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Fidelidade à Liturgia de Sempre
Recebemos de um leitor o importante documento abaixo transcrito. Ele é um respeitoso pedido de diálogo e de esclarecimento feito por sacerdotes de Anápolis ao seu novo Bispo que, ao mesmo tempo que defende o famoso diálogo com outras religiões, não dialoga com seus próprios padres diocesanos, impondo-lhes concepções litúrgicas contrárias às disposições da Sé Apostólica, inclusive aos últimos documentos do Papa João Paulo II sobre a Eucaristia e a Liturgia.
No momento em que o Papa Bento XVI procura, na linha de João Paulo II, combater os abusos existentes na Missa, a corajosa, fiel e respeitosa atitude dos Padres de Anápolis é sumamente louvável, pois que, sem deixar de respeitar a autoridade episcopal, pedem diálogo e esclarecimentos, para se manterem fiéis ao Magistério Supremo da Igreja contra novidades e "invenções" impostas pelo Bispo local.
É com admiração por sacerdotes fiéis à autoridade papal que damos aos nossos leitores a possibilidade de conhecer este documento, que aliás tem sido divulgado por outras fontes na Internet.
MAGISTÉRIO EM DIÁLOGO
INTRODUÇÃO
Na sua homilia de Posse, Dom Frei João Wilk declarou ter por linha a "fidelidade ao atual Magistério da Igreja". Ele apela a depor as armas e promove o diálogo ecumênico e inter-religioso.
Pois bem, nós, uma boa parte do presbitério de Anápolis, queremos um dialogo inter-hierárquico com o nosso Bispo. Sentimos falta de esclarecimentos. O nosso compromisso inquestionável, pois, é para com o Magistério da Igreja. E não podemos não reparar divergências significativas entre o que Dom Frei João Wilk faz e manda fazer, e entre o que o Magistério ensina, ordena ou proíbe, nos seus documentos.
Pedimos, por conseguinte, que o Bispo Dom Frei João Wilk por seu múnus de ensinar, esclareça aos sacerdotes, diáconos e leigos da sua Diocese as bases da sua própria ação pastoral através de documentos válidos do Magistério, referente aos seguintes questionamentos:
1) RITUAL INVENTADO
1) RITUAL INVENTADO
No seu "Folheto Litúrgico da Crisma" redigido e imposto o seu uso obrigatório por ele mesmo, Dom Frei João Wilk apresenta um rito de "Entrada dos Símbolos Litúrgicos do Círio Pascal, da Bíblia e do Óleo de Oliveira".
No atual Ritual da Confirmação do Pontifical Romano (2.ª edição, 2003) não consta nada de tal procissão de símbolos litúrgicos. Ademais o cânon 846, manda seguir fielmente os livros litúrgicos e não permite acréscimo por própria iniciativa (veja também Instrução 'Redemptionis Sacramentum' N.º 31).
Pedimos a Dom Frei João Wilk que nos indique as fontes do Magistério, que autorizam o Bispo diocesano para tal acréscimo de ritual.
2) COMUNHÃO EM PÉ
O mesmo folheto manda receber a Santa Comunhão "em fila e em pé". Enquanto que, tanto a já referida introdução N.º 90, quanto o "Diretório da Liturgia" da CNBB para 2005, garantem ao fiel a "liberdade de receber a comunhão em pé ou de joelhos".
Pedimos a Dom Frei João Wilk o favor de nos apresentar uma prova objetiva que lhe permite tal restrição da liberdade do comungante.
3)COMUNHÃO SÓ "ALIMENTO"
No exercício do seu pastoreio, Dom Frei João Wilk ensinou: "A comunhão não deve ser recebida de joelhos. O momento da comunhão não é hora de adorar, mas de comer; o que significa que Jesus naquela altura, não está sendo apresentado como Deus, mas como alimento".
Uma documentação da Congregação para o Culto Divino (do ano 2002), citando o então Cardeal Ratzinger, agora Papa Bento XVI, diz: "A prática de receber a Santa Comunhão de joelhos tem a seu favor uma tradição multissecular e é um gesto particularmente expressivo de adoração, completamente apropriado na luz da verdadeira, real e substancial presença de Nosso Senhor Jesus Cristo, sob as espécies consagradas".
Pedimos a Dom Frei João Wilk, que nos apresente uma documentação teológica e litúrgica do Magistério, que apóie a sua própria posição de que a comunhão não pode ser recebida de joelhos, no gesto de adoração, e que o então Cardeal Ratzinger, por conseguinte, estava errado!
4) MESA DE COMUNHÃO
Dom Frei João Wilk não permite o uso de genuflexório para facilitar aos fiéis que o desejarem, receber a comunhão de joelhos. Nas igrejas de Vila Góis e de Jaraguá mandou até arrancar as mesas de Comunhão fixas.
Receber a Comunhão de joelhos, nunca foi proibido pela Igreja; tampouco depois do Concílio Vaticano II. Portanto permanece também o costume do uso da mesa de Comunhão enquanto não tiver tido uma interdição expressa por parte da autoridade eclesiástica competente.
5) CELEBRAÇÃO 'VERSUS DEUM'
6) TABERNÁCULO NO CENTRO
Além disso, os 'Lineamenta' para a XI Assembléia Ordinária do Sínodo dos Bispos no Vaticano (de 2004) consideram a possibilidade de o altar incluir no centro o Tabernáculo, dizendo o N.º 57 explicitamente: "Entre o Tabernáculo e o Altar da celebração Eucarística não existem sinais de conflito".
7) RESPEITO À INSTRUÇÃO REDEMPTIONIS SACRAMENTUM?
8) MISSA TRIDENTINA
CONCLUSÃO
OBSERVAÇÃO
PE. FRANZ HÖRL
Pedimos a Dom Frei João Wilk que nos mostre que ele esteja autorizado pelo Magistério de proibir o uso da mesa de Comunhão.
5) CELEBRAÇÃO 'VERSUS DEUM'
Dom Frei João Wilk combate agressiva e obstinadamente a celebração 'versus Deum'.
O Magistério nunca proibiu esta direção de celebração. Pelo contrário, as normas litúrgicas do Missal Romano indicam a co-existência de ambas as possibilidades. Ademais como mostrou uma foto num livro publicado recentemente sobre o Papa João Paulo II, na capela particular dele, o Papa celebrava a missa sempre 'versus Deum', e é claro, também na presença de várias outras pessoas que assistiam à sua missa.
Queremos ter apresentadas por Dom Frei João Wilk provas do Magistério, de por quê os sacerdotes que o desejam, não possam celebrar a missa 'versus Deum'.
6) TABERNÁCULO NO CENTRO
No último retiro do clero, Dom Frei João Wilk fez questão de que o Sacrário com o Santíssimo Sacramento fosse posto ao lado, de tal maneira que nas suas Missas celebradas aí, ele mesmo ao aproximar-se do altar, não fazia nenhuma referência a Ele, e somente uma inclinação ao Crucifixo no centro.
A Instrução 'Redemptionis Sacramentum', N.º 2l, explica, que conforme as normas litúrgicas, as celebrações devem ser adaptadas quanto às circunstancias pastorais correspondente à sensibilidade das pessoas.- Era, portanto evidentemente um desinteresse nos costumes litúrgicos e à sensibilidade do maior número dos padres da Diocese de Anápolis que celebram as missas com o Santíssimo no centro das suas igrejas.
Além disso, os 'Lineamenta' para a XI Assembléia Ordinária do Sínodo dos Bispos no Vaticano (de 2004) consideram a possibilidade de o altar incluir no centro o Tabernáculo, dizendo o N.º 57 explicitamente: "Entre o Tabernáculo e o Altar da celebração Eucarística não existem sinais de conflito".
Perguntamos a Dom João Wilk, qual é a sua posição pessoal frente às raízes do clero diocesano de Anápolis, formados pelo seu antecessor Dom Manuel Pestana Filho, ao qual na sua homilia de posse atribuiu "coerência e autenticidade" pois nos sentimos agredidos e oprimidos por imposições rigorosamente não dialogadas por V.ª Excelência.
7) RESPEITO À INSTRUÇÃO REDEMPTIONIS SACRAMENTUM?
No mesmo retiro do clero, o Bispo Dom Frei João Wilk deu a comunhão na mão de seminaristas e deixou que esses, por sua vez, ao lado dele molhassem a hóstia no vinho consagrado do Cálice.
A Instrução no seu número 62 proíbe exatamente isso.
Perguntamos a Dom Frei João Wilk se ele mandou que os seminaristas em geral, tivessem que receber a comunhão na mão. E queremos saber se ele sente-se obrigado a observar as normas desta instrução, ou se a considera casuísta ou legalista, e, portanto, de uma linha pastoral "já superada"?
8) MISSA TRIDENTINA
Sabemos que Dom Frei João Wilk está travando uma guerra sem tréguas contra a Missa Tridentina, que alguns poucos padres deste presbitério celebram. Foi esta a razão de proibir ao Pe. João Batista a celebração nas Capelas da Paróquia de N.ª S.ª d'Abadia, em Anápolis, e de tirar o Pe. José Henrique da Paróquia de São Pedro e São Paulo, em Abadiânia Nova, e de deixar o Pe. Frederico, do Orfanato, sob aviso.
O Magistério nunca proibiu essa Missa; pelo contrário, continua permitindo a sua celebração, embora com algumas restrições. E o Cardeal Ratzinger criticava o fato de muitos bispos no mundo não darem autorização para rezá-la em suas dioceses.
Perguntamos a Dom Frei João Wilk, como ele entende "continuidade" na Diocese de Anápolis, e se padres "tridentinos" são piores que pastores protestantes, com os quais se encontra para cultos ecumênicos?
CONCLUSÃO
Disse Dom Frei João Wilk: "A busca da unidade é o selo de uma religião verdadeira. Precisamos depor as armas da agressão" [...]
Pedimos ao nosso Bispo um diálogo aberto e objetivo, pois a busca de unidade, sem marginalização da verdade é também o selo de um Bispo Católico verdadeiro!
OBSERVAÇÃO
Essa proposta de diálogo, caso eu obtenha a permissão do Senhor Bispo, será lida na reunião do Clero (19/05/2005). Caso contrário, não sendo aceita, será somente distribuída em copias.
PE. FRANZ HÖRL
Para citar este texto:
"Fidelidade à Liturgia de Sempre"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/fidelidade_liturgia/
Online, 21/11/2024 às 08:47:28h