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Como se amordaça a pesquisa teológica - a obra de José Maria Vigil condenada pelos bispos espanhóis
Claudia Fanti, Adista
Nota: Publicamos, para conhecimento de nossos leitores, um artigo da agência Adista, ligada à Teologia da Libertação. Nesse artigo, pode-se ver de que modo os marxistas da Teologia da Libertação vêem a orientação do pontificado de Bento XVI.
DOC-1946. MADRI-ADISTA. Não se pode propriamente definir como uma surpresa a Nota da Comissão Episcopal Espanhola para a Doutrina da Fé sobre o livro deJosé Maria Vigil "Teologia del pluralismo religioso. Curso sistemático di Teologia Popular" (Edições El Almendro, Córdoba, 2005).
Religioso claretiano de origem espanhola, atualmente residente no Panamá, coordenador da Comissão teológica internacional da Associação Ecumênica dos Teólogos do Terceiro Mundo (Asett, o Eatwot em inglês), Vigil é um dos expoentes de vanguarda da Teologia pluralista da Libertação, a Teologia nascida do fecundo matrimônio entre a Teologia do Pluralismo Religioso e a Teologia da Libertação, noutras palavras, exatamente entre as duas bestas negras do Vaticano (v. Adista nn. 66/03, 46/05, 46, 86 e 88/06). Não há dúvida que, justamente sobre a Teologia do Pluralismo Religioso,se focalizem as maiores preocupações de Roma, comoapareceu com força, já a partir da Dominus Iesus (a Declaração sobre a unicidade euniversalidade salvífica de Jesus Cristoe da Igreja, publicada no ano 2000, pelaCongregação para a Doutrina da Fé), para continuar com as Respostas a quesitos referentes a alguns aspetos acerca da doutrina sobre a Igreja, dadas pela Congregação para a Doutrina da Fé, publicadas em 10 de Julho passado (v. Adista n. 53/07), e para concluir com a Nota sobre alguns aspetos da Evangelização,difundida no dia 14 de dezembro próximo passado, sempre pelo Dicastério dirigido pelo Cardeal William Levada (v. Adista n. 89/07).
Uma longa série de medidas atingiu, assim, todos quantos se ocuparam, em vários modos, do diálogo entre fés diversas, de questões relativas à unicidade de Cristo, com relação à função da Igreja na salvação, ao valor salvífico das outras religiões, desde o PadreTissa Balasuriyado Sri Lanka (v. Adista n. 87/96)ao belga PadreJacques Dupuis(v. Adista n. 19/01), ao jesuíta estadunidensePadreRoger Haight, (e, no campo daCristologia, ao jesuítaPadreJon Sobrino; v. Adista n. 23/07) até ao PadrePeter Phan, estadunidense de origem vietnamita (v. Adista n. 89/07). E se até um teólogo como o francês Claude Geffré, que jamais assumiu posições radicais sobre o tema do pluralismo religioso, continuando, por exemplo, a afirmar a unicidade da mediação de Cristo para a salvação do mundo, teve alguns problemas com o Vaticano (vendo negar-se-lhe a concessão do doutorado honoris causa pela Faculdade de Teologia de Kinshasa, na República Democrática do Congo; v. Adista n. 45/07), certamente não poderá espantar-se com essa condenação, por parte dos Bispos espanhóis, – em absoluta coerência com a ultra conservadora Instrução pastoral Teologia e Secularização na Espanha - Quarenta anos depois do encerramento do Concílio Vaticano, emanada pela Conferência episcopal em 2006 - de uma obra, exatamente como a de Vigil, situada na fronteira mais avançada, representada pela Teologia Pluralista da Libertação (desse autor publicamos numerosos artigos e comentários, veja-se, por exemplo, os números 10 e 32/04; 18, 36 e 88/05; 14, 52 e 88/06; 18/07 e o livro digitalizado, traduzido em italiano pela Adista,Descer os pobres da cruz: cristologia da libertação).
(tradução nossa)
Para citar este texto:
"Como se amordaça a pesquisa teológica - a obra de José Maria Vigil condenada pelos bispos espanhóis"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/jose_vigil/
Online, 21/12/2024 às 14:21:21h