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Movimento pela Vida
Passarão as dunas. Passarão as ondas. Passarão as siglas. STF E CNBB na batalha das células-tronco embrionárias
O Supremo Tribunal Federal, por seis votos a cinco, decidiu entre o bem e o mal, entre o justo e o injusto, considerando legítimo usar células-tronco retiradas de embriões, mesmo que assim se cause a morte desses embriões.
O STF decidiu tudo isso, adotando a opinião de Mayana Zatz, turbinada pela mídia que obedece à “Propaganda“.
Contra Deus. Contra a Verdade. Contra a lógica. Contra o que diz a Ciência.
Os eminentíssimos juizes do STF, cultuadores do direito positivo de Kelsen, outorgaram-se o poder de decidir entre o Bem e o mal, entre a Verdade e a mentira. No lugar de Deus.
Por seis votos a cinco - por um voto, portanto - ficou decidido que embrião não é ser humano, e que se pode usar de sua vida, como a de um animal. O STF decretou a cobaiazação dos embriões humanos.
E isso é assustador.
Porque, se um tribunal humano pode decidir quem - sem cometer crime - pode ser morto, mesmo por maioria de um só voto, instaurou-se um poder absoluto do número. Instituiu-se o triunfo do relativismo.
Na História, já houve, no século XX, quem, com base no principio da maioria nacional e nacionalista, instituísse o direito da engenharia genética pesquisar como produzir uma raça superior. Disso nasceu o genocídio. Desse princípio relativista, que faz depender a Justiça e o Direito exclusivamente na lei positiva humana, e a verdade na maioria, nasceu Auschwitz.
Na sociedade democrática e capitalista é o número que decide sobre o que é verdade, o que é bem e o que é cientificamente correto. Nela se despreza a lei natural e a objetividade da verdade. E depois, a mídia, executiva da “Propaganda”, defensora do uso “científico” de embriões, se permite criticar a Inquisição e a defender a Ciência Moderna e seu “profeta”, Galileu Galilei.
O STF com essa decisão arbitrária, fez triunfar a religião do Mundo Moderno o Laicismo, com seu dogma fundamental: o relativismo.
Para o relativismo, não há valores absolutos. Também o bem, também a verdade seriam relativas. Variáveis. Dependeriam da moda, ou dos ventos da “Propaganda” que movem para onde querem as ondas da chamada “opinião pública”, cuidadosamante fabricada pela “Propaganda” e que se pensa autônoma, autêntica e natural.
E a Justiça é também relativa?
E o Direito, é valor relativo também?
Dependem a Justiça e o Direito de um voto só?
A decisão do STF sentenciou que o Direito e a Justiça também são relativos.
Já se desconfiava que, no Brasil do mensalão e dos crimes hediondos, no Brasil da impunidade, se desconfiava, há muito, da relatividade da justiça.
O STF fez o Relativismo se tornar um absoluto, no Brasil.
Por um voto.
O STF fez o Brasil entrar na onda da Modernidade.
Se tantos países aprovaram o uso de células-tronco embrionários, por que ficaria o Brasil fora dessa onda?
Ficaremos sempre os últimos em seguir as novas Modas?
Atualizemo-nos. Sigamos a maioria. Sejamos Modernos. Sejamos Maria-vai-com-as-outras. Matemos os embriões. Eles não tem direito a voto, em nossa república relativista. Nela Deus, natureza, verdade, bem, justiça, direito, tudo é relativo. Tudo depende do número. Tanto quanto, no mercado, tudo depende da lei da oferta e da procura, dirigidas pela “Propaganda”.
Um editorial de O Estado de São Paulo, jornal laico, republicano, positivista e democrático, comemorou a decisão embrionária do STF, dizendo:
“A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de considerar constitucionais as pesquisas com células-tronco embrionárias para fins terapêuticos, nos restritivos limites da Lei de Biosegurança de 2.005, consagra o caráter laico do Estado Nacional. Embora os principais opositores da liberação dessas pesquisas tivessem tido o cuidado de remeter invariavelmente as suas objeções à esfera jurídica, invocando a inviolabilidade da vida e da dignidade humana, assegurada pela Constituição, desde a primeira hora - quando a matéria era ainda debatida no Congresso - as motivações religiosas ficaram patentes” (O Estado de São Paulo, O Sentido da Decisãodo Supremo, editorial, em 31 de Maio de 2008, p. 3).
Que texto interessante!
O Estadão confessa que na questão das células-tronco embrionárias, de fato, estavam em luta, duas doutrinas: a do Catolicismo e a do Laicismo. A afirmação de que toda lei vem de Deus, através da lei natural, ou a doutrina relativista do subjetivismo laico.
Afirma o Estado de São Paulo que o STF deu a vitória ao laicismo relativista, ao chamado direito positivo contra o Direito Natural. O STF deu vitória ao Homem contra Deus. O STF decidiu que é licito sacrificar embriões humanos nos altares da Ciência Moderna. Por um voto.
A Vontade Humana é a suprema Lei.
Deus morreu.
O STF, com sua decisão tomou o partido do Humanismo Moderno, propulsionado pela ONU, contra o que tem ensinado o Papa Bento XVI em sua cruzada contra o Relativismo.
Curiosas também soam as afirmações do Estadão de que “os principais opositores da liberação dessas pesquizas tivessem tido o cuidado de remeter invariavelmente as suas objeções à esfera jurídica, invocando a inviobilidade da vida e da dignidade humana, assegurada pela Constituição”.
A quem se referiu o Estadão nessa alusão aos opositores à nova lei de engenharia genética?
O conhecido jurista Yves Gandra Martins, membro do Opus Dei, sempre procura defender a religião escudando-se atrás da lei positiva, ocultando a bandeira católica e a Lei de Deus. O Opus considera pouco eficaz posicionar-se em defesa da Fé desfraldando clara e destemidamente a bandeira católica. Já a filo modernista Ação Católica atuava desse modo. E colecionou derrotas. Até se dissolver nos movimentos marxistas, como a Polop, ou no PT, por exemplo.
A CNBB...
Quem não conhecesse o significado de sua sigla, se lesse apenas os seus comunicados, facilmente pensaria tratar-se de um mero partido político de esquerda, senão marxista, pois seus comunicados absolutamente naturalistas, raramente aludem ao que é missão própria de Bispos.
A CNBB trata de Ecologia, salário, reforma agrária, greves, transporte, voto, eleições. Prega publicamente a Igualdade, defende a Liberdade, e faz Campanhas da Fraternidade. Como fazem certas sociedades. Secretamente. Céu, inferno, pecado, virtudes sobrenaturais, tudo isso é normalmente alheio à CNBB.
Ainda agora, depois da decisão do STF reconhecendo a constitucionalidade de se usarem embriões humanos, a CNBB, no dia 29 de Maio de 2008, lançou uma Nota na qual “lamenta a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)” . Nesse manifesto a palavra Deus não aparece.
Os Bispos da CNBB não falam em Deus. Não defendem a sua Lei divina. Não falam do mandamento: “Não matarás”.
Pelo contrário, os Bispos frisam que a defesa da vida dos embriões não é uma questão de religião.
Diz a Nota da CNBB: “não se trata de uma questão religiosa, mas de promoção e defesa da vida humana”.
E a razão fundamental que move os Bispos não é o mandamento que proíbe matar, mas somente a defesa da vida e da dignidade da pessoas humana. Eles são lídimos seguidores do antropocêntrico Concílio Vaticano II:
“todo comportamento que possa constituir uma ameaça ou uma ofensa aos direitos fundamentais da pessoa humana, primeiro de todos o direito à vida, é consideradogravemente imoral”. (Graças a Deus apareceu uma palavra correta: a CNBB aludiu à moral!)
E a entidade episcopal termina sua lamentável Nota afirmando que prosseguirá a sua ação em defesa da vida:
“A CNBB continuará seu trabalho em favor da vida, desde a concepção até o seu declínio natural”.
Claro que uma defesa naturalista da vida não poderia vencer o ataque anti-religioso do Laicismo. A CNBB segue a moda, segue a onda, corteja a opinião pública, teme enfrentar a “Propaganda”.
***
Várias vezes, neste artigo, fizemos alusão à “Propaganda“...Usamos esse termo em itálico e o colocamos entre aspas, porque o extraímos de um outro artigo da mesma edição de O Estado de São Paulo.
O artigo foi assinado pelo Professor Miguel Reale Júnior e tem o atrativo título de “O Governo Invisível” e nele se lêem as seguintes palavras interessantíssimas:
“De 1928 para cá, a força da propaganda, graças aos novos meios de comunicação, cresceu vertiginosamente. Comprovou-se, conforme dizia Bernays--Edward Bernays, [sobrinho de Freud] --, que grande parte da sociedade é governada por pessoas que desconhece, mas que modelam os espíritos, forjam os gostos, excitam idéias, alavancam ídolos. Na verdade, uma minoria dirige a maioria na direção de seus interesses, a ponto de Bernays afirmar que a propaganda constitui o poder executivo de um governo invisível” (Miguel Reale Júnior, “O Govrno Invisível”, in O Estado de São Paulo, ed. 31 de Maio de 2008, p. 2).
Como vivemos nessa situação, e como o regime em que vivemos se chama Democracia, concluímos que Democracia é o governo da maioria dirigida ocultamente por uma minoria através da... “Propaganda”.
A “Propaganda” é que move as ondas da opinião pública, e com tal arte que as ondas pensam que se movem a si mesmas e que pensam o que repetem como idéia própria, sem perceber que um ventríloquo fala nelas e por elas.
As ondas do mar e as dunas do deserto estão em contínuo movimento. Em vão, elas se esbatem contra a pedra inamovível sobre a qual Cristo fundou a sua Igreja.
Passarão as dunas e as ondas.
Passarão os céus e a terra.
Passarão todas as siglas.
A Igreja não perecerá.
A Verdade é para sempre. Tudo o que é contingente e relativo passa.
Deus não muda.
Lex Domini manet in aeternum.
São Paulo, 5 de Junho de 2008
Orlando Fedeli
Para citar este texto:
"Passarão as dunas. Passarão as ondas. Passarão as siglas. STF E CNBB na batalha das células-tronco embrionárias"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/vida/stf_embrioes/
Online, 21/11/2024 às 09:16:31h