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Igreja
A Igreja é Una
Dom Andrea Gemma
BISPO EMÉRITO DE ISMENIA-VENAFRO
http://www.papanews.it/news.asp?IdNews=8372#a 07/07/08
A expressão “Igrejas irmãs” deverá, pois, ser evitada a todo custo, se não se quiser cair na heterodoxia. Justamente domingo, justamente dia 29 Junho, quando assistíamos a solene cerimônia realizada na Basílica Vaticana, e enquanto admirávamos a humildade e a cortesia do Romano Pontífice para com o hóspede proveniente de Costantinopla – leia-se: Istambul -, o Papa Bento se dirigia, no discurso, todo centrado na necessidade de honrar os Santos Apóstolos Pedro e Paulo, na necessária unidade que é a nota distintiva da única Igreja de Jesus.
O plural de Igreja pertence unicamente às comunidades locais, governadas por um sucessor dos apóstolos, nas quais a inteira Igreja universal subsiste e se realiza. O título de Igreja não pode prescindir dessas características distintivas de uma comunidade que se reclama de Cristo: a comunhão “cum Petro et sub Petro”, a validade da Eucaristia e o ministério sagrado.
Todas as demais agregações cristãs deveriam ser chamadas oportunamente de “confissões”. Somente com essa precaução é salvaguardada a fidelidade ao desígnio institucional de Jesus.
Voltando à celebração de 29 de Junho passado, ouvimos o ilustre hóspede do Papa, acolhido com todas as honras, ater-se pela enésima vez, em sua breve intervenção, àquela terminologia que, ademais, volta sempre aos lábios de quem insiste ssobre alguns lugares comuns que podem impressionar os ignorantes, mas não a quem conhece bem como se deram os fatos, e que não ajuda, de modo algum, a causa da autêntica unidade. Tivemos que ouvir com desgosto, pela enésima vez, a historiazinha da “antiga Roma” que teria sido substituída pela “nova Roma”,: exatamente Costantinopla.
Para quem não soubesse disso, o patriarcado daquela cidade tem, sob sua guarda, pouco mais de mil fiéis cristãos imersos num mar de membros de outras religiões. Como apareceu a história, toda montada, de “nova Roma”? É fácil dizer. Em 451, quando o vastissimo Império romano estava, há tempo. dividido entre o império do Ocidente e o império do Oriente, este último, graças aos empreendedores imperadores que se sentavam sobre aquele trono, e graças aos vários estalidos de rachaduras com que o Império romano do Ocidente dava sinais evidentes de ruína - dalí há pouco desapareceria totalmente -, celebrou-se Concílio de Calcedônia, convocado pelo Imperador do Oriente e aceito também pelo Bispo de Roma, São Leão I, que mandou para lá seus plenipotenciários. Foi nessa ocasião que os empreendedores representantes das Igrejas do Oriente, realizando un enorme escorregão teológico, isto é; ligando a importância da sede episcopal à importância da sé imperial, ousaram, no famoso canon 28, proclamar Costantinopla como a “nova Roma”. Subentendiam, como aparece evidente, que tendo diminuido a importância da Roma dos imperadores do Ocidente, a mesma sorte deveria sofrer aquela que definiram, como foi dito, a “antiga Roma” no seu aspeto episcopal e espiritual. O Bispo de Roma protestou imediatamente contra esse pronunciamento, que de outro lado ocorrera subreticiamente quando os delegados papais tinham já retornado a Roma. O famoso canon 28, pois suas palavras, com a pequena e espertalhona intenção terminológica, não tem, e não pode ter, nenhum valor conciliar e, portanto, teológico: todo católico deve sabê-lo para não se deixar enganar por certas aparências e por certas proclamações. O patriarca de Costantinopla não pode de modo algum considerar-se ta e chefe de toda a ortodoxia, como ocorre frequentemente, e como se ouve dizer para fins ecumênicos. Os Patriarcas ortodoxos, de fato - também isto é preciso saber -, são cada um deles autocéfalos no seu território, chefes exclusivos da comunidade cristã diretamente a eles submetida.
Voltando à questão da “nova Roma”, não esqueçamos que houve até quem tenha indicado Moscou como “terceira Roma”.
Ouçamos então as admiráveis palavras pronunciadas por Bento XVI:
A antiga Roma, pois – parece dizer o Papa -, a Roma dos Césares e das conquistas, do direito e da “pax augusta”, acabou quando com a Cruz de Cristo lá chegou Pedro, que nela, por isso, instaurou a “nova Roma” fundada sobre ele, que é a rocha destinada a durar pelos séculos, qual porto para todos os povos chamadas a formar o novo reino que tem Jesus por cabeça. Desta “nova Roma” nós católicos, sem mérito nenhum nosso, fazemos parte com orgulho igual ao bem que nos tocou.
Para citar este texto:
"A Igreja é Una"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/igreja_una/
Online, 21/11/2024 às 09:02:04h