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Ciência e Fé
Monstruosidade
Paulo Sérgio R. Pedrosa
Nos corredores por vezes limpos, por vezes nem tanto, dos hospitais, ronda um monstro sedento que se alimenta do orgulho daqueles que dispõe da técnica para preservar a vida, mas que, como deuses, querem dela dispor segundo seus próprios interesses.
O monstro fez dos laboratórios de pesquisa seu habitat. Dos congressos científicos, ele fez o seu púlpito. Traz consigo seus sequazes, fanáticos doutos em arrogância e zelosos do dogmas da Ciência.
Ele já ousara antes mostrar sua cabeça horrenda, fazendo da Terra um local de desolação e desespero.
Sua língua bifurcada fala doces palavras como saúde, qualidade de vida, honra, vitalidade. Diz trazer prosperidade, progresso, consciência, “evolução”.
Cativa as almas de homens cheios de orgulho e vaidade, mas vazios de amor a Deus e ao próprio homem.
Em meio a esta voz sedutora, ruídos tênues, mas perceptíveis por quem não é seduzido por seu canto de sereia: ossos se quebrando, carnes se rasgando, gemidos sufocados, gritos agoniados de lástima, de desespero e de dor, de suas vítimas que são sacrificadas no altar sangrento da modernidade.
Este monstro tem um nome. É chamado de Eugenia. Ele é filho legítimo do Darwinismo e da Teoria Maltusiana, e guarda fielmente seus dogmas.
Nascido na Inglaterra vitoriana e teorizado por Galton, primo de Darwin, ele pretendia fazer a vontade de seu pai, o Darwinismo, substituindo a “seleção natural” por uma seleção sistemática e controlada dos seres humanos. Desta forma, sonha concretizar a Utopia (este sonho dos homens que se afastam de Deus) de uma humanidade perfeita, sem defeitos.
Ora, a Eugenia, que é um monstro vesgo, acredita que tudo o que somos é devido aos nossos genes. Portanto, ela só enxerga uma maneira viável de melhorar a humanidade: exterminando aqueles considerados imperfeitos...
Assim, médicos e cientistas do começo do século XX propunham em plena luz do dia a castração dos deficientes físicos e mentais, a segregação dos incapazes, o aborto e a eutanásia.
Não só propuseram, como conseguiram implementar estes expedientes monstruosos nos democráticos Estados Unidos, onde o Monstro se desenvolveu grandemente.
Nos corredores hospitalares o monstro reinava secretamente, quando médicos, aos quais se confiava a salvação da vida, deixavam bebês recém nascidos morrerem exangues sob o olhar de pais desesperados, por considerarem o bebê indigno da vida, por ser imperfeito.
Logo, a Eugenia vestiu o casaco do racismo, e pregou que a raça branca nórdica seria a raça ideal.
Tais idéias de início de século alimentaram os sonhos de um ridículo e patológico cabo austríaco: Adolph Hitler.
A Alemanha Nazista e racista, abraçou a crença nos dogmas da Eugenia, e formou equipes de médicos e de cientistas que lutariam até além dos limites da moral e da sanidade pela causa eugenista.
O progressista partido Nazista, ao assumir o poder, cedo implantou o aborto e a eutanásia como expedientes médicos. Logo a eutanásia, de voluntária, passaria a ser um direito do Estado, e milhares de velhos, doentes terminais e deficientes físicos e mentais foram cuidadosamente exterminados.
Deficientes mentais foram esterilizados às centenas de milhares. Mais tarde se apelou para uma solução final: mataram-nos em câmaras de gás.
Tudo pela melhoria da raça humana. Tudo pela ciência. Tudo pelo Reich assassino.
Veio a guerra... A pesquisa científica se intensificou com o esforço de guerra. Milhares e milhares de judeus, ciganos e poloneses foram usados como cobaias humanas. O entendimento do cérebro humano, da visão, do comportamento do corpo humano em resposta a elementos estranhos, doenças desconhecidas, de reações a produtos químicos e a pressão atmosférica dentro dos aviões a jato foi aumentado graças ao derramamento do sangue precioso das vítimas do holocausto.
Este é o preço que a Besta, o Monstro, cobra: o sangue dos homens, principalmente o sangue dos inocentes.
Perdida a guerra, o Monstro foi acuado, mas não foi morto. Escondeu-se nas saletas obscuras das universidades do mundo ocidental, e passou a se auto designar também como Genética. Sob a tutela de geneticistas americanos, pais do projeto Genoma Humano, Otmar Von Vershuer, chefe e mentor de Joseph Mengele, foi acolhido e incensado, e terminou seus dias tranqüilamente freqüentando Campi Universitários e Congressos Científicos.
Agora, o monstro mostra suas garras novamente. Aborto, eutanásia voluntária, forçada ou induzida, pesquisa com embriões humanos, vasectomia e ligadura de trompas sem o conhecimento dos pacientes e outros tipos de atrocidades são cometidas legalmente ou ilegalmente ao redor do mundo, fomentadas pelo religião eugenista.
Alguns “cientistas” “iluminados” pela “sabedoria” eugênica, acusam aos católicos de obscurantismo, por defenderem a vida como uma dádiva divina.
Nós, humildes leigos defensores do direito a vida, alguns doutores, muitos não, como católicos temos somente um adjetivo adequado para apodá-los: servidores do novo ídolo moderno, a Eugenia.
Para citar este texto:
"Monstruosidade"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/ciencia/mostruosidade/
Online, 21/11/2024 às 08:55:06h