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Igreja
´Por muitos`. Não ´por todos`
Orlando Fedeli
Acaba de ser noticiado — mas, não pelo Vaticano — que a Congregação para o Culto Divino lançou um decreto [datado de 17 de Outubro passado] determinando que, nas Missas, sejam proferidas fielmente as próprias palavras da consagração empregadas por Jesus Cristo, na quinta-feira Santa, quando o Divino Mestre instituiu a Sagrada Eucaristia.
Eis o que escreveu o Cardeal Arinze, chefe do Dicastério para o Culto Divino, em sua carta aos presidentes das conferências episcopais, explicando as razões do decreto do Vaticano, que manda colocar o “por muitos” em vez de ”por todos” nas traduções para o vernáculo:
"Os Evangelhos Sinóticos (Mt 26, 28; Mc 14, 24) fazem referência específica a "muitos" pelos quais o Senhor oferece o Sacrifício, e essa palavra foi enfatizada por alguns exegetas em conexão com as palavras do profeta Isaías (53, 11-12). Teria sido perfeitamente possível aos textos do Evangelho dizer "por todos" (por exemplo, cf. Lucas 12, 41); ao invés, a fórmula apresentada na narrativa da instituição [da Eucaristia] é "por muitos", e as palavras foram fielmente traduzidas assim na maioria das versões bíblicas modernas.
O Rito Romano em latim sempre disse pro multis e nunca pro omnibus na consagração do cálice.
As anáforas dos diversos ritos orientais, sejam em grego, siríaco, armênio, línguas eslavas, etc., contêm o equivalente verbal do latim pro multis em suas respectivas línguas.
"Por muitos" é uma tradução fiel de pro multis, ao passo que "por todos" está mais para uma explicação do tipo que cabe mais propriamente à catequese.
A expressão "por muitos", embora permanecendo aberta à inclusão de cada pessoa humana, reflete também o fato de que essa salvação não é aplicada de modo mecânico, independentemente da vontade e da participação de cada um; pelo contrário, o fiel é convidado a aceitar na fé o dom oferecido e a receber a vida sobrenatural que é dada àqueles que participam nesse mistério, agindo de acordo em sua vida, de modo a ser contado no número dos "muitos" aos quais o texto se refere.
De acordo com a instrução Liturgiam Authenticam, deve ser feito um esforço para uma maior fidelidade aos textos latinos nas edições típicas [do Missal]".
Esse texto do Cardeal Arinze deixa claro o abuso que foi feito e que, agora, décadas depois, o Papa Bento XVI determinou sanar.
Com efeito, embora o texto latino da Missa Nova fabricada pelo maçom Monsenhor Bugnini, por ordem de Paulo VI, empregue a fórmula correta na Consagração do vinho, as traduções da Missa para o vernáculo, em muitas línguas, foram infiéis ao Evangelho, escandalizando os fiéis católicos.
De fato, as palavras usadas por Jesus Cristo ao consagrar o vinho, na Santa Ceia, foram estas:
"Bebei dele todos. Porque isto é o meu Sangue do Novo Testamento o qual será derramado por muitos para a remissão dos pecados" (São Mt. XXVI, 27-28).
"Isto é o meu Sangue do Novo Testamento que será derramado por muitos" (São Marcos, XIV, 24). (destaques nossos)
Num atrevimento único na história da Igreja, as Conferências Episcopais de muitos países, concordes na deturpação das palavras do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, ousaram trocar as palavras "por muitos", colocando em seu lugar "por todos" na Consagração do vinho na Missa.
Essa troca escandalosa provocou protestos inúmeros em todo o orbe católico. Mas de nada adiantou. Alguns chegaram ao exagero de pensar que, por causa dessa troca, a consagração seria inválida. O que não é verdade. Mas o mal feito foi imenso.
Qual a razão dessa estranha concordância de muitas Conferências Episcopais que permitiram a deturpação, consciente e atrevida, das próprias palavras de nosso Divino Salvador?
A razão foi a nova heresia da salvação universal, nascida necessariamente do ecumenismo do Concílio Vaticano II.
Com efeito, a "Gaudium et Spes – Tristezas e Angústias" afirmou uma doutrina absurda da qual iam decorrer muitas conseqüências errôneas. Tal doutrina absurda está nas seguintes palavras:
"Por isso, proclamando a vocação altíssima do homem e afirmando existir nele uma semente divina o Sacrossanto Concílio oferece ao gênero humano a colaboração sincera da Igreja para o estabelecimento de uma fraternidade universal que corresponda a essa vocação" (Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, Tristitiae et Angustiae, nº 3. Os destaques são nossos).
Essa é uma tese gnóstica.
Não existe nenhuma semente divina no homem. Se existisse tal semente divina, nenhum homem poderia se perder eternamente. Todos necessariamente estariam salvos. Em qualquer religião, ou mesmo sem religião, todos se salvariam, porque, havendo algo de substancialmente divino no homem, ninguém se danaria, pois todos os homens seriam, no fundo, divinos.
Esse seria então o mistério do homem que Cristo teria vindo revelar ao homem: o homem seria deus, e todo homem, por ser homem, necessariamente estaria salvo.
Daí, o antropocentrismo do Vaticano II. Daí, o ecumenismo. Daí, a fraternidade universal – tese maçônica – com a qual o Vaticano II quis cooperar. Daí, o culto do homem que Paulo VI reconheceu existir no Vaticano II. Daí, a nova Missa fabricada por Bugnini com a ordem, permissão e aprovação de Paulo VI.
Daí, a necessidade de trocar o "por muitos" – proferido por Cristo –, pelo ecumênico e otimista "por todos", exigido pelas Conferências Episcopais modernistas.
Esse era um ponto da nova Teologia, existente por trás da Missa Nova.
A nova formulação na tradução vernácula da Nova Missa, além de trocar as palavras ditas pelo próprio Deus, visavam escamotear a distinção entre redenção objetiva e redenção subjetiva.
Com efeito, por redenção objetiva, a doutrina católica entende que, sendo os méritos de Cristo infinitos, eles são suficientes para salvar todos os homens.
Entretanto, isto não implica que todos os homens estejam automaticamente salvos, como pretendem certos protestantes, e como defendem os modernistas crentes que exista no homem a tal semente divina de que fala gnosticamente a otimista Gaudium et Spes, Tristitiae et Angustiae.
Os méritos de Jesus Cristo, nosso Divino Redentor, como já dissemos, são infinitos, e, por isso, assaz suficientes para salvar todos os homens. Entretanto, nem todos aproveitam desses méritos: é preciso, para se salvar, que um sujeito aceite a redenção, aceitando a Fé e pedindo o Batismo, a fim de poder participar dos méritos infinitos de Cristo, e aceitando os sacramentos, possa praticar a lei de Deus e da Igreja. É a isso que se chama redenção subjetiva: que cada sujeito queira aceitar a redenção de Cristo tornado-se membro da Igreja, pelo Batismo.
A substituição do "por muitos" pelo fraudulento "por todos" incutiu sutilmente no povo que todos os homens se salvam.
É de espantar que o povo deixasse de se confessar?
É de espantar que os padres não quisessem mais atender confissões?
É de espantar que os confessionários tenham sido abandonados, passando os padres a brincar de consultores psicanalíticos, sem diploma e sem competência?
É de espantar que o ecumenismo tenha recebido larga compreensão? Pois se todos se salvam, para que ser católico?
Todos somos bons! Todos somos até divinos! Todos estamos salvos!
Foi o que ensinou implicitamente o Concílio Vaticano II.
É no que acreditam os modernistas.
Esse seria então o mistério do homem que Cristo teria vindo revelar ao homem: o homem seria deus, e todo homem, por ser homem, necessariamente estaria salvo.
Daí, o antropocentrismo do Vaticano II. Daí, o ecumenismo. Daí, a fraternidade universal – tese maçônica – com a qual o Vaticano II quis cooperar. Daí, o culto do homem que Paulo VI reconheceu existir no Vaticano II. Daí, a nova Missa fabricada por Bugnini com a ordem, permissão e aprovação de Paulo VI.
Daí, a necessidade de trocar o "por muitos" – proferido por Cristo –, pelo ecumênico e otimista "por todos", exigido pelas Conferências Episcopais modernistas.
Esse era um ponto da nova Teologia, existente por trás da Missa Nova.
A nova formulação na tradução vernácula da Nova Missa, além de trocar as palavras ditas pelo próprio Deus, visavam escamotear a distinção entre redenção objetiva e redenção subjetiva.
Com efeito, por redenção objetiva, a doutrina católica entende que, sendo os méritos de Cristo infinitos, eles são suficientes para salvar todos os homens.
Entretanto, isto não implica que todos os homens estejam automaticamente salvos, como pretendem certos protestantes, e como defendem os modernistas crentes que exista no homem a tal semente divina de que fala gnosticamente a otimista Gaudium et Spes, Tristitiae et Angustiae.
Os méritos de Jesus Cristo, nosso Divino Redentor, como já dissemos, são infinitos, e, por isso, assaz suficientes para salvar todos os homens. Entretanto, nem todos aproveitam desses méritos: é preciso, para se salvar, que um sujeito aceite a redenção, aceitando a Fé e pedindo o Batismo, a fim de poder participar dos méritos infinitos de Cristo, e aceitando os sacramentos, possa praticar a lei de Deus e da Igreja. É a isso que se chama redenção subjetiva: que cada sujeito queira aceitar a redenção de Cristo tornado-se membro da Igreja, pelo Batismo.
A substituição do "por muitos" pelo fraudulento "por todos" incutiu sutilmente no povo que todos os homens se salvam.
É de espantar que o povo deixasse de se confessar?
É de espantar que os padres não quisessem mais atender confissões?
É de espantar que os confessionários tenham sido abandonados, passando os padres a brincar de consultores psicanalíticos, sem diploma e sem competência?
É de espantar que o ecumenismo tenha recebido larga compreensão? Pois se todos se salvam, para que ser católico?
Todos somos bons! Todos somos até divinos! Todos estamos salvos!
Foi o que ensinou implicitamente o Concílio Vaticano II.
É no que acreditam os modernistas.
Vamos festejar!!!
A Missa passou a ser um banquete festivo e não mais a renovação do sacrifício do Calvário.
Festejemos, pois! A Missa é um banquete! Uma ceia, como ensinou Padre Martinho Lutero!...
Festejemos! Com pandeiro, cuíca e reco-reco!
Festejemos com guitarras, baterias e moçoilas dançando sensualmente, diante do altar. Do altar, não. Da mesa da ceia.
A Missa Nova procura tornar tudo profano, pois ela pouco tem a ver com a Teologia da Missa antiga.
É uma Nova Missa fabricada com a ajuda de seis pastores protestantes (GEORGES, JASPER, SEPHARD, KONNETH, SMITH, e MAX THURIAN, representando respectivamente o Conselho Ecumênico das Igrejas cismáticas, os Anglicanos, os Luteranos e a comunidade de Taizé).
Portanto, o decreto da Santa Sé ordenando que se traduza corretamente as palavras da consagração do cálice, usando o “por muitos” e não o “por todos” é indiretamente um grave golpe na doutrina da salvação universal e no ecumenismo. É, pois, um grave golpe no Vaticano II e em seu antropocentrismo.
Durante décadas, os defensores da missa nova afirmaram que a era só o latim e o vernáculo que diferenciavam a Missa de sempre da Missa Nova.
O decreto criador do Instituto do Bom Pastor obrigou os modernistas franceses a abrir finalmente a boca e o jogo: vários deles – jornalistas, e mesmo Bispos – protestando contra a iminente liberação da Missa de sempre pelo Papa Bento XVI, acabaram por declarar abertamente que o problema não era o latim, nem que era uma questão de gosto nostálgico por uma cerimônia do passado, mas sim uma profunda questão teológica: a Missa de sempre e a Missa nova teriam duas Teologias opostas.
Habemus confitentem reum! (Temos a confissão dos culpados!)
Essa confissão tardia levanta agora publicamente um problema: a Nova Missa de Paulo VI, tendo outra Teologia que a Missa anterior. Qual das duas é inteiramente católica?
Claro que a Missa de sempre é totalmente católica.
É a Nova Missa de Paulo VI, feita por maçons e pastores protestantes, é a essa nova Missa causadora de tantos abusos e escândalos que cabe a pergunta: até que ponto essa Missa pode ser tida como ortodoxa? Até que ponto ela se afastou da doutrina católica?
Desde o princípio, os Cardeais Bacci e Ottaviani denunciaram que a Nova Missa de Paulo VI se afastara perigosamente da doutrina de Trento, aproximando-se da teologia protestante da ceia.
Depois, ela se tornou a fonte de abusos e de sacrilégios.
Essa nova Missa contribuiu tanto para a apostasia de milhares de sacerdotes, quanto para o verdadeiro êxodo de fiéis católicos para as seitas protestantes. Foi especialmente por meio dela que o povo conheceu o Concílio Vaticano II. Tanto que o próprio Paulo VI disse a Jean Guitton que jamais permitiria a liberação da Missa antiga, pois isso seria condenar simbolicamente o Vaticano II...
E é o que está fazendo, implicitamente pelo menos, Bento XVI.
A Missa passou a ser um banquete festivo e não mais a renovação do sacrifício do Calvário.
Festejemos, pois! A Missa é um banquete! Uma ceia, como ensinou Padre Martinho Lutero!...
Festejemos! Com pandeiro, cuíca e reco-reco!
Festejemos com guitarras, baterias e moçoilas dançando sensualmente, diante do altar. Do altar, não. Da mesa da ceia.
A Missa Nova procura tornar tudo profano, pois ela pouco tem a ver com a Teologia da Missa antiga.
É uma Nova Missa fabricada com a ajuda de seis pastores protestantes (GEORGES, JASPER, SEPHARD, KONNETH, SMITH, e MAX THURIAN, representando respectivamente o Conselho Ecumênico das Igrejas cismáticas, os Anglicanos, os Luteranos e a comunidade de Taizé).
Portanto, o decreto da Santa Sé ordenando que se traduza corretamente as palavras da consagração do cálice, usando o “por muitos” e não o “por todos” é indiretamente um grave golpe na doutrina da salvação universal e no ecumenismo. É, pois, um grave golpe no Vaticano II e em seu antropocentrismo.
Durante décadas, os defensores da missa nova afirmaram que a era só o latim e o vernáculo que diferenciavam a Missa de sempre da Missa Nova.
O decreto criador do Instituto do Bom Pastor obrigou os modernistas franceses a abrir finalmente a boca e o jogo: vários deles – jornalistas, e mesmo Bispos – protestando contra a iminente liberação da Missa de sempre pelo Papa Bento XVI, acabaram por declarar abertamente que o problema não era o latim, nem que era uma questão de gosto nostálgico por uma cerimônia do passado, mas sim uma profunda questão teológica: a Missa de sempre e a Missa nova teriam duas Teologias opostas.
Habemus confitentem reum! (Temos a confissão dos culpados!)
Essa confissão tardia levanta agora publicamente um problema: a Nova Missa de Paulo VI, tendo outra Teologia que a Missa anterior. Qual das duas é inteiramente católica?
Claro que a Missa de sempre é totalmente católica.
É a Nova Missa de Paulo VI, feita por maçons e pastores protestantes, é a essa nova Missa causadora de tantos abusos e escândalos que cabe a pergunta: até que ponto essa Missa pode ser tida como ortodoxa? Até que ponto ela se afastou da doutrina católica?
Desde o princípio, os Cardeais Bacci e Ottaviani denunciaram que a Nova Missa de Paulo VI se afastara perigosamente da doutrina de Trento, aproximando-se da teologia protestante da ceia.
Depois, ela se tornou a fonte de abusos e de sacrilégios.
Essa nova Missa contribuiu tanto para a apostasia de milhares de sacerdotes, quanto para o verdadeiro êxodo de fiéis católicos para as seitas protestantes. Foi especialmente por meio dela que o povo conheceu o Concílio Vaticano II. Tanto que o próprio Paulo VI disse a Jean Guitton que jamais permitiria a liberação da Missa antiga, pois isso seria condenar simbolicamente o Vaticano II...
E é o que está fazendo, implicitamente pelo menos, Bento XVI.
Duas Missas – Duas Teologias – Duas Religiões
Agora, por ocasião da fundação do Instituto do Bom Pastor, de direito pontifício, e que, pelo decreto de fundação tem a obrigação de só rezar a Missa de sempre, assim como tem o dever de fazer a critica da letra do Concílio Vaticano II, jornalistas, padres e Bispos modernistas fizeram violentas e escandalosas declarações defendendo teses modernistas e atacando o Papa Bento XVI. Nessas declarações é que vários deles acabaram por confessar que a diferença das duas Missas era de fundo teológico e não simplesmente uma questão de idioma ou de estética ou gosto.
Damos abaixo algumas dessas declarações.
O jornalista Patrick Perotto afirmou que a Missa de sempre se fundamenta numa noção sacrifical da Missa — ela é a renovação do sacrifício do Calvário – enquanto a nova missa de fundo protestante de Paulo VI se baseia numa teologia da comunhão e do ecumenismo.
Eis suas palavras:
"Com efeito, por detrás do rito, se escondem problemas muito mais importantes. Em um sermão pronunciado no dia 10 de Setembro [de 2006] na igreja de Santo Eloi em Bordeaux, o Padre Laguérie não escondeu suas intenções: acabar com o Concílio Vaticano II. Dito em outros termos, ele deseja o retorno ao antigo rito que desenvolve uma visão sacrifical da Missa e não uma teologia da comunhão tal qual ela se pratica hoje, mas se opõe também ao ecumenismo com os protestantes e com os ortodoxos, ao diálogo inter religioso com as religiões não cristãs, assim como à liberdade religiosa. Antes do Concílio, a Verdade só podia ser católica!" (Patrick Perotto, Remoinhos em Torno da Missa em Latim, artigo in O Leste Republicano, 31-X-2006).
No site Golias, órgão ultra-radical dos modernistas franceses, Christian Terras e Romano Libero publicaram um artigo intitulado "Verdadeiramente Tradicional?", em cuja introdução se podem ler estas linhas incríveis sobre a Missa de sempre, acusando-a de ter uma teologia pagã de sacrifício, portanto, uma teologia não evangélica, não cristã:
"O antigo rito da Missa estava por demais marcado por uma Teologia inumana e talvez pagã, em todo o caso, pré-evangélica, de sacrifício" (Christian Terras, Romano Libero, Traditionnelle Vraiment? – In Golias, 21 de Outubro de 2006 http://www.golias.ouvaton.org/Traditionnelle-vraiment).
E ainda, nesse mesmo artigo, escreveram esses autores:
"O que está em jogo é importante do ponto de vista teológico. A Missa em latim de Pio V salienta a idéia de um Deus onipotente, afastado do mundo, que julga os homens, quando a Missa resultante do Vaticano II salienta a idéia de um Deus entre os homens. Na primeira, o sacerdote sobe os degraus do altar, portanto volta-se para Deus, dando as costas aos fiéis. Na outra, o Padre preside a assembléia no meio dos fiéis, como Cristo que veio habitar entre os homens".
"São duas teologias que se confrontam, duas atitudes espirituais que se manifestam em liturgias diferentes. Não é uma questão de sensibilidade artística ou estética. Mas a manifestação de um sentido que é dado à mensagem cristã". (Christian Terras, Romano Libero, artigo Tradicional-Verdadeiramente, http://www.golias.ouvaton.org/Traditionnelle-vraiment, 21 de Outubro de 2006).
Isso é que é falar claro! A Missa de São Pio V e a Missa de Paulo VI são Missas que refletem duas Teologias diferentes e opostas.
Se esses autores disseram a verdade, deve-se impor a pergunta: serão elas Missas de uma mesma religião?
A lógica manda concluir que não: elas refletem duas teologias opostas, portanto duas religiões opostas. Se uma é certa, a outra é errada.
Daí a violência da polêmica entre os seus respectivos defensores.
Uma semana depois, esses mesmos autores, publicaram no site Golias o artigo intitulado "O que está por baixo da Querela Litúrgica".
"Certamente, a Teologia da antiga missa, ignorando a assembléia e a dimensão de refeição nos parece superada e desequilibrada. Ao mesmo tempo, é principalmente o conjunto de uma visão de Deus e do homem sub-jacente à reivindicarão tradicionalista que nos incomoda profundamente. Trata-se de permanecer fiel ao impulso imprimido pelo Vaticano II". “(...) Em torno da Liturgia se confrontam visões muito vastas das coisas. Como nota o teólogo Jean Rigal". A Liturgia, além do fato de tocar o visual, o sentimento, o costume, envolve também toda uma concepção de Igreja e dos ministérios. Evidentemente, o fato de só o padre fazer as leituras bíblicas ou se os leigos as fazem também não quer dizer a mesma coisa. Não é também a mesma coisa se há somente homens distribuindo a comunhão, ou se há também mulheres. Eis porque as polêmicas sobre a Liturgia são freqüentemente bem mais profundas do que aparentam".
"Para localizar o envolvimento de Golias neste assunto, parece-me judicioso retomar por nossa conta as excelentes reflexões dos católicos de Bordeaux":
"Será preciso acentuar, não é a Missa em latim que nos importa. Essa prática camufla mal os objetivos políticos fundamentais desse grupo. É exatamente contra os perigos do integrismo – quer seja ele católico, judeu, ou muçulmano ou outro ainda – que nos erguemos (...) A Fraternidade São Pio X, excomungada pelo Papa em 1988, se manifesta por um apego a valores antidemocráticos, por seu ódio à laicidade, aos Direitos do Homem e por uma visão arcaica da sociedade (homofonia, visão retrógrada do papel das mulheres, controle educativo, oposição ao controle de natalidade, etc...(...).
"A dissidência integrista se origina portanto em lugar bem diferente: em uma visão ideológica perversa, politizada do catolicismo. A tendência naturalmente intransigente do catolicismo é levada aí até o extremo" (Christian Terras, Romano Libero, Les Dessous de la Querelle Liturgique -- http://www.golias.ouvaton.org/ 28 octobre 2006).
Eis aí o que pensam os modernistas franceses, sobre a Missa católica: há uma Teologia da missa Nova de Paulo VI totalmente discordante da Teologia em que se fundamentou a Missa de sempre. A discordância não por causa do latim, como sempre tentaram dizer os modernistas, enganando o povo fiel. A discordância é teológica.
As duas Missas refletem duas visões do mundo totalmente opostas. Uma é a Missa do Deus que se fez homem e morreu por nós no Calvário.
A outra é a Missa do Homem que se fez deus, por sonhar ter em si uma semente divina.
E certos Bispos modernistas franceses, não pensam diversamente.
O Bispo de Verdun, assim se expressou com relação ao anunciado decreto de Bento XVI, liberando a Missa de sempre:
"(...) a escolha do rito tridentino não é só uma questão de sensibilidade; a liturgia, com efeito, é portadora de uma Teologia da Igreja, e a liturgia saída do Vaticano II exprime a teologia – permanente – da Igreja tal qual ela foi formulada pelo Concílio Vaticano II (...) a palavra sensibilidade não é suficiente para explicar a razão da escolha da liturgia tridentina: num domínio tão grave como o da Liturgia, a gente não se conduz somente pela sensibilidade" (François Maupu, Bispo de Verdun).
Numa entrevista, intitulada "A Missa em Latim: Um medo ante à Abertura ao Mundo”, em 17 de Outubro de 2.006, no jornal Humanité, – humanite.presse.fr http://qien.free.fr/2006/200610/20061017_gaffin.htm – o Padre Gilbert Gaffin, antigo representante do Escritório Internacional do Ensino Católico no Conselho da Europa, deu sua opinião sobre a volta da missa em Latim desejada pelo Papa Bento XVI:
"Salientemos inicialmente que não se trata de restaurar o latim na Missa tal como ela decorre do Vaticano II, mas de permitir celebrar, em latim, a Missa de antes do Vaticano II, mais conhecida como Missa de São Pio V. Falando claro, isso significaria voltar a celebrar como se o Vaticano II não tivesse existido".
Falou bem Padre Gaffin: se Bento XVI liberar a Missa de sempre, ele estará de fato anulando o Concílio Vaticano II. Ou, como disse o site Golias, estará enterrando o Vaticano II, com seu humanismo antropocentrista, com seu relativismo ecumênico, com sua colegialidade anti-monárquica, portanto anti papal e democratizante.
Se Bento XVI, capitular ante os uivos da alcatéia modernista, ele estará dando triunfo à Nova Missa com sua Teologia antropocentrista e heterodoxa, estará fazendo triunfar o relativismo teológico do ecumenismo, abdicando, de fato, da monarquia papal, para instalar em seu lugar, plenamente, a colegialidade democrática do Vaticano II, na Igreja de Cristo, sobre a qual as portas do inferno não podem prevalecer.
Cremos na palavra de Cristo. Os modernistas não prevalecerão. “Non praevalebunt!”.
Rezemos pelo Papa Bento XVI para que ele, "não recue por receio dos lobos" conforme ele mesmo pediu na homilia da sua primeira Missa pontifícia.
São Paulo, 22 de Novembro de 2006
Orlando Fedeli
Para citar este texto:
"´Por muitos`. Não ´por todos`"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/por_muitos/
Online, 21/12/2024 às 17:47:35h