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Igreja
Beto-Juca-Pato
Orlando Fedeli
Eis Betto - conhecido como Frei - alçado às esferas da intelectualidade. Por seu livro "Fidel e a Religião" (Ed. Brasiliense), obra em que relata suas longas conversas com o tirano de Cuba, foi ele premiado com o troféu "Juca Pato", dado ao intelectual do ano. Está pois consagrado "Juca Pato".
Na ilha escravizada, o socialismo que tudo planeja fez do livro de Betto-Fidel um best-seller: milhares de exemplares planejadamente vendidos e planejadamente aplaudidos. A planificação socialista, entretanto, ultrapassa os litorais da ilha, pois a intelectualidade esquerdista de todo o mundo se apressou a fazer eco ao sucesso cubano e, um pouco por toda a parte, a obra de Betto foi jucapatizada.
Consta que até João Paulo II entrou nesse novo tipo de coro grego. Segundo se diz, ele teria declarado que a obra de Frei Betto "ajudou a Igreja cubana e fez Fidel Castro repensar sua relação com o cristianismo" (FSP 10.5.86).
O livro, na verdade, mistura slogans marxistas, sofismas da Teologia da Libertação, cinismos de Fidel, tolices de pseudo-intelectual fradesco e sonhos de um agitador subversivo com a proposta de amasiamento da Nova Igreja com o velho PC.
Não se pense que exageramos. Vejam-se dois exemplos de tolice e cinismo.
A certa altura do diálogo entre o frei muito livre de uma igreja liberada e o ditador de uma ilha escravizada, deparamo-nos com uma profunda dúvida "metafísica" que angustiava o intelecto do novo Juca Pato: - "O hectare cubano é o mesmo do Brasil?" (op. cit., p.96).
Cínicas são as frases seguintes:
Fidel Castro:- "(...) conservo a esperança de que tais problemas sejam solucionados de forma racional.
F.Betto:- Eu acrescentaria de forma cristã e democrática.
Fidel Castro:- Creio que esse conceito está implícito no racional, porque se não for democrático, não será inteiramente racional" (p.309).
Eis aí: tirano e terrorista defendendo soluções democráticas e racionais...
Que Fidel Castro cinicamente se apresente como defensor de processos democráticos, que um "Juca Pato" não saiba que o hectare é uma medida de valor universal, tudo isto e muito mais seria "engolível". Contra isso bastariam o riso e o passar adiante.
Absolutamente inaceitável é procurar fazer crer à opinião pública que esse "frade" continua católico e que a Igreja à qual ele pertence seja a de Cristo.
Jesus Cristo fundou a Igreja com base na rocha de Pedro, isto é, na autoridade do Papa. Fundou uma Igreja hierárquica em que há pastores e fiéis (cfr. S.Pio X - Vehementer Nos).
Dessa Igreja fazem parte os batizados que mantém a unidade da fé e a obediência aos legítimos pastores unido ao Papa. Dela estão excluídos os hereges. E os comunistas são hereges. E os socialistas também. Hoje é tal a confusão nesse campo, que convém lembrar o que disse Pio XI a respeito.
"O socialismo, quer se considere como doutrina, quer como fato histórico ou como "ação", se é verdadeiro socialismo, mesmo depois de se aproximar da verdade e da justiça nos pontos sobreditos" (quanto à moderação na luta de classes e tolerância da propriedade particular) "não pode conciliar-se com a doutrina católica pois concebe a sociedade de modo completamente avesso à verdade cristã (...)
Socialismo religioso, socialismo católico são termos contraditórios: ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista" (Pio XI - Quadragesimo Anno; o sublinhado é nosso).
Ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista. Nem Frei Betto.
Para o frade dominicano, este ensinamento de Pio XI, repetido por João XXIII na Mater et Magistra, não tem valor algum. Ele, Betto, com a autoridade de ex-auxiliar da guerrilha e de "Juca Pato" garante exatamente o contrário:
"Eu tenho certeza que um autêntico comunista é um cristão, embora não o saiba, e um autêntico cristão é um comunista, embora não o queira" (Frei Betto - entrevista à Folha de São Paulo, 10.5.86).
Não só. O frade "Juca Pato" confessa que a sua igreja não tem as notas da Igreja Católica, pois diz: "Essa concepção de Deus-amor funda uma Igreja baseada na fraternidade e na colegialidade e não no autoritarismo. É uma concepção que permite aos cristãos desvelar a presença de Deus em todos aqueles que, não tendo fé, são capazes de atitudes de amor. Deus está presente mesmo em quem não tem fé" (op.cit., p.66).
Trata-se de um claro conceito não-católico de Igreja, porque:
1o - nega que Cristo fundou uma Igreja hierárquica;
2o - nega a necessidade de crer, de ter fé, para pertencer à Igreja, sendo necessário apenas o amor;
3o - afirma que Deus está presente (supõe-se que pela graça) mesmo nos ateus, sem fé, desde que eles amem. Como se fosse possível ter caridade sem ter fé.
Não há dúvida: a igreja de Frei Betto, como a de Frei Boff, não é a Igreja Católica Apostólica Romana. Não é a Igreja de Jesus Cristo.
É natural que essa igreja sem fé e sem autoridade, aceite a filosofia que era moda anteontem - o marxismo - filosofia que Fidel recomenda para o uso dos novos teólogos do amor em seus trabalhos "religiosos".
Não é preciso esgotar-se em recomendações. Elas serão supérfluas. Há tempos que os "teólogos" da Nova Igreja - patos ou víboras - usam método e cartilha marxista. E a tal ponto que essa Nova Igreja - Betto o reconhece - no Brasil é mais esquerdista que o PC.
"O Brasil é o único país do mundo onde alguns partidos comunistas estão à direita da Igreja" (Frei Betto, entrevista à FSP, 10.5.86).
Aí está. "Habemus confitentem reum". A Nova Igreja brasileira é mais esquerdista que o PC. E a CNBB não protestou contra essa afirmação do novo Juca Pato. E não protestará.
Mas não se pense que a audácia de Frei Betto termina por aí. Ele vai mais longe. No fim de sua entrevista, quando lhe perguntam quem mudou, se Frei Boff ou a Igreja, respondeu o nosso novo intelectual: "Mudou a Igreja. Estou inteiramente de acordo com o Frei Boff, o atual papa é o "papa da libertação". A partir do contato que o papa teve com os bispos brasileiros, ele compreendeu a situação do Brasil e da América Latina. E isso foi consagrado no documento que enviou aos bispos no mês de abril" (FSP, 10.5.86).
Não seria necessário que Roma desmentisse o frade amigo de Fidel e o frade que nega que a Igreja foi fundada por Cristo? Ou, não seria conveniente e necessário que os Bispos protestassem contra essas afirmações audaciosas? Por que o silêncio?
Concordariam com Frei Betto?
Porque, em caso positivo, estaria evidente a consumação da aliança da Nova Igreja com o PC, deixando claro que essa igreja amasiada ao marxismo não é a Igreja Católica.
Publicado no Jornal Veritas, no 10 - junho de 1986 - ano2
Para citar este texto:
"Beto-Juca-Pato"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/betojuca/
Online, 21/11/2024 às 08:33:55h