos os homens conhecem. Eles não estão fora da Igreja, pois pertencem à alma da Igreja pelo Batismo de desejo.
 
3 – Herege é aquele que, conhecendo a Fé , nega seus dogmas de modo pertinaz. E se o herege conhece a doutrina e a nega, ele não estã no caso de ignorância invencível.
 
4- Portanto, como conclusão final, dizemos que Padre Joãozinho não é um ignorante invencível.
 
Ele, de fato, é um herege vencido, que recusa admitir que errou.
 
Que Deus tenha pena dele.
 
(A questão da definição de Igreja da Lumen Gentium, deixaremos para nossa próxima resposta ao desafio que Padre Joãozinho nos fez com suas perguntinhas insidiosas.
 
(Quero dizer-lhe, Padre, que devo agradecê-lo, pois estou me divertindo à beça).
 
São Paulo, 02 de setembro de 2009
             Orlando Fedeli
 
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 1) TRADUÇÃO INTEGRAL DO TEXTO DE JOÃO PAULO II FEITA PELA MONTOFRT
 
João Paulo II
Audiência geral – Quarta Feira , 31 de Maio de 1995.          
 
     1. “As dificuldades que por vezes acompanham o desenvolvimento da evangelização põe em foco um problema delicado, cuja solução não deve ser buscada em termos puramente históricos ou sociológicos: o problema da salvação daqueles que não pertencem visivelmente à Igreja. Não nos é dada a possibilidade de perscrutar o mistério da ação divina nas mentes e nos corações, para avaliar a potência da graça de Cristo no tomar posse, na vida e na morte, de quantos “o Pai lhe deu”, e que Ele mesmo proclamou não querer “perder”. Nós ouvimos repetir isso em uma das leituras evangélicas propostas para a Missa dos defuntos( cf. Jo., VI, 39-40).
 
     Mas como eu escrevi na encíclica Redemptoris Missio, não se pode limitar o dom da salvação “àqueles que, de modo explícito, crêem em Deus e entram na Igreja. Se a salvação é a todos destinada, em concreto, deve ser posta à disposição de todos”. E admitindo que é concretamente impossível para tanta gente aceder à mensagem cristã acrescentei: “Muitos homens não têm a possibilidade de conhecer e de aceitar a revelação do Evangelho de entrar na Igreja.Esses vivem em condições socio-culturais que não permitem isso, e frequentemente foram educados em outras tradições religiosas (Redemptoris Missio, 10).
     
   Devemos reconhecer, que o quanto entra na capacidade de humana previsão e de conhecimento essa impossibilidade prática pareceria destinada a durar talvez ainda longo tempo, mesmo até o fim da obra de evangelização. O próprio Jesus advertiu que só o Pai conhece “os tempos e os momentos” fixados por Ele para a instauração de seu Reino no mundo ( cf. At I, 7).
 
     2. Quanto disse acima não justifica porém a posição relativista de quem julga que em quaquer religião se possa encontrar um caminho de salvação, mesmo independentemente da fé em Cristo Redentor, e que sobre essa ambígua concepção deve se basear o diálogo inter religioso. Não está aí a solução conforme o Evangelho do problema da salvação de quem não professa o Credo cristão. Devemos em vez disso sustentar que a estrada da salvação passa sempre por Cristo, e que pois cabe à Igreja e aos seus missionários o dever  de fazê-lo conhecer e amar em todo, em todo lugar e em toda cultura. Fora de Cristo não “há salvação”. Como proclamava Pedro diante do Sinédrio, desde o início da pregação apostólica: “Sob o céu, não foi dado aos homens outro nome  no qual seja estabelecido que possamos ser salvos” (At 4, 12).
 
     Também para aqueles que sem culpa sua não conhecem Cristo e não se reconhecem cristãos, o plano divino predispos um caminho de salvação. Como lemos no Decreto conciliar sobre a atividade missionária Ad Gentes, nós cremos que “Deus, através de vias que só Ele conhece pode levar à fé necessária para a salvação  os homens que sem culpa ignoram o Evangelho” (Ad Gentes, 7). Certo, a condição “sem culpa dele” não pode ser verificada nem apreciada por avaliação humana, mas deve ser deixada unicamente ao juízo divino. Por isso na Constituição Gaudium et Spes o Concilio decara que no coração de cada homem de boa vontade “opera invisivelmente a graça”, e que “o Espírito Santo dá a todos a  possibilidade de entrar em contato, em modo que só Deus conhece, com Mistério pasqual” (Gaudium et Spes, 22).
 
     3. É importante sublinhar que a via da salvação percorrida por quantos que ignoram o Evangelho não é uma via fora de Cristo e da Igreja. A vontade salvífica universal è ligada à única mediação de Cristo. Afirma-o a Primeira Carta a Timoteo: “Deus nosso Salvador, que quer  que todos os homens sejam salvados e cheguem ao conhecimento da verdade. Um só, de fato, é Deus, e um só o mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus, que deu a si mesmo para resgate de todos” (1 Tm 2, 3-6). Proclama-o Pedro quando diz que “em nenhum outro há salvação”, e chama Jesus “pedra de ângulo” (At 4,11-12), pondo em evidência o papel necessário de Cristo como fundamento da Igreja.
 
     Esta afirmação da “unicidade” do Salvador extrai a sua origem das próprias palavras do Senhor, o qual afirma ter vindo “para dar a própria vida em resgate por muitos” (Mc 10, 45), isto é, pela humanidade, come explica São Paulo quando escreve: “Um só morreu por todos” (2 Cor 5, 14 cf. Rm 5, 18). Cristo obteve a salvação universal com o dom da própria vida: nenhum outro mediador foi estabelecido por Deus como Salvador. O valor único do sacrifício da Cruz deve ser sempre reconhecido no destino de todo homem.
 
     4. E como Cristo opera a salvação mediante o seu Corpo místico, que é a Igreja, o caminho da salvação é essencialmente ligado à Igreja. O axioma extra Ecclesiam nulla salus – “fora da Igreja não salvação” –, enunciado por São Cipriano (Epist 73,21: PL 1123 AB), pertence à tradição cristã e foi inserido no Concílio Lateranense IV (Denz.-S. 802), na bula Unam Sanctam de Bonifácio VIII (Denz.-S. 870) e no Concílio de Florença (Decretum pro Jacobitis, Denz.-S. 1351).
 
     O axioma significa que para quantos não ignoram que a Igreja foi fundada por Deus por meio de Jesus Cristo como necessária existe a obrigação de entrar e de perseverar nela a fim de obter a salvação (cf. Lumen Gentium, 14). Para aqueles que, em vez, não receberam o anúncio do Evangelho, como escrevi na Encíclica Redemptoris Missio, a salvação é acessível através de vias misteriosas em quanto a graça divina lhe é conferida em virtude do sacrifício redentor de Cristo, sem adesão externa à Igreja mas sempre, todavia, em relação com ela (cf. Redemptoris Missio, 10). Trata-se de uma “misteriosa relação”: misteriosa para aqueles que a recebem, porque eles não conhecem a Igreja e antes, por vezes, externamente a repelem, misteriosa também em si mesma porque ligada ao mistério salvífico da graça, que comporta uma referência essencial à Igreja fundada pelo Salvador.
Por isso, pode-e dizer também sine Ecclesia nulla salus – “sem a Igreja não há salvação” –: a adesão à Igreja-Corpo místico de Cristo, por quanto é implícita e exatamente por isso misteriosa, costitui uma condição essencial para a salvação.
 
     5. As religiões podem exercer um influxo positivo sobre o destino de quem faz parte delas e segue suas indicações com sinceridade de espírito. Mas se a ação decisiva para a salvação é obra do Espírito Santo devemos ter presente que o homem recebe somente de Cristo, mediante o Espírito Santo, a sua salvação. Essa tem início já na vida terrena, que a graça, aceitada e correspondida, torna frutuosa, no sentido evangélico, para a terra e para o céu.
 
     Daí a importância do papel indispensável da Igreja, a qual “não é fim para si mesma mas fervidamente solicita ser toda de Cristo, em Cristo e para Cristo, e toda dos homens, entre os homens e para os homens”. Um papel que não é portanto “eclesiocêntrico” como por vezes se disse: a Igreja não existe de fato, nem trabalha para si mesma, mas está a serviço de uma humanidade chamada à filiação divina em Cristo (cf. Redemptoris Missio, 19). Ela exercita por isso uma mediação implícita também com relação a quantos ignoram o Evangelho.
 
     Isso não deve levar à conclusão que a sua atividade missionária seja em tais circunstâncias menos necessária. Pelo contrário. Com efeito quem ignora Cristo, mesmo sem sua culpa, encontra-se numa condição de obscuridade e di carestia espiritual com reflexos negativos frequentemente mesmo no plano cultural e moral. A ação missionária da Igreja pode dar-lhe as condições de pleno desenvolvimento da graça salvadora de Cristo, propondo a adesão plena e consciente à mensagem da fé e a participação ativa na vida eclesial nos sacramentos.
 
     Esta é a linha teológica extraída da tradição cristã. O magistério da Igreja a seguiu na doutrina e na praxis come caminho assinalado pelo próprio Cristo pelos Apóstolos e pelos missionários de todos os  tempos. 
 
 
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 2) TEXTO INTEGRAL DO NOVO DESAFIO DE PADRE JOÃO ZINHO EM SEU BLOG
padrejoaozinho on agosto 28th, 2009
Estes dias recebi o desafio de subscrever (ou não) o IV Concílio de Latrão, que foi uma das oportunidades em que a Igreja Católica definiu dogmaticamente que Extra Ecclesiam nulla salus, ou seja, fora da Igeja não há salvação. Já escrevi longamente a respeito disso no livro TEOLOGIA DA SOLIDARIEDADE, publicado por Edições Loyola. Porém, alguns insistem em pedir uma afirmação categórica de minha parte. É CLARO QUE SUBSCREVE EM GÊNERO, NÚMERO E GRAU ESTA AFIRMAÇÃO DO CONCÍLIO DE LATRÃO. Além disso, subscrevo também a interpretação oficial desta fórmula pelo recente Magistério da Igreja, seja o Concílio Vaticano II (que é um Concílio Pastoral, o que não significa que pudesse entrar em contradição com os dogmas anteriores), seja encíclicas como Redemptoris Missio ou Ut Unum Sint, ambas de João Paulo II.
 
Aliás, este santo Padre, fez um interessante pronunciamento sobre esta questão no dia 31 de maio de 1995. Era uma audiência de quarta-feira. Publico a íntegra no original, em italiano, e traduzo apenas um trecho central. Reafirmo que subscrevo cada palavra do Santo Padre, e exorto todos os meus leitores a fazerem o mesmo.
 
 
4. Já que Cristo realiza a salvação mediante seu Corpo, que é a Igreja, a via da salvação é essencialmente ligada à Igreja. O axioma Extra Ecclesiam nulla salus – “ffora da Igreja não há salvação” –, enunciado por São Cipriano (Epist 73,21: PL 1123 AB), pertence à tradição cristã e foi inserido no Concílio de Latrão (Denz.-S. 802), na bula Unam Sanctam de Bonifacio VIII (Denz.-S. 870) e no Concilio de Firenze (Decretum pro Jacobitis, Denz.-S. 1351).
O axioma significa que para aqueles que não ignoram que a Igreja foi fundada por Deus por intermédio de Jesus Cristo como necessária existe a obrigação de entrar e de perseverar nela para obter a salvação (cf. Lumen Gentium 14). Para aqueles que, ao invés, não receberam o anúncio do Evangelho, como escrevi na Encíclica Redemptoris Missio, a salvação é acessível por meio de uma via misteriosa enquanto a graça divina vem a eles conferida em virtude do sacrifício redentor de Cristo, sem adesão externa à Igreja mas sempre, todavia, em relação com ela (cf. Redemptoris Missio, 10). Trata-se de uma “misteriosa relação”: misteriosa para aqueles que a recebem, porque esses não conhecem a Igreja e ao contrário, todavia, a rejeitam; misteriosa também em si mesma porque ligada ao mistério salvífico da graça, que comporta uma referência essencial à Igreja fundada pelo Salvador.
 
 
Com este texto de João Paulo II, e outros do Magistério da Igreja, concluímos que está CORRETÍSSIMO afirmar que FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO. Mas o ponto seguinte do debate é o que interessa do ponto de vista hermenêutico: O QUE É A IGREJA? Se a consideramos somente uma BARCA INSTITUCIONAL, então quem estiver inscrito na INSTITUIÇÃO se salva… os outros não. Algumas igrejas evangélicas também caem neste erro de alguns tradicionalistas católicos. Isto não é DOGMA da Igreja Católica. A Igreja vai além de sua dimensão visível, institucional. Ela é MISTÉRIO; é SACRAMENTO UNIVERSAL DE SALVAÇÃO (Lumen Gentium). Neste sentido é preciso entender as diversas figuras da Igreja: videira, luz, sacramento, corpo místico etc. Se reduzirmos a Igreja a um dos Modelos cairemos inevitavelmente em um reducionismo e interpretaremos de modo equivocado do EXTRA ECCLESIAM NULLA SALUS. Para isso é importante estudar teologia antes de emitir opiniões subjetivas ou ideológicas em sites da Internet, confundindo os irmãos mais frágeis na fé.
 
Posto a íntegra da mensagem de João Paulo II:
 
GIOVANNI PAOLO II
 
UDIENZA GENERALE
 
Mercoledì, 31 maggio 1995
 
 
 
1. Le difficoltà che talora accompagnano lo sviluppo dell’evangelizzazione pongono in luce un problema delicato la cui soluzione non va cercata in termini puramente storici o sociologici: il problema della salvezza di coloro che non appartengono visibilmente alla Chiesa. Non ci è data la possibilità di scrutare il mistero dell’azione divina nelle menti e nei cuori, per valutare la potenza della grazia di Cristo nel prendere possesso, in vita e in morte, di quanti “il Padre gli ha dato”, e che Egli stesso ha proclamato di non voler “perdere”. Lo sentiamo ripetere in una delle letture evangeliche proposte per la Messa dei defunti (cf. Gv 6, 39-40).
 
Ma, come ho scritto nell’Enciclica Redemptoris Missio, non si può limitare il dono della salvezza “a coloro che, in modo esplicito, credono in Dio e sono entrati nella Chiesa. Se è destinata a tutti la salvezza deve essere messa in concreto a disposizione di tutti”. E, ammettendo che è concretamente impossibile per tanta gente accedere al messaggio cristiano, ho aggiunto: “Molti uomini non hanno la possibilità di conoscere o di accettare la rivelazione del Vangelo di entrare nella Chiesa. Essi vivono in condizioni socio-culturali che non lo permettono, e spesso sono stati educati in altre tradizioni religiose” (Redemptoris Missio, 10).
 
Dobbiamo riconoscere che per quanto rientra nelle umane capacità di previsione e di conoscenza questa impossibilità pratica sembrerebbe destinata a durare ancora a lungo forse anche fino al compimento finale dell’opera di evangelizzazione. Gesù stesso ha ammonito che solo il Padre conosce “i tempi e i momenti” da lui fissati per l’instaurazione del suo Regno nel mondo (cf. At 1, 7).
 
2. Quanto sopra ho detto non giustifica però la posizione relativistica di chi ritiene che in qualsiasi religione si possa trovare una via di salvezza, anche indipendentemente dalla fede in Cristo Redentore, e che su questa ambigua concezione debba basarsi il dialogo interreligioso. Non è qui la soluzione conforme al Vangelo del problema della salvezza di chi non professa il Credo cristiano. Dobbiamo invece sostenere che la strada della salvezza passa sempre per Cristo, e che quindi spetta alla Chiesa e ai suoi missionari il compito di farlo conoscere ed amare in ogni tempo, in ogni luogo e in ogni cultura. Al di fuori di Cristo non “vi è salvezza”. Come proclamava Pietro davanti al Sinedrio, fin dall’inizio della predicazione apostolica: “Non vi è altro nome dato agli uomini sotto il cielo nel quale sia stabilito che possiamo essere salvati” (At 4, 12).
 
Anche per coloro che senza loro colpa non conoscono Cristo e non si riconoscono cristiani, il piano divino ha predisposto una via di salvezza. Come leggiamo nel Decreto conciliare sull’attività missionaria Ad Gentes, noi crediamo che “Dio, attraverso le vie che lui solo conosce può portare gli uomini che senza loro colpa ignorano il Vangelo” alla fede necessaria alla salvezza (Ad Gentes, 7). Certo, la condizione “senza loro colpa” non può essere verificata né apprezzata da una valutazione umana, ma deve essere lasciata unicamente al giudizio divino. Per questo nella Costituzione Gaudium et Spes il Concilio dichiara che nel cuore di ogni uomo di buona volontà “opera invisibilmente la grazia”, e che “lo Spirito Santo dà a tutti la possibilità di venire in contatto, nel modo che Dio conosce, col Mistero pasquale” (Gaudium et Spes, 22).
 
3. E importante sottolineare che la via della salvezza percorsa da quanti ignorano il Vangelo non è una via fuori di Cristo e della Chiesa. La volontà salvifica universale è legata all’unica mediazione di Cristo. Lo afferma la Prima Lettera a Timoteo: “Dio nostro Salvatore, il quale vuole che tutti gli uomini siano salvati e arrivino alla conoscenza della verità. Uno solo, infatti, è Dio, e uno solo il mediatore fra Dio e gli uomini, l’uomo Cristo Gesù, che ha dato se stesso in riscatto per tutti” (1 Tm 2, 3-6). Lo proclama Pietro quando dice che “in nessun altro c’è salvezza”, e chiama Gesù “testata d’angolo” (At 4,11-12), ponendo in evidenza il ruolo necessario di Cristo a fondamento della Chiesa.
 
Questa affermazione della “unicità” del Salvatore trae la sua origine dalle stesse parole del Signore, il quale afferma di essere venuto “per dare la propria vita in riscatto per molti” (Mc 10, 45), cioè per l’umanità, come spiega San Paolo quando scrive: “Uno è morto per tutti” (2 Cor 5, 14 cf. Rm 5, 18). Cristo ha ottenuto la salvezza universale con il dono della propria vita: nessun altro mediatore è stato stabilito da Dio come Salvatore. Il valore unico del sacrificio della Croce deve essere sempre riconosciuto nel destino di ogni uomo.
 
4. E siccome Cristo opera la salvezza mediante il suo mistico Corpo, che è la Chiesa, la via di salvezza è essenzialmente legata alla Chiesa. L’assioma extra Ecclesiam nulla salus – “fuori della Chiesa non c’è salvezza” –, enunciato da San Cipriano (Epist 73,21: PL 1123 AB), appartiene alla tradizione cristiana ed è stato inserito nel Concilio Lateranense IV (Denz.-S. 802), nella bolla Unam Sanctam di Bonifacio VIII (Denz.-S. 870) e nel Concilio di Firenze (Decretum pro Jacobitis, Denz.-S. 1351).
 
L’assioma significa che per quanti non ignorano che la Chiesa è stata fondata da Dio per mezzo di Gesù Cristo come necessaria c’è l’obbligo di entrare e di perseverare in essa al fine di ottenere la salvezza (cf. Lumen Gentium, 14). Per coloro che invece non hanno ricevuto l’annunzio del Vangelo, come ho scritto nell’Enciclica Redemptoris Missio, la salvezza è accessibile attraverso vie misteriose in quanto la grazia divina viene loro conferita in virtù del sacrificio redentore di Cristo, senza adesione esterna alla Chiesa ma sempre, tuttavia, in relazione con essa (cf. Redemptoris Missio, 10). Si tratta di una “misteriosa relazione”: misteriosa per coloro che la ricevono, perché essi non conoscono la Chiesa e anzi, talvolta, esternamente la respingono; misteriosa anche in se stessa perché legata al mistero salvifico della grazia, che comporta un riferimento essenziale alla Chiesa fondata dal Salvatore.
 
La grazia salvifica, per operare, richiede un’adesione, una cooperazione, un sì alla divina donazione: e tale adesione è, almeno implicitamente, orientata verso Cristo e la Chiesa. Perciò si può dire anche sine Ecclesia nulla salus – “senza la Chiesa non c’è salvezza” –: l’adesione alla Chiesa-Corpo mistico di Cristo, per quanto implicita è appunto misteriosa, costituisce una condizione essenziale per la salvezza.
 
5. Le religioni possono esercitare un influsso positivo sul destino di chi ne fa parte e ne segue le indicazioni con sincerità di spirito. Ma se l’azione decisiva per la salvezza è opera dello Spirito Santo dobbiamo tener presente che l’uomo riceve soltanto da Cristo, mediante lo Spirito Santo, la sua salvezza. Essa ha inizio già nella vita terrena, che la grazia, accettata e corrisposta, rende fruttuosa, in senso evangelico, per la terra e per il cielo.
 
Di qui l’importanza del ruolo indispensabile della Chiesa, la quale “non è fine a se stessa ma fervidamente sollecita di essere tutta di Cristo, in Cristo e per Cristo, e tutta degli uomini, fra gli uomini e per gli uomini”. Un ruolo che non è dunque “ecclesiocentrico” come a volte si è detto: la Chiesa non esiste infatti né lavora per se stessa, ma è al servizio di una umanità chiamata alla filiazione divina in Cristo (cf. Redemptoris Missio, 19). Essa esercita perciò una mediazione implicita anche nei confronti di quanti ignorano il Vangelo.
 
Ciò non deve però portare alla conclusione che la sua attività missionaria sia in tali circostanze meno necessaria. Tutt’altro. In effetti chi ignora Cristo, pur senza sua colpa, viene a trovarsi in una condizione di oscurità e di carestia spirituale con riflessi negativi spesso anche sul piano culturale e morale.. L’azione missionaria della Chiesa può procurargli le condizioni di pieno sviluppo della grazia salvatrice di Cristo, proponendo l’adesione piena e consapevole al messaggio della fede e la partecipazione attiva alla vita ecclesiale nei sacramenti.
 
Questa è la linea teologica tratta dalla tradizione cristiana. Il magistero della Chiesa l’ha seguita nella dottrina e nella prassi come via segnata da Cristo stesso per gli Apostoli e per i missionari di tutti i tempi.

    Para citar este texto:
"Padre Joãozinho não é um ignorante invencível. É herege mesmo."
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/ignorancia-invencivel/
Online, 21/11/2024 às 08:44:37h