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Reações a Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis do Papa Bento XVI
Orlando Fedeli
Anunciada há tempo, assim como com um Motu Próprio sobre a liberação da Missa e talvez um outro documento ainda sobre a reforma da reforma litúrgica, foi afinal publicada, com atraso de quase dois anos, a Exortação Sinodal sobre a Eucaristia - Sacramentum Caritatis – do Papa Bento XVI, trazendo as propostas dos Bispos reunidos no Sínodo de 2005.
A demora da publicação é claro indício das discussões internas na cúpula da Igreja sobre a conturbada situação criada pelas reformas conciliares e como solucioná-la. Bento XVI quer fazer correções ao que estabeleceu o Concílio Vaticano II. Contra ele se levantam, uivantes e ameaçadores, os lobos modernistas em defesa do Concílio.
Daí, a demora da publicação do documento sinodal. Daí, certas ambigüidades do texto. Daí, certos compromissos... Daí, a controvérsia em sua interpretação.
Quando se lê o documento ora publicado de Bento XVI, verifica-se que ele é mais a expressão dos desejos e sugestões apresentados pelos Bispos no Sínodo de 2005. Nele, nada se determina. O Papa resume as propostas e sugestões dos Bispos, sem nada mandar, mas apenas exprime desejos, faz pedidos e recomendações. Uma jornalista chegou até a afirmar que, no texto, não se vê o estilo de Bento XVI.
Por todas essas razões, as reações a este documento papal têm sido bastante fortes e contrastantes.
De um lado, os modernistas se mostraram muito furiosos, e até de modo surpreendente, sem a prudência serpentina que sempre os caracterizou
De outro lado, os que esperavam desse documento a reforma da reforma ficaram um tanto decepcionados. Erroneamente eles esperavam que nele se fizesse a reforma da reforma litúrgica, anunciada há tempos, esquecendo-se porém que a natureza e o conteúdo do documento -- (Uma exortação pós sinodal, com a exposição das sugestões dos Bispos no Sínodo) -- poderiam dar base á futuras medidas papais, mas não determinar uma reforma, que não foi expressamente discutida no Sínodo..
Logo mais, faremos a análise do documento papal em foco.
Reações dos Modernistas
1) Bento XVI Sepultou o Concílio Vaticano II
Alguns modernistas radicais e jornalistas esquerdistas superficiais demonstraram amargura e até revolta extrema: a Sacramentum Caritatis teria sido o sepultamento do Concílio Vaticano II.
É o que disse Paolo Giorgi, em seu artigo “A Grande Intervenção” in ABRIL Info ON LINE onde se lê:
“O documento Sacramentum Caritatis não é outra coisa senão o definitivo selo papal à Restauração. O Sumo Pontífice – Bento XVI – reafirmou que “os políticos e legisladores católicos” não devem votar leis contrárias à “natureza humana”. Isto é o fim do Vaticano II. E foi assim que no ano da graça de 2007 foi colocada a pedra tumular sobre o Concílio Vaticano II, para cujo sepultamento há anos já se havia cavado a fossa. A Exortação pós Sinodal Sacramentum Caritatis, publicada hoje, não é senão o selo definitivo de Bento XVI à grande Restauração”. (Paolo Giorgi, em seu artigo “A Grande Intervenção” in ABRIL Info ON LINE . 13 de Março de 2007 http://www.aprileonline.info/2189/la-grande-ingerenza).
“O documento Sacramentum Caritatis não é outra coisa senão o definitivo selo papal à Restauração. O Sumo Pontífice – Bento XVI – reafirmou que “os políticos e legisladores católicos” não devem votar leis contrárias à “natureza humana”. Isto é o fim do Vaticano II. E foi assim que no ano da graça de 2007 foi colocada a pedra tumular sobre o Concílio Vaticano II, para cujo sepultamento há anos já se havia cavado a fossa. A Exortação pós Sinodal Sacramentum Caritatis, publicada hoje, não é senão o selo definitivo de Bento XVI à grande Restauração”. (Paolo Giorgi, em seu artigo “A Grande Intervenção” in ABRIL Info ON LINE . 13 de Março de 2007 http://www.aprileonline.info/2189/la-grande-ingerenza).
2) Golias: Bento XVI quer retornar ao Pré Concílio. Resistir ao Papa seria dever.
Também o famoso site modernista francês, Golias, manifesta a mesma amargura, e a leva até à revolta. Sob o título: “O Grande Manifesto da Restauração: Golias Apela à Resistência Espiritual” (Edição de 13 de Março - http://golias.ouvaton.org/spip.php?article1338), entre outras coisas, se lê:
“O presente documentointitulado « Sacramentum Caritatis » pretende colocar os pingos nos « is » em um certo número de questões controversas e decidir no sentido da maior intransigência.
Sem a menor concessão pensável”.
E enumera alguns pontos:
"a obrigação do celibato sacerdotal na Igreja latina"
"a não ordenação de mulheres"
"a exclusão da comunhão para divorciados recasados"
"a reforma da liturgia"
"O tom é estranhamente duro" (...)
“Longe de ser aliciador, o Papa deseja verdadeiramente uma virada de rota da Igreja no sentido bem conhecido.
“Os católicos pró aberturas ficarão irritados, feridos, decepcionados por esse texto. Eles terão o sobressalto de se lembrar que uma das missões primeiras do cristão é a resistência."
“Sozinho, o Papa não é a Igreja."
“Quando um Pontífice se fecha em posições duras e intransigentes que o separam da comunidade viva, a infidelidade à verdadeira tradição da Igreja não é então talvez a do corpo (eclesial), mas a da cabeça”
3) Vaticanistas acusam o Papa de Rigorismo
Outros jornalistas cantaram no mesmo tom. Valquíria Rey, correspondente em Roma escreveu:
“Vaticanistas vêem rigor e conservadorismo em texto papal”
“Vaticanistas italianos afirmam que o documento que rege a celebração de missas divulgado nesta terça-feira no Vaticano reforça a face conservadora e rígida do papa Bento 16. No documento, intitulado Sacramentum Caritatis, o Papa reafirma a posição da Igreja sobre o celibato, o matrimônio entre homossexuais e a comunhão de divorciados, confirmando o conservadorismo do atual papado. Quando determina novidades, o Papa nada mais faz do que voltar ao passado. É um documento muito conservador. O papa não utilizou as recomendações do Sínodo dos Bispos de maneira progressista", diz Bruno Bartoloni, vaticanista do jornal Corriere della Sera, à BBC Brasil. "Em vez disto, ele foi rigoroso". (Valquiria Rey, 13 de Março de 2007).
4) Jornal El Pais acusa retorno a valores Pré Conciliares
No jornal El País, de Madri, se publicou o seguinte comentário:
"A Exortação Sacramentum Caritatis se ajusta ao espírito programático do pontificado. O Papa considera que décadas de relaxamento católico permitiram a promulgação de leis "socialmente corrosivas", e exige um cerrar fileiras. Quer ele que a Igreja não se defina pelo número de fiéis mais ou menos teóricos, mas pela qualidade, conscientização e ativismo dos mesmos. Para ele, o catolicismo deve refletir-se da mesma forma no silêncio da reflexão prévia à eucaristia e no fragor dos debates públicos. O termo "inegociável", aplicado a questões como o aborto, a eutanásia, o divórcio, as uniões homossexuais ou o ensino católico, resulta significativo. O cerrar fileiras vem junto com um certo retorno a valores pré conciliares, como a missa em latim e o canto gregoriano, preferíveis, segundo a Exortação, às missas em língua local e aos acompanhamentos musicais mais ou menos modernos. A lembrança de que os católicos divorciados e casados de novo não podem receber a comunhão, e que devem esforçar-se para compensar sua situação irregular com "penitências e obras de caridade", complementa um quadro ao mesmo tempo retrógrado e, em um sentido político, "revolucionário". (El País, Madrid,– 14 03 -2007 artigo de Enric González, correspondente em Roma).
Reações centristas
1) La Croix busca “equilíbrio”
O famoso jornal católico francês -- La Croix --, por sua vez, faz um balanço “equilibrado”: Bento XVI não repetiu as teses contrárias à Missa nova do Cardeal ratzinger, mas o documento aponta para a liberação da Missa de sempre.
“Mas contrariamente ao documento Deus caritas est, que trazia claramente a marca de Bento XVI, a Exortação é antes de tudo um documento eclesiástico elaborado a partir da assembléia sinodal que reuniu 252 Bispos do mundo inteiro em Outubro de2005 no Vaticano. Contrato cumprido: o documento é bem o reflexo do equilíbrio que se tinha então realizado nessas três semanas de discussões.
Não se acha, portanto, aícomo alguns o temiam, um « motu proprio escondido sobre o rito tridentino», que teria poder de questionar a reforma litúrgica conciliar. A Exortação, pelo contrário, lembra que «os padres sinodais constataram a influência benéfica que a reforma litúrgica realizada a partir do Concílio Vaticano IIteve para a vida da Igreja No plano litúrgico, não se reencontra nele os conceitos que o cardeal Ratzinger tinha firmado em seus escritos antes de se tornar Papa. Espera-se, portanto, com interesse, o Motu Proprio anunciado várias vezes, que deveria alargar as possibilidades de celebrar em rito tridentino: a exortação parece colocar limites precisos a toda liberalização do rito pré conciliar” (Isabelle DE GAULMYN, em Roma, 13/03 /07 20:44 http://www.la-croix.com/article/index.jsp?docId=2297564&rubId=4078)
2) Le Figaro atinge o equilíbrio, mas anuncia que os Missais da Missa tridentina já estariam para ir ao prelo.
O jornal Le Figaro toma uma posição mais equilibrada entre a reação violenta dos modernistas e a posição apressada de certos tradicionalistas. Para Le Figaro:
«O texto pontifício é sem grande surpresa. O Papa respeitou a regra da colegialidade, retomando, ponto por ponto, as cinqüenta proposições que lhe tinham sido feitas quando do décimo primeiro Sínodo dos Bispos. Bento XVI respeitou o consenso encontrado no curso desses “Estados Gerais” nos quais o conjunto das correntes da Igreja, desde os mais “progressistas” aos mais “conservadores”, puderam se exprimir. Esse texto pontifício se arrisca assim a decepcionar, de um lado os que esperavam aberturas em matéria de disciplina eclesiástica, e, de outro lado, os católicos mais tradicionalistas.
“Obediência fiel” às normas em vigor
“Com efeito, o Papa no documento não aborda diretamente a questão da Missa tridentina que lhes é cara. Mas ele dá pistas.
“Ao mesmo tempo que constata as « dificuldades » e os « abusos » da reforma ocorrida depois do Vaticano II, Bento XVI reafirma claramente “a influência benéfica” do “renovação litúrgica” pós conciliar, “em continuidade com toda a grande tradição” da Igreja. (...)
No final de seu artigo, o jornalista Hervé Yannou, de Le Figaro, dá uma informação preciosa do Cardeal Scola, informe pouco noticiado e pouco comentado. Ao apresentar a Exortação Sinodal aos jornalistas no Vaticano no dia 13 de Março, o relator do sínodo, Cardeal Scola disse que já estão sendo preparados os Missais para a Missa Antiga:
“Para o Cardeal Ângelo Scola, Patriarca de Veneza, e relator geral do Sínodo, essas indicações deveriam “contribuir a aplanar dificuldades e incompreensões” com os integristas católicos. E o Cardeal teve que lembrar que “jamais aconteceu que a introdução de um rito novo coincidiu com a abolição do rito precedente”. Não se pode “lançar sombra” nem sobre a antiga Missa, nem sobre “a importância das reformas do Vaticano II”. Assim, na perspectiva de um decreto papal liberando a Missa anterior ao Vaticano II, os impressores italianos já prepararam as provas do Missal abandonado depois de 1969”. (14 mars 2007 - Hervé Yannou - Le Figaro - lefigaro.fr. Destaques nossos).
Pois então, os Missais em latim voltaram a ser impressos...
E o Cardeal Scola, apresentando a Exortação Sacramentum Caritatis fez questão de dar esse “pequeno” detalhe...
Por que?
Claro que isso indica a muito próxima liberação da missa de sempre pelo tão anunciado Motu Proprio.
3) O “ventriloquismo redacional” de Monsenhor Vingt Trois
Monsenhor Vingt Trois, Arcebispo de Paris, discípulo de Lustiger, e enfileirado na linha modernista resistente à liberação da Missa de sempre, comentou a Exortação Sinodal com as seguintes palavras:
“A Exortação Apostólica Pós Sinodal Sacramentum Caritatis que o Papa Bento XVI acaba de nos dirigir, nos propõe uma releitura muito argumentada do trabalho dos Bispos reunidos para décima primeira sessão sinodal em Roma, em Outubro de 2005.(...) Essa Exortação apostólica não traz nenhuma revelação e nem nenhuma inovação quanto à disciplina da Igreja; ela recoloca o conjunto dessa disciplina numa ampla meditação da realidade eucarística em todas as suas dimensões (...) Os padres Sinodais, escreve ele [ o Papa], constataram e relembraram particularmente a benéfica influência que a reforma litúrgica realizada a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II teve para a vida da Igreja... Concretamente, trata-se de ler as mudanças queridas pelo Concílio no interior da unidade que caracteriza o desenvolvimento histórico do próprio rito, sem introduzir rupturas artificiais”(...) ”A Exortação Apostólica não quer ser um catálogo de prescrições rituais (...) “Nós estamos confortados em nosso desejo de melhorar sem cessar nosso modos de celebrar dignamente a liturgia, em nossa resolução de corrigir o que deve ser corrigido em nossas práticas a fim de que progrida ainda a beleza de nosso vida eclesial” + André Vingt-Trois Archevêque de Paris (Apresentação da Exortação Apostólica por Mons. André Vingt Troishttp://catholique-paris.cef.fr/a-1-2034-exhortation-apostolique-sacramentum-caritatis.html 14/03/07).
Note-se a maneira bem hábil usada por Monsenhor Vingt Trois para induzir o leitor a pensar que teria sido o Papa Bento XVI quem considerou os benefícios da reforma litúrgica de Paulo VI:
“Os padres Sinodais, escreve ele [o Papa], constataram e relembraram particularmente a benéfica influência que a reforma litúrgica realizada a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II teve para a vida da Igreja...”.
“Os padres Sinodais, escreve ele [o Papa], constataram e relembraram particularmente a benéfica influência que a reforma litúrgica realizada a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II teve para a vida da Igreja...”.
Essa redação faz entender que é o Papa quem reconhece a benéfica influência da reforma da liturgia realizada por Paulo VI. Ora, o que dizia o documento papal é que foram os Bispos que afirmaram isso no Sínodo e não o Papa.
Veja-se o próprio texto da Sacramentum Caritatis:
“De modo particular, os padres sinodais reconheceram e reafirmaram o benéfico influxo que teve, na vida da Igreja, a reforma litúrgica actuada a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II.(5) O Sínodo dos Bispos pôde avaliar o acolhimento que a mesma teve depois da assembléia conciliar; inúmeros foram os elogios; como lá se disse, as dificuldades e alguns abusos assinalados não podem ofuscar a excelência e a validade da referida renovação litúrgica, que contém riquezas ainda não plenamente exploradas. Trata-se, em concreto, de ler as mudanças queridas pelo Concílio dentro da unidade que caracteriza o desenvolvimento histórico do próprio rito, sem introduzir artificiosas rupturas” (Bento XVI, Sacramentum Caritatis, n* 3. Os destaques são nossos).
Do Papa é a restrição final lembrado que a Nova Missa introduziu “artificiosas rupturas”.
Monsenhor Vingt Trois aprendeu bem a arte de fazer textos dizerem o que eles não disseram. É uma arte capciosa que se poderia chamar de ventriloquismo redacional da hermenêutica fenomenológica.
Convém ainda salientar, com alegria, que Monsenhor Vingt Trois, no final de sua mensagem, se declara disposto a “corrigir o que deve ser corrigido em nossas práticas”:
“Nós estamos confortados em nosso desejo de melhorar sem cessar nosso modos de celebrar dignamente a liturgia, em nossa resolução de corrigir o que deve ser corrigido em nossas práticas a fim de que progrida ainda a beleza de nosso vida eclesial”.
Permita Deus que essa correção se faça para maior glória de Deus.
Reações direitistas e tradicionalistas
1) Sandro Magister salienta a veneração do papa pelo Missal de São Pio V
“Bento XVI cita esse Missal no parágrafo 3, recordando com admiração e gratidão “ o desenvolvimento, ordenado no tempo, das formas rituais com as quais se celebrou e se celebra a Missa, até a reforma litúrgica do Concilio Vaticano II com as suas “riquezas ainda não plenamente exploradas”. E observa: “Trata-se, em concreto, de ler as mudanças desejadas pelo Concílio no interior da unidade que caracteriza o desenvolvimento histórico do próprio rito, sem introduzir rupturas artificiosas”
(Sandro Magister, "Sacramentum caritatis": No domingo, todos à Missa, Roma, 14 Março de 2007 http://chiesa.espresso.repubblica.it/dettaglio.jsp?id=126741).
E disse mais Sandro Magister:
“Sabe-se que a recusa das “rupturas artificiosas” – conforme o que disse o Papa no discurso, citado em nota, à Cúria Romana em 22 de Dezembro de 2005, sobre a correta interpretação do Concílio – é um dos motivos que, para Joseph Ratzinger, justificam a permanência em uso do rito tridentino” (Sandro Magister, "Sacramentum caritatis": No domingo, todos à Missa, Roma, 14 Março de 2007 http://chiesa.espresso.repubblica.it/dettaglio.jsp?id=126741).
Mas, se se exige uma “correta interpretação do Concílio”, não sabemos como essa interpretação possa se harmonizar com outro posicionamento do Cardeal Ratzinger, dizendo:
"Mas algo que necessita de interpretação para continuar existindo na verdade já deixou de subsistir. Com toda razão, o espírito humano volta-se para a verdade mesma, e não para aquilo que, pelo método da interpretação e lançando mão de desvios, ainda pode ser declarado compatível com a verdade" (Joseph Ratzinger, Introdução ao Cristianismo: preleções sobre o Símbolo Apostólico, trad. Alfred J. Keller, São Paulo: Loyola, 2005, p. 106).
São Paulo, 15 de Março de 2005
Para citar este texto:
"Reações a Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis do Papa Bento XVI"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/reacoes_sacramentum/
Online, 21/12/2024 às 14:28:39h