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Igreja
O fogo olímpico e o fogo de Jesus Cristo
Dom Nicola Bux e Dom Salvatore Vitiello
Cidade do Vaticano (Agência Fides) - O desejo humano de fraternidade recebeu um duro golpe: nem mesmo a tocha olímpica se salva da contestação. Certo, se ela deve ser o símbolo de alguma coisa que se pode realizar, pelo menos lá onde se desenvolvem as Olimpíadas, e não de uma utopia, ela não deveria ser contraditada; mas o seu fogo foi apagado várias vezes.
O projeto maçônico de reativar o fogo dos deuses do Olimpo, para conseguir a unificação da humanidade e obter a paz universal - mal camuflada imitação do cristianismo católico -, mostra a sua inconsistência. Um pouco como todas as afirmações sobre os valores, que omitem indicar de que raízes podem germinar.
Os gregos antigos viam o fogo como símbolo da divindade, energia zelosamente guardada no céu, deixando os homens ao frio, na terra. Prometeu procurou roubá-lo, mas foi acorrentado no Cáucaso; um abutre comia todo dia o seu fígado, que, à noite, tornava a crescer, metáfora do mal acalmado desejo de ter Deus na terra.
Por isso, as Olimpíadas da antigüidade eram uma emulação da “disputa recorrente” dos homens com os deuses, para conseguir arrancar deles alguma coisa. Também Jacó lutou com Gabriel “força de Deus”: venceu a preço de um deslocamento, que ele recordaria sempre (cfr Gn 32,33), limite da pretensão de ver Deus.
Mas Jesus veio e fez ver a Deus, anunciando em Peréia, habitada também por gregos: “Vim trazer o fogo sobre a terra; e como quereria que ele já estivesse aceso!” (Lc 12,49); mas Ele, novo Prometeu, se submeteu à humilhação da Cruz.
Para o cristão, o fogo de Olímpia é o pressentimento de algo, a impaciência de um mundo novo, que só cresce com a paciência, a de Deus, que suporta a cruz e que renunciou a todo triunfalismo.
Em vez, quem inventou as Olimpíadas modernas talvez pensasse assim: “nós agora fazemos as coisas, nós achamos o caminho, e achamos nele o mundo novo” (Bento XVI, Ao clero das dioceses de Belluno-Feltre-Treviso, 24 de Julho de 2007). A Igreja de Cristo deve resistir a tal tentação e permanecer sempre humilde, e, por isso, grande e gloriosa.
A unanimidade dos corações cresce com a humildade e não com a espetaculosidade, que, pelo contrário, acende as paixões e o orgulho. Essa é a verdadeira esperança do mundo.
O esporte não é a nossa divindade. A Igreja, como comunhão de irmãos e irmãs, renasce e cresce cada dia: esse é a verdadeira contribuição para o desenvolvimento da sociedade e do mundo. Somente atingindo, com coração humilde e confiante, o fogo do amor de Deus, se pode acender sobre a terra o fogo da caridade entre os homens: “Na oração contemplativa as palavras não são discursos, mas como gravetos que alimentam o fogo do amor” (CCC 2717).
A liturgia da noite de Páscoa benze o fogo novo, símbolo da glória que o Pai enviou, no Filho, sobre a terra: afim de que acenda o desejo do céu e nos guie a ele, renovados no espírito. Esse elemento cósmico é pois lido pela fé como símbolo da grandeza e da proximidade de Deus, da força do Espírito Santo. O ideal das Olimpíadas, de criar a unidade e a “catolicidade” do mundo se revela, mais uma vez, utópico diante do desejo de liberdade dos homens, diante do desejo de quem quer que saiba que a liberdade é insuprimível, porque é traço essencial da imagem e semelhança de Deus, que é verdadeira liberdade em si mesmo.
A unanimidade dos corações cresce com a humildade e não com a espetaculosidade, que, pelo contrário, acende as paixões e o orgulho. Essa é a verdadeira esperança do mundo.
O esporte não é a nossa divindade. A Igreja, como comunhão de irmãos e irmãs, renasce e cresce cada dia: esse é a verdadeira contribuição para o desenvolvimento da sociedade e do mundo. Somente atingindo, com coração humilde e confiante, o fogo do amor de Deus, se pode acender sobre a terra o fogo da caridade entre os homens: “Na oração contemplativa as palavras não são discursos, mas como gravetos que alimentam o fogo do amor” (CCC 2717).
A liturgia da noite de Páscoa benze o fogo novo, símbolo da glória que o Pai enviou, no Filho, sobre a terra: afim de que acenda o desejo do céu e nos guie a ele, renovados no espírito. Esse elemento cósmico é pois lido pela fé como símbolo da grandeza e da proximidade de Deus, da força do Espírito Santo. O ideal das Olimpíadas, de criar a unidade e a “catolicidade” do mundo se revela, mais uma vez, utópico diante do desejo de liberdade dos homens, diante do desejo de quem quer que saiba que a liberdade é insuprimível, porque é traço essencial da imagem e semelhança de Deus, que é verdadeira liberdade em si mesmo.
A Igreja, sempre combatida pelos grandes poderes da Anti Igreja, como Cristo pelo Anticristo, sabe que só através das chagas permanentes do Ressurecto, sopra o impulso do Espírito que renova, na humildade e silêncio, o próprio rosto, na sua fragilidade, e o mundo, na sua contradição.
Aqui está a verdadeira alegria: uma “corrida no estádio” para conseguir o prêmio, não caduco, da vida eterna e implorar: “Vem Santo Espírito, preenche o coração de teus fiéis e acende neles o fogo do teu amor”.
Aqui está a verdadeira alegria: uma “corrida no estádio” para conseguir o prêmio, não caduco, da vida eterna e implorar: “Vem Santo Espírito, preenche o coração de teus fiéis e acende neles o fogo do teu amor”.
Para citar este texto:
"O fogo olímpico e o fogo de Jesus Cristo"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/fogo_olimpico/
Online, 21/11/2024 às 08:44:44h