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Curso para pastores. Palestrante: o Lobo
André Roncolato
Uma modesta carta-convite (http://www.cesep.org.br/Curso_Bispos/Carta_convite2007_com_assinatura.pdf) endereçada a cada bispo católico do Brasil, sintetizados carinhosamente com um caloroso e personal “querido irmão no episcopado” e assinada por D. Elias Manning, OFM, Bispo de Valença, RJ, e D. Frei Diamantino Carvalho, OFM, Bispo de Campanha, MG, se elenca em meio a muitas coisas interessantes que se pode ser encontrar na internet.
A cartinha, embora materialmente pequena, é envolta numa ambigüidade tamanha e com tanta destreza, que só um moderno bispo poderia tê-la escrito. Este estilo de redação me fez lembrar os textos de um certo Concílio Pastoral, já agonizante, que nega numa página o que afirma noutra, afirma não afirmando, diz não dizendo e que também foram redigidos por bispos...
Mas antes de continuar, é preciso dizer o motivo da tal cartinha: um curso. Um curso para bispos. Um curso que acontecerá do dia 15 ao dia 21 de outubro de 2007.
Apenas um curso? Poderia perguntar o leitor.
Digo, fizemos um artigo para comentar a respeito de um simples cursos para bispos. Mas devo alertar que é um curso muito esquisito. Infelizmente depois que os ambíguos textos do Pastoral Concílio Vaticano II se introduziram, muitas coisas esquisitas acontecem em meios aos católicos. Coisas estranhas à Fé e à Doutrina. Coisas estranhas à Caridade. Muitas destas esquisitices desgraçadamente acabaram por serem tomadas como verdadeiras e normais, por muitos de nossos pastores. Friso: pro multis e não por todos.
Mas, qual é então a esquisitice deste curso? É um curso para bispos católicos ministrado dentre outros, por hereges protestantes. O caro leitor está perplexo?
Poderíamos usar como analogia, um imaginativo curso que poderia tratar “como os pastores devem proteger o seu rebanho” ministrado por lobos. Certamente neste curso fictício a primeira ferramenta a ser abolida seria o cajado. E o cajado já se faz uns 40 anos da tentativa de sua abolição. Tentativa esta formalizada principalmente na Dignitatis Humanae e no Decreto Unitatis Redintegratio. Afinal, qual é o lobo que gosta de levar umas boas pauladas? Lobo gosta de carne fresca... inclusive a do próprio pastor se tiver oportunidade.
Deve-se fazer acreditar também que cada ovelha sabe o melhor para si própria. Que a ovelha sabe viver bem sozinha, que a ovelha tem liberdade de religião, que pode pastar aqui e a colá em segurança, que ela pode tranquilamente perambular perto da boca faminta dos lobos. E normalmente a boca faminta de um lobo morde, mesmo que seja a de um simples e abrasileirado guará.
Lá neste curso, se ensina, por fim, que as ovelhinhas que ainda se refugiam no redil, mesmo sob um olhar indiferente e distante do pastor já sem o cajado, não devem se defender e nem fugir dos lobos. Devem dialogar. O diálogo é a melhor arma contra um lobo faminto, afirmam. Imaginem caros leitores! Em meio a uma alcatéia esfomeada, a pequena e indefesa ovelhinha tentando explicar para o lobo que só queria pastar com tranqüilidade, que não tinha a intenção de atrapalhar os uivos, etc...
Voltando ao nada fictício curso para bispos, um dos temas será: “A Leitura e Interpretação da Bíblia na tradição da Reforma” ministrada por um herege anglicano (http://www.cesep.org.br/cursos_curso_bispos.htm).
O que significa “tradição” na herética e rebelde revolução protestante? Os protestantes negam a toda Tradição Apostólica. Negam a autoridade de São Pedro. Negam a Infabilidade do Papa e a Santidade da Igreja. Negam os livros da Sagrada Escritura que não lhes interessam. Fazem uso da livre interpretação, negando assim a Verdade Objetiva da Palavra de Deus. Desta maneira, essa tal “tradição” da reforma deve ser aquela milenar e diabólica “tradição” herdada do pai-da-mentira. Aquela mesma e dialogante “tradição” que soube muito bem torcer a verdade e enganar Eva e depois Adão. É contra esta dialogante e ecumênica “tradição” a que nosso Senhor se referiu dizendo:
"Seja o vosso falar: sim, sim; não, não. Tudo o que disso passa procede do maligno" (Mt V,17).
Em outras palavras, com a mentira não há diálogo. Pois, quem dialoga muito é o Maligno. E quem dialoga com o Maligno ou é seu cúmplice ou possivelmente deseja ser enganado. Diga-se, Lutero sempre mantinha – como vulgarmente se diz – uma boa prosa com o Diabo. Lutero era ecumênico desde o princípio. Dialogava com o Diabo.
Outra temática interessante será “A Palavra de Deus na tradição católica recente”. Ora, sabe-se que a Tradição da Igreja Católica não é nada recente. Pelo contrário, data de sua fundação por Nosso Senhor Jesus Cristo, quando edificou sobre São Pedro Sua Única e Santa Igreja. Seria esta “tradição” a que o curso se refere, a recente “tradição” pós-conciliar? A “tradição” da ruptura concretizada pelo Concílio Vaticano II, que desejou fazer uma nova igreja com uma nova ordem, com uma nova missa? “Tradição” esta que o S. Padre o Papa Bento XVI tem combatido veementemente? A nova “tradição” moderninha que tem como único dogma o ódio à Tradição verdadeiramente Católica e Apostólica?
A Tradição Católica reza no Credo de Santo Atanásio:
"Todo aquele queira se salvar, antes de tudo é preciso que mantenha a fé católica; e aquele que não a guardar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá para sempre (...) está é a fé católica e aquele que não crer fiel e firmemente, não poderá se salvar".
Deus queira que nossos Bispos, possam reafirmar sempre esta verdadeira e imutável Profissão de Fé.
Por fim, peço que o caro leitor me perdoe, pois, quase que terminava o artigo sem fazer um breve comentário de uma estranheza da redação da carta-convite. Diz lá:
“Quando estivemos reunidos escrevemos uma palavra de saudação e solidariedade a alguns dos bispos que não puderam comparecer por se encontrarem enfermos ou impossibilitados: Dom Pedro Casaldáliga, Dom Tomás Balduino, Federico Pagura da Igreja Metodista de Rosário na Argentina, cuja esposa Rita, tantas vezes presente no nosso encontro, faleceu recentemente; Dom Waldyr Calheiros, Dom Mauricio Andrade, novo primaz da Igreja Episcopal Anglicana. “
Veja, a saudação abarca além dos Bispos verdadeiramente bispos, ou seja, os Bispos católicos, falsos bispos como os líderes de heréticas igrejas protestantes. Tudo em nome do diálogo e do ecumenismo em detrimento à Verdade Católica. Será que D. Manning e D. Diamantino já consideram os hereges, além de mestres, “irmãos no episcopado”? Como será que D. Demétrio Valentini, que é um dos coordenadores deste evento ilícito, considera estes protestantes?
Infelizmente, é de se notar que a cordialidade que alguns bispos têm pelos hereges seja diretamente proporcional ao ódio e o desprezo à Missa de Sempre e por tudo que seja verdadeira e clara doutrina católica.
Para os católicos que amam a Tradição Apostólica, não valem as regras do tal ecumenismo.
Rezemos por nossos Bispos.
Rezemos pelo Papa. Para que ele continue a combater os lobos e os maus pastores.
Para citar este texto:
"Curso para pastores. Palestrante: o Lobo"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/religiao/palestrante_lobo/
Online, 21/12/2024 às 12:40:58h