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Política e Sociedade
Nicarágua
Marcelo Andrade
"Os socialistas vão contra a justiça natural e quebram os laços da família."
(Leão XIII)
O socialismo foi criminoso em todo lugar por onde passou. Seu programa, seu "script", é sempre o mesmo. Quando os socialistas não estão no poder, dizem que querem livrar o país da pobreza, da influência do imperialismo, das desigualdades sociais. Apoiam greves, denunciam maus tratos, dizem querer democracia, liberdade, justiça social etc. Mas, quando estão no poder, as coisas mudam. Enganam os antigos aliados (os socialistas têm o hábito da traição e da mentira), proíbem greves, promovem expurgos, roubam as legítimas propriedades alheias, perseguem, matam.
Com a Nicarágua não foi diferente. O regime socialista nesse desafortunado país da América Central só não foi pior porque durou relativamente pouco tempo, onze anos. Baseamos nosso artigo no "Le livre noir du communisme" e em alguns dados jornalísticos reunidos no Almanaque Abril.
Durante a ditadura de Somoza, Carlos Fonseca Amador e Tomás Borges fundaram, em 1961, a FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional), de inspiração cubana. Usavam técnicas de guerrilha para tomar o poder. Com a morte de Chamorro em 1978, a guerrilha se intensifica e em 1979 a FSLN conquista o poder, depois de uma sangrenta guerra civil.
Os vencedores fizeram uma junta de reconstrução nacional (JGRN), que agrupava socialistas, comunistas e democratas. Uma das propostas da junta era transformar a Nicarágua em uma democracia.
Entretanto, os comunistas e socialistas, dominadores da junta (os sandinistas), começaram a marginalizar os democratas, porque na verdade o objetivo deles não era a democracia, mas sim uma ditadura nos moldes cubanos. Em tudo os sandinistas se inspiraram em Cuba para executar seus planos, até nos crimes. E Fidel Castro ajudou, fornecendo todo o tipo de assistência, incluindo a econômica.
Para o fortalecimento do poder, a junta criou tribunais de exceção para o julgamento dos opositores do novo regime, os quais funcionaram de modo totalmente arbitrário, servindo somente aos caprichos dos sandinistas. Foi criada, também, a polícia política (DGSE, Direção Geral de Segurança do Estado) para a perseguição dos "contra-revolucionários", treinada pelos agentes de Fidel Castro.
Os cubanos, especialistas em torturas, ensinaram à DGSE técnicas aprimoradas que funcionaram muito bem na ilha-prisão de Fidel Castro, conhecidas como "tortura limpa". O objetivo não era matar, mas isolar e minar as forças da oposição. Os adversários políticos eram encarcerados e sofriam humilhações, fome, isolamento, chantagem emocional.
Uma das técnicas empregadas consistia em privar as vítimas do sono. Depois de alguns dias elas ficavam desesperadas e com sintomas de loucura. Nessa ocasião, estando as vítimas com as forças totalmente abaladas, os torturadores forjavam documentos comprometedores e obrigavam os torturados a assinarem. José Rodriguez e Juan Blandom, por exemplo, do partido social cristão, foram submetidos a "tortura limpa".
Em Leimus, em 1981, os sandinistas massacraram 110 mineiros, só porque reclamavam o pagamento de salários atrasados!
De olho nas terras indígenas, os sandinistas concentraram forças contra os índios. Em 1979, mataram o líder dos Alpromisu. E em 1981, prenderam os líderes da Misurasata (organização indígena) e assassinaram sete Miskito.
Promoveram migrações forçadas dos índios sob a justificativa de "protegê-los das incursões armadas da guarda somozista em Honduras". Entre 7.000 e 15.000 índios se refugiaram em Honduras e outros 14.000 foram presos.
Nas fugas para o país vizinho os índios, ao atravessarem o rio Coco, eram baleados. Aldeias foram destruídas; os mínimos direitos foram violados. Gilles Bataillon chamou de "política etnocida", o que os sandinistas fizeram com eles. Na tentativa de proteger seus direitos, os índios se rebelaram e formaram guerrilhas.
Éden Pastora, quando ainda fazia parte do governo, denunciou os abusos que a comunidade indígena sofreu. Disse: "Somoza respeitava os direitos indígenas (...) o que vocês querem (os líderes sandinistas) é a proletarização forçada dos índios". O ministro do interior, Tomás Borges respondeu: " a revolução não tolerará exceções".
Em 1982, a junta declarou Estado de Sítio. Rádios foram fechadas, direitos de reunião foram suspensos, sindicatos fechados e jornalistas proibidos de falar. Milhares de pessoas foram presas sob acusação de serem "contra-revolucionários", muitos deles "desapareceram" ou foram mortos em "tentativas de fuga". Naquele mesmo ano a Anistia Internacional denunciou que havia 4.000 presos políticos. No ano seguinte, esse número subiu para 20.000.
A Igreja Católica, como em toda revolução socialista, foi perseguida. Alguns padres foram expulsos do país, sermões foram censurados e a rádio católica foi fechada. Minorias religiosas, como as Testemunhas de Jeová, também sofreram perseguições.
O objetivo dos sandinistas era ocupar todo o espaço social e político do país, sem dar lugar para nenhuma organização civil.
Devido à repressão violenta, formaram-se focos de resistência anti-totalitária. Surgiram a Força Democrática (FDN) e a Aliança Revolucionária Democrática (ARDE). Principalmente sob a liderança de Éden Pastora (comandante Zero), que abandonou o governo em 1981 por causa dos abusos da revolução, foi criado o grupo que ficou conhecido como "Contra". Chocando-se esses focos de resistência contra a intransigência sandinista, recomeçou a guerra civil em 1981. Dessa vez, entretanto, os socialistas - muito piores que Somoza (este pelo menos respeitava os índios) - estavam no governo.
Em 1984, o governo promoveu "eleições livres". Na verdade foram eleições fraudulentas, que a oposição houve por bem boicotar para não legitimar o regime sandinista. Bayardo Arce, do governo sandinista, disse: "Nós pensamos que é necessário utilizar as eleições para que se vote nos sandinistas (...) O que a população quer é o totalitarismo "marxista-leninista" (...)É necessário acabar com o pluralismo político".
O país entrou em crise, com fome generalizada e racionamento de comida, devido à guerra civil. Foi feita nova perseguição aos opositores em 1984-1986. O DGSE tinha poder para prender quem quisesse por quanto tempo fosse, sem base nenhuma. As prisões eram especialmente projetavas para torturas, que eram empregadas rotineiramente. Deportações internas eram freqüentes, assassinatos eram muito comuns nas vilas do interior do país, principalmente em Zelaya. O ministro do interior Tomás Borges, maoísta, gostava de seguir à risca seu mestre (Mao Tsé Tung) promovendo massacres localizados contra os opositores. Por exemplo, partiu dele a ordem para matar dezenas de prisioneiros políticos em Manágua.
Em 1989, a Anistia Internacional denunciou os massacres. Durante toda a guerra entre os sandinistas e os grupos adversários, 40.000 pessoas morreram e 400.000 emigraram.
Incapazes de impor sua ideologia e atendendo as negociações de paz iniciadas a partir de 1987, os sandinistas convocaram as primeiras eleições livres em 1990. Como era de se esperar, a oposicionista Violeta Chamorro venceu o pleito com 54,7% dos votos. Foi o fim do sandinismo.
Apesar do socialismo "marxista-leninista" ter arruinado a vida de todos os países por onde passou - e a Nicarágua é apenas o exemplo mais leve - aqui no Brasil ainda há muitas pessoas, principalmente dentro do MST e do PT, que defendem esse sistema. Como se não bastassem tantos massacres - foram mais de 100 milhões de mortos que o socialismo produziu no século XX (segundo as contas do "Le livre noir du communisme") - os socialistas "tupiniquins", ainda insistem, desejando a instauração de mais um regime "marxista-leninista" criminoso. Querem transformar o Brasil em uma Cuba ou uma Nicarágua.
Para citar este texto:
"Nicarágua"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/politica/nicaragua/
Online, 21/11/2024 às 08:56:25h