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Polêmica e Caridade: resposta a algumas críticas
Montfort
NOTA DA MONTFORT:
Na polêmica surgida entre a Montfort e uma dupla de padres modernistas ligados à Canção Nova – Padres Joãozinho e Padre Fabio de Melo, ambos de triste fama - foi posto no blog de Padre Joãozinho um famoso texto do Abbé Berto, publicado em 1956, na revista La Pensée Catholique, sobre Polêmica e Caridade.
Sempre os católicos sentimentais, embebidos de liberalismo, manifestaram falso escândalo com quem faz polêmicas. Parece até que eles nunca leram os Evangelhos nos quais Nosso Senhor Jesus Cristo continuamente polemizou com os fariseus, escribas e doutores da lei, usando contra eles de invectivas santas, ao chamá-los de malditos, raça de víboras, hipócritas e filhos do diabo.
Essa publicação foi providencial, pois nela o Abbé Berto justifica o uso de invectivas contra padres famosos que desviam as almas dos fiéis da verdade católica. E o texto do Abbé Berto coincide muito providencialmente com o caso atual de Padre Joáozinho, pois que o Abbé Berto afirma que é bem justo atacar com invectivas padres ignorantes que confundem o unívoco e o análogo. Exatamente como, em sua incrível ignorância filosófica, fez Padre Joáozinho na presente polêmica.
O texto de Padre Berto caiu como uma luva em Padre Joãozinho - ainda mais depois de ele nos acusar, hoje, em seu blog, de marxistas (isso mesmo, marxistas!) pelo fato de sermos polêmicos.
Traduzimos, então, o texto do Abbé Berto - diretamente do texto da La Pensée Catholique para evitar que se reclame que copiamos o texto de um site qualquer, mais ciumento de suas traduções do que de amor à difusão da verdade e da defesa do bem.
São Paulo, 19 de agosto de 2009
Montfort
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POLÊMICA E CARIDADE
RESPOSTA A ALGUMAS CRÍTICAS
pelo abbé V. A. BERTO
Um de nossos leitores ocasionais nos fez chegar, a propósito de nossos artigos sobre "o latim na liturgia", observações de resto muito educadas que nos teríamos transcritas de boa vontade, com ou sem a sua assinatura. Ele, também cortesmente, nos recusou a autorização necessária. Reproduzimos todavia a nossa resposta, porque nós nela tocamos alguns pontos importantes, e não sem nos escusar por seu tom “pessoal”. Não tivemos tempo de reescrevê-la em forma de artigo.
Permita-me, meu caro amigo, que eu lhe agradeça pela carta que o senhor me fez a honra de me enviar a respeito de um artigo que publiquei recentemente na revista "La Pensée Catholique". De minha parte, acho muito bom e muito útil que meus leitores me façam conhecer sua opinião, sobretudo os leitores ocasionais, que não estão imunisados pelo hábito. Escrevendo para todo mundo, devo suportar e mesmo concordar que todo mundo me escreva. Nenhum título é necessário para isso.
É fora de dúvida que a preferência que o senhor exprime por "uma proclamação direta em língua vulgar, para o padre, dos textos bíblicos da Missa" de modo algum não é - eu continuo a retomar seus termos - "incompatível com o espírito de submissão total à Igreja", e menos quando se está determinado como o senhor a não se antecipar à Santa Sé numa matéria na qual ela expressamente se reservou a iniciativa, e não apenas o controle. Não creio ter enunciado a tese contrária; isso seria uma outra maneira de antecipar-me à autoridade soberana, parecendo declarar inoportunas e lamentáveis concessões que ela fará talvez amanhã. Mas, na medida em que eu terei dado a entender outra coisa daquela que o senhor diz, eu me retrato pura e simplesmente. Minhas preferências particulares são para o uso exclusivo do latim; é claro que escrevo, como jormalista, para as fazer partilhar, mas a título de preferências, de nenhum modo como sendo as únicas compatíveis com o espírito de submissão total à Igreja, e mantendo-me pronto a aceitar e a promover eventuais referências contrárias da Santa Sé.
Concessõess como as que o senhor deseja não são comparáveis ao abandono do latim, que escritores que julgo temerários reclamam e que, nesse ponto, vão certamente contra as intenções expressamente declaradas da Sé Apostólica. Um dos argumentos que levanto para mostrar o bem-fundado dessas intenções é tirado do enfraquecimento da unidade que acarretaria o abandono do latim, e escrevi nesse caso um "infalivelmente" que lhe “parece exagerado". O francês não é minha língua materna, tive a honra de ter sido educado em bretão, e posso ter me enganado quanto ao valor de um advérbio. Coloquei "infalivelmente" em lugar de “necessariamente", que me tinha vindo inicialmente à mente porque, com efeito, não há laço essencial, de onde se possa tirar uma demonstração a-priori entre a supressão do latim e o afrouxamento da unidade. Mas eu quis pôr em destaque que há um laço existencial, uma conexão de fato, que na hipótese agiria, digamos, "incoercivelmente", pois que "infalivelmente" lhe desagarda. Não, o emprego do latim não é somente "um meio humano que nem sempre existiu"; ele não é só um fator de unidade, ele já é um fator, um modo de ser da unidade, um "fato adquirido de unidade, uma situação de unidade, uma expressão de unidade, um comportamento de unidade. Considerado como meio, não somente um meio "humano", ele deve provir de alguma medida do Espírito-Santo, Dominum et vivificantem; que ele não tenha “nunca existido”, isso não é tão seguro, ele bem existia em potência, pois que a expontaneidade vital da Igreja romana exerceu seu impulso no sentido da unidade da língua litúrgica. E, enfim, quando ele não fosse senão um meio que não teria "sempre existido" e nem mesmo em potência, seguir-se-ia disso somente que esse meio não é necessário de direito, o que já reconheci mais acima, o que eu tinha admitido nos próprios termos em meu primeiro artigo, que provavelmente o senhor não leu (eis o que dá não ser um leitor assíduo). Mas daí não se seguiria de modo algum que esse meio não se tornou insubstituível de facto. Ter escolas não é mais de necessidade essencial para a Igreja, é um atributo que entra no predicável do contingente e é também, historicamente, um meio "que nem sempre existiu". Entretanto, é no existencial um meio insubstituível e certamente se pode afirmar que a supressão do ensino cristião arrastaria "infalivelmente" a um progresso espantoso de descristianização.
O senhor alega a Igreja oriental unida. Não creio, entretanto, que o senhor deseja que nossa unidade com a Santa-Sé se torne parecida à dos Orientais unidos, mais acreditada e professada do que vivida. A Santa Sé não quer que se toque nas veneráveis liturgias do Oriente; entretanto, mesmo nos tempos pacíficos, essa diversidade litúrgica não facilita o exercício dessa plenitude de poder, ordinaria, immediata, vere episcopalis, que lhe é reconhecida certa por todos os católicos, de outro modo eles não seriam católicos, mas que deve tolerar no Oriente muitas mitigações para evitar piores males. E que dizer dos tempos perturbados! Veja o que se passa sob nosso olhos: isso não é uma conjectura, é um fato, que os perseguidores serviram-se da diversidade de ritos para lançar de um só golpe no cisma um milha e meio de Rutenos; é um fato que a mesma manobra infernal tornou-se impossível na Polônia, porque ela é latina. No essencial, a unidade era a mesma; havia diferença no existencial. E o senhor acha ainda que meu "infalivelmente" seja forte demais? Se desastres como esse que eu acabo de relembrar não fazem o senhor temer os perigos que resultaram no Ocidente a substituição do latim pelas línguas nacionais, admiro sua serenidade, mas não a partilho, e ainda menos quando a empresa anti-latina no Ocidente é conduzida no espírito o mais anti-romano. É porque até meu último suspiro eu combaterei pela latinidade litúrgica, garantia sólida, elemento de facto insubstituível (sempre no Ocidente) da romanidade.
Seria contra a caridade polemizar com invectivas pessoais ao adversário?
Chego à questão que mais que tudo lhe desagradou em meu artigo, a rudeza do tom, que, a seu ver, é um tom pouco caridoso. Quanto a esse ponto, eu não lhe dou razão em nada. Se a caridade é o que o senhor diz, seria preciso rasgar páginas inteiras do Evangelho, desde o cisco e a trave dos "hipócritas" até a chave da ciência que os duces caeci e stulti [condutores cegos e estultos] guardam em seu bolso, para terminar nas serpentes, genimina viperarum.
Ou então tem o senhor dois pesos e duas medidas?
Era caridade a de São Jerônimo tratar Santo Agostinho de "aboboroso, cucurbitarius" e Rufino de asno de duas patas, asinus bipes "enquanto que seria falta de caridade eu divertir meus leitores lembrando o "bipede sem plumas" de Platão, expressão que se aplica tanto a mim quanto a meus adversários, visto que sou homem como eles, enquanto São Jerônimo certamente não aplicava a si mesmo o termo asno de duas patas que lançava contra Rufino. A menos que o senhor prefira dizer que São Jerônimo também não tinha caridade, mas o senhor diria isso contra toda a Igreja e contra a evidência, porque a Igreja e a evidência proclamam que esse vulcão de invectivas era inflamado de caridade.
[Nota do tradutor: invectivas são agressões verbais]
Ele, sim, eu, não? Hélas, é por demais verdade, mas para dizê-lo seria preciso perscrutar as intenções, o que também não é evangélico e ir além de meu comportamento literário, pois que minhas expressões não são mais duras que a de "sepulcros caiados" que está no Evangelho, e que "defecadores em si mesmos" que está na carta a Eustochium.
O senhor se escandaliza por encontrar invectivas numa publicação que se intitula católica. Isso acontece simplesmente, porque a invectiva é católica, prova disso está no Evangelho, provas disso são, não só os onze volumes de São Jerônimo na coleção do Migne, mas cem outros tomos da Patrologia. Portanto, a agressão não é, de si mesma, e em todos os casos, contrária à caridade. A caridade transcende tanto a invectiva como a doçura das palavras, ela "impera" tanto sobre uma como sobre a outra, conforme as circunstâncias. Será verdade que "o Evangelho só fala de caridade"? Que maravilha e me declaro de acordo com isso. Entretanto, ele contém expressões agressivas, portanto, as invectivas, de si, não são contrárias à caridade do Evangelho. E quanto a uma caridade que não seja a do Evangelho, eu pouco me importo em não observá-la.
Sustento, pois, absolutamente meu direito de fazer invectivas; repilo absolutamente a reprimenda de faltar com a caridade, fundada apenas sobre o simples uso da invectiva; afirmo que essa crítica procede de um erro sobre a própria natureza da caridade. Certamente, pode-se faltar contra a caridade ao fazer uma invectiva e posso ter incorrido nessa desgraça. Mas pode-se também faltar com a caridade na doçura, e condenar a invectiva em nome da caridade não é conforme com a caridade tal como o Evangelho do muito doce e do muito terrível Senhor Jesus nos dá noção e nos mostra a sua prática.
Veuillot era cheio de invectivas, e se pode dizer que São Pio X canonizou, não ele pessoalmente, mas sua maneira de escrever. O Breve de 1913 é minha carta aprobatória, e me agarro nela.
Mas Veuillot era um leigo!
Sim, e daí?
Proibir ao sacerdote que faça invectivas, só porque ele é padre, é aceitar uma imagem convencional e artificial do padre, que tem sua origem não no Evangelho e nem na Igreja, pois é a imagem mundana do padre, ou mais ainda a sua caricatura, abençoadora, untuosa, efeminada.
Não quero ser parecido a essa caricatura degradante.
Quero manter ao alcance de minha mão o chicote do qual se serviu o Sacerdote Soberano, o único verdadeiro modelo dos padres ministeriais. Posso ter usado pouco caridosamente esse chicote caridoso. Posso ter usado pouco evangelicamente esse chicote evangélico, pouco sacerdotalmente esse chicote sacerdotal: mas ele é caridoso.Mas ele é caridoso, mas ele é evangélico, ele é sacerdotal, e, como padre, tenho o dever de conservar o seu uso por duplo motivo, porque tenho duas vezes, como padre, o dever de me assemelhar a Jesus.
É verdade, são padres, são religiosos que eu encontro, por vezes, em meu caminho. Mas se eles fazem uma obra nefasta, a caridade me ordena de deixar que eles a façam, só porque eles são padres ou religiosos? Pelo contrário, ela me manda impedir que seu caráter sacerdotal proteja seus empreendimentos. Ela me ordena, ao mesmo tempo, certo, respeitar neles o que permanece neles de respeitável, sua vida privada, da qual nunca me ocupo, suas intenções, que jamais presumo serem perversas, a pureza de de sua fé, que jamais me arrogo o direito de contestar.
Quanto ao resto, a caridade, que me obriga a amá-los como meu próximo, me cria o dever de odiá-los perfecto odio como jornalistas, se sua teologia é inexata, se sua pastoral é funesta, se seu estilo é ridículo, se seu julgamento é falso, se seu gosto é sofisticado, se eles raciocinam contra o bom senso, se eles misturam o unívoco e o análogo, a geometria e a capacidade de fazer matizes, o essencial e o existencial, sobretudo, enfim, se eles conquistaram uma audiência bastante larga para semear a confusão em muitas almas, para perturbar um grande número de cabeças fracas.
É lamentável, é doloroso que padres e religiosos que se metem a escrever dêem o espetáculo de uma ou de outra dessas deformidades ou de várias; mas se eles as dão, a caridade manda ter uma indignação tanto mais viva, quanto mais a indecência deles for maior, e tanto mais salubre quanto mais for urgente tirar-lhes o prestígio.
O Padre Teilhard de Cahrdin deve ser duplamente censurado, porque ele é jesuíta, e depois por ter qualificado Deus como ponto Ômega, pois o que significa essa afetação de fenomenologia na pena de um filho de Santo Inácio? Por ser dominicano, o Padre Chenu é duplamente censurável por ter escrito e publicado que a Igreja deve ceder ao Estado, tornado maior de idade (naturalmente adulto) o que a Igreja conserva ainda de funções temporais, entre as quais - esfreguem bem seus olhos - o cuidar dos doentes e o ensino. Esse irmão de São Tomás em religião abjurará impunemente o que diz o Santo Doutor das obras de misericórdia corporais que são a honra da Igreja, e as obras de misericórdia espirituais – entre as quais a instrução dos ignorantes - que não só manifestam a caridade super abundante da Igreja, mas condicionam concretamente a transmissão eficaz da mensagem evangélica? Só por que é Padre, o abbé Oraison deveria ser duas vezes flagelado com varas, por ter envenenado os seminários, e até os claustros da virgindade sagrada, com os infames “remugles” de seu pansexualismo larvado.
O senhor exclama por causa de minhas veemências: "E é um padre que escreve isso!" Permita-me dizer-lhe que o senhor errou de endereço. É para aqueles que combato que seria preciso dirigir a sua indignação: e é um jesuíta que escreve isso! E é um dominicano que escreve isso! E é um padre que escreve isso!
Os erros de uns não desculpam os erros dos outros, minha mãe ensinou isso desde a infância a seus filhos, com muitos coques equitáveis em apoio de suas palavras. Mas é preciso alguma justiça, quando se dá tanto valor ao que se chama de caridade; e não é justo que o senhor considere legítimo censurar mais minha linguagem porque eu sou padre, e que não julgue pelo menos também legítimo que eu censure mais o Padre Teilhard de Chardin por seu imanentismo só porque ele é jesuíta, o Padre Chenu por sua "theologia laicalis" só porque ele é dominicano, M. Oraison por seu determinismo sexual pseudo-médico só porque ele é padre. O senhor pratestou junto aos editores do "Phénomène humain"? O senhor se queixou à "Economie e humanisme" quando o Padre Chenu lá desenvolveu os sofismas relatados acima? Repreendeu o senhor ao senhor Oraison por ter publicado no Suplemento da Vie spirituelle um artigo sobre o complexo sado-anal do qual só o pensar que ele foi lido em comunidades religiosas faz querer vomitar pelo desgosto? Ao que parece, que o senhor não teve tempo de ler tudo isso? Sem dúvida, mas perdoe aqueles que, por dever, se obrigam a ler o mais que podem, de crer que a caridade lhes prescreve a invectiva contra autores, sejam eles padres ou religiosos, cujas obras são a tal ponto malfazejas, cujo pensamento está a tal ponto desregrada, cuja influência é a tal ponto perniciosa.
Por mim, eu não cessarei de exprimir não só minha reprovação, mas também minha cólera, e praza a Deus que essas vibrações sejam captadas não apenas por cinco mil abonados da revista "La Pensée Catholique", mas do pobre rebanho de quinhentos mil leitores que a "La Vie Católique Illustrée” embrutece semanalmente, e apresentará devidamente descerebrados no matadouro comunista. É para logo mais. Meu caro amigo.
O senhor que educa seus filhos, em vez de deplorar minha violência, faça violentos. Os violentos podem se tornar mártires. Os falsos caridosos jamais. Eles estão mortos sem testemunhar, e a gente vê a tantos deles tão extravasantes de caridade para com os carrascos que eles lhes prestam o serviço de levar o gado para ele, com uma só mão, mantendo a outra sobre sua consciência.
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Estamos longe da questão do latim na liturgia? Menos do que parece. É verdade que é o conjunto de artigos que publiquei há dez anos já na "La Pensée Catholique" que procuro justificar. Mas, de outro aldo, se não há conjuração entre os homens, o que eu ignoro, há certamente um laço entre os erros. Ouve-se isso ao longo da história; viu-se isso no início deste século, quando as publicações modernistas favoreceiam as idéias sillonistas, se se podem chamar de idéias esse magma inconceitualizável, e que reciprocamente as publicações sillonistas, sem o saber bem, mas certamente em sua inconsciência, mas por uma conexão objetiva mais forte que as intenções, deixavam serpentear em suas colunas a heresia modernista. Semelhantemente hoje, se não é de propósito deliberado, é muito menos por acaso que os maus doutores que desviaram nossos infelizes confrades, os “padres-operários”, lançando-os num oceano do qual eles não assinalaram um único recife, que arriscaram arruinar a "Missão de França", que deformaram e falsearam vários Movimentos de Ação Católica, não foi por acaso, digo eu, se esses personagens estão muito próximos daqueles que fizeram do "Centro de Pastoral Litúrgica" uma empresa anti-gregoriana, e que aí uns trabalharam para a vantagem dos outros, destes em proveito dos primeiros, uma contínua e mútua troca de favores.
Está na hora que eu ponha fim a esta resposta que eu deveria ter sabido abreviar. Mas para que o senhor não pudesse queixar-se que eu evitei tratar de alguma de suas queixas, devo responder ainda a uma questão que, aliás, fiquei surpreso que me tenha feito; o senhor deve ter escrito ab irato; todos nós somos mortais!
"O francês ao qual convém tal música (aquela da qual eu disse, ademais sem me apegar a essa metáfora, que ela saia dos estábulos à noite) é uma tradução literal do novo psaltério e do hébreu. A esse latim, será que convém a mesma música ? Ou por que não?"
Por que não? Parece que a tradução, mesmo literal, de um original eufônico pode ser cacofônico. Quando nos grandes alunos traduzem o canto XXII da Ilíada, eles podem bem não perpretar nem contra senso, nem falso senso; isso basta paar que sua tradução "capta" a harmonia do Grego?
Repito que lhe abandono minhas metáforas; certamente elas não são do gosto da última moda. Mas a caridade quer que o "Saltério Gélineau" seja posto em ridículo, a fim de que, de um lado, os édulos cultos não se imaginem que a Igreja se tornou totalmente "obscurantista" em música, e para que, de outro lado, o povo fiel seja mantido na posse das riquezas litúrgicas que a Igreja acumulou para ele, manteve no uso familiar, é o Papa que o ordena, releia Musicae Sacrae, do repertório gregoriano. Um não exclui o outro?
No “essencial", não; no "'existencial", muito bem. Do verdadeiro cântico popular, extra e infra-litúrgico, eu penso o que pensa a Encíclica, ele tem lugar nas assembléias, elas também extra e infra-litúrgicas, e ele não é perigoso para a familiaridade do povo cristão com as melodias gregorianas. Totalmente outras são as pretensôes das coleções do tipo "Saltério Gélineau", cujo autor, e talvez, sobretudo os editores, repetem à saciedade que eles são "para o uso litúrgico"; essa menção está em cada página, e com efeito não só sua presença, mas tudo nessa coleção e suas congêneres, o estilo, a língua, a melodia, as indicações propostas ao mestre do coro, tudo manifesta um propósito, não de se justapor e de se sub alternar ao gregoriano, mas de o substituir.
Apenas havia escrito essas linhas que o correio me trouxe a "Revue grégorienne" de Março-Junho de 1956. Solesmes é uma fortaleza, locus irreprehensibilis, e eu combato na planície; mas tirando essa diferença, da qual é caridoso ter em conta, o senhor achará que sobre a existência e o alcance de uma campanha anti-latina, sobre as temeridades que ela se permite, sobre a necessidade e a urgência de combater, há, entre a ilustre " Revue grégorienne " e "La Pensée catholique", uma comunidade de vistas, da qual o senhor compreenderá que não considero de pequena honra.
Eu tenho 50 anos, eu tenho atrás de mim 30 anos de um ministério que Deus quis, se não fecundo, disso nada sei, ao menos quase totalmente empregado no servido dos mais pobres dentre o povo; esses são aqueles que eu não quer ver espoliados do patrimônio da beleza da Igreja, a única riqueza deles aqui embaixo, a única, mas legítima e gloriosa herança. Eu defendo: seu direito batismal a ouro puro, contra os ambulantes, bem intencionados ou não, que lhes vendem uma mercadoria qualquer. É, por isso, bem caridoso supor tão rapidamente que me falte caridade? É tão seguro que meus artigos apresentem prova disso? Eu tenho respeito demais para com os verdadeiros teólogos para ousar me arrogar um título tão glorioso e tão venerável na Igreja; eu sou apenas um velho estudante de teologia, um incansável e insaciável estudante.
O senhor deve presumir que antes de escrever eu tenha medidato sobre a natureza e as leis da caridade e que, escrevendo, eu não cesse de as ter presentes em meu espírito. O senhor poderia, aliás, ler - mas eu jamais lhe infligiria esse peso - a coleção inteira de meus artigos; o senhor não encontraria contra qualquer padre, qualquer religioso, qualquer cristão, a acusação terrível de faltar com a caridade, que se lança tão rapidamente contra mim. De modo que, no ardor das contestações de hoje, aqueles que reprovam tão facilmente aos outros por ofender a caridade tal qual eles a entendem, esses são, talvez, aqeles que a praticam menos como ela é.
Creio, meu bom amigo, ter lhe respondido mais do que de autor a um leitor, mas do que de padre a cristão, eu diria também como de homem honesto a homem honesto, com a preocuação de não contornar as questões e de não pegar atalhos fáceis, de nada deixar obscuro nem ambíguo. Eu me expliquei por demais longamente, pelo menos me expliquei corretamente: e isso também é caridade.
Queira aceitar, etc...
Manécanterie São Pio X
Junho de 1956
V. A. BERTO.
(Extraído de La Pensée Catholique, n°45-46. Os destaques são da Montfort).
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POLÉMIQUE ET CHARITÉ
RÉPONSE A QUELQUES CRITIQUES
par l'abbé V.-A. BERTO
Un de nos lecteurs occasionnels nous a fait parvenir, à propos de nos articles sur " le latin dans la liturgie ", des observations du reste fort courtoises, que nous aurions volontiers transcrites, avec ou sans sa signature. Il nous a refusé, courtoisement aussi, l'autorisation nécessaire. Nous reproduisons néanmoins notre réponse parce que nous y touchons quelques points importants, et non sans nous excuser de son tour " personnel ". Nous n'avons pas eu le loisir de la récrire en forme d'article.
Trouver bon, mon cher ami, que je vous remercie de la lettre que vous m'avez fait l'honneur de m'écrire au sujet d'un article que j'ai récemment publié dans la " Pensée Catholique ". Je trouve très bon, de mon côté, et très utile, que mes lecteurs me fassent connaître leur opinion, surtout les lecteurs occasionnels, qui ne sont pas immunisés par l'habitude. Ecrivant à tout le monde, je dois souffrir et même agréer que tout le monde m'écrive. Nul titre n'est nécessaire.
Il est hors de doute que la préférence que vous exprimez pour " une proclamation directe en langue vulgaire, par le prêtre, des textes bibliques de la messe " n'est aucunement, je continue à reprendre vos termes, " incompatible avec l'esprit de soumission totale à l'Eglise ", du moins quand on est déterminé comme vous à ne pas devancer le Saint-Siège en une matière où il s'est expressément réservé l'initiative et non seulement le contrôle. Je ne crois pas avoir énoncé la thèse contraire ; ce serait une autre manière de devancer l'autorité souveraine, en paraissant déclarer fâcheuses et regrettables des concessions qu'elle fera peut-être demain. Mais dans la mesure où j'aurais donné à entendre autre chose que ce que vous dites, je me rétracte purement et simplement. Mes préférences privées sont pour l'usage exclusif du latin ; il va de soi que j'écris, comme publiciste, pour les faire partager, mais à litre de préférences, nullement comme seules compatibles avec l'esprit de soumission totale à l'Eglise, et en me tenant prêt à accepter et à promouvoir d'éventuelles références contraires du Saint-Siège.
Des concessions comme celles que vous souhaitez ne sont pas comparables à l'abandon du latin, que réclament des écrivains selon moi téméraires et qui, pour le coup, vont certainement contre les intentions expressément déclarées du Siège Apostolique. L'un des arguments que j'apporte pour montrer le bien-fondé de ces intentions est tiré du relâchement d'unité qu'entraînerait l'abandon du latin, et j'ai écrit à ce sujet un " infailliblement " qui vous " paraît fort ". Le français n'est pas ma langue maternelle, j'ai l'honneur d'avoir été élevé en breton, et j'ai pu me tromper sur la valeur d'un adverbe. J'ai mis " infailliblement " au lieu de " nécessairement ", qui m'était venu d'abord parce qu'en effet il n'y a pas de lien essentiel, d'où l'on puisse tirer une démonstration a-priori, entre la suppression du latin et le desserrement de l'unité. Mais j'ai voulu marquer qu'il y a un lien existentiel, une connexion de fait, qui dans l'hypothèse jouerait, disons " incoerciblement ", puisque " infailliblement " vous déplaît. Non, l'emploi du latin n'est pas seulement " un moyen humain qui n'a pas toujours existé " ; il n'est pas seulement un facteur d'unité, il est déjà un mode d'être de l'unité, un " fait acquis " d'unité, une situation d'unité, une expression d'unité, un comportement d'unité. Considéré comme moyen, ce n'est pas seulement un moyen " humain ", il doit bien provenir en quelque mesure de l'Esprit-Saint, Dominum et vivificantem ; qu'il n'ait pas " toujours existé ", ce n'est pas si sûr, il existait bien en puissance puisque la spontanéité vitale de l'Eglise romaine a exercé sa poussée dans le sens de l'unité de langue liturgique. Et enfin, quand ce ne serait qu'un moyen qui n'aurait pas " toujours existé " et non pas même en puissance, il suivrait seulement que ce moyen n'est pas nécessaire en droit, ce que j'ai reconnu plus haut, ce que j'avais admis en propres termes dans mon premier article, que probablement vous n'avez pas lu (voilà ce que c'est que de n'être pas un lecteur assidu). Mais il ne suivrait aucunement que ce moyen ne soit pas devenu irremplaçable de facto. Avoir des écoles n'est pas non plus de nécessité essentielle pour l'Eglise, c'est un attribut qui entre dans le prédicable du contingent et c'est aussi, historiquement, un moyen " qui n'a pas toujours existé ". C'est pourtant dans l'existentiel un moyen irremplaçable, et on peut certainement affirmer que la suppression de l'enseignement chrétien entraînerait " infailliblement " un progrès effrayant de la déchristianisation.
Vous alléguez l'Eglise orientale unie. Je ne crois pourtant pas que vous souhaitiez que notre unité avec le Saint-Siège devienne semblable à celle des Orientaux unis, plutôt crue et professée que vécue. Le Saint-Siège ne veut pas que l'on touche aux liturgies vénérables de l'Orient ; néanmoins, même dans les temps paisibles, cette diversité liturgique ne facilite pas l'exercice de cette plénitude de puissance, ordinaria, immediala, vere episcopalis, qui lui est reconnue certes par tous les catholiques, autrement ils ne seraient pas catholiques, mais qui doit tolérer en Orient bien des mitigations pour éviter de plus grands maux. Et que dire des temps troublés ! Voyez ce qui se passe sous nos yeux : ce n'est pas une conjecture, c'est un fait, que les persécuteurs se sont servi de la diversité des rites pour entraîner d'un seul coup dans le schisme un million et demi de Ruthènes uniates ; c'est un fait que la même manœuvre infernale a été rendue impossible en Pologne, parce que la Pologne est latine. Dans l'essentiel, l'unité était la même ; quelle différence dans l'existentiel ! Et trouvez-vous encore que mon " infailliblement " soit trop fort ? Si des désastres comme celui que je viens de rappeler ne vous font pas redouter les dangers qui résulteraient en Occident de la substitution des langues nationales au latin, j'admire votre sérénité, mais je ne la partage pas, et d'autant moins que l'entreprise anti-latine en Occident est conduite dans l'esprit le plus anti-romain. C'est pourquoi jusqu'à mon dernier souffle je combattrai pour la latinité liturgique, garantie solide, élément de facto irremplaçable (toujours en Occident) de la romanité.
Je viens à ce qui vous a surtout déplu dans mon article, la rudesse du ton, selon vous peu charitable. Sur ce point, je ne vous concède rien. Si la charité est ce que vous dites, il faut déchirer des pages entières de l'Evangile, depuis l'a paille et la poutre des " hypocrites " jusqu'à la clef de la science que les duces caeci et stulti gardent dans leur poche, pour finir par serpentes, genimina viperarum. Ou bien avez-vous deux poids et deux mesures ? Etait-ce charité à saint Jérôme de traiter saint Augustin de " citrouillard, cucurbitarius ", et Rufin d'" âne à deux pattes, asinus bipes " tandis que ce serait manque de charité à moi d'égayer mes lecteurs en évoquant le " bipède sans plumes " de Platon, expression qu'il faut bien que je m'applique comme à mes adversaires, puisque je suis homme comme eux, au lieu que saint Jérôme ne s'appliquait sûrement pas l'asinus bipes qu'il décochait à Rufin. A moins que vous ne préfériez dire que saint Jérôme aussi manquait de charité, mais vous le diriez contre toute l'Eglise et contre l'évidence, car et l'Eglise et l'évidence proclament que ce volcan d'invectives flambait de charité.
Lui, et non pas moi ? Hélas, c'est trop vrai, mais pour le dire il faut scruter mes intentions, ce qui n'est pas évangélique non plus, et aller au delà de mon comportement littéraire, puisque mes expressions ne sont pas plus fortes que " sépulcres blanchis " qui est dans l'Evangile, et que " défécateurs en chambre " qui est dans la lettre à Eustochium.
Vous vous scandalisez de rencontrer de l'invective dans une publication qui s'intitule catholique, C'est tout simplement que l'invective est catholique, à preuve l'Evangile, à preuve non seulement les onze volumes de saint Jérôme dans Migne, mais cent autres tomes de la Patrologie. Elle n'est donc pas d'elle-même et dans tous les cas contraire à la charité. La charité transcende et l'invective et la douceur des paroles, elle " impère " l'une ou l'autre suivant les circonstances. Vraiment " l'Evangile ne parle que de charité " ? A merveille, et j'en demeure d'accord ; pourtant il contient des invectives, donc les invectives ne sont pas de soi contraires à la charité de l'Evangile. Et quant à une charité qui ne serait pas celle de l'Evangile, je me moque bien d'en manquer.
Je maintiens donc absolument mon droit à l'invective ; je repousse absolument le reproche de manquer de charité, fondé sur le seul usage de l'invective ; je dis que ce reproche procède d'une erreur sur la nature même de la charité. On peut certes manquer de charité dans l'invective, et j'ai pu avoir ce malheur ; mais on peut aussi manquer de charité dans la douceur, et condamner l'invective au nom de la charité n'est pas selon la charité telle que l’Evangile du très doux et du très terrible Seigneur Jésus nous en livre la notion et nous en montre la pratique.
Veuillot est plein d'invectives, et l'on peut dire que saint Pie X a canonisé non sa personne, mais sa manière. Le Bref de 1913 est ma charte et je m'y tiens.
Mais Veuillot était un laïc ! Oui, et après ? Interdire au prêtre, parce qu'il est prêtre, l'invective, c'est accepter une image conventionnelle et artificielle du prêtre, qui a son origine ailleurs que dans l'Evangile et dans l'Eglise, étant l'image mondaine du prêtre ou plutôt sa caricature, bénisseuse, onctueuse, efféminée. Je ne veux pas ressembler à cette caricature dégradante; je veux garder à portée de ma main le fouet dont s'est servi le Souverain Prêtre, seul vrai modèle des prêtres ministériels. J'ai pu user peu charitablement de ce fouet charitable, peu évangéliquement de ce fouet évangélique, peu sacerdotalement de ce fouet sacerdotal : mais il est charitable, mais il est évangélique, il est sacerdotal, et j'ai deux fois comme prêtre le devoir d'en conserver l'usage, parce que j'ai deux fois comme prêtre le devoir de porter la ressemblance de Jésus.
Il est vrai, ce sont des prêtres, des religieux que je rencontre parfois sur mon chemin. Mais s'ils font une œuvre néfaste, la charité me commande-t-elle de la leur laisser accomplir, parce qu'ils sont prêtres et religieux ? Elle me commande au contraire d'empêcher que leur caractère ne protège leurs entreprises. Elle me commande en même temps, certes, de respecter en eux ce qui demeure respectable, leur vie privée, dont je ne m'occupe jamais, leurs intentions, que je ne présume jamais perverses, la pureté de leur foi, que je ne m'arroge jamais le droit de contester. Pour le reste, la charité qui m'oblige à les aimer comme mon prochain me fait un devoir de les haïr perfecto odio comme publicistes, si leur théologie est inexacte, si leur pastorale est funeste, si leur style est ridicule, si leur jugement est faux, si leur goût est sophistiqué, s'ils ratiocinent contre le bon sens, s'ils embrouillent l'univoque et l'analogue, la géométrie et la finesse, l'essentiel et l'existentiel, surtout enfin s'ils. ont gagné une audience assez large pour semer le désarroi dans beaucoup d'esprits, pour déranger un grand nombre de têtes faibles. Il est regrettable, il est douloureux que des prêtres et des religieux qui se mêlent d'écrire donnent le spectacle de l'une ou l'autre de ces difformités ou de plusieurs ; mais s'ils le donnent, la charité commande une indignation d'autant plus vive que l'indécence est plus grande de leur part, et d'autant plus salubre qu'il est plus urgent de leur ôter crédit. Le P. Teilhard doit être blâmé deux fois, parce qu'il est jésuite, pour avoir qualifié Dieu de " point W ", car qu'est-ce que cette affectation de phénoménologie sous la plume d'un fils de saint Ignace ? Parce qu'il est dominicain, le P. Chenu est deux fois reprochable d'avoir imprimé que l'Eglise doit céder à l'Etat devenu majeur (naturellement) § ce qu'elle conserve encore de fonctions temporelles, parmi lesquelles, frottez-vous les yeux, le soin des malades et l'enseignement ; ce frère en religion de saint Thomas abjurera-t-il impunément ce que dit le saint Docteur des œuvres de miséricorde corporelle qui sont l'honneur de l'Eglise, et des œuvres de miséricorde spirituelle - parmi lesquelles l'instruction des ignorants - qui non seulement manifestent la charité surabondante de l'Eglise, mais conditionnent concrètement la transmission efficace du message évangélique ? Parce qu'il est prêtre, l'abbé Oraison doit être deux fois flagellé de verges, pour avoir empoisonné les séminaires, et jusqu'aux cloîtres de la virginité sacrée, des infâmes remugles de son pansexualisme larvé. Vous vous exclamez sur mes véhémences : " Et c'est un prêtre qui écrit ! " Permettez-moi de vous dire que vous vous trompez d'adresse. C'est à ceux que je combats qu'il faudrait marquer votre indignation : Et c'est un jésuite qui écrit ! Et c'est un dominicain qui écrit ! Et c'est un prêtre qui écrit ! Les torts des uns n'excusent pas ceux des autres, ma mère a appris cela dès l'enfance à ses fils, avec force calottes équitables à l'appui de son dire ; mais il faut quelque justice, quand on tient tant à ce qu'on nomme charité ; et il n'est pas juste que vous trouviez légitime de blâmer davantage mon langage parce que je suis prêtre, et que vous ne trouviez pas au moins aussi légitime que je blâme davantage le P. Teilhard de Chardin de son immanentisme parce qu'il est jésuite, le P. Chenu de sa " theologia laicalis " parce qu'il est dominicain, M. Oraison de son déterminisme sexuel pseudo-médical parce qu'il est prêtre. Avez-vous protesté auprès des éditeurs du " Phénomène humain " ? Vous êtes-vous plaint à " Economie et humanisme " quand le P. Chenu y a développé les sophismes rapportés ci-dessus ? Avez-vous reproché à M. Oraison d'avoir publié dans le Supplément de la Vie spirituelle un article sur le complexe sado-anal dont la seule pensée qu'il a été lu dans des communautés religieuses fait bondir le cœur de dégoût ? Vous n'avez pas le loisir de lire tout ce qui paraît ? Sans doute, mais pardonnez à ceux qui par devoir s'astreignent à lire le plus qu'ils peuvent de croire que la charité leur prescrit l'invective contre des auteurs, fussent-ils prêtres ou religieux, dont l’œuvre est à ce point malfaisante, dont la pensée est à ce point déréglée, dont l'influence est à ce point pernicieuse. Pour moi, je ne cesserai pas d'exprimer non seulement mon désaveu, mais ma colère, et plût à Dieu que ses vibrations fussent perçues non seulement des cinq mille abonnés de la " Pensée Catholique ", mais du pitoyable troupeau de cinq cent mille lecteurs que la " Vie Catholique Illustrée " abrutit hebdomadairement, et présentera dûment décérébrés à l'abattoir communiste. C'est pour bientôt, mon cher ami ; vous qui élevez des enfants, au lieu de déplorer ma violence, faites des violents. Les violents peuvent devenir des martyrs ; les faux charitables, jamais ; on les tue sans qu'ils témoignent, et l'on en voit de si débordants de charité pour le bourreau qu'ils lui rendent le service de lui amener le bétail, d'une seule main, l'autre étant sur leur conscience.
Sommes-nous loin de la question du latin dans la liturgie ? Moins qu'il ne semble. Il est vrai que c'est l'ensemble des articles que j'ai publiés depuis dix ans dans la " Pensée Catholique " que je cherche à justifier. Mais d'un autre côté, s'il n'y a pas de conjuration entre les hommes, ce que j'ignore, il y a certainement un lien entre les erreurs. On le voit au long de l'histoire ; on l'a vu au début de ce siècle, lorsque les publications modernistes favorisaient les idées sillonistes, si l'on peut appeler idées ce magma inconceptualisable, et que réciproquement les publications sillonistes, à leur insu bien plus qu'à leur escient, certes, mais par une connexion objective plus forte que les intentions, laissaient serpenter dans leurs colonnes l'hérésie moderniste. Semblablement aujourd'hui, si ce n'est pas de propos délibéré, c'est encore moins par hasard que les mauvais docteurs qui ont fourvoyé nos malheureux confrères les " prêtres-ouvriers " en les lançant sur un océan dont ils n'avaient pas balisé un seul récif, qui ont failli ruiner la " Mission de France ", qui ont gauchi et faussé plusieurs Mouvements d'Action catholique, ce n'est pas un hasard, dis-je, si ces personnages sont tout proches de ceux qui ont fait du " Centre de Pastorale liturgique " une entreprise anti-grégorienne, et qu'il y ait des uns au profit des autres, de ceux-ci au profit des premiers, un continuel et mutuel échange de bons offices.
Il est temps que je mette fin à cette réponse que j'aurais dû savoir abréger. Mais pour que vous ne puissiez vous plaindre que je me sois dérobé à aucun de vos griefs, je dois répondre à une question que je suis d'ailleurs surpris que vous ayez posée ; vous avez dû écrire ab irato ; nous sommes tous mortels !
" Le français auquel convient pareille musique (celle dont j'ai dit, sans tenir autrement à cette métaphore, qu'elle sort des étables la nuit) est une traduction littérale du nouveau psautier et de l'hébreu. A ce latin-là, est-ce la même musique qui convient ? Ou pourquoi non ? "
Pourquoi non ? Parce que la traduction, même littérale, d'un original euphonique peut être cacophonique. Quand nos grands élèves traduisent le chant XXII de l'Iliade, ils peuvent bien ne perpétrer ni contre-sens ni faux sens ; cela suffit-il pour que leur traduction " attrape " l'harmonie du Grec ?
Je répète que je vous abandonne mes métaphores ; elles ne sont sûrement pas toutes du dernier goût. Mais la charité veut que le " psautier Gélineau " soit tourné en ridicule, pour que d'une part les incroyants cultivés ne s'imaginent pas que l'Eglise est devenue tout de bon "obscurantiste " en musique, et pour que d'autre part le peuple fidèle soit maintenu en possession des richesses liturgiques que l'Eglise a accumulées pour lui, maintenu dans l'usage familier, c'est le Pape qui l'ordonne, relisez Musicae Sacrae, du répertoire grégorien. L'un n'exclut pas l'autre ? Dans " l'essentiel ", non ; dans " l'existentiel ", bel et bien. Du vrai cantique populaire, extra et infra-liturgique, je pense ce que pense l'Encyclique, il a sa place dans les assemblées elles aussi extra et infra-liturgiques, et il n'est pas dangereux pour la familiarité du peuple chrétien avec les mélodies grégoriennes. Tout autres sont les prétentions des recueils du type " psautier Gélineau ", dont et l'auteur, et peut-être surtout les éditeurs, répètent à satiété qu'ils sont " pour l'usage liturgique " ; cette mention est à chaque page, et en effet non seulement sa présence, mais tout dans ce recueil et ses congénères, le style, la langue, la mélodie, les indications proposées au maître de chœur, tout manifeste un propos, non de se juxtaposer et de se subalterner au grégorien, mais de le remplacer.
J'ai à peine écrit ces lignes que le courrier m'apporte la livraison de mars-juin 1956 de la " Revue grégorienne ". Solesmes est une forteresse, locus irreprehensibilis, et je combats dans la plaine ; mais hormis cette différence, dont il est charitable de tenir compte, vous trouverez que sur l'existence et la portée d'une campagne anti-latine, sur les témérités qu'elle se permet, sur la nécessité et l'urgence de la combattre, il y a, entre l'illustre " Revue grégorienne " etla " Pensée catholique ", une communauté de vues dont vous comprendrez que je ne me fasse pas peu d'honneur.
J'ai cinquante-cinq ans, j'ai derrière moi trente années d'un ministère que Dieu a voulu sinon fécond, je n'en sais rien, du moins presque entièrement employé au service des plus pauvres parmi le peuple; ce sont eux que je ne veux pas voir spoliés du patrimoine de beauté de l'Eglise, leur seule richesse ici-bas, leur unique mais légitime et glorieux héritage. Je défends: leur droit baptismal à l'or pur, contre les colporteurs, bien intentionnés ou non, qui leur refilent de la pacotille. Est-il donc bien charitable de supposer si vite que je manque de charité ? Est-il si assuré que mes articles en administrent la preuve ? J'ai trop de respect pour les vrais théologiens pour oser jamais m'arroger un titre si glorieux et si vénérable dans l'Eglise ; je suis tout de même un vieil étudiant en théologie, un inlassable et insatiable étudiant.
Vous deviez présumer qu'avant d'écrire j'ai médité sur la nature et les lois de la charité, et qu'en écrivant je ne cesse de les avoir présentes à l'esprit. Vous pourriez d'ailleurs lire - mais je ne vous infligerai pas ce pensum - la collection entière de mes articles ; vous n'y trouverez contre nul prêtre, nul religieux, nul chrétien, l'accusation terrible de manquer de charité, qu'on lance si volontiers contre moi. En sorte que, dans l'ardeur des contestations d'aujourd'hui, ceux qui reprochent le plus aisément à autrui d'offenser la charité telle qu'ils l'entendent, sont peut-être ceux qui la pratiquent le moins telle qu'elle est.
Je crois, mon cher ami, vous avoir répondu plutôt que d'auteur à lecteur, de prêtre à chrétien, je dirais aussi bien d'honnête homme à honnête homme, avec le souci de ne pas louvoyer, de ne pas biaiser, de ne rien laisser d'obscur ni d'ambigu. Je me suis expliqué trop longuement, du moins me suis-je expliqué droitement : cela aussi est charité.
Veuillez, etc...
Manécanterie saint Pie X
Juin 1956
V.-A. BERTO.
(Extrait de la Pensée Catholique n°45-46)
Para citar este texto:
"Polêmica e Caridade: resposta a algumas críticas"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/religiao/polemica-caridade/
Online, 21/11/2024 às 08:43:48h