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Rápidas considerações sobre o processo de destruição da família
Leonardo Manzini
Tratei em um recente artigo, sobre a exposição chamada Queermuseu, do Espaço Santander Cultural, em Porto Alegre (RS). Nesse texto demonstrei como a prática moderna da “liberdade de expressão”, que consiste em uma supremacia da vontade sobre a inteligência, conduz, na realidade, a uma ditadura do erro.
Algumas semanas após a exposição e, portanto, posteriormente ao nosso artigo, houve mais um desdobramento da questão, com a recomendação do Ministério Público Federal para reabertura da exposição blasfema e pedófila. Entretanto, o banco Santander, posando de bom moço, respondeu à recomendação notificando que a exposição já fora encerrada de forma definitiva, mais precisamente em 10/09/2017.
Diante da repercussão negativa, o banco não quereria trazer à tona novamente a discussão; no entanto, ardilosamente, já havia cumprido seu papel na reengenharia social cujo objetivo maior e final é a destruição da família criada por Deus. É a guilhotina liberal que o Banco Santander preparou contra a fé; contra Deus, Sua Igreja e Suas leis e contra a moral.
Aliás, para não se julgar que estamos exagerando lembremos, com indignação, três dos principais absurdos daquela exposição: blasfêmia, pedofilia e a zoofilia.
Na mentalidade moderna, os desejos, sejam eles quais forem, são transformados em direitos absolutos e inalienáveis, que a sociedade deve garantir nas leis positivas e na repressão de manifestações em contrário.
Neste artigo, pretendo abordar uma outra consequência da mentalidade moderna, a mesma que produziu a infame exposição, ou seja, uma absurda noção de família, que acaba por transformar também as crianças em objetos de prazer.
A destruição da família começou na disseminação da mentalidade antinatalista. Assim, atacou-se o fim mais importante do casamento: ter filhos!
Reduziu-se o número de nascimentos através de métodos contraceptivos sob o pretexto de desenvolvimento científico e bem-estar social. De início, nos púlpitos das igrejas houve um conveniente silêncio sobre o assunto e são inúmeros os relatos de que, em conversas privadas, o clero não só aceitava, mas incentivava esta prática. Infelizmente, este incentivo existe até os nossos dias e agora não somente em recintos privados.
Recentemente na PUC-SP, no campus Santana, realizou-se o CONMOB, um congresso destinado a divulgar métodos de controle da natalidade denominados naturais pelos seus defensores, como se evitar filhos pudesse ser considerado algo natural. Do citado congresso participaram conhecidos sacerdotes católicos da chamada linha conservadora da Igreja, além do Cardeal Arcebispo de São Paulo. Como não tivemos acesso às atas do congresso, não podemos conhecer o teor das conferências por eles pronunciadas, entretanto, a mera presença de tais clérigos constitui para o público em geral, uma aprovação dos métodos defendidos pela entidade promotora deste lamentável evento, a CENPLAFAM, Confederação Nacional de Planejamento Natural Familiar, cujo nome mais apropriado seria Confederação Nacional de Planejamento para Destruição da Igreja Católica.
Não é objetivo deste artigo tratar só desta maldita entidade, mas vejamos apenas um único ponto, o contraste entre a filosofia defendida pela entidade e o magistério da Igreja Católica.
No site da entidade encontramos quinze itens que compõe a sua filosofia. A grande maioria deles, senão a sua totalidade, são contrários ao ensinamento tradicional da Igreja Católica. Vejamos o número 4:
“A procriação deve estar subordinada a uma vivência profundamente amorosa do casal”.
A afirmação apresentada corresponde à mentalidade difundida por qualquer telenovela indecente de nossos meios de comunicação, entretanto, é oposta ao ensinamento da Igreja Católica. Vejamos o que é afirmado por Pio XI na Encíclica Casti Connubii:
“55. Mas nenhuma razão, sem dúvida, embora gravíssima, pode tornar conforme com à natureza e honesto aquilo que intrinsecamente é contra a natureza. Sendo o ato conjugal, por sua própria natureza, destinado à geração da prole, aqueles que, exercendo-a, deliberadamente o destituem da sua força e da sua eficácia natural procedem contra a natureza e praticam um ato torpe e intrinsecamente desonesto”.
Logo, a vivência, profundamente amorosa ou não, não pode subordinar a procriação, que decorre da própria natureza do casamento, como ensina Pio XI.
Cabe, ainda, ressaltar que deste congresso, do qual não tivemos acessos às atas, participou o Prof. Dr. Joel Gracioso, o qual, recentemente, em um pequeno encontro realizado em uma paróquia da Diocese de Campo Limpo sobre o tema da família, defendeu de modo escancarado e enfático o pernicioso método Billings como método de controle da natalidade. Não é necessário dizer que os palestrantes membros da Montfort, condenaram de modo categórico tal prática.
Acompanhando a sequência, o divórcio no Brasil foi aprovado na década de 70 e hoje é encarado, quase em uníssono, como algo normal e perfeitamente aceitável. Assim, a monogamia foi jogada no ralo nessa era moderna, juntamente com a ajuda mútua entre os cônjuges, uma vez que a alegria de cada um dos cônjuges deve prevalecer sobre as dificuldades do outro.
Depois, porém, que a perpetuação da espécie humana se tornou um mero detalhe, abriu-se espaço para o conceito moderno de “família” e então jorraram práticas que a Igreja sempre condenou, ou seja, os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo e/ou coletivos.
Atualmente, vemos como a temática LGBT dominou os noticiários e já é tratada com naturalidade, mesmo por setores dentro da Igreja, que buscam dar a essa discussão o peso de mera “opção”.
Transpostas essas barreiras, já começamos a identificar o próximo limite que será atacado: a idade. É aqui que retornamos para a suposta “arte moderna” que ganhou a mídia nestas últimas semanas.
Além da exposição Queermuseu, outra exposição atentou contra a moral nas últimas semanas, tendo por objetivo nos acostumar à indecência. Foi a abertura da exposição "Brasil em Multiplicação", do MAM/SP – Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Enquanto na exposição do Santander Cultural a erotização infantil era sugerida, através da composição de imagens e legendas que dão a ideia de sensualidade, na exposição do MAM/SP a tal “arte” é escancaradamente pedófila: uma performance interativa em que crianças têm contato com um homem desnudo. Não apenas tinham contato visual, como eram estimuladas a tocá-lo, como se estivessem manuseando a terra numa aula de jardinagem na escola.
O performático homem disse ter se inspirado na obra de Lygia Clark, que se auto proclama uma “não-artista". Nisso concordamos e incluímos também o performático, pois em sua atuação não se trata de arte, mas de crime. Esta ideia é tão absurda que nem nas disciplinas de Anatomia das faculdades de Medicina a experiência cognitiva do corpo humano é tão crua, tão direta.
Se esse tipo de iniciativa ainda nos choca, infelizmente não podemos dizer o mesmo dos parisienses; lá, o Museu d’Orsay e o Museu da Orangerie estampam em cartazes na rua a campanha: “Tragam seus filhos para ver gente nua”. Os adjetivos para qualificar essa iniciativa são os mais baixos possíveis.
A difusão da imoralidade não se limita à iniciativa privada. O Ministério da Cultura premia esse tipo de atividade através de leis de incentivo fiscal (Lei Rouanet), assim como o Ministério da Educação formula cartilhas com temática sexual contendo até fotografias. A iniciativa ficou conhecida como “kit gay”. Novamente, é o Estado moderno a serviço dos inimigos de Deus.
Mais grave ainda é a atuação dos pais que expuseram seus filhos a tais exposições. Será realmente esse o caminho para que seus filhos cresçam em virtudes, saibam o seu lugar no mundo, suas responsabilidades, e aprendam a tomar decisões?
Mais uma vez, aqueles que deveriam educar deixam de lado seu papel.
Diante disso, uma manifestação do episcopado brasileiro a respeito seria uma grande oportunidade de reafirmar a posição católica acerca da pedofilia e afastar da Igreja a pecha dos padres pedófilos, que tão grandemente contribuiu para a apostasia e desconfiança de inúmeras pessoas em relação à Igreja, ao longo das últimas duas décadas.
Porém, infelizmente, o movimento de acostumar a sociedade com essa temática cresce de maneira inversamente proporcional às manifestações da CNBB a respeito. Essa omissão da CNBB também contraria as recentes iniciativas do Papa Francisco, que implementa medidas no sentido de enrijecer as punições a clérigos envolvidos em pedofilia.
Não devemos, porém, nos deixar levar pelas falsas soluções, como já havia abordado no artigo anterior, que pregam a relativização da moral, e que têm profundas consequências destrutivas na sociedade.
Princípios errados acerca da moral são propostos para toda a sociedade desde, por exemplo, as obras de Sigmund Freud (1856-1939), que reduzem todos os problemas da mente humana à questão sexual. No pós guerra, Herbert Marcuse (1898-1979), pertencente à Escola de Frankfurt, levantou a bandeira de se romper a barreira etária na questão sexual, com o objetivo declarado de extinguir a família “monogâmica e patriarcal”; além de outros como Antônio Gramsci, Shulamith Firestone, Simone de Beauvoir. Entretanto, hoje essas propostas atingem o grau de pretenderem se tornar leis!
A toda hora surgem debates sobre a “idade do consentimento” para a prática sexual, financiados e propagados por associações que têm como finalidade exatamente a legalização da pedofilia. Trata-se do Ativismo Pedófilo:
“Hoje, na maioria dos países, a educação sexual é comum, embora a pedofilia seja oficialmente proibida. Um dos expedientes caros aos ativistas é a distinção, bastante arbitrária, entre pedófilos e abusadores de crianças. Segundo eles, há o pedófilo inofensivo que somente sente atração sexual por crianças, mas não a pratica. Enquanto aos abusadores mantém-se a condenação penal, ao pobre pedófilo caberia tratamento, ajuda e toda a compreensão, cabendo inclusive, quem sabe, uma campanha de combate à discriminação contra ele.”
De novo se utiliza do eufemismo, pois dentre as associações de Ativismo Pedófilo se encontra a meiga NAMBLA (North American Man/Boy Love Association, ou Associação Norte-Americana do Amor entre Homens e Garotos).
Portanto, é preciso desmascarar o discurso de “quebra de tabus”, “superação de barreiras”, “combate ao preconceito”, “diminuição das desigualdades”, “emancipação” e expressões semelhantes. Desde sempre se utiliza desse expediente para disfarçar objetivos maiores: no início foi o controle da natalidade para o “bem do casal”, passou pela aprovação do divórcio, atingiu a legalização do homossexualismo e agora visa o assentimento à pedofilia.
No Brasil também, infelizmente, já existem estudos (aqui e aqui) que visam justificar este triste assentimento e que estão referenciados nos itens 2 a 5 das notas.
Sem dúvida estes comportamentos são criminosos e devemos agradecer a Deus que eles ainda sejam enquadrados em punições previstas nas leis civis; no entanto, nossa argumentação não pode se limitar a isso, pois as leis civis mudam.
Devemos sempre lembrar que as leis morais e, portanto, as Lei de Deus, nunca mudam, pois foram queridas pelo próprio Deus Criador e que a desobediência a elas, ainda que seja autorizada por uma constituição, implica em uma grave ofensa a Deus e, afinal, na condenação eterna ao inferno.
Somente esta ideia, aliada à graça de Deus será capaz de deter a onda de permissivismo de nossos tempos.
Essa reengenharia social e a omissão das autoridades clamam pela Justiça divina, enquanto nós clamamos pela Misericórdia, para que Deus nos afaste e nos livre dessas imoralidades.
Que Santa Inês, mártir da pureza, proteja as nossas crianças. E que Deus nos ajude!
Para citar este texto:
"Rápidas considerações sobre o processo de destruição da família"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/politica/destruicao_familia/
Online, 21/12/2024 às 18:34:40h