O Papa

Alexandre Varela: o Catequista sem Catequese
Eder Moreira

 

 
 

Em reação a uma recente declaração do Papa Francisco – contrária à doutrina tradicional da Igreja Católica – surgiram os célebres malabaristas de plantão, conhecidos pela fantástica habilidade de contorcer a realidade incontestável. Ao invés de admitir – segundo o bom senso – que o Papa errou em um discurso desprovido de infalibilidade, tentou-se catolicizar a todo custo a heterodoxia, induzindo as pessoas a uma falsa concepção do magistério pontifício, o que levará os incautos para a seita do sedevacantismo.

O protagonista dessa habilidade nada catequética, se apresenta no Instagram como o “Catequista”. Trata-se de um Diácono-Jornalista – Alexandre Varela – que parece não conhecer suficientemente a doutrina da Igreja. Nos passos ecumênicos do Vaticano II, se apressou em conciliar o discurso do Papa Francisco com o ensino tradicional.

Antes de reproduzir o ensino “catequético” do “catequista”, transcreveremos o que o Papa declarou sobre as falsas religiões, cujos deuses são demônios, segundo o Catequista São Paulo Apóstolo:

“Todas as religiões são um caminho para nos aproximarmos de Deus. E faço esta comparação: são como línguas diferentes, diversos idiomas, para chegarmos lá. Mas Deus é Deus para todos. E porque Deus é Deus para todos, todos nós somos filhos de Deus. “Mas o meu Deus é mais importante do que o vosso!” Será que isto é verdade? Só há um Deus, e nós, as nossas religiões são linguagens, caminhos para chegar a Deus. Uns sikhs, outros muçulmanos, outros hindus, outros cristãos, são caminhos diferentes. Entendido?”

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2024/september/documents/20240913-singapore-giovani.html

O Site Vatican News repercutiu esse discurso do Papa Francisco:

“Francisco elogiou a juventude pela sua capacidade de promover o diálogo inter-religioso e destacou que “todas as religiões são um caminho para chegar a Deus”, e que nenhuma é mais importante que a outra: "São como diferentes línguas, diferentes idiomas para chegar até um objetivo. Mas Deus é Deus para todos. E assim como Deus é Deus para todos, nós somos todos filhos de Deus."

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2024-09/papa-encontro-inter-religioso-com-os-jovens-singapura-13-09-24.html

Diante dessas palavras não infalíveis do Papa, o Catequista Alexandre Varela, cujo Catecismo destoa do ensino tradicional, realizou um funambulesco contorcionismo hermenêutico, no intento de batizar um discurso inconciliável com dois milênios de Magistério:

“Ele tá falando de improviso. Vamos entender que o papa tá num momento de discurso livre. Isso faz com que as palavras já não sejam tão precisas. O que ele diz, e que tá todo mundo exacerbado. Parece que ele diz que todas as religiões são iguais. Ele tá dizendo que agente não deve brigar, claro, dentro de um diálogo inter-religioso a coisa mais idiota que você pode fazer é brigar. Que não adianta ficar tentando discutir qual é a religião verdadeira. De fato, se você vai fazer o diálogo inter-religioso não adianta ficar tentado discutir qual é a religião verdadeira. E ele vai dizer, é isso, todas as religiões são caminhos para nos aproximar-mos de Deus. O termo inclusive que tá no discurso original é esse “todas as religiões são caminhos para nos aproximar-mos de Deus”. Muita gente tá traduzindo como “é um caminho para chegar a Deus”. Dentro do discurso livre o que que ele tá querendo dizer. O que ele tá querendo dizer não é uma coisa nova, Fulton Sheen e monsenhor Giussani já diziam: olha, essa aqui é a linha do tempo da humanidade, durante milhares de anos, a humanidade tentou chegar em Deus de várias formas, mas nunca conseguiu. Até que o próprio Deus se fez carne a habitou entre nós e revelou como fazer isso, só que o fato de haver um único caminho verdade e vida, não significa que os outros caminhos não sejam caminhos que, de uma maneira justa e bonita, tentam chegar a Deus. Ai que vai surgir o discurso inter-religioso que a Igreja sempre usa, desde aquele encontro de Assis, próprio Bento XVI dizia que a colaboração inter-religiosa oferece oportunidade para manifestar os mais elevados ideais de cada tradição religiosa, que é o que o Papa Francisco também fala na Fratelli Tutti, a Igreja valoriza a ação de Deus nas outras religiões e nada rejeita do que nessas religiões existe de verdadeiro e santo. Então, o que se quer, dentro desses caminhos, e, são caminhos para buscar Deus, nós encontremos coisas em comum. O nosso caminho católico que é aquele único caminho que chega a Deus. Agora, você não pode querer que numa reunião inter-religiosa o Papa chega e fala: todos querem chegar a Deus, todos são bonitos, mas só um verdadeiramente salva. O papa não falaria isso, seria uma grande grosseria [...] O Papa deixa muito claro: “Só há um Deus”. Nós, as religiões, são como linguagens, mas só há um Deus. Ele já afirma o Deus único”.

O malabarismo do “Catequetista” é uma ofensa aos seus catequizandos. É tratá-los insultuosamente como analfabetos que não sabem assimilar um discurso inequívoco, que dispensa qualquer hermenêutica nebulosa de um Super-Catequista.

Ao tentar justificar o diálogo falido do Vaticano II, Alexandre Varela ensina – como um mau catequista – que não se deve discutir com os não católicos para convencê-los sobre qual é a única religião verdadeira. O diálogo, portanto, não deve promover a conversão. Ora, o “catequista” sem catequese parece não conhecer o Catecismo. É obra de misericórdia ensinar a verdade aos ignorantes:

“A maior necessidade da alma é a verdade, especialmente a verdade religiosa, que ensina os homens o caminho da salvação. Quem instrui os ignorantes sobre as verdades da fé e com eles reparte o pão da doutrina, cumpre uma sublime e meritória missão aos olhos de Deus. Torna-se continuador da obra de Jesus Cristo, que veia à Terra para ser nosso Mestre” (Catecismo Maior de São Pio X. Obras de Misericórdia Espirituais, II).

Sob a luz do Catecismo, não pode ser chamado “Obra de Misericórdia” um diálogo que não ensina as verdades necessárias para a salvação, enganando seus interlocutores com a falsa impressão de que as falsas religiões constituem – junto com a Igreja Católica – um só caminho para Deus.

Ademais, o mesmo Catecismo – que O Catequista despreza – ensina que a correção é Obra de Misericórdia:

“Corrigir significa: admoestar o próximo com mansidão e caridade, a tempo e a horas, com o intuito de conduzi-lo ao bem” (Catecismo Maior de São Pio X. Obras de Misericórdia Espirituais, III).

É de lastimar um diálogo de maus catequistas que, ao invés de corrigir, ludibria os não católicos com um diálogo indiferentista e anticatequético.   

Por isso os Papas – que eram bons Catequistas – sempre advertiram os hereges quanto a necessidade de pertencerem a verdadeira Igreja de Cristo, fora da qual não existe esperança de Salvação.

É a boa Catequese do Papa Pio IX:

“Por isso, todos quantos não guardam ‘a unidade e a verdade da Igreja Católica’ abracem a oportunidade deste Concílio (Vaticano I) [...] para arrancar-se daquele estado em que não podem estar seguros com respeito à sua própria salvação” (Papa Pio IX, Iam Vos Omnes).

Também é a Boa Catequese do Papa Pio XI, que condenou o diálogo ecumênico que não quer discutir e nem converter:

“Só... a Igreja Católica é a que retém o verdadeiro culto. Aqui está a fonte da verdade, este é o domicílio da Fé, este é o templo de Deus: se alguém não entrar por ele ou se alguém dele sair, está fora da esperança da vida e salvação. Aproximem-se, portanto, os filhos dissidentes da Sé Apostólica, estabelecida nesta cidade que os Príncipes dos Apóstolos Pedro e Paulo consagraram com o seu sangue; daquela Sede, dizemos, que é "raiz e matriz da Igreja Católica" ( S. Cypr., ep. 48 a d Cornelium, 3), não com o objetivo e a esperança de que "a Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade" ( 1 Tim 3, 15) renuncie à integridade da fé e tolere os próprios erros deles, mas, pelo contrário, para que se entreguem a seu magistério e regime” (Mortalium Animos, XVIII).

Como essa advertência deve soar dolorosa nos ouvidos ecumênicos do Catequista, cujo catecismo – não católico - considera idiotas as discussões em defesa da Fé. A propósito, essa afirmação é um ataque ofensivo aos Papas e aos Santos da Igreja. Alexandre Varela – O mau catequista – ensina que é idiotice querer discutir, no diálogo ecumênico, sobre qual é a verdadeira religião. Desse modo, para não ser um catequista idiota, seria preciso evitar as discussões, deixando de lado as verdades necessárias para a Salvação. Ora, esse é precisamente o erro do falso ecumenismo condenado por Pio XI:

“Assim, dizem, é necessários colocar de lado e afastar as controvérsias e as antiquíssimas variedade de sentenças que até hoje impedem a unidade do nome cristão...” (Nº. 9).

Diferente do Catequista de Instagram, o Papa Pio XI condena o diálogo que não visa converter, isto é, ensinar que Fora da Igreja Católica não há Salvação: 

“Assim, Veneráveis Irmãos, é clara a razão pela qual esta Sé Apostólica nunca permitiu aos seus estarem presentes às reuniões de acatólicos por quanto não é lícito promover a união dos cristãos de outro modo senão promovendo o retorno dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo, dado que outrora, infelizmente, eles se apartaram dela” (Nº. 16).

Seria o Papa Pio XI – na visão catequética do catequista – um idiota que incentivava a discussão grosseira contra os não católicos? E o que pensar de Cristo, que ao invés do diálogo ecumênico, preferiu discutir asperamente com os fariseus, não respeitando como bom caminho a religião do farisaísmo? Será que o Catequista conhece a história e o ensino dos Santos? Não aprendeu, em sua catequese, que São Francisco de Sales mandou difamar os inimigos declarados da Igreja? Que São Paulo mandou tapar a boca dos mentirosos e repreendê-los severamente? Que São Moisés não dialogou com os adoradores do bezerro de ouro, exterminados ecumenicamente? Que Santo Elias não quis dialogar com os servos do deus baal, debochando desse ídolo e dizimando seus seguidores? Que São Francisco de Assis, diferente do Francisco de Roma, não dialogou com o Sultão do Egito, mas antes discutiu com ele sobre a verdadeira religião, desprezou seus presentes, e o desafiou – ecumenicamente – convidando seus sacerdotes a entrar numa fogueira para provar que a Igreja Católica é a religião verdadeira de Deus?

Teria sido Cristo e seus santos idiotas grosseiros segundo a nova Catequese do Catequista?

E o que pensar da hermenêutica falaciosa do Catequista, que trata seus catequizandos como analfabetos? Sobre o que o Papa Francisco disse, até mesmo o Vatican News admitiu o que o Catequista sem catequese não quer enxergar:

“todas as religiões são um caminho para chegar a Deus”, e que nenhuma é mais importante que a outra: "São como diferentes línguas, diferentes idiomas para chegar até um objetivo”

Também no Site do Vaticano as palavras são incontornáveis:

“Todas as religiões são um caminho para nos aproximarmos de Deus. E faço esta comparação: são como línguas diferentes, diversos idiomas, para chegarmos lá. Mas Deus é Deus para todos. E porque Deus é Deus para todos, todos nós somos filhos de Deus. “Mas o meu Deus é mais importante do que o vosso!” Será que isto é verdade? Só há um Deus, e nós, as nossas religiões são linguagens, caminhos para chegar a Deus. Uns sikh, outros muçulmanos, outros hindus, outros cristãos, são caminhos diferentes. Entendido?”

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/events/event.dir.html/content/vaticanevents/pt/2024/9/13/singapore-giovani.html

O catequista que não sabe catequese – e que não sabe ler – disse em seu contorcionismo, que o Papa não igualou as falsas religiões à Igreja Católica. Ora, dizer que todas as religiões são UM caminho para chegarmos a Deus, é dizer que todas podem levar para a salvação. Mas o Catequista protesta! Diz que a tradução está equivocada. Que o Papa disse que as outras religiões só aproximam, enquanto só a católica faz chegar a Deus.

Como Catequista, o Sr. Alexandre é um péssimo Malabarista!

Na afirmação posterior o Papa diz que as religiões são caminhos para CHEGAR a Deus. É o que está no Site do Vaticano. É o que entendeu o Vatican News e o intérprete do vídeo sobre as declarações. Mas o Catequista quer provar que todos estão equivocados.

Ainda que o Catequista tivesse razão, e a expressão fosse tão somente aproximar, ainda assim haveria um equívoco no discurso. Ora, o próprio Alexandre, em seu contorcionismo fabuloso, procura diferenciar a Igreja Católica das falsas religiões, dizendo que, diferente das outras, o catolicismo leva para Deus. Se o Papa tivesse se expressado nesse sentido, ele não teria dito que todas as religiões são UM caminho, mas que são vários caminhos, sendo a Igreja Católica aquele que conduz para Deus, e as outras os atalhos que apenas aproximam.

Entretanto, apesar do estrangulamento textual, essa intepretação é inadmissível. 

Para piorar, o Papa concorda com os não católicos que não se deve discutir no sentido de provar que a Igreja Católica é a única verdadeira. No juízo do Papa, isso causaria uma indesejável destruição.

Isso é uma inverdade histórica! Foi a pregação clara e firme de que Fora da Igreja não há Salvação que produziu a Cristandade! Transformou bárbaros em cristãos. Hereges em Santos! É o “sim, sim, não, não” de Cristo que gerou almas e civilizações católicas. Linguagem franca e antiecumênica! Catequese verdadeira, e não o diálogo da impiedade e da omissão!

Também é falso que as falsas religiões aproximam de Deus!

Contra essa falácia “catequética”, contrapomos com a boa catequese do Papa Leão XIII:

“A Igreja de Cristo é, pois, única e perpétua: todos quantos caminham por separado, andam desviados da vontade e do preceito do Cristo Senhor e, abandonando o caminho da salvação, avançam para a ruína. ‘Quem quer que, segregado da Igreja, se una à adúltera, afasta-se das promessas feitas à Igreja; e não chegará às recompensas de Cristo quem tiver abandonado a Igreja de Cristo... Quem não guarda esta unidade, não observa a Lei de Deus, não conserva a fé do Pai e do Filho, não alcança a vida nem a salvação” (Papa Leão XIII. Satis Cognitum).

Segundo a catequese de sempre – sem novidades ecumênicas – quem não está na verdadeira Igreja avança para a ruína, afasta-se das promessas de Cristo, e não alcançara a salvação. Ora, isso é bem diferente de dizer que as falsas religiões aproximam de Deus e que, junto com a Igreja Católica, levam para Deus.

Oxalá o Catequista em sua catequese tivesse estudado os Documentos dos Papas! Teria evitado o vexame de tentar provar o improvável.

E o que pensar quando o Papa diz:

“Mas Deus é Deus para todos. E porque Deus é Deus para todos, todos nós somos filhos de Deus”

O Deus dos judeus e muçulmanos não é Trinitário. Ora, o verdadeiro Deus é Uno e Trino. Logo, o Deus verdadeiro não é Deus para todos. E os infiéis não são filhos de Deus como o são os católicos. Ora, é o batismo que nos concede a filiação pela Graça Santificante, que nos torna filhos de Deus.

Quem diz? O Catecismo:

“Nossa alma se enche da graça divina, pela qual nos tornamos justos, filhos de Deus, e herdeiros da eterna salvação” (Catecismo de Trento. Parte II, II, 49).

Eis a Doutrina puríssima do Catecismo!

Para encerrar, o catequista sem catequese ressalta, seguindo os erros do Vaticano II, que as falsas religiões têm elementos de verdade e santificação. Ora, isso é metafisicamente compreensível, afinal, não existe mentira ou mal absoluto. Sempre haverá algum bem, mesmo nas religiões do pai da mentira e da perdição. Ora, no satanismo existe a verdade do monoteísmo, embora o único deus adorado seja o Diabo. Seria por isso a religião dos satanistas um caminho que aproxima de Deus? Seria, na nova doutrina conciliar, um instrumento de salvação?  Contra essa visão otimista-irenista, soprada pelo Vaticano II e pelos maus catequistas, vale lembrar o ensino do Papa Leão XIII, um infalível Catequista da Igreja:

“Porém aquele que, mesmo num só ponto, não consente nas verdades reveladas, perdeu completamente a fé, porquanto recusa venerar Deus como verdade suma e ‘motivo próprio da fé’, por isso Agostinho diz: ‘Em muitas coisas concordam comigo, e, numas poucas não; mas por causa daquelas poucas coisas em que não estão de acordo comigo, para nada lhes aproveitam as muitas coisas nas quais concordam comigo’. [S. Agostinho, Enarrationes in Psal. 54, n. 19]” (Satis Cognitum).

De nada adianta elementos de verdade sem integridade!

Sem toda a verdade não há verdadeira Fé!

E como diz o Catequista São Paulo:

“Sem Fé é um impossível agrada a Deus”.

Que o Catequista aprenda a verdadeira Catequese!

Que passe a ensinar, e não a dialogar!

Que seja realmente Catequista, e não Malabarista!

 

In Corde Maria Regina

Eder Moreira


    Para citar este texto:
"Alexandre Varela: o Catequista sem Catequese"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/papa/ocatequista/
Online, 21/09/2024 às 03:23:32h