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Será lícito frequentar as Missas de Dom Tomás de Aquino, prior do Mosteiro da Santa Cruz?
Com a intensificação das negociações entre Roma e a FSSPX pela concretização de um acordo “prático-jurídico”, algumas personalidades do mundo tradicionalista confirmaram publicamente o que de longa data suspeitávamos: o espírito cismático que os conduz na ilegítima recusa de sujeição ao Romano Pontífice. Desses insurrectos declarados, Dom Tomás de Aquino, prior do Mosteiro da Santa Cruz, figura como uma das principais resistências contra qualquer tentativa de acordo entre Dom Fellay e o Papa Bento XVI, que ele, do alto de sua cátedra “tomista”, acusa categoricamente de liberal e modernista: “Como Bento XVI pode querer nossa ajuda para combater o modernismo se ele mesmo é modernista? Ele pode combater certos modernistas, mas combater o modernismo, ele só poderá fazê-lo depois de deixar de ser modernista” (Ir. Dom Tomás de Aquino OSB. Sermão: Duas correntes, 24 de fevereiro de 2012, os destaques são nossos). Sua verborragia “antiacordista” circula em dois sítios nos quais ele exerce grande influência. Um deles é o SPES – Seminário Permanente de Estudos Sociopolíticos – oficialmente aliado às posições “antiromanas” de Dom Williamson que, segundo noticiado, foi oficialmente expulso da FSSPX. O outro, um pouco mais modesto, é um blog denominado “Escravas de Maria”, gerenciado por religiosas de Campo Grande-MS que recebem periodicamente assistência espiritual de Dom Tomás com Missas e Sacramentos. Quanto às objeções “antiacordo” do monge da Santa Cruz, tivemos a oportunidade de questioná-las em alguns artigos publicados (a, b, c, d), demonstrando a ausência de fundamentos teológicos e históricos que abone sua rebeldia absoluta e contumaz. O fundamento principal da argumentação do abade tradicionalista se resume na seguinte premissa: “É traição e imprudência obedecer ou estar submetido por vínculos jurídicos a uma autoridade religiosa em franca ruptura com a doutrina católica”. Supondo que Bento XVI sustenta uma doutrina não ortodoxa, ele logo conclui que não deve obedecer de modo algum, evitando qualquer ligação com a máxima hierarquia da Igreja. Prefere, portanto, permanecer voluntariamente na clandestinidade, isto é, fora da estrutura jurídica da Igreja Católica. Recusa como algo supérfluo o “estado de legalidade”, mesmo que o Papa não proponha condições traidoras da Fé. Nesse caso, a recusa de obediência não se restringe aos casos razoáveis em que a autoridade ordene algo contrário à Revelação. De modo arbitrário e liberal, contrapõe a desobediência virtuosa com uma desobediência sem freios, regulada por critérios subjetivos, que culminam na própria rejeição da autoridade. Disso decorre a busca deliberada pela ilegalidade, querida e defendida por Dom Tomás e seus aliados. A recomendação prudente de Dom Tomás de Aquino seria então “a plena separação da hierarquia romana”. Desobediência total, desprezando qualquer possibilidade de vínculo ou comunhão com o “Doce Cristo na Terra”. Demonstrar a inconsistência dessas alegações não requer um sumo esforço teológico-histórico. Podemos recordar o sublime exemplo de Cristo que, mesmo sendo a fonte de todo poder humano e divino, reconheceu a soberania temporal das autoridades romanas. Submeteu-se ao corrupto tribunal do governador Pôncio Pilatos. Em momento algum Nosso Senhor pregou a revolta e a insubmissão a César, embora se tratasse de um soberano idólatra e politeísta. É verdade que, diante de certas situações concretas, a Igreja desobrigou os fiéis católicos de prestarem obediência a uma autoridade corrupta. Mas ninguém, nem mesmo um Concílio, pode desobrigar os católicos da devida obediência e submissão ao Papa, quanto menos um abade sem jurisdição. Podemos contrapor ainda, fazendo uma comparação com a devida obediência do filho à autoridade paterna. Ora, assim como o pai não perde a autoridade sobre o filho, mesmo que venha a fazer atos contra a Fé, de modo análogo, o Papa – que é o pai dos cristãos – também não perde sua jurisdição sobre os batizados, mesmo que se afaste da verdade, como aconteceu com São Pedro, publicamente repreendido por São Paulo. Seja o pai católico ou não, o filho está obrigado a submeter-se e cumprir as ordens de seu progenitor, quando este não manda algo contrário à Lei divina. Assim também, os cristãos estão obrigados a obedecer em tudo o que o Papa manda de legítimo. Defender o contrário é desembocar na posição protestante liberal, segundo a qual, cada um deve obedecer somente quando e como quiser. Trata-se de uma explícita negação da autoridade. Além de liberal, a posição de Dom Tomás apresenta uma grave contradição. Segundo o monge, os católicos tradicionais devem recusar contrair vínculos jurídicos com um Papa que seria, em suas ideias, um modernista liberal. Nesse caso, a ilegalidade deveria ser preferida e mantida até que a soberana autoridade da Igreja dê provas claras de uma verdadeira conversão. Pois bem. Se esse deve ser o proceder “católico tradicional” em relação a um Papa supostamente liberal, o mesmo deve ser sustentado e aplicado com relação ao Estado moderno, atualmente comprometido com os princípios perversos do liberalismo maçônico. Portanto, pelos mesmos motivos que recusam obediência ao Papa, também devem, por coerência, recusar qualquer submissão ao poder público liberal, procurando viver voluntariamente na clandestinidade, defendendo a total insubmissão as determinações do Estado, mesmo que suas ordenanças e leis não contradigam o preceito divino. Ora, qualquer comunista abraçaria essa ideia revolucionária que contém o germe do liberalismo. Cabe, então, perguntar: quem seria então o autêntico modernista e liberal? Bento XVI ou Dom Tomás de Aquino? Ademais, existe ainda o perigo de se configurar uma atitude ao menos materialmente cismática. Segundo expusemos, Dom Tomás de Aquino manifesta antecipadamente sua pertinaz repulsa a qualquer proposta de acordo proveniente da vontade do Papa. Desse modo, o monge desobediente confirma seu desejo explícito de intencional desligamento da estrutura jurídica da Igreja, repelindo a unidade visível com o Papa e com seus clérigos subordinados. De acordo com a puríssima doutrina de Santo Tomás, esse é um proceder tipicamente cismático, caracterizado pela recusa espontânea e intencional de se manter separado da unidade da Igreja. Vejamos o que diz sobre isso o Aquinate: “Portanto, se considerará como cismáticos em sentido estrito a quem espontaneamente e intencionalmente se aparta da unidade da Igreja, que é a unidade principal. Em efeito, a união particular de uns com outros está ordenada a unidade da Igreja, do meso modo que a organização dos membros no corpo natural está ordenada a unidade de todo corpo [...] Por outra parte, a unidade da Igreja radica em duas coisas, a saber, na conexão ou comunicação dos membros da Igreja entre si e na ordenação de todos eles a uma mesma cabeça [...] Pois bem, essa cabeça é Cristo mesmo, cujas vezes desempenha na Igreja o Sumo Pontífice. Por isso chamam-se cismáticos aqueles que se recusam submeter-se ao Romano Pontífice e aos que se negam a comunicar com os membros da Igreja a ele submetidos” (II-II, Q. 39, art. 1). Analisando bem, nota-se que os intransigentes “antiacordistas”, dentre os quais Dom Tomás de Aquino, inserem-se na definição de cisma segundo a sabedoria angélica medieval. Fulminando qualquer oferta de acordo do Papa, o monge e seus aliados declaram mais vantajoso e prudente o estado de ilegalidade, mantendo-se, por vontade própria, apartados da unidade da Igreja, evitando conexão e comunicação com a própria cabeça visível da Igreja. Não podemos e não pretendemos sentenciar um estado formal de cisma ou mesmo emitir um parecer conclusivo sobre a questão. Mas, diante do exposto, torna-se prudente a seguinte reflexão e indagação: Será lícito assistir às Missas tradicionais de Dom Tomás de Aquino e demais “antiacordistas”, sobretudo quando se têm, de modo acessível, Missas tradicionais de padres em visível submissão ao Vigário de Cristo? Para agravar ainda mais a situação de Dom Tomás, apresento algumas confissões que revelam seu pensamento sobre Roma. As mensagens são declarações que recebi de um sedevacantista assumido, que se garante “amigo de confiança” de Dom Tomás. A estreita amizade entre os dois é afirmada nesta primeira declaração: “Sobre esta crise toda, Dom Tomás me deixa a par do que acontece. Sei o que está acontecendo no mosteiro beneditino nos EUA, no mosteiro que Dom Tomás fundou na França, em Santa Cruz-RJ, Niterói-RJ com o ‘monge’ orgulhoso, o Pe. Fleichman e principalmente o que os bispos da fraternidade estão fazendo [...] São coisas que não posso contar, por serem assuntos internos, e Dom Tomás disse tudo a mim porque somos amigos há anos e ele confia em mim” (Mensagem recebida em 25/09/2006, grifo meu). Demonstrada a relação de confiança entre Dom Tomás e seu fiel sedevacantista, publico as reveladoras afirmações acerca de Roma e futuro da Igreja: “A fraternidade não busca o oficialismo, o que queremos é que nos deixe em paz, deixe-nos com nossa fé católica, já que a sede está sendo preparada para o anticristo. Rezamos para que as almas voltem para o que é de Deus, e que sejam salvos. É para isso que se reza, salvação e conversão das almas. Conversão de quem está no erro, não de quem pratica obras demoníacas. Quanto o Vaticano voltar à tradição... isso é sonho, já estamos no fim dos tempos!” (Mensagem recebida em 25/09/2006, o grifo é meu). E sobre o acordo: “Não existe acordo. Existe apenas para Roma modernista. Não há mais fé em Roma, isso está provado. Esse tal ‘acordo’, quem o fez: Fraternidade São Pedro, mosteiro de Sainte Madeleine na frança (de Dom Prior Gérard Calvet), Campos (Administração Apostólica São João Maria Vianney), mosteiro em Barroux na França, os famosos monges beneditinos de solesmes (frança tbm), os monges de Sillon (frança). Os que entraram em ‘acordo’ foram ENGOLIDOS pelo Vaticano. Esta palavra ‘acordo’ é uma cilada do demônio que está na hierarquia há anos” (Mensagem recebida em 25/09/2006, o grifo é meu). Como estamos diante de declarações de um discípulo muito amigo de Dom Tomás – existem fotos recentes desse sedevacantista acolitando nas missas de Dom Tomásem Campo Grande-MS– podemos supor, com grande possibilidade de veracidade, que ele exprime fielmente o pensamento do Prior da Santa Cruz. Em Roma não há mais Fé. A apostasia será o fim do Vaticano. Não há salvação possível para a Cidade Eterna. E dessa condenação inevitável, nem mesmo os Papas escaparão ilesos. Tudo será fatalmente destruído no Vaticano, inclusive o papado. Esse é o pensamento que poderia explicar a rebeldia cismática de Dom Tomás. Ou seja, por sustentar a impossibilidade da conversão de Roma, com sua subseqüente destruição, o abade não se vê obrigado a obedecer a um Papa que ele acusa de herege modernista, sem esperança de conversão. Lembramos que, de nossa parte, apenas apresentamos o problema. Uma resposta oficial, sem dúvida alguma, virá da Sé Romana. In Corde Jesu, semper Eder SilvaPara citar este texto:
"Será lícito frequentar as Missas de Dom Tomás de Aquino, prior do Mosteiro da Santa Cruz?"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/sera-licito-frequentar-as-missas-de-dom-tomas-de-aquino-prior-do-mosteiro-da-santa-cruz/
Online, 21/12/2024 às 17:54:14h