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Reações de prelados contra a Missa Tridentina
Marcelo Fedeli
“Tamanho o ódio foi e a má vontade,
Que aos estrangeiros súbito tomou,
Sabendo ser sequazes da Verdade,
Que o Filho de David nos ensionou.
Oh! Segredos daquela Eternidade
A quem juízo algum não alcançou!
Que nunca falte um pérfido inimigo
àqueles de quem foste tanto amigo”.
(Os Lusíadas, Canto I - 71 – Camões)
Confesso aos caros leitores que lembrei desses versos de Camões — especialmente dos dois últimos — ao ler as declarações de prelados de diversos países manifestando sua posição hostil ao Motu Proprio “Summorum Pontificum”, do Papa Bento XVI, que libera a Missa de Sempre a todos os sacerdotes que querem celebrá-la.
Mais que isto, notei ainda como, tendo a mesma inimizade fundamental à Missa, os ‘inimigos de quem Vós [Cristo] sois tanto amigo’ manifestam publica e descaradamente o seu repúdio à Santa e milenar Missa, lançando a esmo slogans, uivos e rugidos similares, como vulcões lançam aqui e acolá suas lavas destruidoras, visto surgirem do mesmo profundo e escuro sub solo, transportando em suas artérias a mesma e incendiária lava modernista.
Tal hostilidade vai desde a rejeição absoluta à celebração da Missa Gregoriana --- tipificada na atitude do cardeal Carlo Maria Martini, ou no bispo de Caserta, Mons. Rafaelle Nogara --- à total e silenciosa indiferença, como a adotada pela nossa velha conhecida, CNBB, passando pela reação da grande maioria dos assim auto-considerados moderados prelados, sempre dispostos a ‘colaborar com o Papa’, mas apresentando tantas e tais objeções e condições, como alguém diante do seu 1º transplante de pescoço!... É o caso, por exemplo, do Cardeal Patriarca de Lisboa, Mons. Policarpo!
Curiosamente os ‘inimigos de quem Vós sois tanto amigo’, todos incluídos naquelas três posições hostis à liberação da Missa Tridentina, embora surgindo de diferentes e em distantes lugares, apresentam três pontos em comum:
- são todos absolutamente TOLERANTES e convictos ecumênicos, até o fundo da alma. Ou seja, não só respeitam os princípios, costumes e rituais de tudo quanto é tradição religiosa — exceto a católica, claro — mas fazem também questão de introduzi-los na liturgia da Santa Igreja, colocando até seus ídolos pagãos nos altares de certas famosas igrejas;
- são todos absolutamente INTOLERANTES à milenar Missa de Sempre da Santa Igreja, única tradição que rejeitam a qualquer preço;
- TOLERÂNCIA e INTOLERÂNCIA sempre em nome do Concílio Vaticano II e para salvaguardar as suas ‘conquistas’!
Assim, vejam, por exemplo, a atitude do Cardeal Patriarca de Lisboa: em outubro de 2003, pretendeu transformar o Santuário de Fátima ‘num centro onde todas as religiões do mundo irão se reunir para prestar homenagem a seus vários deuses (...) e diferentes religiões possam se misturar...
Porém, agora, quanto ao retorno da Missa de Sempre nas igrejas e santuários de Portugal, ele acaba de enviar carta aos presbíteros, mostrando-se disposto a colaborar com o Papa, mas... sob severas exigências e condições, tanto para os sacerdotes como para os fiéis que queiram celebrar naquele Santo rito: exige de ambos comprovação do conhecimento da língua latina e da liturgia!... [Exatamente como exigiram alguns prelados do Brasil... parece terem recebido uma mesma ordem!] Exigências e imposições essas, diga-se de passagem, jamais impostas aos leigos e pós conciliares ‘Ministros’ da Palavra, da Celebração, da Pastoral deste ou daquele caso, ou do Mutirão Litúrgico, que proliferam por todas as paróquias e ‘comunidades’ do mundo. [Vide, por exemplo, as paróquias das CEB’s de Osasco, SP, que têm celebrações presididas por vereadores...conforme noticiado neste site. Acaso, foi exigido alguma comprovação do conhecimento litúrgico-doutrinário ou mesmo de português daqueles vereadores?...].
Curiosamente, D. Policarpo, que queria transformar o Santuário de Fátima num centro panreligioso e panteísta, agora, em relação ao retorno da Missa milenar, estabelece em sua carta:
“5.4. Os espaços sagrados.Os nossos templos estão orientados para a celebração da Missa segundo o Missal de Paulo VI. Fica proibida qualquer tentativa de alterações dos espaços, sobretudo do altar e do presbitério, por causa da possibilidade de celebrar o ritual de 1962, que aliás já previa a celebração “versus populum”... além de proibir tal celebração aos domingos." [Vide notícia abaixo].
E tudo isto para salvaguardar as ‘conquistas’ do Concílio Vaticano II, sem jamais citar, para tal, um só artigo sequer dos 16 polpudos documentos daquele Concílio.
Por sua vez, os “inimigos de quem Vós sois tanto amigo’ da corrente de absoluta rejeição à Missa Tridentina, representada pelo Cardeal Martini, ou por Mons. Rafaelle Nogara, bispo de Caserta-Itália, e famoso ativista social e ecumênico, é também muito sui generis.
Recentemente Mons. Nogara colocou toda a estrutura da sua Diocese para instalar a Tenda de Abraão, destinada às orações dos muçulmanos realizadas às sextas-feiras, além de conceder a capela adjacente da Catedral de Caserta aos Ortodoxos. Agora, dia 14 último, proibiu a realização da Missa Tridentina em sua diocese, quando entrou em vigor o Motu Proprio de Bento XVI!...
Dois pesos, duas medidas, na lógica às avessas daquele e de muitos prelados! [vide notícia publicada neste site].
Por sua vez, a hostil e ‘silenciosa omissão’ do último tipo de oposição dos “inimigos de quem Vós sois tanto amigo’ ao Motu Proprio, também conhecida aqui no Brasil como oposição ‘avestruz’, sonha ‘em fazer de conta que nada aconteceu para ver se realmente não acontece”!...É a posição da nossa bem conhecida CNBB que nada publicou, nada declarou, nada divulgou em seu site, na sexta-feira passada, dia 14, quando do início do Motu Proprio!... Aliás, a CNBB só fez ampla divulgação, com trombeta, pandeiro e multirão, da “Celebração do Grito dos Excluídos” sem perceber que assim agindo, ela, a CNBB, acabava confirmar o único clamor por ela excluído: o da Missa de Sempre.
Assim pensam agir os “inimigos de quem Vós sois tanto amigo’ para abafar e jamais precisar atender ao pedido de muitos fiéis para que volte a ecoar em muitas igrejas do Brasil e do mundo, a esplêndida oração inicial da Missa de Sempre: INTROIBO AD ALTARE DEI !...
Mas será em vão, pois, da mesma forma que ecoou domingo passado em muitas igrejas do mundo, reboou também aqui, em S. Paulo, no Mosteiro de S. Bento e ecoará sempre aquela esplendida oração inicial, respondida num uníssono de mais de 400 vozes: ‘AD DEUM QUI LAETIFICAT JUVENTUTEM MEAM!...
E assim, apesar de continuar a surgir, infelizmente, sempre ‘um pérfido inimigo àqueles de quem fostes amigo” hostil à Missa Tridentina, Nossa Senhora fará surgir cada vez, e sempre mais, “um fiel leal amigo àqueles de quem sois amigo”, para o triunfo final
do seu Imaculado Coração, para o qual o retorno da missa Gregoriana é um sinal marcante.
E nisto se ampara a nossa esperança, e para isto rezamos e dedicamos nossas vidas, sempre com o auxílio de Deus, para que nunca falte um leal amigo àqueles de quemsois sempre amigo!
Assim seja!
Marcelo Fedeli
17 de setembro 2007
Para citar este texto:
"Reações de prelados contra a Missa Tridentina"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/reacoes_contra_missa/
Online, 21/11/2024 às 08:35:44h