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Apóstolos de bronze
Paulo Miranda
Católico significa universal. Católica é a Santa Igreja, pois é sua missão levar a salvação a todos os homens: "Ide e ensinai a todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt. 28, 19), ordenou-lhe Nosso Senhor.
E cumprindo a ordem de seu Divino Fundador, a Santa Igreja propagou a Boa Nova pelos quatro cantos da terra: "Por toda a terra se espalhou a sua voz, e até as extremidades da terra chegaram as suas palavras" (Rom. 10, 18).
Até as extremidades da terra a Igreja levou as palavras de Cristo. A todos os povos ela ensinou a Fé. Até os confins do mundo a Igreja plantou a Cruz redentora.
Em toda parte a Santa Igreja construiu igrejas. Em todas as igrejas, ergueu campanários. E neles guardou os sinos.
Nada mais singelo do que os sinos. Nada mais harmonioso, nada mais doce, nada mais familiar aos nossos ouvidos do que seus sons fortes e compassados.
Viajando por terras estranhas, ouvindo palavras que não entendemos, vendo pessoas e coisas que jamais vimos, subitamente exultamos se, ao longe, percebemos um badalar há muito conhecido. Atravessando os ares, aquela doce melodia chega até nós e penetra fundo em nossas almas, ressoando no campanário interior que todos nós, católicos, guardamos. E então nos alegramos ao constatar a perfeita consonância entre aquela melodia exterior e os sinos que alegremente dobram em nosso espírito.
Saindo à procura da fonte daqueles sons, encontraremos um campanário, sobre o qual repousa uma Cruz. A mesma Cruz que coroa a igreja de nossa terra, anunciada pelos mesmos acordes que desde a infância habituamo-nos a ouvir.
E assim teremos, no estrangeiro, reencontrado o lar paterno.
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A doce canção dos sinos . . . Prece que se eleva em forma de música, suave insistência que se traduz em repetidas badaladas, ponte sonora de ações de graças entre a terra e os céus ! Sublime símbolo da Voz de Cristo a soar triunfante nas almas !
Levando-os consigo a todos os rincões do universo, fazendo-os soar em todas as horas do dia, marcando com suas badaladas os principais eventos da vida humana e da história da Salvação, quis a Igreja valer-se dos sinos para expressar simbolicamente sua universalidade, que diz respeito a todos os acontecimentos da vida de todos os homens.
Os sinos soam. Passa-se uma hora. Mais uma vez eles se fazem ouvir: "Lembra-te, homem, de agradecer ao teu Criador pelas graças que nesta hora recebeste". Mais uma hora: "Pecaste nesta hora? Pede a Deus perdão! " E a cada hora os apóstolos de bronze nos lembram de que em todos os momentos devemos louvar a Deus. De que Nosso Senhor está continuamente presente naquela igreja, pronto a perdoar as nossas misérias, pronto a atender a todas as nossas necessidades.
Quando nascemos para a Graça pelo batismo, lá estavam eles a soar jubilosos por nós. São eles que saúdam os noivos que se vêm unir diante de Deus, no nascedouro de mais uma família católica. Jesus Cristo se torna realmente presente na Sagrada Eucaristia: nossa ação de graças, a ação de graças de toda a Igreja sobe aos Céus em direção a Deus, levada pelos acordes dos sinos.
O homem morre. Ainda será o som do bronze que saberá expressar nossa tristeza e nossas orações por aquela alma.
Tão freqüentemente presentes na história dos homens, não poderiam os sinos deixar de sublinhar com seus acordes harmoniosos os eventos da História da nossa Redenção.
E por isso eles soam para nos lembrar, todos os dias, de que o Anjo do Senhor anunciou a Maria. E que o Verbo de Deus se fez carne, e habitou entre nós.
Para saudar o Menino Deus nascido em Belém. Para louvar Maria Santíssima, concebida sem pecado. Para nos lembrar que Cristo, glorioso, venceu a morte, ressuscitando. . .
Todavia, uma vez ao ano os sinos emudecem. Eloqüente silêncio! Na Sexta-feira Santa, a excepcional imobilidade dos sinos nos recorda o dia em que Cristo morreu por nós na Cruz.
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Ao ouvirmos essa doca voz que atravessa a história, ao exultarmos ante as lembranças que ela nos evoca, como não desejar que ela cada vez mais se espalhe, invadindo ainda mais todos os continentes e países, penetrando profundamente em todas as almas?
Como deixar de pedir a Nosso Senhor que faça triunfar Sua Graça nas almas em que os sinos ainda não encontram eco?
O sino de minha igreja está soando. . .
É hora de rezar.
Para citar este texto:
"Apóstolos de bronze"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/cronicas/apostolos/
Online, 21/11/2024 às 08:35:33h