Igreja e Religião
Roma: O Vaticano pretende reafirmar a necessidade de disciplina na Liturgia
Antoine-Marie Izoard
[nota: observações da Montfort entre colchetes e em letra azul]
Roma, 13 de Julho de 2006 (Apic) - O Papa Bento XVI vai acabar com os abusos na celebração da Missa e vai fazer cessar os afrontamentos contra os partidários da missa em latim, declarou Quinta Feira (dia 13 de Julho de 2.006) uma autoridade com responsabilidade no Vaticano à Agência I. Media, associada à Apic em Roma. Segundo o Arcebispo do Sri Lanka, Albert Malcom Ranjith Patabendige Don, novo secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o Papa vai"adotar medidas"porque a Liturgia da Igreja Católica estaria sendo freqüentemente demais "um sinal de escândalo".
Roma, 13 de Julho de 2006 (Apic) - O Papa Bento XVI vai acabar com os abusos na celebração da Missa e vai fazer cessar os afrontamentos contra os partidários da missa em latim, declarou Quinta Feira (dia 13 de Julho de 2.006) uma autoridade com responsabilidade no Vaticano à Agência I. Media, associada à Apic em Roma. Segundo o Arcebispo do Sri Lanka, Albert Malcom Ranjith Patabendige Don, novo secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o Papa vai"adotar medidas"porque a Liturgia da Igreja Católica estaria sendo freqüentemente demais "um sinal de escândalo".
Monsenhor Albert Malcom Ranjith Patabendige Don, secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, pretende lembrar a importância da disciplina em matéria de celebrações litúrgicas. Conforme o Prelado do Sri Lanka, Bento XVI “vai tomar medidas“ para indicar com que seriedade deve se celebrar a Missa, explicou o Prelado em seu retorno de Ghana onde ele participou de um Congresso consagrado à promoção da Liturgia na África e em Madagascar.
Pergunta: Recentemente V. Excia. afirmou ao diário católico francês La Croix que a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II não tinha “jamais decolado“. Estas palavras surpreenderam muitas pessoas.
Pergunta: Recentemente V. Excia. afirmou ao diário católico francês La Croix que a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II não tinha “jamais decolado“. Estas palavras surpreenderam muitas pessoas.
Resposta: “Fico surpreso, porque eu não disse assim e isso não é verdade.Eu quis dizer que a reforma conciliar – com o renovação espiritual esperada, com as catequeses profundas que deveriam ter relançado a Igreja face ao contexto secularista - tinha obtido resultadosque não foram tão positivos como eram esperados. A reforma certamente decolou. [Decolou sim. Mas, logo veio abaixo.] Assim, o uso da língua vernácula é uma coisa positiva, porque todo o mundo pôde compreender oque acontece no altar ou quando das leituras. [Mas então por que restaurar o latim?] Da mesma forma, para o sentido de comunhãoque se desenvolveu. Mas esses elementos foram, por vezes, por demais acentuados abandonando certos aspectos positivos da tradição da Igreja. O próprio Cardeal Ratzinger, no prefácio do livre Tournés vers le Seigneur [Voltados para o Senhor] – la orientação da oração litúrgica do PadreUwe Michael Lang, lembrou queoabandono do latim e la orientação do celebrante em direção ao povo não faziamparte das conclusões do Concílio.[Mas então a introdução do vernáculo, além de contrariar Trento, foi um abuso]
Pergunta: Para alguns que seguiram fielmente o Concílio [Vaticano II], suas frases surpreendem...
Resposta.: “Não se deve abandonar o Concílio, porque ele já influenciou muito a Igreja, como na abertura ao mundo. Mas, ao mesmo tempo, teria sido preciso aprofundar o que nós já possuíamos. Teria sido preciso, como disse o Concilio, uma mudança “ orgânica”, sem choque, sem abandonar o passado. [Portanto, Mons. Ranjith admite que as mudanças bruscas do Vaticano II abandonaram o passado]. AEncíclica Ecclesia de Eucharistia de João Paulo II (publicada em Abril de 2003, ndlr), e a Instrução Redemptoris Sacramentum (Abril 2004) que ele tinha pedido à Congregação, indicam bem que alguma coisa não caminhava bem. O Papa falava então com uma certa amargura do que se passava. Assim, não se pode dizer que tudo caminhou bem, mas também não se pode dizer que tudo caminhou mal.As reformas do Concílio, pelo modo como foram traduzidas e postas em realização não trouxeram os frutos esperados.
Pergunta: Concretamente, que é preciso fazer?
Resposta: “Há dois extremos a evitar: permitir que cada Padre ou Bispo faça o que quiser, o que cria confusão, ou, ao contrário,abandonar completamente uma visão adaptada ao contexto moderno e fechar-se no passado.Hoje, estes dois continuam a crescer. Qual é o justo meio?… Convémrefletir um momento, celebrar seriamenteemelhorar o que nós fazemos atualmente”.
Pergunta: Deve-se esperar um documento pontifício ou da Congregação de V. Exceia a esse respeito?
Resposta.: “Em seulivro L’Esprit de la Liturgie [O Espírito da Liturgia](publicado em alemão em 2000, depois em francês em 2001, ndlr),o Cardeal Ratzinger apresentou um quadro muito completo da questão. Creio que oPapa está muito consciente do que está acontecendo, que ele estuda a questão e que é preciso fazer alguma coisa para ir adiante. Ele via tomar medidas para nos indicar com que seriedade devemos celebrar a liturgia. Ele é responsável de que a liturgia se torne um sinal de edificação da fé enão um sinal de escândalo. Porque,se a liturgia não é capaz de mudar os cristãos e de fazê-los testemunhas heróicas do Evangelho, então ela não realiza seu fim verdadeiro. [Mas então como Monsenhor Ranjith afirmou que “não se pode dizer que tudo caminhou mal” ?].Aquele que participou da Missa deve sair da igreja convencido de que seu engajamento social, moral, político e econômico, é um engajamento cristão”.[Mas então qual foi o resultado realmente positivo da reforma litúrgica, se a nova liturgia produziu esse desastre?]
Pergunta: Os abusos litúrgicos são realmente tão numerosos?
Resposta.:“Todo dia, recebemos um tantas cartas assinadas, nas quais as pessoas se queixam de numeráveis abusos: Padres que fazem o que querem, Bispos que fecham os olhos, ou até que justificam o fazem os seus sacerdotes em nome da “renovação”...Nós não podemos nos calar. É de nossa responsabilidadeservigilantes.. Por que, afinal, as pessoas vão assistir a Missa tridentina e nossas igrejas se esvaziam. A Missa tridentina não pertence aos Lefebvristas. Está na hora de cessarem os afrontamentose dever se nós temos sido fiéis às instruções da Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium. Porque é preciso ter disciplina sobre o que fazemos no altar. Asregras estão bem indicadas no Missal romano e nos documentos da Igreja”.
Pergunta: V. Excia. acaba de voltar de Kumasi , em Gahna, onde V. Excia. dirigiu os trabalhos do Congresso organizado por sua Congregação sobre a promoção litúrgica na África e em Madagascar. Em que consistiu isso?
Resposta: “Havia representantes de 23 países africanos, entre os quais numerosos Bispos. Nós lhes apresentamos o trabalho da Congregação, as atualizações necessárias. Nós evocamos também o modo de traduzir os textos litúrgicos, a necessidade de reconhecimento desses textos pela Congregação. Consagramos um dia inteiro àinculturação na liturgia, e estudamos também a questão da formação litúrgica dos fiéis”.
Pergunta: Que questões foram particularmente evocadas com relação à inculturação?
Resposta: “Falamos sobretudo dos problemas de linguagem nas traduções litúrgicas, como introduzir nelas as línguas locais, e também das adaptações da liturgia. Os Bispos estão conscientes, de um lado, do perigo de chagar em certo sincretismo religioso e cultural, ede outro lado, eles têm consciência da necessidade absoluta de que a liturgia seja compreensível por todos. Discutimos aquestão da identidade universal da Missa, dascoisas que não podem ser mudadas e quais podem mudar, sobre os valore africanos do sagrado, do mistério, da família, do respeito pelos velhos, e como introduzi-los na liturgia”.
Resposta: “Falamos sobretudo dos problemas de linguagem nas traduções litúrgicas, como introduzir nelas as línguas locais, e também das adaptações da liturgia. Os Bispos estão conscientes, de um lado, do perigo de chagar em certo sincretismo religioso e cultural, ede outro lado, eles têm consciência da necessidade absoluta de que a liturgia seja compreensível por todos. Discutimos aquestão da identidade universal da Missa, dascoisas que não podem ser mudadas e quais podem mudar, sobre os valore africanos do sagrado, do mistério, da família, do respeito pelos velhos, e como introduzi-los na liturgia”.
Pergunta: Que recomendações surgiram desse primeiro Congresso continental?
Resposta:25 pontosdiferentes foram aprovados pelos participantes no termo do Congresso. O essencial sendo não trair a forma universal dos sacramentos, sobretudoseus aspectos ‘católicos’. Ao mesmo tempo, convém procurar engajar uma inculturação mais profunda, não só externa , mas de mentalidade, no modo de ver, de rezar, etc. Muitos Bispos tomaram conhecimento de numerosos pontos da liturgiada Igreja que antes eles ignoravam. Este, de um lado, permitiu pois à Congregação de ouvir os Bispos, de conhecer as suas dificuldades, e, de outro lado, ela ajudou os Bispos a compreender as necessidades universais da liturgia”.
Pergunta: V. Excia. espera doravante textos provenientes dos países africanos para reconhecê-los?
Resposta: “Sim, porque muitos Bispos ignoravam que era preciso que seus textos fossem reconhecidos pela Congregação. Com efeito, eles continuavam a utilizar textos redigidos sem o aval de Roma.É bem possível que esta situação exista em outros continentes”.
(tradução e destaques nossos)
(tradução e destaques nossos)
Para citar este texto:
"Roma: O Vaticano pretende reafirmar a necessidade de disciplina na Liturgia"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/imprensa/igreja/20060713a/
Online, 26/12/2024 às 05:03:37h