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Começa a ser dita a verdade sobre o Concílio Vaticano II
Orlando Fedeli
O bem conhecido jornalista Gianni Baget Bozzo acaba de publicar um artigo [que editaremos logo abaixo, traduzido por nós] no qual comenta a recente Carta de Bento XVI aos Bispos do mundo. Ele nota que esse documento do Papa tem um claro e marcante caráter pessoal, pois que o Pontífice se dirige aos Bispos como pessoas, rogando-lhes que, na Igreja, todos -- e particularmente os Bispos -- não devem se mover pelo ódio. Ora, diz Bento XVI, o ódio eclesiástico se volta, não só contra a FSSPX, mas, por ricochete, até mesmo contra o próprio Papa.
Baget Bozzo nota, com Bento XVI, que hoje a FSSPX se tornou o bode expiatório, o símbolo daquilo que os “grandes defensores do Concílio” consideram o obstáculo que impede a realização plena das heretizantes idéias da nova Igreja conciliar.
Diz Baget Bozzo que os “grandes defensores do Concílio” julgam
“o Vaticano II como um novo início da Igreja, a revolução da modernidade realizada além das instituições da Contra Reforma. Significa incluir na Igreja o conceito moderno de revolução, isto é, o de uma identidade reencontrada mediante a negação e a remoção da Tradição, pelo que o passado se torna, para usar a expressão de Hans Kung, a «a essência maligna» da Igreja”.
Por isso, os modernistas, defensores do Vaticano II, consideram-no o super dogmático Concílio da Igreja, afirmando que sua plena e revolucionária realização exige a eliminação de toda a tradição, de todo o magistério anterior, numa ruptura radical com a Igreja de sempre. Daí, o ódio modernista episcopal contra a Missa tridentina. Daí, o ódio contra a FSSPX tida como o bode expiatório que tem que ser apedrejado para purificar a Igreja de tudo o que lhe vem do passado para se impor como nova Igreja modernista moderna e conciliar. A Fraternidade São Pio X defende e é hoje o símbolo mais conhecido – nas palavras de Hans Kung--dessa “essência maligna da Igreja”, que os modernistas querem ver extirpada.
Ora, esse passado, essa tradição é mantida fundamentalmente pelo Papa. Portanto, os defensores do Vaticano II visam, acima de tudo, eliminar ou, pelo menos, anular o Papado através da Colegialidade imposta pela Lumen Gentium. Daí, o ódio contra o Motu Próprio, ato pontifício por excelência.
Baget Bozzo procura – muito ingênua e contarditoriamente --defender a tese de que o aggiornamento pretendido por João XXIII não era o lançamento desse programa de erradicação da tradição católica e nem a eliminação do que o magistério papal ensinara durante 20 séculos.
Mas reconhece que João XXIII era modernista, mas um “modernista moderado”. E prova da boa intenção de João XXIII seria sua beatificação. O que é ridículo.
Depois, Baget Bozzo – que boas verdades diz nesse seu artigo—contraditoriamente ousa criticar São Pio X, que foi canonizado, dizendo que nem em tudo ele errou ( Sic!) já queele previu o que o modernismo faria e que João XXIII, de fato, executou no Vaticano II.
“(...) “o modernismo moderado do Papa Roncalli determinou uma revolução no mundo católico e fez do moderno a categoria à qual tudo deveria ser conformado. Isto comportava a negação da Tradição como fonte de verdade na Igreja, e, sobretudo, a remoção do Papado como autoridade suprema na Igreja fundada sobre o carisma petrino”.
Portanto, é reconhecido que o “Modernismo moderado” –a moderada heresia de João XXIII, porque o modernismo é uma heresia—introduziu o conceito de revolução na Igreja. E isto exige a “remoção do papado” e a “negação da tradição”.
Como se pode chamar isso de “modernismo moderado”???
Bento XVI não aceita essa destruição do papado e da Tradição e procura harmonizar o Vaticano II com a Tradição, com 20 séculos de Magistério que ensinaram o contrário do Vaticano II. Tarefa impossível.
Tão impossível que basta Bento XVI mover um dedo em favor da Tradição que os defensores do Vaticano II uivam de ódio, rangem os dentes e fazem declarações abertamente contrárias ao Papa Bento XVI.
Assiste-se hoje a rebelião de vários episcopados – das Conferências Episcopais – de Núncios, e até de membros da Cúria Romana contra o Papa.
Realiza-se um verdadeiro duelo entre a Cúria e as Conferências episcopais contra o Papa, querendo anulá-lo juridicamente ainda antes que ele morra.
Quem vencerá esse duelo?
Sem dúvida, por fim o Imaculado Coração de Maria triunfará. Maria santísisma, Medianeira de todas as graças vencerá. Nossa Senhora da Confiança teráe dará a vitória ao Papa..
O Papado vai triunfar. Contra kaspers, sodanos, fisichelas, kungs, res, levadas, e o etc. na Cúria, e fora da Cúria.
Por isso a Montort brada: Viva Bento XVI !
São Paulo, 17 de Março de 2009
Orlando Fedeli
Por que o Papa defende a tradição
de Gianni Baget Bozzo
l Giornali.it
O Papa Bento XVI colocou a carta aos Bispos católicos sob a insígnia do convite de São Paulo na carta aos Gálatas a «não morder a si mesmos». É um documento singular, porque não é nem doutrinário nem disciplinar, e se dirige aos Bispos não como figuras instituídas, mas como pessoas. Ele os convida a não fazer do ódio o instrumento da motivação de seu dever na vida da Igreja.
Conforme o Papa a comunidade de Écône tornou-se um bode expiatório, a indicação do que deve ser removido para garantir a pureza da Igreja conciliar na sua renovada identidade. Isto indica a presença da tendência a compreender o Vaticano II como um novo início da Igreja, a revolução da modernidade realizada além das instituições da Contra Reforma. Significa incluir na Igreja o conceito moderno de revolução, isto é, o de uma identidade reencontrada mediante a negação e a remoção da Tradição, pelo que o passado se torna, para usar a expressão de Hans Kung, a «a essência maligna» da Igreja.
Que tal tenha sido a leitura do Concílio no mundo católico parece evidente. Ou apareceu sobretudo nos anos de Paulo VI, nos quais o Papa passou a ser visto como a limitação e a renegação da grande escolha de João XXIII de mudar radicalmente a existência da Igreja Católica. Que essa não fora a intenção de Papa Roncalli, é evidente: e a beatificação com a qual ele foi honrado indica que, para a Igreja de Roma, a ruptura da tradição não era o que João XXIII entendia por aggiornamento. Roncalli exprimia aquilo que poderíamos chamar de modernismo moderato, evitando as radicalizações feitas pelas duas partes sob o Pontificado de São Pio X. Entretanto, que São Pio X não tinha feito tudo errado apareceu justamente do fato que o modernismo moderado do Papa Roncalli determinou uma revolução no mundo católico e fez do moderno a categoria à qual tudo deveria ser conformado. Isto comportava a negação da Tradição como fonte de verdade na Igreja, e, sobretudo, a remoção do Papado como autoridade suprema na Igreja fundada sobre o carisma petrino.
O fim do comunismo afastou a grande provocação que a idéia de revolução suscitava no mundo católico. Este aceitou aceitar seguir, de modos muito diversos, a idéia de uma ruptura revolucionária com o Occidente e com o capitalismo, fazendo do povo de Deus o novo exército dos sanculotes. Mas algo daquela idéia revolucionária ficou. E quando o Papa Bento XVI traz de volta a idéia de Tradição e do carisma petrino como fundamento da Igreja formalmente no centro do magistério suscita uma contradição impotente, porque não alternativa, incapaz de indicar uma outra linha, mas exatamente por isso mais carregada de ódio. A modesta realidade da Fraternidade de São Pio X é vista como um corpo maligno.
Bento XVI oferece a Fraternidade, oferece a compreensão do caráter perene da liturgia tradicional, e portanto oferece a ocasião de fazer um grande gesto: isto é, o de confirmar que a interpretação do Papa Ratzinger do Concílio como continuidade é capaz de extinguir o cisma que a idéia do Concílio como revolução tinha suscitado. Isso comporta o reconhecimento não só e não não tanto da Fraternidade São Pio X, quanto o daquela vasta e prevalente parte do mundo católico que tinha sentido o monopólio dos teólogos progressistas na interpretação do Vaticano II como algo que lhes tirava a dimensão eclesial da sua fé católica. Esta visão do Concílio como revolução teve residência em muitas partes da Igreja. E na Itália atua a escola de Bolonha, fundada por Dom Giuseppe Dossetti, que se institui como tendo a idéia fundamental sobre o conceito que Paulo VI deformou e esvaziou a idéia de reforma eclesial da Igreja iniciada por João XXIII, e que aí há uma contradição viva entre o fundador João e o deformador Paulo.
Giuseppe Alberigo na sua História do Vaticano II construiu a informação sobre o Concílio à luz da grande ruptura entre João e Paulo, e é portanto a expressão do ódio teológico nos confrontos da obra de Bento XVI de interpretar o Concílio como um Concílio que reexpressou alguns repensamentos da linguagem, mas que manteve o pleno valor da estrutura dogmática e doutrinal da Igreja Católica dos dois milênios. A Escola de Bolonha, potencializada pela forma teológica do São Rafael de Milão, é o coração deste sentimento de rejeição tanto na Itália como no Episcopado italiano. Tanto nos meios de informação, como na Igreja. Esse posicionamento atua sobretudo nas edições paulinas. A sua realidade teve dimensões também políticas, mas justamente em politica ela foi derrotada. Mas também na política levou aquele carisma do ódio que a distingue.
Para citar este texto:
"Começa a ser dita a verdade sobre o Concílio Vaticano II"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/verdade-sobre-vaticano-ii/
Online, 21/11/2024 às 09:26:38h