Medjugorje: Papa não acredita em tantas aparições diárias e contínuas
John L. Allen Jr.
O famoso sítio de Medjurgorje, onde devotos acreditam que a Virgem Maria vem aparecendo e oferecendo revelações desde 1981, fica no território da diocese de Mostar-Duvno na Bosnia-Herzegovina. Quase desde o começo, existiram tensões entre os Franciscanos de Medjugorge, muitos dos quais adotaram e apoiaram a crença popular nas aparições, e os bispos locais, que geralmente foram mais céticos.
O bispo Ratko Peric, 62, de Mostar-Duvno, recentemente deu uma entrevista ao seu jornal diocesano, Crkva na kamenu, que significa "A Igreja sobre a Pedra", sobre uma conversa que ele teve com o Papa Bento XVI durante sua visita ad limina no último fevereiro. Peric indicou que Bento compartilha sua posição cética.
O que segue é um excerto:
Alguns jornais escreveram que este Papa visitou Medjugorje desconhecidamente, enquanto ele era cardeal, e que ele está preparando para reconhecer Medjurgorje como um santuário, etc. Você tocou neste assunto?
Toquei, e eu escrevi e conversei com o Santo Padre sobre isso. Ele somente riu, surpreso. Relativamente aos eventos de Medjugorje nossa posição é bem sabida: nem uma única prova existe que estes acontecimentos tem relação com aparições e revelações sobrenaturais. Então, na perspectiva da Igreja, peregrinações não são permitidas, o que atribuiria alguma autenticidade a estas alegadas aparições.
O Santo Padre me contou: "Nós na Congregação [para Doutrina da Fé] sempre nos perguntávamos, como algum crente aceita como autênticas aparições que ocorrem todo dia por tantos anos? Elas ainda ocorrem todos os dias?
Eu respondi: Todo dia, Santo Padre, a um dos videntes em Boston, a outro perto de Milão e ainda a outro em Krehin Gradac (Herzegovina), e tudo é feito sobre o potrocolo de "Aparições de Medjugorge". Até agora já foram cerca de 35.000 "aparições" e não há final à vista!"
... As numerosas mensagens absurdas, insinceridades, falsidades e desobediência associadas aos acontecimentos e "aparições" de Medjugorje desde o início, tudo refuta qualquer reclamação de autenticidade. Muita pressão foi feita para forçar o reconhecimento da autenticidade de revelações privadas, já não através de argumentos convincentes baseados na verdade, mas através de auto-glorificação de conversões pessoais e por afirmações como alguém "se sente bem". Como, alguma vez, isso pode ser tido como prova da autenticidade de aparições?
... Finalmente, o Santo Padre disse: "Nós na congregação sentimos que os padres devem estar a serviço daqueles fiéis que procuram Confissão e a Santa Comunhão, deixando para lá a questão da autenticidade das aparições".
(destaques nossos)