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João Bosco Teixeira e sua intromissão catastrófica no caso José Reis Chaves
Eder Moreira
Quando pensamos ter visto o limite da insanidade neste século decadente, somos surpreendidos com colóquios inacreditáveis, provenientes daqueles que, pela robusta bagagem curricular, deveriam exprimir notável coerência de raciocínio, ou, no mínimo, bom senso para não estrangular tão grosseiramente a lógica, sem a qual todo discurso tende a se autodesmoralizar.
Torturados pela ignorância infernal de José Reis Chaves, incapaz de assimilar verdades primárias da Escritura Sagrada, somos, desta vez, supliciados pela “erudição” interventora de João Bosco Teixeira, um colunista do Jornal das Laje. Antes de exibir sua retórica em defesa do derrotado kardecista, fez questão de elencar seus títulos de formação: duas graduações (filosofia e teologia), um mestrado em psicologia, e muito estudo da Bíblia Sagrada.
Pelo grau de conhecimento, que deveria ser proporcional aos diplomas adquiridos, esperávamos uma impecável alocução intercessora, fundamentada em argumentos. Mas, logo a expectativa desapareceu. O filósofo-teólogo pretendeu desacreditar a eternidade do inferno com a “convicção” de que “toda verdade é provisória”. Assim, com afirmações provisórias, o simpatizante do espiritismo começou sua desastrosa intromissão, dizendo que o inferno é provisório. Ora, se toda verdade dura algum tempo somente, cedo ou tarde ela tonar-se-á falsa ou mentirosa, isto é, não terá mais relação com a realidade. Com efeito, a própria proposição “toda verdade é provisória” – que também não é eterna – deixará de ser verdade. Logo, a premissa contrária será verdadeira: “existem verdades imutáveis, que duram eternamente”. Mas, se o colunista disser que sua objeção (também provisória) tem duração interminável, então, da mesma forma, teremos uma verdade não provisória, o que também torna sua alegação inconsistente. Assim como não se vence uma mentira com outra mentira, também não se prova a provisoriedade de uma determinada verdade com uma objeção igualmente provisória. Conclusão: a proposição “toda verdade é provisória” é autodestrutiva!
Essa absurda contradição, se fosse dita por um aluno iniciante, não causaria perplexidade. Porém, vindo de um filósofo, teólogo, mestre em psicologia e estudioso da Bíblia, é absurdamente escandalosa! E pensar que no estudo de filosofia a lógica é imprescindível. Mas, o mestre dos argumentos provisórios parece ignorá-la, assim como a própria ciência filosófica. Ora, um dos princípios universais e imutáveis da metafísica é justamente o Princípio de Contradição: “Uma coisa não pode ser e deixar de ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto” (Dr. Thiago Sinibaldi. Elementos de Philosophia. Vol. I. 3ª edição, Coimbra: Typographia França Amado, 1906, p.76).
Uma coisa ou objeto não pode medir ao mesmo tempo 100º graus acima de zero e -100º abaixo de zero. Em outros termos: uma coisa não poder estar quente e fria, simultaneamente. Quando uma porção de água está fervendo, não se pode dizer que está gelada. Do mesmo modo, quando está congelada, não se pode inferir que está fervendo. Essa é uma verdade não provisória. Não chegará um tempo em que uma coisa poderá ser e não ser ao mesmo tempo sob o mesmo aspecto. Contradizer pertinazmente essa verdade é o primeiro passo para o sanatório.
E o que dizer do teorema de Pitágoras? O quadrado da hipotenusa deixará, um dia, de ser igual à soma dos quadrados dos catetos? Veremos um dia a provisória verdade 1+1=2 mudar para o resultado 1+1=20? E o que pensar dos 10 mandamentos da Lei de Deus, verdades que já perduram por mais de dois mil anos? Terão prazo de validade? Serão provisórios tanto quanto os desatinos do mestre João Bosco? O Decálogo é eterno ou provisório, para o mestre da contradição? Não é apenas filosoficamente insustentável essa noção provisória da verdade, mas, sobretudo, teologicamente.
Na Bíblia, que o teólogo diz muito estudar, está dito que Deus é imutável: “Porque Eu sou o Senhor e não mudo” (Malaquias III,6). Deus não é uma Verdade provisória que um dia deixará de Ser. Também disse Cristo Nosso Senhor: “Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão” (S. Mateus XXIV, 35). Não são provisórias as verdades do Evangelho de Cristo. São Verdades Eternas! Assim como o inferno revelado por Nosso Senhor. É inaceitável, filosófica e teologicamente, a “convicção” provisória de João Bosco Teixeira. Resta saber de qual evangelho ele tirou essas mentiras sobre as Eternas Verdades.
Depois desse vexame, Bosco tenta deturpar a Virtude sobrenatural da Fé, dizendo ser mais uma experiência de amor, e nem tanto uma adesão da inteligência às verdades de Deus:
“Em termos de espiritualidade, sou movido por algumas convicções. Em primeiríssimo lugar, aquela de que a fé cristã é uma experiência de amor, muito mais que aceitar verdades e doutrinas” (https://www.jornaldaslajes.com.br/colunas/de-um-ponto-de-vista/verdades-eternas/1659).
Outra vez um erro elementar de conhecimento prático. Ora, a realidade concreta nos ensina que não pode existir amor sem conhecimento prévio. Antes de amar um bem determinado é preciso conhecê-lo. Ninguém ama o desconhecido. Por isso a inteligência que conhece a verdade vem antes do amor, sendo tão importante quanto, conforme atesta o ensino do Apóstolo: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus. Porquanto é necessário que o que se aproxima de Deus, creia que ela existe e que é remunerador dos que o buscam “ (Hebreus, XI, 6). Por isso Cristo ordenou: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho (Verdades de Deus) a toda a criatura. O que crer e for batizado, será salvo; o que, porém, não crer, será condenado” (S. Marcos XVI, 15-16).
Dito essas Verdades Eternas, temos uma conclusão teológica insofismável: para a salvação, a Fé é tão importante quanto o Amor, pois sem a Primeira das Virtudes (Fé) – fruto do conhecimento e aceitação do Bem-Amado – não pode existir verdadeiro Amor. Como ensina Nosso Senhor, sem essa adesão da inteligência às verdades doutrinárias de Deus (Fé), haverá a morte do pecador, e não a dita amorosa experiência: “Se vós não crerdes que Eu Sou, certamente morrereis em vossos pecados” (S. João VIII, 24). Ademais, pelos textos da Escritura, fica claro que Fé não é uma experiência, e sim uma aceitação racional das verdades reveladas. Por isso Cristo disse: “Ide e ensinai” e não “Ide e experimentai”. Ele disse: “Aquele que Crer” e não “Aquele que experimentar”.
Novamente: de qual evangelho Bosco tirou suas conclusões teológicas?
Um desastre filosófico, e depois teológico, só poderia resultar numa deplorável mentira “histórica”:
“Não faz mal considerar, além disso, que os dogmas católicos foram, quase todos, impostos pela força. Não só. Foram proclamados por se tratar de doutrina polêmica e para combater heresias. Não são fruto de exigência teológica” (https://www.jornaldaslajes.com.br/colunas/de-um-ponto-de-vista/verdades-eternas/1659).
Então a Igreja Católica impôs goela abaixo seus dogmas proclamados sem reflexão teológica? Seria essa acusação uma verdade provisória ou as calúnias contra a Igreja são sempre frutos de uma eterna ignorância? Tenho quase certeza de que João Bosco pensa, sem base histórica e teológica, que um dogma é uma novidade que a Igreja proclama subitamente, por interesse meramente político, sem nunca antes ter ensinado ou refletido teologicamente sobre a questão.
O dogma, longe de ser uma invenção momentânea, é uma explicitação de uma verdade de fé revelada por Deus – sempre acreditada – e que, no momento oportuno, a Igreja apenas ratifica solenemente, tornando-a de obrigatória aceitação pelos católicos, sob pena de excomunhão. As verdades dogmáticas jamais foram impostas aos infiéis não batizados:
“É verdade que não se deve ’forçar’ ninguém a aceitar a fé. Neste particular os medievais procediam corretamente. Não obrigavam os judeus, nem os pagãos ou muçulmanos a abraçar a fé cristã [...] Mas quem era cristão tinha feito no batismo o compromisso de conservar a fé, de ser membro da Igreja e da Cristandade até a morte, assumira supremas obrigações diante das autoridades, às quais davam o direito de urgir o fiel cumprimento” (Pe. José Bernard S.J. A Inquisição: História de uma Instituição Controvertida. Calvariae Editorial: Sertanópolis – PR, 2021, p. 19).
Essa verdade histórica, contra a eterna mentira do mestre-teólogo, é reforçada por outra citação, historicamente fundamentada:
“Está fora de discussão o fato de que nos reinos cristãos, e especialmente na Espanha, o judeu obediente a sua lei não era molestado. Vivia comodamente nas judiarias ou fora delas, habitando as melhores zonas, contando geralmente com empregos de prestígio e bem remunerados [...] Os judeus praticavam sua religião livremente, destacando-se vários deles nas áreas de cultura e ciências, e especialmente na medicina e na matemática” (Cristian Iturralde. A Inquisição: Um tribunal de Misericórdia. CEDET: Campinas-SP, p.210-211).
Liberdade de religião em plena Idade das Trevas!
Donde então a imposição de dogmas pela força irracional? De qual manual ou revista o preclaro professor retirou essa fraude insustentável? Ora, ao acusar a Igreja gratuitamente, sem apresentar qualquer prova, João Bosco tropeçou na própria acusação: pretendeu impor mentiras aos seus leitores pela força, e não por fundamentação histórico-teológica.
Assim advoga o mestre das contradições!
O discípulo das sentenças provisórias também ludibria seus consulentes virtuais com a seguinte “convicção”:
“Outra convicção que me move: o único caminho que temos para alcançarmos o divino, para chegarmos a Deus, é o caminho da nossa humanidade. Nela é que nos é dado experimentar o eterno, objeto de esperança, alimentada pela fé. E nossa humanidade acontece e é inerente ao tempo e ao espaço” (negrito é nosso).
https://www.jornaldaslajes.com.br/colunas/de-um-ponto-de-vista/verdades-eternas/1659
Ora, como pode o homem experimentar o eterno em sua natureza se tudo é provisório? Seria o eterno, provisório? Ou seria o provisório, eterno? Enquanto Cristo ensina: “Eu Sou o Caminho... Ninguém vem ao Pai senão por Mim” (S. João XIV, 6), Bosco força a imposição de sua gnóstica blasfêmia, dizendo ser o homem, e não Cristo, o único Caminho para Deus. Isso porque o mestre diz ser um estudioso da Bíblia Sagrada.
O teólogo do evangelho desconhecido também pontifica – na força do grito – sobre os santos da Igreja Católica, e ainda cita Santo Irineu de Lyon, o grande combatente da seita gnóstica, cuja doutrina defende exatamente o conhecimento (gnosis) do eterno divino no homem:
“Os grandes espiritualistas e santos são reconhecidos, em sua grandeza, não porque fugiram de seu tempo, mas pela maneira como viveram plenamente sua humanidade, no tempo. O grande Irineu de Lião, já no segundo século, dizia: “É falso todo Deus cuja glória não seja a vida do homem”. Criamos deuses falsos não tanto porque falseamos Deus, quanto porque falseamos o homem” (grifo nosso).
https://www.jornaldaslajes.com.br/colunas/de-um-ponto-de-vista/verdades-eternas/1659
Os santos combateram os erros de seu tempo, ensinando aos pecadores as verdades Eternas. Eles não viveram plenamente a humanidade, cuja tendência é para a desobediência. Viveram, acima de tudo e plenamente, o Eterno Evangelho de Jesus Cristo, conformando a humanidade corrompida pelo pecado original, à vontade de Deus.
É por viver plenamente a humanidade, e não a Lei de Cristo, que Bosco vive afundado em contradições!
Santo Irineu, citado pelo “mestre”, é outro tiro no pé do assíduo leitor de José Reis Chaves. A referência patrística prova que o Evangelho de Kardec não é o Evangelho de Cristo. O Bispo de Lyon foi discípulo de São Policarpo, que por sua vez foi discípulo direto de São João Evangelista. Logo, pela lógica e pelas evidências históricas, o que diz Irineu corresponde à doutrina de Jesus Cristo. Portanto, já no segundo século, temos um testemunho apostólico contra a mentira da reencarnação:
“Refutamos a transmigração das almas de corpo em corpo pelo fato de elas não se lembrarem de nada do passado. Com efeito, se foram enviadas a este mundo para praticar todas as ações deveriam lembrar-se daquelas que já fizeram para completar o que ainda falta e não ter que se envolver sempre nas mesmas experiências [...] Por isso, se ela não lembra nada do passado, mas tem o conhecimento das coisas presentes, nunca esteve em outros corpos, nunca fez o que não conhecia, nem conhece o que não viu” (Contra Heresias, Livro II, XXXIII, 1-5).
Diante de tantas contradições e heresias contra a Palavra de Deus, encerramos nossas considerações sobre a intromissão catastrófica do professor aposentado João Bosco Teixeira. Esperamos que, por misericórdia Divina, o inimigo das Verdade Eternas tenha uma ignorância provisória, para que não seja, catastroficamente, surpreendido com a terrível realidade do inferno eterno.
Eder Moreira
Para citar este texto:
"João Bosco Teixeira e sua intromissão catastrófica no caso José Reis Chaves"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/religiao/teixeira-chaves/
Online, 21/11/2024 às 09:13:03h