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A urgência de uma "teologia da perseguição”
Dom Nicola Bux
Dom Nicola Bux, perito em liturgia junto ao Papa Bento XVI, na hora em que o Papa sofre uma perseguição cruel e orquestrada na Mídia, fala em martírio…
VATICANO - AS PALABRAS DA DOUTRINA de Dom Nicola Bux e Dom Salvatore Vitiello –
A urgência de uma "teologia da perseguição”
Cidade do Vaticano (Agencia Fides) - A liturgia romana afirma que o sacrifício do Filho de Deus é "princípio e modelo" de todo martírio (cfr. Missal Romano: oração sobre as oferendas, na memória dos Santos Cosme e Damião). É "princípio" porque Jesus disse a seus discípulos que seriam perseguidos por causa de seu nome. Declarando-se Filho de Yahweh, Cristo não aboliu mas que deu cumprimento à concepção judia do martírio: a morte durante a perseguição se produz por causa do nome de Deus. Este equivale a consumir a vida para que no mundo reine a justiça; e isso só é possível se se reconhece a primazia de Deus. Com efeito, os mártires não buscam o martírio enquanto tal, senão a santificação do nome de Deus, princípio de toda justiça no mundo.
O sacrifício do Filho de Deus é também modelo de martírio. O fato de que Jesús seja Deus vindo ao mundo é a verdade original que os cristãos devem testemunhar e isso inclui, de modo escandaloso, o amor aos inimigos e a benevolência para com os perseguidores. Com efeito, que justiça, poderia estabelecer-se no mundo sem a conversão dos perseguidores e dos inimigos?
O sangue de Cristo e, por meio dele, o dos cristãos constitui seu selo. O mundo não conheceu a Deus, nos lembrou são João. Essa é a razão pela qual o mundo persegue a Igreja. A perseguição do mundo se encarniça contra seus membros, culpados de proclamar e testemunhar como deveria ser o mundo para poder viver nEle. A Igreja, com efeito, se apresenta como o mundo já ressuscitado. Nas páginas dos dos mil anos de sua história, aquelas marcadas com cor vermelha de sangue são muito mais numerosas que as tingidas de branco, quando a Igreja viveu em paz, e do que as negras, quando esteve particularmente ofuscada pelo pecado de seus membros; porque a Igreja, como Jesus profetizou, tem que seguir nisso, e sobre tudo nisso, a seu Mestre.
O mártir realiza en seu corpo o que falta à paixão de Cristo, e isso favorece a ressurreição, do crescimento e da vida da Igreja. Com efeito, o cristão, está disposto a sofrer a injustiça em vez de cometê-la, portanto a morrer. A fé, deste modo, dá lugar à caridade que não teá nunca fim (cfr N.Bux, "Porque os cristãos não temem o martírio", ed.Piemme 2000, p 147-148).
São Paulo traçou sumamente as linhas da teologia da perseguição, em particular quando afirma na Primeira carta aos Coríntios: "Se nos difamam, respondemos com bondade. Viemos a ser, até agora, como o lixo do mundo e o desprezo de todos" (4,13). Como Cristo, esteve e deve estar disposta a pagar o preço, não da perda de identidade, mas da perda da vida, isto é, o martírio.
A Congregação para a Evangelização dos Povos documenta cada ano o número de missionários católicos que dão tal supremo testemunho, pelo diálogo salvador com os povos do mundo. Que se me permita dizer que necessitaríamos, mais do que de uma teologia da libertação, e sim de uma "teologia da perseguição”, que reflita a condição normal do cristianismo no mundo.
Porém ela já está admiravelmente encerrada na teologia crucis. O caminho da perseguição é um caminho obrigatório; sem o sacrifício não há para o cristianismo - dizia Solsenitzin - possibilidade de desenvolvimento (cfr. N.Bux, "O Quinto selo", Librería Editorial Vaticana 1997, p 163).. Que seja cruenta ou menos cruenta, a perseguição constitui o estatuto ordinário da Igreja. O Martirológio é pois o necessário vade mecum do cristão e de todo aquele que busque a unidade e trabalhe pela paz. Desde a primeira vinda de Cristo até a sua volta, a suprema bem aventurança continua sendo a perseguição.
[Tradução: Montfort. Texto original em italiano Agencia Fides 8/3/2007]
Para citar este texto:
"A urgência de uma "teologia da perseguição”"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/papa/martirio-papa/
Online, 23/12/2024 às 01:53:30h