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"Confrades"
Orlando Fedeli
Quando se visitam as silenciosas -- mas tão eloqüentes -- Catedrais de pedra da Idade Média, fica-se extasiado pela harmonia, lógica e seriedade de pensamento dos homens de uma época que a estupidez moderna chamou de 'Idade das Trevas'. A Idade Média era apaixonada pela luz. Luz do sol que rebrilhava nos vitrais. Luz da verdade que brilhava nas Sumas.Foi a 'Idade das Trevas' que fez o estilo gótico, que se fundava na estética da luz. Foi a 'Idade das Trevas' que fundou as Universidades onde pontificavam São Tomás de Aquino e São Boaventura. Era a Idade Média que ia assistir os debates de São Bernardo com Abelardo em Sens. Era a Idade dos monges e dos santos. De Hugo de São Victor e de São Luís, rei de França.
Luz e doçura caracterizam a 'Idade das Trevas' - Lumen et dulcedo – palavras que sintetizavam o pensamento vitorino e que norteiam toda a 'Divina Comédia' de Dante, poema máximo de uma era de 'ignorância gótica'.
Quando se sai de uma gótica Catedral de lógica - que um autor bem chamou de 'escolástica de pedra' – e se retorna às caóticas avenidas modernas, tem-se a impressão de sair do paraíso para entrar no inferno. Sim, no inferno. No inferno da época das luzes tenebrosas do mundo moderno que, renegando a Fé, caiu no desvario e na estupidez. Caiu nos crimes de Auschwitz e nas mentiras da dialética marxista.
Das Catedrais góticas ao caos da 'arte' contemporânea; da santidade em armadura de Santa Joana d’Arc e de São Luís até os gurus do nosso tempo; do canto gregoriano ao rock; da Sorbonne do tempo de Frei Tomás de Aquino às tolices dos jornais modernos e dos cursos de nossas pobres universidades de fim de semana – ou mesmo de semana inteira -- há um abismo.
Esse abismo, nós o sentimos muito claramente ao ler qualquer artigo de um 'Frei Betto', que 'modestamente' se apresenta como 'confrade de São Tomás', só porque é dominicano como o Doutor que a Igreja aponta como modelo de virtude e de sabedoria teológica.
Não há dúvida que todo frade dominicano é de fato, pelo menos materialmente, 'confrade de São Tomás'. Mas, quando uma confraternidade é apenas material, ao invés de honra, traz humilhação.
E isso é fácil de compreender. É fácil até para os 'teólogos' modernos que misturam Marx mal digerido, gnose mal compreendida e heresia bem amada por eles.
Se algum Bispo se apresentasse como 'confrade de Judas Iscariotes', ou então se referisse a ele como 'meu irmão no episcopado, Judas Iscariotes', estaria dizendo materialmente uma verdade, pois Judas foi apóstolo de Cristo. Entretanto, nenhum Bispo se exprimiria dessa forma. Embora materialmente se trate de uma verdade, o crime de Judas tornou-o execrável. E nenhum Bispo aceitaria lembrar essa confraternidade material com Judas no Colégio Apostólico.
Um choque semelhante se tem, quando alguém – com idéias e práticas tão opostas às do santo - se anuncia como 'Confrade de São Tomás', sem nenhuma restrição de humildade, sem qualquer ressalva, como que se pondo no mesmo nível que o Doutor Angélico. Sentando-se atrevida e pretensiosamente na cátedra do Santo Aquinate.
Se um grande filósofo ou teólogo dominicano, empurrando santo Tomás um pouco para lá em seu banco de professor, dissesse: 'meu confrade São Tomás', sem acrescentar nada que ressaltasse a grandeza do Doutor Angélico e a sua própria pequenez, daria patente manifestação de orgulho e de vaidade.
A coisa piora à enésima potência quando se lê o pobre artigo do chamado Frei Betto, o 'confrade' moderninho de São Tomás de Aquino, que, sem nenhum pejo, se assenta ao lado do Aquinate para escrever frases filosoficamente absurdas ou teologicamente heréticas.
E tomando ares de sábio !
Fazendo-o, Betto desonra São Tomás.
O espanto, no caso de Frei Betto, é proporcional à diferença entre eles. É que a desproporção entre esses dois 'confrades' é abissal !
Nosso contemporâneo êmulo e 'confrade de São Tomás' escreveu em O Estado de São Paulo (2 – VI - 1999) um absurdo artigo intitulado 'O Corpo Cósmico'. Para 'comemorar' a festa de Corpus Christi.
Logo no início ele nos brinda com uma tese metafísica espantosa:
'A festa de Corpus Christi, amanhã, convida os cristãos a refletir sobre a materialidade do ser' (sic !).
Que quer dizer nosso pouco modesto 'confrade' de São Tomás' com 'materialidade do ser?
O que naturalmente se pode entender por essa expressão – 'materialidade do ser' – é que, para Betto, a materialidade é uma característica do ser. De todo ser. Todo ser seria então material. Marx e Stalin aplaudiriam Frei Betto. Com essa tese ele teria o aval da KGB.
A conseqüência desse despautério metafísico é bem grave. É herética. Se todo ser é material, então a alma humana seria também matéria. O espírito seria, de algum modo, material. O próprio Deus seria um ser material.
Mas isso seria a aceitação do materialismo de Demócrito e de Marx ! Seria ou a negação da existência de Deus transcendente, ou a afirmação do mais grosseiro panteísmo. Que foi exatamente o que São Tomás se esforçou para combater durante toda a sua vida.
Não, esse despautério metafísico não torna Frei Betto 'confrade de São Tomás', na doutrina. Com essa tese ele seria, sim, confrade do panteísta e herege Giordano Bruno. Seria confrade de Stalin.
Será que nosso 'confrade' de São Tomás, com sua teologia mineira e caseira, quis dizer outra coisa? Teria ele se expressado mal.? Ou será que fomos nós que o entendemos mal? Mas então, onde estão nele a precisão e a clareza, necessárias a todo bom filósofo, particularmente a quem pretenda se colocar como 'confrade de São Tomás? Sem essa precisão e clareza, ele se arrisca a ser mal entendido.
Continuemos a leitura do artigo para examinar se foi isso mesmo o que ele quis dizer, ou se o entendemos mal. Vejamos também se esse erro palmar e grosseiro é corrigido mais adiante, a fim de não condenarmos o autor por precipitação.
Passemos ao parágrafo seguinte: 'Somos um corpo', é o que nos afirma rombuda e brutalmente Betto.
Mas, ó desajeitado metafísico, como definir o homem por apenas uma de suas notas componentes, exata e exclusivamente por sua nota inferior?
A definição estapafúrdia de Frei Betto, arrotada com pretensões de teólogo, equivale a dizer: 'o homem é um animal'. Sim, porque, de fato, somos animais. Mas não somos só isso. Somos animais, sim, mas animais racionais. Animais que escrevem artigos ou se pretendem teólogos. Somos seres compostos de alma racional e corpo material. Definir-nos apenas como corpo coloca-nos - a nós todos – no nível dos animais e das coisas puramente materiais. Seríamos só coisas. Exatamente como diziam Marx, Stalin, Pol Pot e Lenin.
Então, não há mais dúvida. Não entendemos mal Frei Betto. Ele não se enganou ao expressar-se. Por isso Frei Betto, embora materialmente confrade de São Tomás', não é católico. É materialista. É confrade de Lenin.
Não é de espantar que com teses desse porte Frei Betto seja incensado pela mídia marxistóide. E que lhe tenha sido outorgado o título de 'Intelectual do ano' em 1985, recebendo o troféu Juca Pato. Betto foi o Juca Pato 85.
Foi uma premiação justa: uma época atéia, materialista e vazia como a nossa só pode reconhecer como seus os que a espelhem.
E prossegue Frei Betto afirmando, como tese provada, que 'assim como a árvore brota da terra, o corpo humano emerge da evolução do universo'.
Mas isso é Darwin ! Ora, a doutrina darwinista, posta em cheque pela ciência mais atual, foi rejeitada por Pio XII, na encíclica Humani Generis. O próprio Stephen Jay Gould, defensor da tese do 'equilíbrio pontuado', rejeitou o evolucionismo bruto do século XIX, e admitiu que, pelos fósseis, não é possível comprovar a evolução.
Mas deixemos esse tema para depois, pois não está no foco de nosso artigo, e continuemos a ler as 'preciosidades' metafísicas e teológicas de nosso teólogo Juca Pato 85.
Para confirmar seu materialismo crasso e bruto - seu univocismo materialista -- Betto diz noutro parágrafo: 'Já não faz sentido falar que somos um corpo dotado de alma. Menos platônico, São Paulo fala em corpo espiritual.'
Que confusão ! Que mistura estapafúrdia de conceitos !
Para Betto, então, a 'materialidade' é característica do ser, 'somos corpo', por isso já não faz sentido dizer que 'somos um corpo dotado de alma' . E o advérbio 'já' indica que para ele, em algum tempo essa tese fez sentido, mas agora não é mais certo dizer isso. Portanto, para Betto a verdade evolui, e o que era certo no passado, já não o é hoje. Isso significa que, para ele, a verdade é algo que evolui.
Ora, essa tese foi condenada por São Pio X no Decreto Lamentabili. Com efeito, o erro 58 condenado por esse decreto diz:
'A verdade não é mais imutável do que o próprio homem, pois que se desenvolve com ele, nele e por ele'. (Denziger, 2058)
Defendendo o evolucionismo criteriológico, Frei Betto é condenado juntamente com os hereges modernistas.
Protestará Frei Betto contra a citação do Decreto Lamentabili, dizendo que São Pio X é um papa ultrapassado, anterior ao Vaticano II?
Se disser isto, estará ratificando seu conceito evolutivo da verdade e da doutrina, o que o confirma como herege Modernista. Mas se para ele só servem os Papas posteriores ao Vaticano II, ouça o que lhe diz João Paulo II na encíclica Fides et Ratio, ao condenar o erro do Historicismo:
'... a tese fundamental do historicismo consiste em estabelecer a verdade de uma filosofia sobre a base de sua adequação a um determinado período e um determinado objetivo histórico. Deste modo, ao menos implicitamente, se nega a validez perene da verdade. O que era verdade numa época, sustenta o historicista, pode não ser verdade noutra.' ( João Paulo II, Fides et Ratio, 87).
Então, não nos venha Frei Betto recusar o ensinamento de São Pio X e de João Paulo II, concordes nessa questão da perenidade do valor da verdade. O evolucionismo doutrinário implícito no 'já' de Frei Betto não é católico. Deve-se continuar a dizer que o homem é um animal racional; é um ser composto de corpo material e de alma espiritual.
Apelar à citação de São Paulo, que nos fala do corpo glorioso – do qual serão dotados os justos após a ressurreição, e só após a ressureição – é confundir as questões. E sua alusão ao suposto platonismo de São Paulo é descabida. O próprio Platão jamais negou que o homem tivesse corpo, embora sua tendência gnosticizante o levasse a considerar a matéria e o corpo humano como cárceres do espírito ( Cfr. Simone de Pétrement, Le dualisme chez Platon, les Gnostiques et les manichéens, PUF, Paris, 1947).
Todas essas afirmações, no mesmo artigo, não deixam qualquer dúvida: o que Frei Betto exprimiu é materialismo bruto, próprio de um marxista. O que explica sua teimosa, obstinada e pertinaz defesa do comunismo e do socialismo.
Noutro parágrafo Frei Betto diz coisa ainda mais descabelada:
'O corpo contém o espírito, assim como o espírito se consubstancia no corpo'.
Que significa essa frase absurda? Como é que o espírito se consubstancia no corpo? Consubstanciar significa passar a ter a mesma substância. Para Betto, então, o espírito tem a mesma substância que o corpo material.
Ele parece querer dizer que, sendo a materialidade uma característica necessária do ser, o espírito deve ser concebido como uma forma de matéria.
Delírio? Sem dúvida.
Mas delírio antigo, como veremos mais adiante. Por enquanto confirmemos ser esse o pensamento, doutrinariamente errado, de Frei Betto, que equipara, ou identifica, matéria e espírito.
Ele confirma essa loucura metafísica ao escrever logo depois:
'...prótons e neutrons produzem, na proporção exata, o espetáculo do ser'.
Logo, a alma humana também seria composta de prótons e neutrons. Como o corpo humano, ela seria material. Portanto, não haveria espírito distinto da matéria. O espírito seria um tipo de ser material.
Por isso continua nosso pretensioso 'confrade de São Tomás':
'Tudo isso é o corpo que somos, no qual a carne é tão espiritual quanto o espírito tão carnal, indivisíveis, dualidade sem dualismo, ...'
Dissemos que essa identificação da matéria com o espírito é um erro antigo. É tão velho quanto a alquimia. Por exemplo, para o gnóstico e alquímico Oetinger, seguidor de Jacob Boehme, matéria e espírito são correlatos e reversíveis:
' O volátil se fixa e o fixo se volatiliza. Isto significa que o espírito se torna corpo e o corpo espírito (...) o perfeito símbolo desta alquimia é Jesus Cristo: na sua pessoa, o Espírito revestiu uma forma corporal e o corpo de carne se espiritualizou com a ressurreição. Esta pessoa é por excelência o lugar de encontro entre o espírito e o corpo (...) É universalizando esta verdade que Oetinger declara de um lado que tudo é espírito, de outro lado que tudo o que é espírito é também corpo' ( Cfr. Pierre Deghaye, La Philosophie sacrée d ‘Oetinger, In Cahiers de L Hermétisme, Kabbalistes Chrétiens, Albin Michel, Paris, 1979, p. 253).
Embora acreditando que jamais Frei Betto tenha lido qualquer coisa de Oetinger, seu 'pensamento' não é curiosamente coincidente com o desse alquimista e gnóstico?
Também o teósofo Franz Von Baader, outro seguidor de Boehme, afirma que a matéria é espírito cristalizado, enquanto o espírito é matéria sublimada. Para a teosofia de Franz Von Baader, 'confundir ou separar espírito e matéria, como fazem o panteísmo e o espiritualismo, constitui um erro; fazer do espírito e da matéria dois princípios hostis é um outro erro (...) Não há separação entre espírito e matéria, pelo fato que se os distingue.; não há também hostilidade' (Eugène Susini, Franz Von Baader et le Romantisme Mystique, Vrin, Paris, 3 volumes, 1942, vol Ii, p. 48).
Coincidências dialéticas de gnósticos platonizantes com panteístas materialistas...
É crível que alguém – dizendo-se teólogo católico -- se atreva a escrever tais absurdos? É crível que um frade escreva tais heresias e não seja excomungado? É crível que alguém que se presuma um intelectual diga tais delírios metafísicos?
Sim isso é incrível, mas acontece. Isso é possível no século XX. Este século absurdo tinha que ter também um intelectual Juca Pato que escrevesse tais aberrações e se pretendesse teólogo e até 'confrade' de São Tomás.
Pobre São Tomás ! Que 'confrades' nosso século lhe arranjou !
Ele já teve outros 'confrades' aberrantes de sua doutrina em outros séculos. Mas como Betto, só hoje.
Só no século XX !
Para completar sua coleção de teses alucinadas e demonstrar sua erudição, Betto cita outro autor modernista, o famoso Teilhard de Chardin, o amigo de Blondel, o arqueólogo famoso que ousou ser cúmplice de Dawson na falsificação do famoso 'Homem de Piltdown' ( cfr. Stephen Jay Gould, A conjuração de Piltdown, in 'A Galinha e seus dentes', Ed. Paz e Terra São Paulo, 1992, pp. 201 a 220 )
Ora, citar Teilhard de Chardin só desabona a ortodoxia de alguém. Porque basta ter um pouco de conhecimento de gnose e panteísmo para constatar que esse Padre jesuíta não tinha doutrina ortodoxa.
No final de seu lamentável artigo, Frei Betto coloca outra afirmação descabelada:
'Esse nosso corpo, criado à imagem e semelhança de Deus, é idêntico ao corpo de Cristo '
Mas desde quando se entendeu que é por nosso corpo que somos feitos à imagem de Deus?
Deus é puro espírito, não tem corpo. A Teologia Católica ensina que somos feitos à imagem de Deus por nossa alma, porque assim como Deus tem Inteligência e Vontade, assim também nós temos alma com inteligência e vontade.
Ensina-nos Frei Tomás, aquele que Betto chama de seu confrade':
'É evidente que somente as criaturas intelectuais são, falando propriamente, à imagem de Deus' ( São Tomás, Suma Teológica, I, q. 93, a . 2).
'Ainda que em todas as coisas haja alguma semelhança com Deus, somente na criatura racional se acha a semelhança de Deus como imagem, conforme dissémos (artigo 2 da q. 33) e nas demais se acha somente como vestígio. Porém, a criatura racional é superior às outras pelo entendimento ou mente. Daqui que nela se encontre a imagem de Deus só na mente' ( Cfr. São Tomás, Suma Teológica, I q. 93, ª 6).
Como se pode ler em São Boaventura, a semelhança com Deus nós a temos pela graça, e não por termos nariz.
Não resistimos ao desejo de aproveitar a oportunidade para citar o próprio São Boaventura:
'... a criação é como um livro no qual resplandece, se representa e se lê a Trindade Criadora, em três graus de expressão, a saber: como vestígio, como imagem e como semelhança; de modo que a razão de vestígio se acha em todas as criaturas, a razão de imagem só nas intelectuais ou espirituais, e a razão de semelhança só nas deiformes [as que estão em estado de graça santificante]; pelos quais ( vestígio, imagem e semelhança) o entendimento humano está destinado a subir pouco a pouco, como por degraus de uma escada, até o Sumo Princípio que é Deus' (São Boaventura, Brevilóquio, II, cap. XII, no. 1. In Obras Completas de Sán Bonaventura, BAC, Vol. I, p. 248. O sublinhado e o texto entre colchetes são nossos).
Essas citações – tão contrastantes, por sua elevação, com o escrevinhar vazio do 'confrade' moderninho de São Tomás -- levam a concluir que Betto jamais estudou seriamente São Tomás de Aquino.
Betto não é tomista. É marxista. É materialista. Não é católico.
Finalmente, não é possível encerrar esta análise crítica sem protestar contra uma ambigüidade gravíssima. Ao falar da concretude da religião católica, Betto menciona '...o pão e o vinho como símbolos de nossa comunhão com Deus ...'.
Que significa esta frase num artigo sobre a festa de Corpus Christi? Isto é, numa festa da Eucaristia, sacramento no qual o pão e o vinho são transubstanciados no corpo, alma, e divindade de Jesus Cristo Nosso Senhor?
A frase, tal como Betto a escreveu, é pouco clara. Ela pode facilmente fazer entender que o pão e o vinho do Sacramento eucarístico são apenas símbolos da nossa comunhão com Deus, e que na Hóstia consagrada não estaria presente o próprio Cristo Jesus.
Betto não negou expressamente a presença real de Cristo na Hóstia consagrada. Tendo em vista o que Betto disse da materialidade do ser, e a identidade que ele estabelece entre matéria e espírito, certamente é fácil para ele admitir que Deus seja pão, e que entremos em comunhão com Deus pelo 'símbolo do pão e do vinho'. O que é difícil para Frei Betto, porém, é admitir que o Verbo de Deus se tenha encarnado mantendo duas naturezas – a divina e a humana – em união hipostática. Difícil é para ele admitir que o Verbo de Deus encarnado está realmente presente na hóstia, enquanto Verbo e enquanto homem. Daí poder-se legitimamente levantar suspeitas sobre a fé de Frei Betto também quanto a este ponto fundamental da doutrina católica. Suspeitas tanto mais justificadas pelos absurdos metafísicos de um materialista bruto.
Como explicar que um religioso com doutrina tão contrária ao catolicismo e de tão parco saber filosófico se apresente como católico e como teólogo sem que nenhuma autoridade católica o condene, repreenda e proíba de escrever tantos despautérios?
Para citar este texto:
""Confrades""
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/confrades/
Online, 21/12/2024 às 17:53:05h