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Concílio Vaticano II: três discursos e uma constatação
Eder Moreira
Eder Silva
Para identificar o verdadeiro vilão da atual crise na Igreja, nada mais fidedigno que partir das próprias considerações das autoridades que participaram desse desastroso evento quinquagenário. Desse modo, escolhemos três importantes declarações que dispensam qualquer trabalho hermenêutico no sentido de demonstrar que o Vaticano II está profundamente implicado na decadência religiosa que atravessamos.
Primeiro Discurso: Papa Paulo VI
Dez anos decorridos da abertura do Vaticano II, o Papa Paulo VI pronunciou a tenebrosa acusação contra os efeitos devastadores desse Concílio:
"Por alguma brecha a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus: existe a dúvida, a incerteza, a problemática, a inquietação, o confronto. Não se tem mais confiança na Igreja; põe-se confiança no primeiro profeta profano que nos vem falar em algum jornal ou em algum movimento social, para recorrer a ele pedindo-lhe se ele tem a fórmula da verdadeira vida. E não advertimos, em vez disso, sermos nós os donos e os mestres [dessa fórmula]. Entrou a dúvida nas nossas consciências, e entrou pelas janelas que deviam em vez disso, serem abertas à luz [...] Também na Igreja reina este estado de incerteza. Acreditava-se que, depois do Concílio, viria um dia de sol para a história da Igreja. Em vez disso, veio um dia de nuvens, de tempestade, de escuridão, de busca, de incerteza. Pregamos o ecumenismo, e nos distanciamos sempre mais dos outros. Procuramos cavar abismos em vez de aterrá-los. Como aconteceu isso ? Confiamo-vos um Nosso Pensamento: houve a intervenção de um poder adverso. Seu nome é o Diabo" (Papa Paulo VI. Discurso em 29 de Junho de 1972).
Lamenta o Pontífice reconhecendo que o movimento ecumênico não produziu os frutos que se esperava. Ao invés de aproximar, provocou um esfriamento na caridade e um distanciamento dos católicos em relação ao próximo. Com idêntica franqueza, denuncia o pós-Concílio acusando-o de cavar abismos ao invés de aterrá-los. Por fim, afirma que pelas janelas escancaradas para o mundo, segundo o desejo do próprio Concílio, entrou a fumaça da dúvida, quando e por onde deveria ter penetrado a luz da verdade. E tudo isso aconteceu porque, na constatação de Paulo VI, houve a intervenção do Diabo.
Quando? No Vaticano II? É do Papa a aproximação dos dois termos!
E não se diga que isso é interpretação nossa, pois nesse texto inequívoco o próprio Papa condena alguns efeitos do Vaticano II – a dúvida, a incerteza, o distanciamento do próximo, o “cavar abismos” – como resultado de uma intervenção diabólica.
Curioso que Nossa Senhora de Fátima advertiu exatamente contra a realização de um Concílio diabólico.
Segundo Discurso: Cardeal Joseph Ratzinger
Vinte e três anos decorridos da abertura do Vaticano II – 1985 – o futuro Papa Bento XVI, ainda na condição de Cardeal Joseph Ratzinger, emitiu uma nova constatação que concorda perfeitamente com o julgamento do Papa Paulo VI sobre os efeitos do Vaticano II na Igreja:
“É incontestável que os últimos vinte anos foram decididamente desfavoráveis à Igreja católica. Os resultados que vieram com o Concílio parecem cruelmente opostos às expectativas de todos... Esperava-se uma nova unidade católica e foi-se, no entanto, ao encontro de uma divergência... da autocrítica à autodemolição. Esperava-se um novo entusiasmo e, no entanto, a maioria acabou no tédio e no desencorajamento. Esperava-se um salto para frente e, no entanto, encontraram-se diante de um processo progressivo de decadência...” (Joseph Ratzinger apud Mons. Brunero Gherardini. Concílio Ecumênico Vaticano II: um debate a ser feito. Rio de Janeiro: Pinus, 2011, p. 221).
No parecer do Cardeal, os frutos da aguardada “primavera conciliar” se resumiram em divisão, autodemolição e decadência. E nota-se que ele pontua esses malefícios como resultados vindos juntamente com o Vaticano II, após o qual, segundo declarou Paulo VI, abriram-se as janelas para a dúvida, dividiram-se os católicos e cavaram-se abismos de perdição.
Terceiro Discurso: Papa Bento XVI
Cinquenta anos após a abertura do Concílio – ano de 2012 – o Papa Bento XVI voltou a declarar a crise na Igreja:
“Nestes cinquenta anos aprendemos e experimentamos que o pecado original existe e se traduz, sempre de novo, em pecados pessoais, que podem também tornar-se estruturas de pecado. Vimos que no campo do Senhor também está sempre a cizânia. Vimos que na rede de Pedro se encontram também peixes ruins. Vimos que a fragilidade humana está presente também na Igreja, que a barca da Igreja está navegando também com ventos contrários, com tempestades que ameaçam a barca e algumas vezes pensamos: ‘o Senhor dorme e nos esqueceu’”
Embora não declare a causa da crise, o Santo Padre observa o aflitivo estado da Igreja. Tal como naquela cena do Evangelho em que a barca de Pedro é impetuosamente sacudida pela força da tempestade e subitamente, Nosso Senhor aparece e tranquiliza as águas.
A Igreja está, portanto, em mares violentos. Está sob turbulenta tempestade.
Assim reconhece o glorioso Pontífice Romano.
É o que afirmou Paulo VI. É o que declarou Ratzinger. É o que garantiu o Papa Bento XVI.
Esses são os frutos do Vaticano II.
E pelos frutos se conhece a árvore.
In Corde Jesu, semper
Eder Silva
Para citar este texto:
"Concílio Vaticano II: três discursos e uma constatação"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/concilio-vaticano-ii-tres-discursos-e-uma-constatacao/
Online, 21/11/2024 às 09:11:02h