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O Papa
Montfort: fidelidade à doutrina católica e à Sé Romana
Alberto Zucchi
Oferecemos a nossos amigos leitores do site Montfort o discurso proferido por ocasião de nosso jantar anual em 2 de dezembro de 2012. Prezados amigos Salve Maria!Mais um jantar de Natal da Montfort. O terceiro sem o nosso estimado professor.
Nosso jantar serve para nos aproximar, para manter nossa união. Como bem disse o Edivaldo, que em breve será o Diácono Edivaldo, em suas últimas palavras em nossa sede, antes de partir para o seminário, “é o demônio que quer nos afastar”.
Além disto, nosso jantar é um instante de repouso e, por isto, de reflexão nesta vida agitada que todos temos no mundo moderno.
Assim, cabe a mim falar um pouco sobre o ano que passou. Não tanto sobre os fatos e acontecimentos, mas destacar algo que seja significativo.
Se a finalidade é nos manter unidos, creio que devemos pensar por um momento no que pode nos manter unidos.
Neste sentido creio que é particularmente significativa uma frase de um sacerdote que elaborou um dos relatórios que recebi para a apresentação a Dom Di Noia. Vejamos o que foi dito:
“Há um ano estamos celebrando duas vezes por semana [a Missa Antiga]. Muito contribuiu conosco conhecer e conviver um pouco com a Associação Montfort em São Paulo. Sobretudo, a presença dos seminaristas do Instituto Bom Pastor em julho e agosto passado fortaleceu ainda mais nossa caminhada”.
A frase é do Padre José Roberto da Paróquia Nossa Senhora de Fátima na cidade de Apucarana no Paraná.
Eis o que pode nos unir. A luta pela Santa Igreja, pela difusão da Missa de São Pio V. Com a graça de Deus vamos dando continuidade ao trabalho iniciado pelo Professor na difusão do Motu Proprio Summorum Pontificum do Papa Bento XVI.
Nunca é demais lembrar que o prêmio desta luta não são as riquezas, não são os territórios, não é o direito de governar os outros. O premio desta luta são almas. Foi por elas que Nosso Senhor se encarnou, sofreu e morreu.
Para a salvação das almas Nosso Senhor instituiu os sacramentos. E dentre estes a missa tem uma significativa importância.
Assim, combater pela Santa Missa é lutar pela salvação das almas.
Nesta luta, diante de nós, duas tentações se põem.
De um lado a tentação do canto da sereia que nos apresenta uma solução simples: teremos mais sucesso se cedermos nos princípios, se fizermos concessões ganharemos muitos apoios, o trabalho será mais fácil e mais frutífero. A tentação é de abafar a consciência atribuindo a responsabilidade de nossos atos às autoridades. É se esquecer de São Paulo advertindo São Pedro, que por temor não comia as carnes proibidas.
De outro lado, a tentação de que os fins justificam os meios, da rebeldia e da negação da autoridade. Portanto uma tentação de orgulho. A tentação que pode nos levar a querer resolver os problemas assumindo para nós os direitos que não temos. A tentação que dúvida de que Nosso Senhor seja capaz de conduzir a barca de Pedro, com a regras que Ele mesmo determinou. De querer segura a Arca da Aliança quando ela parece que vai tombar. De querer gritar querendo acordar Nosso Senhor, que parece dormir enquanto a barca vai naufragar. A tentação dos homens de pouca fé. A tentação daqueles que não quererem se lembrar de São João, o discípulo amado, que esperou Pedro para entrar no Sepulcro.
Nós da Montfort dizemos: nenhum um erro nem o outro. O dilema como tantos outros é colocado pelo demônio, ele é falso. É a Maçonaria que apresenta aos homens um dilema que parece insolúvel.
Não há porque escolher entre um erro e outro porque, de fato, o dilema não existe. Nós mantemos ao mesmo tempo nossa total, completa e absoluta fidelidade seja à doutrina católica, seja à Sé Romana, que hoje é governada pelo Santo Padre o Papa Bento XVI.
Aceitar qualquer um destes dois erros é nos dividir.
É verdade, por um lado, que atualmente na Igreja estamos muito longe daquilo que poderíamos chamar de situação normal. A crise ainda é muito grave, os problemas são gigantescos, os erros contra a fé enormes. Os princípios liberais e modernistas ainda dominam as mentes e corações de uma enorme parcela dos leigos e do clero. O liberalismo que não admite a submissão do Estado à Igreja, o ecumenismo que considera ser possível a salvação fora da Igreja católica e a colegialidade que iguala o conjunto dos bispos ao Papa. São erros extremamente difundidos e amplamente aceitos.
Hoje mesmo recebi a notícia de que os bispos no Brasil estariam organizando uma proibição à Missa antiga. Seria verdade? Quero crer que não mas, infelizmente, conhecendo nosso episcopado, a priori não posso duvidar.
Por outro lado, imaginar que nos últimos dez anos não houve uma grande mudança de direção é não querer admitir a realidade. Já são muitos e importantes bispos e cardeais que celebraram a Missa de São Pio V após a promulgação do Motu Próprio. Não levar isto em consideração, supondo apenas que se trata de uma manobra, é não reconhecer o valor objetivo que existe na Missa, ou seja, de que o demônio não aceitaria trocar a celebração da Missa por coisa alguma.
Quem poderia dizer, há sete anos atrás, que neste ano teríamos a alegria de presenciar a ordenação sacerdotal do Padre Daniel e dos diáconos Pasquotto e Renato? E mais, no início deste ano, quem poderia dizer que teríamos que antecipar nosso jantar para estarmos presentes na ordenação diaconal do Edivaldo?
Assim repito, aceitar qualquer um destes erros é nos dividir. De um lado um sacerdote, muito amigo e em quem confio muito, me pede: a Monfort não poderia repensar alguns pontos para tornar seu trabalho mais efetivo? De outro lado, um compadre me pede: rompam com Bento XVI.
A resposta é: nenhuma coisa nem outra.
Portanto, o que nos reserva o futuro? Continuar lutando. E nossa luta só será eficiente se nos mantivermos unidos. Unidos pela verdade, unidos pelo mesmo ideal. Nem um erro, nem outro.
Todo reino dividido contra si mesmo será destruído. Toda cidade, toda casa dividida contra si mesma não pode subsistir. Todo reino dividido contra si mesmo será destruído e seus edifícios cairão uns sobre os outros.
Seus edfícios cairão uns sobre os outros... Devemos meditar muito nestas palavras de Nosso Senhor.
Ao contrário, sobre os primeiros cristãos, relatam os Atos dos Apostólos: “Vede como se amam.”
Creio que o que nos espera este ano sejam muitas lutas. Não vejamos isto como um sinal ruim, pelo contrário, se isto de fato acontecer será um sinal de predileção de Nossa Senhora.
Os primeiros tiros na luta no caso do Frei Tiago já foram dados por ambos os lados. Teremos apenas uma escaramuça local? Sinceramente não creio, mas só Deus sabe que proporção a batalha atingirá.
Nesta batalha que começa, lembremos a primeira estrofe de nosso hino:
O que vos resta, O que vos recusam, Dai-me em partilha, Combates e coragem, Oh meu Deus!
E durante nossa luta, sobretudo quando ela parecer acima de nossas forças, não esqueçamos a estrofe final:
Que eu esteja seguro, De possuir o mais duro, De abraçar a Vossa Cruz, E na Vossa paz morrer, Oh meu Deus!
Que neste ano que se aproxima, Nossa Senhora nos proteja, o Menino Deus, solitário no presépio, se compadeça de nossas fraquezas, de nossas dificuldades e de nossas misérias. Que Ele nos dê uma grande luta, porque a vitória é certa.
Para citar este texto:
"Montfort: fidelidade à doutrina católica e à Sé Romana"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/papa/montfort-fidelidade-a-doutrina-catolica-e-a-se-romana/
Online, 22/11/2024 às 11:28:04h