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« Não impor cargas além do que é essencial »
Fr. Paul McDonald
Thursday, Fevereiro 05, 2009
Fr. Paul McDonald
Diocese de São Catharines (Ontário)
Recente Declaração da Secretaria de Estado do Vaticano afirmou que para "um futuro reconhecimento da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X" se exige, por parte da Fraternidade, como "condição indispensável um pleno reconhecimento Concílio Vaticano II e do Magistério dos Papas [conciliares e pós-conciliares]".
Neste contexto, a palavra "magisterium" é ambígüa, porque pode significar um ofício e autoridade para ensinar, que é o seu sentido próprio e primeiro, ou um sentido análogo, isto é, o conteúdo de um ensinamento.
Mas o conteúdo de um ensinamento tem pesos variados. Ele vai desde um ensino infalível, como por exemplo, sobre a impossibilidade de uma mulher ser ordenada, até o ensino dado em audiências gerais que não é formalmente dirigido absolutamente à Igreja universal.
Graças à uma Providência misericordiosa, uma afirmação refere-se também "às questões ainda em aberto- [“le questioni ancora aperte”].
Algo que deveria ser como um assentimento interno não qualificado, para qualquer afirmação de um Concílio.
O Vaticano II (em seus textos) não faz de si mesmo um ídolo nem clama por ter um status de "super infallibillidade", ou por ser um "super dogma" (como o disse o Cardeal Ratzinger), e como acreditam por demais numerosos eclesiásticos contemporâneos.
Uma visão exagerada pode ser encontrada, por exemplo, no Sr. John Allen do National Catholic Reporter, o qual recentemente escreveu sobre a Sociedaede São Pio X:
"Levantar uma excomunhão abre uma porta para os tradicionalistas, mas isso não significa que eles entraram. Se eles queiserem ser plenamente reintegrados, eles precisam aceitar o ensinamento católico oficial, inclusive a liberdade de religião, e o respeito das outras religiões."
E um Bispo francês disse com relação a isso que "O Vaticano II não é negociável".
Eu argumento que *de acordo com o próprio Concílio *, muito do Vaticano II, de acordo com a lei divina é, de fato, negociável. Isto é assim porque muito do que o Concílio decidiu e declarou não é "essencial" nem dogmático.
Para um cristão batizado ficar católico, depois de rezar com os demais presentes o Credo de Nicéias, ele acrescenta:
E eu *creio* em tudo quanto a Santa Igreja Católica crê e ensina e proclama ter sido REVELADO por Deus. [Destaques meus].
Uma doutrina sobre direitos sociais, como a da Liberdade de religião do Vaticano II, não foi revelada por Deus, nem nenhum Concílio disse isso.. E muito certamente nunca foi definida enquanto tal dogmaticamente.
Portanto, para ser católico, ou para alguém tornar-se católico, não é preciso sustentar essa doutrina.
Depois de tudo, como diz o decreto sobre o ecumenismo do Vaticano II, Unitatis redintegratio, #18,
«...Este sagrado Concílio repete solenemente uma declaração de todos Concílios e dos Romanos Pontífices anteriores, que para uma restauração ou para a manutenção da unidade e da comunhão é necessário "não impor cargas além do que é essencial".»
Essencial é o que é infalível.
Ora, de novo, o que é “essencial” dificilmente pode ser definido uma “questão em aberto”.
Um protocolo de 1988 garantiu que Monsenhor Lefebvre era católico, um Arcebispo-em-boa-situação, mesmo estando num estado de dúvida, ainda que respeitosamente, face a certas posições conciliares e pós-conciliares que parecem "dificilmente conciiáveis com a Tradição".
Coisa semelhante deve ser substancialmente garantida para a Fraternidade São Pio X. A mesma coisa é um direito de todo Fiel.
Para citar este texto:
"« Não impor cargas além do que é essencial »"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/hermeneutica/
Online, 21/11/2024 às 08:57:49h