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Igreja
A prioridade da doutrina sobre a ação social
Padre Nicola Bux
As “Coordenadas fundamentais” para a missão na Itália
Cidade do Vaticano (Agência Fides) - Na Alemanha, o Papa Bento XVI contou a sua experiência do encontro com os Bispos de todo o mundo:
“os Bispos contam-me com gratidão a generosidade dos católicos alemães […] Mas, de vez em quando, um ou outro Bispo africano diz: "Se apresento na Alemanha projectos sociais, encontro imediatamente as portas abertas. Mas se apresento um projecto de evangelização, encontro bastantes reticências". É evidente que existe em alguns a ideia de que os projectos sociais devem ser promovidos com a máxima urgência, enquanto que as coisas que se referem a Deus ou até à fé católica são coisas bastante particulares e menos prioritárias.Contudo, a experiência daqueles Bispos é precisamente que a evangelização deve ter a precedência, que o Deus de Jesus Cristo deve ser conhecido, acreditado e amado, deve converter os corações, para que também as coisas sociais possam progredir, para que se dê início à reconciliação […]. A questão social e o Evangelho são entre si inseparáveis. Onde dermos aos homens só conhecimentos, habilidades, capacidades técnicas e instrumentos, ali levaremos muito pouco. Então manifestam-se muito depressa os mecanismos da violência, e a capacidade de destruir e de matar torna-se a capacidade prevalecente, torna-se a capacidade para alcançar o poder”.
O que dizer? Acontece inclusive na Itália, para tantos agentes pastorais clérigos e leigos, de pospor o Evangelho a projetos de socialidade, legalidade, mundanalidade etc e reduzir as Caritas, como se ouve por aí, a agências de desenvolvimento. Parece que a Evangelii nuntiandi de Paulo VI não deixou vestígios na Igreja e nem mesmo a nova evangelização de João Paulo II. Como é possível? Uma das causas não secundárias é o relativismo que, não aceitando e reduzindo a possibilidade de uma verdade salvífica universalmente válida, levou a considerar secundária ou indiferente a evangelização e prioritária a promoção humana, como se o anúncio de Cristo Homem-Deus não seja em si mesmo promoção do homem.
Certamente, a grande visão do homem trazida por Cristo e proposta pela Igreja não pode não colocar em crise as culturas que se abrem ao Evangelho.
Ainda em um seu discurso na Alemanha, o Santo Padre recordou que “é responsabilidade dos cristãos, nesta hora, tornar visíveis aquelas orientações de um justo viver, que a nós se esclareceram em Jesus Cristo”. Isso evidentemente vale também para a Itália. E o Card. Camillo Ruini forneceu a chave para o testemunho dos católicos na Itália, destacando na abertura do Conselho permanente da Cei em 18 de setembro, a importância da “lição” proferida pelo Papa na Universidade de Regensburg, no qual “ele pôde não somente propor, mas argumentar a verdade, validez e atualidade do cristianismo através de um grande afresco teológico, e ao mesmo tempo histórico e filosófico, capaz de fazer emergir o laço essencial entre a razão humana e a fé no Deus que é Logos, mostrando que este laço não está confinado no passado, mas abre hoje grandes perspectivas ao nosso desejo de conhecer e de viver uma vida plena e livre. Esta lição, junto com a Encíclica Deus caritas est e com o discurso para as felicitações à Cúria Romana de 22 de dezembro, oferece as coordenadas fundamentais da mensagem que o Papa está propondo: devemos, portanto, meditá-la e assimilá-la em profundidade, já no contexto do Congresso que nos aguarda em Verona”.
Certamente, a grande visão do homem trazida por Cristo e proposta pela Igreja não pode não colocar em crise as culturas que se abrem ao Evangelho.
Ainda em um seu discurso na Alemanha, o Santo Padre recordou que “é responsabilidade dos cristãos, nesta hora, tornar visíveis aquelas orientações de um justo viver, que a nós se esclareceram em Jesus Cristo”. Isso evidentemente vale também para a Itália. E o Card. Camillo Ruini forneceu a chave para o testemunho dos católicos na Itália, destacando na abertura do Conselho permanente da Cei em 18 de setembro, a importância da “lição” proferida pelo Papa na Universidade de Regensburg, no qual “ele pôde não somente propor, mas argumentar a verdade, validez e atualidade do cristianismo através de um grande afresco teológico, e ao mesmo tempo histórico e filosófico, capaz de fazer emergir o laço essencial entre a razão humana e a fé no Deus que é Logos, mostrando que este laço não está confinado no passado, mas abre hoje grandes perspectivas ao nosso desejo de conhecer e de viver uma vida plena e livre. Esta lição, junto com a Encíclica Deus caritas est e com o discurso para as felicitações à Cúria Romana de 22 de dezembro, oferece as coordenadas fundamentais da mensagem que o Papa está propondo: devemos, portanto, meditá-la e assimilá-la em profundidade, já no contexto do Congresso que nos aguarda em Verona”.
João Paulo II, na homilia de beatificação dos mártires Lorenzo Ruiz e companheiros, recordou: “Ser cristão significa doar todos os dias si mesmo em resposta à oferta de Cristo, que veio ao mundo para que todos tenham a vida e a tenham em abundância” (AAS, LXXIII,191, 342). Este é o maior ato de culto e de amor por Deus e pela humanidade que os católicos, também na Itália, são chamados a realizar. (Agência Fides 12/10/2006)
(destaques nossos)
(destaques nossos)
Para citar este texto:
"A prioridade da doutrina sobre a ação social"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/doutrina_acao_social/
Online, 21/11/2024 às 08:56:40h