Igreja e Religião
Religiosos canadenses defendem heresias e desafiam Roma
Alan Hustak
Os bispos Católicos Romanos do Canadá têm estado sob fogo da maior parte dos membros das comunidades religiosas do país, compreendendo irmãos, freiras e sacerdotes de ordens religiosas, pelo o que eles chamam de obediência cega dos bispos às diretrizes impostas pelo Vaticano.
Uma carta aos bispos emitida pela Conferência dos Religiosos Canadenses, que representa 213 comunidades católicas existentes no país, pede que Igreja considere oferecer comunhão completa a "todas pessoas marginalizadas, católicos divorciados e recasados e homossexuais".
Ela também pede que a igreja considere a "ordenação de homens casados, mulheres e anciãos em comunidades das Primeiras Nações." (Esses anciãos serviram em áreas remotas que tem falta de padres.)
A conferência representa 22.000 freiras, irmãos e sacerdotes de ordens religiosas. A carta diz que representa 60 por cento of deles, que responderam a uma pesquisa feita pela conferência.
Em geral, as ordens são autônomas e não se sujeitam à disciplina de um bispo local.
A carta aos bispos é única, dizem os observadores, por causa de seu escopo nacional.
"Grupos individuais dentro da Igreja enviaram cartas parecidas antes, mas esta é de um corpo nacional," diz o experto em Vaticano John Allen, que escreve para o National Catholic Repórter nos Estados Unidos. "Ela sugere que há divisões importantes dentro da Igreja no Canadá".
A carta de 16 páginas recomenda que a Igreja Católica se torne "uma instituição verdadeiramente colegial onde os bispos possam... gozar de autonomia em suas dioceses, e que esta autonomia seja completamente respeitada pelas autoridades romanas".
O documento também reclama que as mulheres são ignoradas na Igreja, as diretrizes Romanas são rígidas, e "a experiência de vida dos fiéis" é ignorada.
A carta confidencial foi preparada pela conferência como um folheto de discussão para coincidir com os encontros dos bispos canadenses com o papa em Roma neste ano.
O cardeal Marc Ouellet, o primaz Católico Romano do Canadá e arcebispo da cidade de Quebec, diz que ele levará as preocupações da conferência para Roma. Mas, diz ele, a igreja canadense nunca se separará do ensinamento doutrinário Católico.
A carta sinaliza um crescente desnível entre o que ela chama de "igreja Canadense" e sua liderança.
A carta é especialmente significativa porque ela vem na esteira de uma carta aberta de 19 sacerdotes de Quebec do dia 26 de Fevereiro que criticava a Igreja por sua hipocrisia em seus ensinamentos sobre homossexuais e suas atitudes "homofóbicas"- quando muitos dos padres são gays.
"Este é um passo incomum que tomamos," Alain Ambeault, presidente da Conferência dos Religiosos do Canadá, escreve na carta.
Ambeault elogia a Igreja em alguns casos, especialmente em seus esforços para atrair os jovens, mas ao mesmo tempo ele lamenta a falta de liberdade de expressão dentro da instituição.
A carta também critica o crescente número de missas presididas por "padres desmotivados, resultando em homilias pobres que falham em nutrir a fé dos que nela vão".
A conferência toma como referência a encíclica papal de 1965, Gaudium et Spes (Alegria e Esperança), na qual o Papa Paulo VI torna claro que "os homens têm em seus corações as leis escritas por Deus."
"Obedecer é a própria dignidade dos humanos, de acordo com a qual todos serão julgados", escreveu ele.
"A consciência é o núcleo e o santuário mais secreto dos seres humanos," escreveu Paulo VI.
O papa Bento XVI disse semana passada que ele pretende se basear mais consistentemente no conselho de seus cardeais. No consistório dos cardeais na sexta passada em Roma, onde 15 novos prelados foram instalados como cardeais, o papa deixou claro que quer que eles atuem em um papel expandido "como um tipo de senado".
Allen diz aos críticos da Igreja que não devem esperar que Roma seja receptiva às suas sugestões. "Não vai haver nenhuma discussão sobre ordenação de mulheres ou homossexualidade ou pesquisa.
Uma carta aos bispos emitida pela Conferência dos Religiosos Canadenses, que representa 213 comunidades católicas existentes no país, pede que Igreja considere oferecer comunhão completa a "todas pessoas marginalizadas, católicos divorciados e recasados e homossexuais".
Ela também pede que a igreja considere a "ordenação de homens casados, mulheres e anciãos em comunidades das Primeiras Nações." (Esses anciãos serviram em áreas remotas que tem falta de padres.)
A conferência representa 22.000 freiras, irmãos e sacerdotes de ordens religiosas. A carta diz que representa 60 por cento of deles, que responderam a uma pesquisa feita pela conferência.
Em geral, as ordens são autônomas e não se sujeitam à disciplina de um bispo local.
A carta aos bispos é única, dizem os observadores, por causa de seu escopo nacional.
"Grupos individuais dentro da Igreja enviaram cartas parecidas antes, mas esta é de um corpo nacional," diz o experto em Vaticano John Allen, que escreve para o National Catholic Repórter nos Estados Unidos. "Ela sugere que há divisões importantes dentro da Igreja no Canadá".
A carta de 16 páginas recomenda que a Igreja Católica se torne "uma instituição verdadeiramente colegial onde os bispos possam... gozar de autonomia em suas dioceses, e que esta autonomia seja completamente respeitada pelas autoridades romanas".
O documento também reclama que as mulheres são ignoradas na Igreja, as diretrizes Romanas são rígidas, e "a experiência de vida dos fiéis" é ignorada.
A carta confidencial foi preparada pela conferência como um folheto de discussão para coincidir com os encontros dos bispos canadenses com o papa em Roma neste ano.
O cardeal Marc Ouellet, o primaz Católico Romano do Canadá e arcebispo da cidade de Quebec, diz que ele levará as preocupações da conferência para Roma. Mas, diz ele, a igreja canadense nunca se separará do ensinamento doutrinário Católico.
A carta sinaliza um crescente desnível entre o que ela chama de "igreja Canadense" e sua liderança.
A carta é especialmente significativa porque ela vem na esteira de uma carta aberta de 19 sacerdotes de Quebec do dia 26 de Fevereiro que criticava a Igreja por sua hipocrisia em seus ensinamentos sobre homossexuais e suas atitudes "homofóbicas"- quando muitos dos padres são gays.
"Este é um passo incomum que tomamos," Alain Ambeault, presidente da Conferência dos Religiosos do Canadá, escreve na carta.
Ambeault elogia a Igreja em alguns casos, especialmente em seus esforços para atrair os jovens, mas ao mesmo tempo ele lamenta a falta de liberdade de expressão dentro da instituição.
A carta também critica o crescente número de missas presididas por "padres desmotivados, resultando em homilias pobres que falham em nutrir a fé dos que nela vão".
A conferência toma como referência a encíclica papal de 1965, Gaudium et Spes (Alegria e Esperança), na qual o Papa Paulo VI torna claro que "os homens têm em seus corações as leis escritas por Deus."
"Obedecer é a própria dignidade dos humanos, de acordo com a qual todos serão julgados", escreveu ele.
"A consciência é o núcleo e o santuário mais secreto dos seres humanos," escreveu Paulo VI.
O papa Bento XVI disse semana passada que ele pretende se basear mais consistentemente no conselho de seus cardeais. No consistório dos cardeais na sexta passada em Roma, onde 15 novos prelados foram instalados como cardeais, o papa deixou claro que quer que eles atuem em um papel expandido "como um tipo de senado".
Allen diz aos críticos da Igreja que não devem esperar que Roma seja receptiva às suas sugestões. "Não vai haver nenhuma discussão sobre ordenação de mulheres ou homossexualidade ou pesquisa.
Carta aos bispos canadenses emitida pela Conferência dos Religiosos Canadenses
Introdução
Introdução
Aos nossos Irmãos Bispos
Neste ano que se inicia, vocês serão convocados a cumprir sua visita ad limina. Esta importante peregrinação os permitirá não só que vocês expressem sua solidariedade da Igreja Canadense ao seu Pastor supremo, mas para expor perante ele, assim para seus colaboradores mais próximos, a situação de nossa Igreja. Cientes da importância deste evento, e sabendo que vocês carregam a esperança de nossa Igreja assim como as suas conquistas, seus desafios e sua vulnerabilidade, seus irmãos e irmãs na Vida Religiosa desejam endereçar esta mensagem a vocês.
Nossa intenção primária é expressar nossa fidelidade criativa à Igreja Canadense; isto se traduzirá na expressão de nossa percepção de sua realidade. Que vocês possam entender de nossa mensagem que nós, homens e mulheres religiosos do Canadá, desejamos expressar o que acreditamos serem os principais destaques de nossa realidade atualmente. É com grande humildade que apresentamos a vocês um ponto de vista que sem equivoco algum exige uma atenção cada vez maior dos fatos que permeiam o crescimento da Igreja. Nossa mensagem é baseada particularmente numa pesquisa feita junto aos lideres das congregações de todo o país. A seriedade das respostas recebidas, e o alto índice de participação de nossos membros atestam a importância desta intervenção.
Gostaríamos de compartilhar nossas preocupações, nossos questionamentos e nossos sofrimentos, assim como os dos nossos irmãos e irmãs. Fazemos isto num espírito de fé e comunhão, como o Povo de Deus, fiel a Jesus Cristo e ao seu Evangelho.
Este é um passo incomum que tomamos. Nós o fazemos com a firme convicção que é absolutamente essencial, particularmente neste tempo da história da Igreja. Reconhecemos o peso do encargo que vocês tem em suportar os enormes desafios que a Igreja enfrenta em nosso país. Estamos persuadidos da necessidade de lhes oferecer nosso inteiro apoio quando vocês partilharem estes com o atual sucessor de Pedro. Nossa Igreja tem visto grande sofrimento e esta sendo compelida, agora mais do que nunca, a cuidadosamente discernir os sinais do tempo. Na história da Igreja, a vida religiosa tem sempre sido uma portadora de luz, particularmente quando aponta a necessidade de transformação. No mesmo espírito nos sentimos compelidos a enviar esta mensagem a vocês.
Nossos corações estarão com vocês durante sua visita ad limina. Por favor, façam saber ao Santo Padre de nossa resolução em cumprir a missão que a Igreja nos confiou; estejam seguros de nossa solidariedade. Pedimos ao Espírito Santo que lhes conceda a coragem e a determinação que fazem de nossa fé um processo dinâmico de constante transformação.
Através de sua historia, e ainda hoje, a Igreja é plena de pessoas memoráveis, testemunhas de sua vitalidade. É na companhia delas que lhes enviamos esta mensagem. Ao fazermos isso, nós reiteramos nossa fé no Cristo Vivo!
Da parte dos meus irmãos e irmãs religiosas, confio a vocês o que vive em nossos corações e nutre nossas esperanças.
Alain Ambeault, C.S.V,
Presidente do CRC (Canadian Religious Conference)
UM VISLUMBRE EM NOSSA IGREJA
Preliminares
Entre abril e junho de 2005, a Conferência dos Religiosos do Canadá (CRC) distribuiu uma pesquisa abrangente a 230 congregações religiosas por todo o país. O propósito foi permitir aos religiosos canadenses expressar suas percepções a respeito da Igreja no Canadá.
Para facilitar esta intervenção, um Comitê ad hoc da CRC escolheu cinco aspectos significativos da realidade da Igreja:
1 – A Igreja e a Busca por Significado;
2 – A vida da Comunidade na Igreja;
3 – A celebração na Igreja;
4 – A solidariedade dentro da Igreja;
5 – A profecia na Igreja.
Para cada um dos itens acima, foi pedido elaborarem sua visão sob três diferentes ângulos:
- Apontar os pontos fortes e principais conquistas de nossa Igreja sob o cabeçalho: “Nós reconhecemos...”;
- Apontar quaisquer aspectos de fraqueza ou negligência de nossa Igreja sob o cabeçalho: “Nós lamentamos...”;
- Expressar suas esperanças para a Igreja sob o cabeçalho: “Nós esperamos...”.
Mais que 60% das congregações responderam à pesquisa. A qualidade geral das respostas reflete o cuidado que tiveram em seus trabalhos.
Para essa mensagem a CRC selecionou as percepções que foram mencionadas com maior freqüência ou insistência ou que refletem convicções profundas, claramente baseadas em suas experiências de vida religiosa e vida na Igreja.
1. A IGREJA E A BUSCA POR SIGNIFICADO
Tendo em vista o fato que os jovens e adultos de hoje se engajam em uma busca por significado ativa, cada vez mais através de caminhos divergentes: cultos, religiões alternativas, espiritualidades orientais ( oração Zen, etc.), experimentos paraespirituais, clarividentes e outros...
Nós reconhecemos:
- Que nossa Igreja tem se esforçado em fazer um esforço coordenado para vencer o desafio da nova educação e evangelização na fé cristã: ritos de iniciação cristãos e desenvolvimento da fé (adultos e crianças); preparação sacramental; catecumenato e programas para “novos iniciantes”; a destacada participação de mulheres nesses programas.
- Os benefícios dos programas para introduzir os jovens na fé e o crescimento dos adultos na fé cristã.
- Que nossa Igreja reconheceu a necessidade de se renovar a pedagogia catequética; atingindo os adultos a partir de suas próprias experiências (androgogia) ao invés do ensino formal da doutrina.
- Que nossa Igreja, no geral, apóia a formação de agentes pastorais e catequistas; que um número crescente de leigos – especialmente mulheres – estuda teologia, exegesis, e cuidados espirituais e pastorais.
- Os benefícios de várias publicações e organizações que refletem na vida e nos eventos correntes a partir de uma perspectiva cristã.
- A participação de religiosos e de leigos treinados para prover apoio moral em situações específicas: divórcio, suicídio, ausência de lar, dependência da droga, doenças terminais (cuidados paliativos), pessoas procurando por um significado.
- Que dentro de nossa Igreja ainda há jovens que tomam parte em movimentos específicos procurando uma resposta cristã às suas buscas por significado.
- A importância dada ao cuidado espiritual e pastoral e a contribuição das congregações religiosas nessas áreas.
- Os esforços contínuos de vários de nossos Bispos em aderir e seguir à perspectiva do Vaticano II no que diz respeito ao papel do laicato na Igreja e na vida da Igreja.
- Particularmente, nas comunidades que falam a língua inglesa, a importância dada a outros símbolos e expressões de fé, ao diálogo inter-religioso e a espiritualidade das pessoas das Primeiras Nações [os aborígines, creio eu].
Nós lamentamos
- Em termos de ética e bioética, a manutenção de um ideal que deixa pouco espaço para o avanço e para o progresso/ a defesa de princípios que não refletem a experiência humana (divórcio, contracepção, proteção contra a AIDS, alívio do sofrimento dos que estão no fim da vida).
- A falta de receptividade e abertura às preocupações e aos valores das gerações mais novas; investimento insuficiente em recursos humanos e a ameaça de retaliações financeiras por parte dos Bispos a movimentos de base de Ação Católica/ a energia insuficiente devotada para o cuidado espiritual, especialmente de jovens adolescentes depois do crisma.
- A falta de liberdade de expressão entre os cristãos; na Igreja universal, a rápida condenação de teólogos; a percepção da Igreja pela mídia como não tendo papel significativo para a humanidade; a perda de confiança de um número crescente de pessoas (homens, mulheres e jovens) na Igreja como a portadora da mensagem que respondem às suas profundas buscas por significado.
- A preparação inadequada de muitos ministros ordenados para prover liderança espiritual para as comunidades cristãs e construir relacionamentos com os leigos baseados na confiança mútua.
- A inadequação da formação teológica e exegética dos padres, e de suas homilias, para nutrir a fé do Povo de Deus e trazer respostas válidas para suas buscas por significado.
- Que nossa Igreja sempre de prioridade para a reafirmação do dogma e da moral tradicional ao invés de prestar atenção à busca das pessoas por significado e caminhar lado a lado delas para descobrir suas motivações mais profundas.
- A falta de receptividade, abertura e iniciativa de nossa Igreja em ajudar as pessoas a lidar com novas e difíceis situações que elas enfrentam: separação, divórcio, custódia conjunta dos filhos, violência doméstica, novas orientações religiosas escolhidas por membros da família, etc.
- Que nossos Bispos não tenham tomado providências necessárias para adequar o treinamento e formação para membros do clero convocados a trabalhar em ambientes multiculturais; aprendizado de línguas estrangeiras, integração cultural, aproximações inter-religiosas, estruturas colegiais e colaborativas de liderança, e respeito ao papel dos religiosos e leigos na Igreja.
- A imagem legalista da Igreja Católica – e de nossa Igreja do Canadá – sua rigidez e suas posições intransigentes em moral sexual; sua falta de abertura com relação ao acesso aos sacramentos pelos católicos divorciados e recasados, sua falta de compaixão para com eles; sua atitude de rejeição para com os homossexuais: imagens e atitudes que representam um retrocesso das perspectivas evangélicas defendidas pelo Vaticano II.
- O alinhamento incondicional de nossa Igreja com as diretivas emitidas por Roma: o desaparecimento da prática da absolvição geral em celebrações comunais; a falta de consistência com relação ao papel da mulher na Igreja ou dos padres casados...
- A posição de nossa Igreja que cria um desserviço para a causa do ecumenismo: um medo de diálogo com as outras Igrejas, outras religiões, outras culturas e povos marginalizados.
Nós Esperamos
- Que, de acordo com o desejo expresso na Gaudium et Spes do Vaticano II, a Igreja permaneça aberta ao mundo, mais receptiva à “Alegria e esperança, a dor e a angústia dos homens dos nossos tempos, especialmente daqueles que são pobres ou aflitos de qualquer forma”(No. 1); que ela consiga oferecer Boas Novas que responda às suas buscas por significado; que expresse mais compaixão e abertura vis-à-vis ao sofrimento das pessoas, não deixando ninguém marginalizado ou excluído.
- Por uma maior autonomia das conferências episcopais; pelo exercício efetivo da estrutura colegial episcopal; por mais consultas ao laicato, levando em conta suas sugestões e propostas (por exemplo, antes de escolher seus párocos ou fechar seus locais de adoração).
- Que os Bispos irão ainda desenvolver o diálogo necessário dentro de nossa Igreja, com outras Igrejas, e com as diferentes comunidades etno-culturais de nosso país; que nós nos permitamos sermos transformados por estas trocas culturais (intercâmbio cultural).
- Que um diálogo significativo entre bispos, religiosos e leigos seja mantido; que os ritos e os símbolos sejam mais relevantes para o mundo de hoje. Que a linguagem eclesiástica seja mais acessível aos cristãos, para que a mensagem do Evangelho os alcance.
- Que nossa Igreja ofereça, especialmente aos jovens, locais para revisitarem e compartilharem suas experiências; que tenham lugares significativos a que pertençam, para que eles se expressem, orem, compartilhem a palavra de Deus; encontrem novas maneiras de responder às suas buscas espirituais.
- Que nossa Igreja apóie iniciativas capazes de dêem capacidade a homens e mulheres cristãos de expressarem sua fé; através do investimento do compartilhamento da fé, comunidades cristãs básicas, e outros movimentos espirituais.
- Que nossa igreja desenvolva e promova o ministério para os católicos marginalizados e alienados, homossexuais e “novos iniciantes”.
- Que os ministros ordenados que chegam de outros países e outras culturas recebam orientação para ministério pastoral específico para a Igreja Canadense e sua cultura antes que ele pratique seu ministério aqui (liderança, falar em público, trabalhar com mulheres, etc.: integração cultural).
- Pelo uso maior dos meios modernos de comunicação (TV, Internet) para um alcance efetivo; aprimorar o diálogo com outras religiões/ que as questões que nossa Igreja enfrenta sejam levadas em conta e discutidas nas comunidades Cristãs.
- Que uma evangelização relevante para nosso ambiente cultural seja a primeira prioridade de nossa Igreja: para este propósito, que é trabalhar para desenvolver uma presença religiosa em todas as áreas da vida canadense, refletindo a contribuição de várias práticas religiosas, culturais e espirituais; e estar atentos à sabedoria ancestral e à espiritualidade dos povos das Primeiras Nações [os selvagens].
- Que, em termos de ética e ensino moral, nossa Igreja seja aberta aos desenvolvimentos atuais e às perspectivas das ciências antropológicas, sociais e médicas, etc.; que nestes campos os bispos não se esqueçam que os leigos (homens, mulheres, casais, famílias, etc) formam o Povo de Deus, reconhecendo sua competência e liberdade de consciência. Como o Cardeal Josef Ratzinger apontou em 1966: “A consciência é o supremo e último tribunal, mesmo além da igreja oficial, e deve ser obedecida”.
- Por uma abordagem mais pastoral pelos bispos e ministros ordenados: uma abordagem baseada no conceito de que todos os membros do Povo de Deus forma um povo peregrino, caminhando junto e partilhando sua jornada cristã para o bem de todos.
- Que a primazia da pessoa seja efetivamente reconhecida e promovida dentro da Igreja e que qualquer formação de consciência seja efetivada com o respeito pela liberdade fundamental do indivíduo.
2 – VIDA DA COMUNIDADE NA IGREJA
Firmes em nossa convicção que a vida da comunidade na Igreja é expressa, dentre outras coisas, pela vitalidade das comunidades cristãs, a integração com os novos modelos de vida da Igreja, participação em exercício de colegialidade e um reconhecimento pleno do lugar das mulheres...
Nós reconhecemos
- Que as comunidades da Igreja encontram sua fonte, seu centro e seu ápice no estudo e na celebração da Palavra de Deus (Eucaristia) (Vaticano II Sacr. Liturg., No. 10 e seguintes).
- A importância das comunidades cristãs em conter o isolamento do povo e a falta de apoio social para indivíduos e famílias.
- Os esforços feitos por vários bispos para se encontrar, escutar e acomodar as sugestões do laicato no processo de reestruturação das paróquias.
- Que nesse processo de reestruturação, esforços generosos foram feitos para inventar novos processos e/ou formas de reagrupamento adaptados para uma pratica da igreja em diminuição: ajuntando-as em unidades ou setores pastorais; colaboração entre sacerdotes e leigos/ diversificação e reestruturação dos serviços pastorais.
- Que a vitalidade desses encontros comunais é proporcional ao compromisso dos leigos em criar ou fortalecer o tecido da comunidade dentro dessas novas estruturas.
- Que, em algumas dioceses há um grande envolvimento de religiosos e de leigos, particularmente das mulheres, no ministério, catequese e administração.
- O aumento da abertura das formas de expressão de responsabilidade compartilhada: o lugar dado aos homens e mulheres leigos e para os religiosos nos serviços diocesanos, conselhos paroquiais e comitês, etc.
- O papel essencial de pequenas comunidades de base como o processo para construir comunidades cristãs e lhes dar raízes.
Nós lamentamos
- Que sempre nossa Igreja hierárquica, longe de comentários e propostas progressistas do Concílio Vaticano II, ainda exerça um poder clerical, minimamente sinódico e minimamente colegial na liderança do Povo de Deus.
- A clara perda de autonomia dos bispos e da CCCB [CNB Canadense] na tomada de decisão relacionada à Igreja do Canadá, ignorando ou não levando em conta sua realidade específica.
- O fato de que um número não suficiente de párocos buscam a colaboração de leigos qualificados, confiando às mulheres apenas tarefas subordinadas; o fato que os homens e mulheres leigos e religiosos estão envolvidos em uma extensão tão curta do governo de suas comunidades cristãs.
- A ausência de jovens, casais jovens e um crescente número de mulheres na vida da Igreja; seu futuro, seus projetos, sua vida espiritual, sacramental e litúrgica que não mais atrai muito interesse.
- Que o papel ministerial das mulheres em nossa Igreja não reflita sua importância numérica nas comunidades; que elas não tenham acesso a vários processos de tomada de decisão e a todos os aspectos do ministério da Igreja;
- Que a importância dada ao clero não casado tenha precedência sobre o direito do Povo de Deus de celebrar a Eucaristia; a ênfase colocada na estrutura puramente hierárquica da Igreja, em detrimento do exercício de nosso batismo no sacerdócio do laicato.
- Certos abusos de poder por alguns pastores que resultam na limitação das responsabilidades pastorais disponíveis aos leigos, particularmente às mulheres.
- Que a reestruturação das paróquias em unidades ou setores pastorais sempre favoreçam encontros grandes e anônimos, especialmente nas áreas rurais, em detrimento dos relacionamentos próximos nas comunidades com seus párocos, do senso de pertencer à Igreja e, em alguns casos, da vitalidade da comunidade.
- Que a reestruturação das paróquias requeiram que os padres corram por aí para realizar as missas dominicais, e que ocasionem a redução seu tempo para ouvir e atender, assim como a sobrecarga administrativa que sempre pode prevalecer sobre a evangelização.
Nós esperamos
- Além das práticas dos domingos e dos dias santos, pela implementação de novas formas de revitalizar as comunidades cristãs (comunidades de base, etc).
- Que a nossa Igreja seja um Igreja verdadeiramente colegial, onde os Bispos, informados das necessidades de seu povo, possam, em solidariedade com o Vaticano e com a Conferência dos Bispos Católicos do Canadá, gozem de autonomia em suas dioceses; e que esta autonomia seja inteiramente respeitada pelas autoridades Romanas.
- Que nossos Bispos criem oportunidade para discussão e discernimento; engajando-se em questões e situações problemáticas levantadas pela sociedade de hoje; famílias separadas, famílias reconstituídas, violência doméstica, o lugar da mulher na Igreja, casamento entre pessoas do mesmo sexo, suicídio assistido, etc.
- Por mais abertura, diálogo, reconhecimento mútuo; por sinergia em projetos conjuntos no nível de unidade pastoral (paróquias fundidas).
- Que, na contínua busca pela verdade, as questões relacionadas ao ministério ordenado sejam abertas a discussões: ordenação de homens casados, mulheres, e de “Anciãos” nas comunidades das Primeiras Nações (índios). Que as comunidades cristãs possam discernir os sinais que podem auxiliá-las a reconhecer o tipo de líderes que ela necessita no futuro próximo
- Que nossa Igreja, uma comunidade peregrina de pecadores, concorde em se engajar num diálogo respeitoso sem arrogância, permitindo a pluralidade de opiniões e um nível razoável de discordância; que esteja atenta a o que seus membros estão experimentando. Que ela encontre os meios de facilitar a plena participação do povo atualmente alienado da Igreja.
- Que nossos Bispos se arrisquem em caminhos inovadores para garantir a vida sacramental das comunidades cristãs, hoje e amanhã. Por exemplo: preparação teológica adequada dos leigos que demonstram alguma aptidão para o ministério; celibato opcional para o clero; maior envolvimento dos leigos nas tomadas de decisão e, por último, explorar a ordenação de mulheres.
- Pela prática de uma responsabilidade conjunta dos leigos nas decisões que os afetam, e pela consulta efetiva com relação à implementação dessas decisões.
- Que nossa Igreja apóie uma partilha maior dos recursos humanos e financeiros entre as dioceses do sul e do norte, assim como entre as comunidades cristãs de uma única diocese.
- Que nossa Igreja seja mais aberta a homens e mulheres que estão passando por um casamento falido; às famílias reconstituídas, alerta para o fato de que a misericórdia e a suavidade de Deus para com o as pessoas significam mais que a obediência estrita a ditames canônicos.
- Que, antes de “incardinar” ministros ordenados vindos de outros países e outras culturas, façamos os esforços necessários para as pessoas de nosso próprio ambiente tenham acesso a esses ministros.
3. CELEBRAÇÃO NA IGREJA
Quando falamos de celebrações da Igreja, estamos pensando especificamente na prática dos sacramentos, no senso de criatividade litúrgica e na evolução dos ritos, no exercício de vários ministérios...
Nós reconhecemos
1. A importância fundamental da liturgia na vida Cristã: “A liturgia é o ápice (...) e também a fonte” da vida cristã. (Vaticano II, Sacr. Lit., No. 10); a necessidade de palavras e ritos iluminando nossas vidas e comportamentos; a importância de se considerar a liturgia como um todo: significado, ritual, ritmo, combinação de palavras e gestos, celebrantes.
2. A qualidade dos recursos usados pelas comunidades litúrgicas para a preparação das celebrações. Que em algumas comunidades cristãs, estes comitês demonstram criatividade litúrgica ao trazer vida e significado para suas celebrações: palavras, textos e músicas, gestos simbólicos e evocações de eventos significativos experimentados por membros da comunidade.
3. Num grande número de comunidades cristãs, a implementação da preparação adequada dos sacramentos do batismo e do casamento, e dos jovens para os sacramentos da reconciliação, comunhão e crisma; que maior responsabilidade deve ser oferecida para os leigos responsáveis pela preparação desses sacramentos: ritos adaptados, símbolos evocativos...
4. Que em várias comunidades cristãs homens e mulheres religiosos têm contribuído grandemente para a qualidade das celebrações litúrgicas: apresentações, comentários apropriados, expressões de criatividade, linguajar inclusivo, etc.
5. Que as celebrações comunais de reconciliação com absolvição geral são ocasião para uma bela catequese da misericórdia de Deus.
6. A importância do multiculturalismo em nossas celebrações litúrgicas, particularmente nos ambientes onde o povo das Primeiras Nações vive.
7. Os esforços de nossa Igreja para renovar os recursos litúrgicos: missais e rituais, musicas e melodias, tradução de textos.
8. Algumas das iniciativas locais que tendem a introduzir linguagem inclusiva nas celebrações litúrgicas.
Nós Lamentamos
- A manutenção de várias leis litúrgicas que ainda constituem barreiras para a participação integral dos leigos nas celebrações litúrgicas; o pequeno espaço concedido às mulheres na liturgia Eucarística. A rigidez das diretivas dos documentos Romanos: a insistência da observância de regras ao invés de se levar em conta as experiências de vida dos participantes.
- A resistência aos esforços para traduzir e atualizar os textos litúrgicos (que, juntamente com o uso de linguagem patriarcal, ajudam a reforçar os sentimentos de exclusão entre as mulheres em nossa Igreja). O fato de que as mulheres ainda são ignoradas em nossa Igreja, não apenas no processo de tomada de decisões, mas também na linguagem “exclusiva” usada pela Igreja.
- A proibição, pelas autoridades Romanas, de se manter celebrações comunitárias de penitencia com absolvição geral, a despeito do fato de que o Povo de Deus tenha expressado seu apoio positivo a esta prática.
- A exclusão da comunhão Eucarística dos divorciados em novos relacionamentos.
- Num grande número de comunidades cristãs, a falta de preparação das celebrações litúrgicas, falta de integração cultural da liturgia e pouca adaptação a várias audiências.
- O crescente número de celebrações litúrgicas por sacerdotes desmotivados ou que tenham pouca ou nenhuma formação litúrgica ou exegética: resultando em comentários fracos e homilias que falham em nutrir a fé daqueles que participam! Falta de formação em liturgia de um grande número de presidentes da celebração.
- De uma maneira geral, em nossas liturgias sacramentais, a persistência de ritos que não encontram eco nas experiências dos participantes; que certos ritos de passagem (batismos, casamentos, funerais), sempre são perdidas oportunidades de se reconexão com paroquianos alienados.
- Que haja poucos lugares onde os jovens possam se reunir de uma forma que possa dar significado para suas vidas.
- Que muitos sínodos diocesanos criaram expectativas legítimas que não foram concretizadas.
Nós esperamos
- Que, em nossa Igreja, o significado de sacerdócio batismal dos fiéis seja inteiramente reconhecido e desenvolvido; que os ministérios leigos sejam estabelecidos, dando expressão à completa igualdade entre mulheres e homens.
- Por uma revisão nos ritos litúrgicos, o encorajamento de iniciativas respeitando a natureza sagrada da liturgia com mais referencia às experiência do povo; uma liturgia que seja mais baseada na vida.
- Que os rituais cristãos e a expressão de fé nas celebrações litúrgicas interajam (estejam em simbiose) com as experiências de vida, língua e cultura do povo. Que as celebrações festivas marquem várias jornadas de fé ou aprofundem as experiências de vida.
- Que nossa Igreja seja mais aberta a vários rituais e aspectos culturais de outras Igrejas.
- Em celebrações de funerais e de casamentos, que maior atenção seja dada às pessoas que tenham a sua própria pratica religiosa; que os párocos tenham cuidado especial com os ritos de passagem: batismo, crisma, casamento, funerais, passos importantes nas jornadas das pessoas.
- Que as celebrações de funerais e casamentos (sem a Sagrada Comunhão) sejam confiadas a leigos qualificados (homens e mulheres) que são reconhecidos como tais em suas comunidades: trabalhadores pastorais, catequistas, professores aposentados, etc.
- Que os marginalizados, ou católicos divorciados e recasados, se sintam bem vindos nas celebrações litúrgicas, pela plena participação de membros de outras igrejas nas celebrações.
- Que nossos Bispos intervenham junto às autoridades romanas para buscar o reconhecimento e a prática da absolvição geral, pelo menos durante nos tempos importantes do ano litúrgico: Advento e Quaresma.
- Que nossa Igreja mantenha e intensifique sua presença em celebrações ecumênicas e interconfessionais.
- Que os projetos concretos sejam implementados em resposta às expectativas criadas pelos sínodos diocesanos.
4. SOLIDARIEDADE DENTRO DA IGREJA
Solidariedade na Igreja, na nossa opinião, refere-se a elementos tais como: justiça social, a transformação da sociedade, igualdade de gêneros, o fenômeno da marginalização, empobrecimento e o apoio às Igrejas do Terceiro Mundo.
Nós reconhecemos
- Que nossa Igreja, através das publicações dos bispos, desenvolveu uma maior atenção às causas humanitárias e as necessidades de solidariedade ao tomar o partido da justiça social. Com o seu apoio para o Desenvolvimento e a Paz, ela tem educado as pessoas para a causa do Terceiro Mundo e dos países em desenvolvimento.
- Comentários relevantes feitos pelos bispos canadenses para denunciar as desigualdades e promover formas de transformar a sociedade.
- Os esforços conjuntos de nossa Igreja com seus parceiros ecumênicos e várias organizações de caridade em ações específicas em favor dos pobres e daqueles que enfrentam emergências (guerras, fome, desastres naturais).
- Que muitas mulheres e homens religiosos têm trabalhado em solidariedade com nossas comunidades leigas cristãs nos trabalhos de ação social.
- A ação de congregações religiosas na busca de sistemas econômicos alternativos e na defesa da justiça.
- A contribuição efetiva das comunidades religiosas, em termos de recursos humanos e financeiros, em contextos básicos e pobres, aqui com os povos das Primeiras Nações e nos países do Terceiro Mundo (trabalho missionário para as Primeiras Nações, promoção dos direitos humanos, solidariedade para com os pobres).
- A presença e a ação pastoral de nossa Igreja em outros lugares e setores da sociedade: escolas, hospitais, prisões; com as pessoas marginalizadas, alienadas, imigrantes (comunidades hóspedes).
- A caridade e generosidade mostrada por nossas comunidades Cristãs em resposta as necessidades urgentes de seus membros: serviços de apoio mútuo, jovens com problemas, famílias de pais solteiros, auxílio aos pobres, serviços assistenciais de curta duração, levantamento de fundos, apoio local durante tempos difíceis (catástrofes, perda de emprego, fatalidades).
Nós lamentamos
1. Que nossos comentários informados sobre assuntos vitais da sociedade são escondidos em linguajar obscuro, tendo por resultados que os cristãos não são bem informados sobre as posições e pontos de vista de nossa Igreja.
2. Do fato que a maioria das comunidades cristãs não conhecem a doutrina social da Igreja e que os párocos não persistem na implementação dos documentos dos Bispos sobre justiça social.
3. Uma freqüente atitude intransigente da Igreja universal e da Igreja canadense que contribui para a criação de marginalizados (mulheres, católicos divorciados e recasados, homossexuais).
4. A falta de igualdade em nossa Igreja entre homens e mulheres, entre ministros ordenados, religiosos e homens e mulheres leigos.
5. Que nossa Igreja não esta pronta para conduzir uma análise social de suas estruturas organizacionais.
6. Que a mídia de mais cobertura aos comentários da Igreja sobre os assuntos sexuais (aborto, contracepção, homossexualidade) do que às questões de justiça (guerras, meio ambiente, AIDS, empobrecimento de grupos sociais, violência contra as mulheres, refugiados ameaçados de expulsão, etc).
7. A erosão do apoio financeiro ao Desenvolvimento e Paz em algumas dioceses e ao Kairos a nível nacional.
Nós esperamos
1. Que nossos pastores, seguindo o exemplo do Bom Pastor, recebam todas as pessoas marginalizadas (mulheres, católicos divorciados e recasados, homossexuais, etc).
2. Que nossas estruturas da Igreja favoreçam mais a necessidade de comunhão sobre a de poder.
3. Que os membros de grupos dentro da Igreja que trabalham pela transformação da sociedade sejam reconhecidos, encorajados e promovidos.
4. Que a Igreja canadense continuará a promover a justiça através da educação para a justiça e esforços para mudanças sistêmicas ao invés de apenas através apelos caritativos.
5. Que nossa Igreja se posicione mais próxima às questões maiores do mundo: empobrecimento, inadequação, direitos e papeis das mulheres, defesa dos desempregados, respeito ao meio ambiente, e pela segurança da humanidade; que ela abra os caminhos que levam à extinção das desigualdades: entre ricos e pobres, entre as classes sociais, entre homens e mulheres.
6. Que um maior diálogo e uma verdadeira parceria seja estabelecida entre as comunidades cristãs e os grupos envolvidos na luta pelas causas humanitárias e trabalhando com a humanidade sofredora.
Assim como é de interesse do mundo reconhecer
a Igreja como uma realidade social e uma força motriz na história, assim também a Igreja não está desapercebida de quanto ela lucrou com a história e o desenvolvimento da humanidade. (Gaudium et Spes, No. 44)
7. Que a doutrina social da Igreja seja mais bem conhecida nas comunidades Cristãs, e que os bispos locais assegurem que as publicações da Igreja a este respeito ganhem mais reconhecimento.
8. Que a solidariedade entre a Igreja e o povo das Primeiras Nações seja mantida, para que eles recebam apoio em seus desafios sociais culturais e espirituais.
5. PROFECIA NA IGREJA
Dentro dessa dimensão especial da Igreja, nós incluímos os eventos, comentários, e ações proféticos em nome do Evangelho. Também incluímos o respeito pelas iniciativas, o ministério de promoção das vocações e o radicalismo evangélico...
Nós reconhecemos
- Que pelo seu batismo, os cristãos, e particularmente os religiosos, são chamados a questionar a sociedade e a Igreja.
- Que as congregações religiosas têm uma presença profética mais visível quando se envolvem com os vulneráveis e os abandonados, os excluídos, os deserdados ou com os explorados; sua contribuição em criar condições favoráveis para a reconciliação e seu envolvimento na eliminação de todas as formas de violência, especialmente aquelas cometidas contra mulheres e crianças (tráfico) são boas novas.
- A bravura profética de nossa Igreja ao apontar certos valores humanos, sociais e evangélicos mesmo que a sua intervenção não seja sempre bem recebida e pela maior parte da comunidade.
- Que, em nome da fé, nossa Igreja faz sua voz ser ouvida ao denunciar as desigualdades, promover os valores evangélicos, desenvolver atitudes cristãs em termos de ética e bioética, e optar em favor do meio ambiente.
- Que nossa Igreja tenha uma voz profética quando ela toma partido dos pobres, dos excluídos, pela vida, paz e direitos humanos; quando ela emite comentários a respeito do trabalho, da ecologia, da justiça social, da integridade da vida humana, e respeito pela Criação.
- O papel profético de certos centros de formação e de crescimento e de periódicos que abrem uma diversidade de experiências e forneçam a oportunidade para uma análise social, liberdade de expressão, e responsabilidade ecológica.
- Que o Espírito Santo está ativo e presente na opção preferencial pelos pobres, no ecumenismo, no feminismo, nos movimentos pacifistas e de não-violência.
- Que o processo atual de busca do perdão e da reconciliação pela Igreja canadense e pela Igreja universal é de natureza profética.
- Que o real desafio de nossa Igreja é viver num mundo pluralista e numa cultura pós-moderna.
Nós lamentamos
- A timidez da voz profética da Igreja canadense: o medo da mudança, a falta de encorajamento de várias iniciativas de leigos em nossos contextos cristãos, se atendo a tradições velhas e obsoletas.
- A reticência dos bispos em expressar o que pode ser percebido como contraditório ou atenuado no discurso de Roma.
- No nosso ambiente eclesiástico, o continuo uso de linguagem e ações perpetuadas por uma mentalidade clerical.
- O eclipse ou retrocesso de grandes investidas do Concílio Vaticano II, sobre a estrutura colegial e a colegialidade, como proposto e adotado por aquele Concílio; a falta de reconhecimento do papel proféticos de homens e mulheres leigos.
- A ausência de uma verdadeira consideração sobre o declínio das vocações religiosas e sacerdotais; falta de novas iniciativas nessa área.
- A hesitação da Igreja em se tornar parceira de outras organizações, seculares ou civis, em causas humanitárias, sociais e ambientais.
- Que nossa Igreja tenha tão pouca influencia nos grandes debates sociais, por causa do seu conservadorismo e o de Roma que ele suporta, e também porque ela não aceita nenhuma discordância, mesmo as discordâncias responsáveis. Ela inibe seus profetas...
Nós esperamos
1. Que a Igreja universal, para ser profética, recupere o espírito do Vaticano II e adote as delineações expressas nos documentos mais importantes do Concílio. Que a Igreja canadense influencie a Igreja universal para que ela volte à visão pastoral do Vaticano II; que as estruturas necessárias para a igreja local para manter e aprofundar estes objetivos aconteça.
2. Por uma busca séria pela verdade em nossa Igreja: um lugar de diálogo, de respeito para teologias diversas, por iniciativas a serem tomadas por grupos de homens e mulheres cristãos e pela abertura às realidades pós-modernas que demandam mais do que apenas valores negativos.
3. Que nossa Igreja, para ser profética, manifeste primeiramente e principalmente sua solidariedade para com os oprimidos, se tornado cada vez mais uma “Serva dos pobres”, um título que lhe deu o Concílio Vaticano II. (Lúmen Gentium).
4. Que nossa Igreja, para ser profética, se torne uma Igreja cujos pastores primeiramente cuide dos sofrimentos, das lutas e dos desafios dos outros, os menores entre o Povo de Deus, porque este é o campo onde o Evangelho se enraíza: uma Igreja baseada na atenção, no respeito, no diálogo, e na busca humilde pela verdade.
5. Que nossa igreja fale sobre as questões atuais como opressão, consumismo, poluição, e a necessidade de diálogo entre as culturas e outras religiões.
6. Que a Igreja Canadense re-examine todo os seus meios de comunicação social para que ela possa esclarecer e se expressar em termos simples algumas das maiores questões da igreja Universal.
7. Que o diálogo seja encorajado e promovido em nossa Igreja, assim como as maiores questões da fé, pratica religiosa e os meios de ação social, bem como em questões controversas tais como ordenação de mulheres e de homens casados, e casamentos dos mesmo sexo.
8. Que nossa Igreja canadense, para ser profética e fiel a sua história, foque mais no desenvolvimento de laços mais estreitos com o mundo artístico e intelectual.
9. Que nossa Igreja desenvolva uma teologia profética e recursos para reflexão ética/ que ela promova mais educação e treinamento de liderança para ministros ordenados e homens e mulheres leigos.
CONCLUSÃO
Caros bispos, nossa mensagem deseja demonstrar nossa profunda solidariedade para com vocês durante sua próxima visita ad limina. Ela também dá voz aos fortes laços que existem entre nós e o nosso povo. Ela expressa a percepção de nossa realidade como Igreja, e permite a numerosos homens e mulheres consagrados que amam a Igreja se expressarem livremente. Eles querem vê-la mais viva e fiel à missão confiada a ela por Jesus Cristo. Mesmo que a primeira vista alguns de nossos comentários sejam difíceis de receber, nos lhes asseguramos que não é nossa intenção julgar suas ações, mas convocar todos nós para a mesma transformação. Esta é a única verdadeira maneira de ser fiel ao Evangelho. Os religiosos são os primeiros a serem chamados a uma maior honestidade em suas atitudes, comentários e ações. Como a Lúmen Gentium nos desafia: “A Igreja, contudo, mantendo pecadores em seu seio, a uma só vez Santa e em necessidade de purificação, segue constantemente o caminho da penitência e da renovação.”(No. 8). A humildade com que esta mensagem é oferecida encontra sua fonte e sua força na convocação para a transformação. Ela nos toca no íntimo.
Em sua revisão da mensagem vocês certamente notarão que alguns elementos aparecem mais do que uma vez. Isto foi feito conscientemente; nós desejamos repeti-los em vários lugares para que reflitam a urgência assim como as nuances aos quais são submetidos. O fato deles aparecerem sob uma dimensão ou outra oferecem um sabor especial para seu significado. Ao mesmo tempo, certos pontos podem parecer contraditórios: eles aparecem simultaneamente sob o “nós reconhecemos”, “nós lamentamos” e “nós esperamos”. Nossa intenção foi destacar certas práticas pastorais notáveis em algumas condições, para deplorar sua ausência em outras e para ousar esperar por sua promoção por toda Igreja do Canadá.
Ao mesmo Espírito que convidamos para os acompanhar durante a sua peregrinação ao trono de Pedro, nós também rogamos em nosso próprio benefício. Que nós possamos, com coragem e determinação, formar uma Igreja de homens e mulheres fiéis, animados pelo constante chamado e processo de conversão.
Finalmente, desejamos reiterar nosso desejo de caminhar ao seu lado na construção da Igreja canadense. Em qualquer diocese na qual religiosos podem ser encontrados, há a necessidade de liberar o carisma profético que suas vocações lhes demandam. Para esse fim, eles necessitam do seu envolvimento e do seu apoio, de sua fé e de sua confiança neles. Nosso amor pela Igreja e pela missão confiada a nós nos encorajam a ir às próprias fronteiras da missão, onde os sofrimentos e as feridas da humanidade são mais vívidas. A profundidade dos seus sentimentos, e a maneira com a qual eles o expressam nos desafiam como homens e mulheres do Evangelho.
Caros irmãos bispos, a mensagem que lhe confiamos quer expressar nossa crença de que a esperança sempre encontra suas raízes nas forcas e fraquezas de uma humanidade em busca da verdade. Finalmente, reconhecemos a responsabilidade que cai sobre nós a medida em que anunciamos nossa mensagem, e reafirmamos nossa determinação em assumi-la com convicção.
Juntos por um mundo reconcili
Introdução
Aos nossos Irmãos Bispos
Neste ano que se inicia, vocês serão convocados a cumprir sua visita ad limina. Esta importante peregrinação os permitirá não só que vocês expressem sua solidariedade da Igreja Canadense ao seu Pastor supremo, mas para expor perante ele, assim para seus colaboradores mais próximos, a situação de nossa Igreja. Cientes da importância deste evento, e sabendo que vocês carregam a esperança de nossa Igreja assim como as suas conquistas, seus desafios e sua vulnerabilidade, seus irmãos e irmãs na Vida Religiosa desejam endereçar esta mensagem a vocês.
Nossa intenção primária é expressar nossa fidelidade criativa à Igreja Canadense; isto se traduzirá na expressão de nossa percepção de sua realidade. Que vocês possam entender de nossa mensagem que nós, homens e mulheres religiosos do Canadá, desejamos expressar o que acreditamos serem os principais destaques de nossa realidade atualmente. É com grande humildade que apresentamos a vocês um ponto de vista que sem equivoco algum exige uma atenção cada vez maior dos fatos que permeiam o crescimento da Igreja. Nossa mensagem é baseada particularmente numa pesquisa feita junto aos lideres das congregações de todo o país. A seriedade das respostas recebidas, e o alto índice de participação de nossos membros atestam a importância desta intervenção.
Gostaríamos de compartilhar nossas preocupações, nossos questionamentos e nossos sofrimentos, assim como os dos nossos irmãos e irmãs. Fazemos isto num espírito de fé e comunhão, como o Povo de Deus, fiel a Jesus Cristo e ao seu Evangelho.
Este é um passo incomum que tomamos. Nós o fazemos com a firme convicção que é absolutamente essencial, particularmente neste tempo da história da Igreja. Reconhecemos o peso do encargo que vocês tem em suportar os enormes desafios que a Igreja enfrenta em nosso país. Estamos persuadidos da necessidade de lhes oferecer nosso inteiro apoio quando vocês partilharem estes com o atual sucessor de Pedro. Nossa Igreja tem visto grande sofrimento e esta sendo compelida, agora mais do que nunca, a cuidadosamente discernir os sinais do tempo. Na história da Igreja, a vida religiosa tem sempre sido uma portadora de luz, particularmente quando aponta a necessidade de transformação. No mesmo espírito nos sentimos compelidos a enviar esta mensagem a vocês.
Nossos corações estarão com vocês durante sua visita ad limina. Por favor, façam saber ao Santo Padre de nossa resolução em cumprir a missão que a Igreja nos confiou; estejam seguros de nossa solidariedade. Pedimos ao Espírito Santo que lhes conceda a coragem e a determinação que fazem de nossa fé um processo dinâmico de constante transformação.
Através de sua historia, e ainda hoje, a Igreja é plena de pessoas memoráveis, testemunhas de sua vitalidade. É na companhia delas que lhes enviamos esta mensagem. Ao fazermos isso, nós reiteramos nossa fé no Cristo Vivo!
Da parte dos meus irmãos e irmãs religiosas, confio a vocês o que vive em nossos corações e nutre nossas esperanças.
Alain Ambeault, C.S.V,
Presidente do CRC (Canadian Religious Conference)
UM VISLUMBRE EM NOSSA IGREJA
Preliminares
Entre abril e junho de 2005, a Conferência dos Religiosos do Canadá (CRC) distribuiu uma pesquisa abrangente a 230 congregações religiosas por todo o país. O propósito foi permitir aos religiosos canadenses expressar suas percepções a respeito da Igreja no Canadá.
Para facilitar esta intervenção, um Comitê ad hoc da CRC escolheu cinco aspectos significativos da realidade da Igreja:
1 – A Igreja e a Busca por Significado;
2 – A vida da Comunidade na Igreja;
3 – A celebração na Igreja;
4 – A solidariedade dentro da Igreja;
5 – A profecia na Igreja.
Para cada um dos itens acima, foi pedido elaborarem sua visão sob três diferentes ângulos:
- Apontar os pontos fortes e principais conquistas de nossa Igreja sob o cabeçalho: “Nós reconhecemos...”;
- Apontar quaisquer aspectos de fraqueza ou negligência de nossa Igreja sob o cabeçalho: “Nós lamentamos...”;
- Expressar suas esperanças para a Igreja sob o cabeçalho: “Nós esperamos...”.
Mais que 60% das congregações responderam à pesquisa. A qualidade geral das respostas reflete o cuidado que tiveram em seus trabalhos.
Para essa mensagem a CRC selecionou as percepções que foram mencionadas com maior freqüência ou insistência ou que refletem convicções profundas, claramente baseadas em suas experiências de vida religiosa e vida na Igreja.
1. A IGREJA E A BUSCA POR SIGNIFICADO
Tendo em vista o fato que os jovens e adultos de hoje se engajam em uma busca por significado ativa, cada vez mais através de caminhos divergentes: cultos, religiões alternativas, espiritualidades orientais ( oração Zen, etc.), experimentos paraespirituais, clarividentes e outros...
Nós reconhecemos:
- Que nossa Igreja tem se esforçado em fazer um esforço coordenado para vencer o desafio da nova educação e evangelização na fé cristã: ritos de iniciação cristãos e desenvolvimento da fé (adultos e crianças); preparação sacramental; catecumenato e programas para “novos iniciantes”; a destacada participação de mulheres nesses programas.
- Os benefícios dos programas para introduzir os jovens na fé e o crescimento dos adultos na fé cristã.
- Que nossa Igreja reconheceu a necessidade de se renovar a pedagogia catequética; atingindo os adultos a partir de suas próprias experiências (androgogia) ao invés do ensino formal da doutrina.
- Que nossa Igreja, no geral, apóia a formação de agentes pastorais e catequistas; que um número crescente de leigos – especialmente mulheres – estuda teologia, exegesis, e cuidados espirituais e pastorais.
- Os benefícios de várias publicações e organizações que refletem na vida e nos eventos correntes a partir de uma perspectiva cristã.
- A participação de religiosos e de leigos treinados para prover apoio moral em situações específicas: divórcio, suicídio, ausência de lar, dependência da droga, doenças terminais (cuidados paliativos), pessoas procurando por um significado.
- Que dentro de nossa Igreja ainda há jovens que tomam parte em movimentos específicos procurando uma resposta cristã às suas buscas por significado.
- A importância dada ao cuidado espiritual e pastoral e a contribuição das congregações religiosas nessas áreas.
- Os esforços contínuos de vários de nossos Bispos em aderir e seguir à perspectiva do Vaticano II no que diz respeito ao papel do laicato na Igreja e na vida da Igreja.
- Particularmente, nas comunidades que falam a língua inglesa, a importância dada a outros símbolos e expressões de fé, ao diálogo inter-religioso e a espiritualidade das pessoas das Primeiras Nações [os aborígines, creio eu].
Nós lamentamos
- Em termos de ética e bioética, a manutenção de um ideal que deixa pouco espaço para o avanço e para o progresso/ a defesa de princípios que não refletem a experiência humana (divórcio, contracepção, proteção contra a AIDS, alívio do sofrimento dos que estão no fim da vida).
- A falta de receptividade e abertura às preocupações e aos valores das gerações mais novas; investimento insuficiente em recursos humanos e a ameaça de retaliações financeiras por parte dos Bispos a movimentos de base de Ação Católica/ a energia insuficiente devotada para o cuidado espiritual, especialmente de jovens adolescentes depois do crisma.
- A falta de liberdade de expressão entre os cristãos; na Igreja universal, a rápida condenação de teólogos; a percepção da Igreja pela mídia como não tendo papel significativo para a humanidade; a perda de confiança de um número crescente de pessoas (homens, mulheres e jovens) na Igreja como a portadora da mensagem que respondem às suas profundas buscas por significado.
- A preparação inadequada de muitos ministros ordenados para prover liderança espiritual para as comunidades cristãs e construir relacionamentos com os leigos baseados na confiança mútua.
- A inadequação da formação teológica e exegética dos padres, e de suas homilias, para nutrir a fé do Povo de Deus e trazer respostas válidas para suas buscas por significado.
- Que nossa Igreja sempre de prioridade para a reafirmação do dogma e da moral tradicional ao invés de prestar atenção à busca das pessoas por significado e caminhar lado a lado delas para descobrir suas motivações mais profundas.
- A falta de receptividade, abertura e iniciativa de nossa Igreja em ajudar as pessoas a lidar com novas e difíceis situações que elas enfrentam: separação, divórcio, custódia conjunta dos filhos, violência doméstica, novas orientações religiosas escolhidas por membros da família, etc.
- Que nossos Bispos não tenham tomado providências necessárias para adequar o treinamento e formação para membros do clero convocados a trabalhar em ambientes multiculturais; aprendizado de línguas estrangeiras, integração cultural, aproximações inter-religiosas, estruturas colegiais e colaborativas de liderança, e respeito ao papel dos religiosos e leigos na Igreja.
- A imagem legalista da Igreja Católica – e de nossa Igreja do Canadá – sua rigidez e suas posições intransigentes em moral sexual; sua falta de abertura com relação ao acesso aos sacramentos pelos católicos divorciados e recasados, sua falta de compaixão para com eles; sua atitude de rejeição para com os homossexuais: imagens e atitudes que representam um retrocesso das perspectivas evangélicas defendidas pelo Vaticano II.
- O alinhamento incondicional de nossa Igreja com as diretivas emitidas por Roma: o desaparecimento da prática da absolvição geral em celebrações comunais; a falta de consistência com relação ao papel da mulher na Igreja ou dos padres casados...
- A posição de nossa Igreja que cria um desserviço para a causa do ecumenismo: um medo de diálogo com as outras Igrejas, outras religiões, outras culturas e povos marginalizados.
Nós Esperamos
- Que, de acordo com o desejo expresso na Gaudium et Spes do Vaticano II, a Igreja permaneça aberta ao mundo, mais receptiva à “Alegria e esperança, a dor e a angústia dos homens dos nossos tempos, especialmente daqueles que são pobres ou aflitos de qualquer forma”(No. 1); que ela consiga oferecer Boas Novas que responda às suas buscas por significado; que expresse mais compaixão e abertura vis-à-vis ao sofrimento das pessoas, não deixando ninguém marginalizado ou excluído.
- Por uma maior autonomia das conferências episcopais; pelo exercício efetivo da estrutura colegial episcopal; por mais consultas ao laicato, levando em conta suas sugestões e propostas (por exemplo, antes de escolher seus párocos ou fechar seus locais de adoração).
- Que os Bispos irão ainda desenvolver o diálogo necessário dentro de nossa Igreja, com outras Igrejas, e com as diferentes comunidades etno-culturais de nosso país; que nós nos permitamos sermos transformados por estas trocas culturais (intercâmbio cultural).
- Que um diálogo significativo entre bispos, religiosos e leigos seja mantido; que os ritos e os símbolos sejam mais relevantes para o mundo de hoje. Que a linguagem eclesiástica seja mais acessível aos cristãos, para que a mensagem do Evangelho os alcance.
- Que nossa Igreja ofereça, especialmente aos jovens, locais para revisitarem e compartilharem suas experiências; que tenham lugares significativos a que pertençam, para que eles se expressem, orem, compartilhem a palavra de Deus; encontrem novas maneiras de responder às suas buscas espirituais.
- Que nossa Igreja apóie iniciativas capazes de dêem capacidade a homens e mulheres cristãos de expressarem sua fé; através do investimento do compartilhamento da fé, comunidades cristãs básicas, e outros movimentos espirituais.
- Que nossa igreja desenvolva e promova o ministério para os católicos marginalizados e alienados, homossexuais e “novos iniciantes”.
- Que os ministros ordenados que chegam de outros países e outras culturas recebam orientação para ministério pastoral específico para a Igreja Canadense e sua cultura antes que ele pratique seu ministério aqui (liderança, falar em público, trabalhar com mulheres, etc.: integração cultural).
- Pelo uso maior dos meios modernos de comunicação (TV, Internet) para um alcance efetivo; aprimorar o diálogo com outras religiões/ que as questões que nossa Igreja enfrenta sejam levadas em conta e discutidas nas comunidades Cristãs.
- Que uma evangelização relevante para nosso ambiente cultural seja a primeira prioridade de nossa Igreja: para este propósito, que é trabalhar para desenvolver uma presença religiosa em todas as áreas da vida canadense, refletindo a contribuição de várias práticas religiosas, culturais e espirituais; e estar atentos à sabedoria ancestral e à espiritualidade dos povos das Primeiras Nações [os selvagens].
- Que, em termos de ética e ensino moral, nossa Igreja seja aberta aos desenvolvimentos atuais e às perspectivas das ciências antropológicas, sociais e médicas, etc.; que nestes campos os bispos não se esqueçam que os leigos (homens, mulheres, casais, famílias, etc) formam o Povo de Deus, reconhecendo sua competência e liberdade de consciência. Como o Cardeal Josef Ratzinger apontou em 1966: “A consciência é o supremo e último tribunal, mesmo além da igreja oficial, e deve ser obedecida”.
- Por uma abordagem mais pastoral pelos bispos e ministros ordenados: uma abordagem baseada no conceito de que todos os membros do Povo de Deus forma um povo peregrino, caminhando junto e partilhando sua jornada cristã para o bem de todos.
- Que a primazia da pessoa seja efetivamente reconhecida e promovida dentro da Igreja e que qualquer formação de consciência seja efetivada com o respeito pela liberdade fundamental do indivíduo.
2 – VIDA DA COMUNIDADE NA IGREJA
Firmes em nossa convicção que a vida da comunidade na Igreja é expressa, dentre outras coisas, pela vitalidade das comunidades cristãs, a integração com os novos modelos de vida da Igreja, participação em exercício de colegialidade e um reconhecimento pleno do lugar das mulheres...
Nós reconhecemos
- Que as comunidades da Igreja encontram sua fonte, seu centro e seu ápice no estudo e na celebração da Palavra de Deus (Eucaristia) (Vaticano II Sacr. Liturg., No. 10 e seguintes).
- A importância das comunidades cristãs em conter o isolamento do povo e a falta de apoio social para indivíduos e famílias.
- Os esforços feitos por vários bispos para se encontrar, escutar e acomodar as sugestões do laicato no processo de reestruturação das paróquias.
- Que nesse processo de reestruturação, esforços generosos foram feitos para inventar novos processos e/ou formas de reagrupamento adaptados para uma pratica da igreja em diminuição: ajuntando-as em unidades ou setores pastorais; colaboração entre sacerdotes e leigos/ diversificação e reestruturação dos serviços pastorais.
- Que a vitalidade desses encontros comunais é proporcional ao compromisso dos leigos em criar ou fortalecer o tecido da comunidade dentro dessas novas estruturas.
- Que, em algumas dioceses há um grande envolvimento de religiosos e de leigos, particularmente das mulheres, no ministério, catequese e administração.
- O aumento da abertura das formas de expressão de responsabilidade compartilhada: o lugar dado aos homens e mulheres leigos e para os religiosos nos serviços diocesanos, conselhos paroquiais e comitês, etc.
- O papel essencial de pequenas comunidades de base como o processo para construir comunidades cristãs e lhes dar raízes.
Nós lamentamos
- Que sempre nossa Igreja hierárquica, longe de comentários e propostas progressistas do Concílio Vaticano II, ainda exerça um poder clerical, minimamente sinódico e minimamente colegial na liderança do Povo de Deus.
- A clara perda de autonomia dos bispos e da CCCB [CNB Canadense] na tomada de decisão relacionada à Igreja do Canadá, ignorando ou não levando em conta sua realidade específica.
- O fato de que um número não suficiente de párocos buscam a colaboração de leigos qualificados, confiando às mulheres apenas tarefas subordinadas; o fato que os homens e mulheres leigos e religiosos estão envolvidos em uma extensão tão curta do governo de suas comunidades cristãs.
- A ausência de jovens, casais jovens e um crescente número de mulheres na vida da Igreja; seu futuro, seus projetos, sua vida espiritual, sacramental e litúrgica que não mais atrai muito interesse.
- Que o papel ministerial das mulheres em nossa Igreja não reflita sua importância numérica nas comunidades; que elas não tenham acesso a vários processos de tomada de decisão e a todos os aspectos do ministério da Igreja;
- Que a importância dada ao clero não casado tenha precedência sobre o direito do Povo de Deus de celebrar a Eucaristia; a ênfase colocada na estrutura puramente hierárquica da Igreja, em detrimento do exercício de nosso batismo no sacerdócio do laicato.
- Certos abusos de poder por alguns pastores que resultam na limitação das responsabilidades pastorais disponíveis aos leigos, particularmente às mulheres.
- Que a reestruturação das paróquias em unidades ou setores pastorais sempre favoreçam encontros grandes e anônimos, especialmente nas áreas rurais, em detrimento dos relacionamentos próximos nas comunidades com seus párocos, do senso de pertencer à Igreja e, em alguns casos, da vitalidade da comunidade.
- Que a reestruturação das paróquias requeiram que os padres corram por aí para realizar as missas dominicais, e que ocasionem a redução seu tempo para ouvir e atender, assim como a sobrecarga administrativa que sempre pode prevalecer sobre a evangelização.
Nós esperamos
- Além das práticas dos domingos e dos dias santos, pela implementação de novas formas de revitalizar as comunidades cristãs (comunidades de base, etc).
- Que a nossa Igreja seja um Igreja verdadeiramente colegial, onde os Bispos, informados das necessidades de seu povo, possam, em solidariedade com o Vaticano e com a Conferência dos Bispos Católicos do Canadá, gozem de autonomia em suas dioceses; e que esta autonomia seja inteiramente respeitada pelas autoridades Romanas.
- Que nossos Bispos criem oportunidade para discussão e discernimento; engajando-se em questões e situações problemáticas levantadas pela sociedade de hoje; famílias separadas, famílias reconstituídas, violência doméstica, o lugar da mulher na Igreja, casamento entre pessoas do mesmo sexo, suicídio assistido, etc.
- Por mais abertura, diálogo, reconhecimento mútuo; por sinergia em projetos conjuntos no nível de unidade pastoral (paróquias fundidas).
- Que, na contínua busca pela verdade, as questões relacionadas ao ministério ordenado sejam abertas a discussões: ordenação de homens casados, mulheres, e de “Anciãos” nas comunidades das Primeiras Nações (índios). Que as comunidades cristãs possam discernir os sinais que podem auxiliá-las a reconhecer o tipo de líderes que ela necessita no futuro próximo
- Que nossa Igreja, uma comunidade peregrina de pecadores, concorde em se engajar num diálogo respeitoso sem arrogância, permitindo a pluralidade de opiniões e um nível razoável de discordância; que esteja atenta a o que seus membros estão experimentando. Que ela encontre os meios de facilitar a plena participação do povo atualmente alienado da Igreja.
- Que nossos Bispos se arrisquem em caminhos inovadores para garantir a vida sacramental das comunidades cristãs, hoje e amanhã. Por exemplo: preparação teológica adequada dos leigos que demonstram alguma aptidão para o ministério; celibato opcional para o clero; maior envolvimento dos leigos nas tomadas de decisão e, por último, explorar a ordenação de mulheres.
- Pela prática de uma responsabilidade conjunta dos leigos nas decisões que os afetam, e pela consulta efetiva com relação à implementação dessas decisões.
- Que nossa Igreja apóie uma partilha maior dos recursos humanos e financeiros entre as dioceses do sul e do norte, assim como entre as comunidades cristãs de uma única diocese.
- Que nossa Igreja seja mais aberta a homens e mulheres que estão passando por um casamento falido; às famílias reconstituídas, alerta para o fato de que a misericórdia e a suavidade de Deus para com o as pessoas significam mais que a obediência estrita a ditames canônicos.
- Que, antes de “incardinar” ministros ordenados vindos de outros países e outras culturas, façamos os esforços necessários para as pessoas de nosso próprio ambiente tenham acesso a esses ministros.
3. CELEBRAÇÃO NA IGREJA
Quando falamos de celebrações da Igreja, estamos pensando especificamente na prática dos sacramentos, no senso de criatividade litúrgica e na evolução dos ritos, no exercício de vários ministérios...
Nós reconhecemos
1. A importância fundamental da liturgia na vida Cristã: “A liturgia é o ápice (...) e também a fonte” da vida cristã. (Vaticano II, Sacr. Lit., No. 10); a necessidade de palavras e ritos iluminando nossas vidas e comportamentos; a importância de se considerar a liturgia como um todo: significado, ritual, ritmo, combinação de palavras e gestos, celebrantes.
2. A qualidade dos recursos usados pelas comunidades litúrgicas para a preparação das celebrações. Que em algumas comunidades cristãs, estes comitês demonstram criatividade litúrgica ao trazer vida e significado para suas celebrações: palavras, textos e músicas, gestos simbólicos e evocações de eventos significativos experimentados por membros da comunidade.
3. Num grande número de comunidades cristãs, a implementação da preparação adequada dos sacramentos do batismo e do casamento, e dos jovens para os sacramentos da reconciliação, comunhão e crisma; que maior responsabilidade deve ser oferecida para os leigos responsáveis pela preparação desses sacramentos: ritos adaptados, símbolos evocativos...
4. Que em várias comunidades cristãs homens e mulheres religiosos têm contribuído grandemente para a qualidade das celebrações litúrgicas: apresentações, comentários apropriados, expressões de criatividade, linguajar inclusivo, etc.
5. Que as celebrações comunais de reconciliação com absolvição geral são ocasião para uma bela catequese da misericórdia de Deus.
6. A importância do multiculturalismo em nossas celebrações litúrgicas, particularmente nos ambientes onde o povo das Primeiras Nações vive.
7. Os esforços de nossa Igreja para renovar os recursos litúrgicos: missais e rituais, musicas e melodias, tradução de textos.
8. Algumas das iniciativas locais que tendem a introduzir linguagem inclusiva nas celebrações litúrgicas.
Nós Lamentamos
- A manutenção de várias leis litúrgicas que ainda constituem barreiras para a participação integral dos leigos nas celebrações litúrgicas; o pequeno espaço concedido às mulheres na liturgia Eucarística. A rigidez das diretivas dos documentos Romanos: a insistência da observância de regras ao invés de se levar em conta as experiências de vida dos participantes.
- A resistência aos esforços para traduzir e atualizar os textos litúrgicos (que, juntamente com o uso de linguagem patriarcal, ajudam a reforçar os sentimentos de exclusão entre as mulheres em nossa Igreja). O fato de que as mulheres ainda são ignoradas em nossa Igreja, não apenas no processo de tomada de decisões, mas também na linguagem “exclusiva” usada pela Igreja.
- A proibição, pelas autoridades Romanas, de se manter celebrações comunitárias de penitencia com absolvição geral, a despeito do fato de que o Povo de Deus tenha expressado seu apoio positivo a esta prática.
- A exclusão da comunhão Eucarística dos divorciados em novos relacionamentos.
- Num grande número de comunidades cristãs, a falta de preparação das celebrações litúrgicas, falta de integração cultural da liturgia e pouca adaptação a várias audiências.
- O crescente número de celebrações litúrgicas por sacerdotes desmotivados ou que tenham pouca ou nenhuma formação litúrgica ou exegética: resultando em comentários fracos e homilias que falham em nutrir a fé daqueles que participam! Falta de formação em liturgia de um grande número de presidentes da celebração.
- De uma maneira geral, em nossas liturgias sacramentais, a persistência de ritos que não encontram eco nas experiências dos participantes; que certos ritos de passagem (batismos, casamentos, funerais), sempre são perdidas oportunidades de se reconexão com paroquianos alienados.
- Que haja poucos lugares onde os jovens possam se reunir de uma forma que possa dar significado para suas vidas.
- Que muitos sínodos diocesanos criaram expectativas legítimas que não foram concretizadas.
Nós esperamos
- Que, em nossa Igreja, o significado de sacerdócio batismal dos fiéis seja inteiramente reconhecido e desenvolvido; que os ministérios leigos sejam estabelecidos, dando expressão à completa igualdade entre mulheres e homens.
- Por uma revisão nos ritos litúrgicos, o encorajamento de iniciativas respeitando a natureza sagrada da liturgia com mais referencia às experiência do povo; uma liturgia que seja mais baseada na vida.
- Que os rituais cristãos e a expressão de fé nas celebrações litúrgicas interajam (estejam em simbiose) com as experiências de vida, língua e cultura do povo. Que as celebrações festivas marquem várias jornadas de fé ou aprofundem as experiências de vida.
- Que nossa Igreja seja mais aberta a vários rituais e aspectos culturais de outras Igrejas.
- Em celebrações de funerais e de casamentos, que maior atenção seja dada às pessoas que tenham a sua própria pratica religiosa; que os párocos tenham cuidado especial com os ritos de passagem: batismo, crisma, casamento, funerais, passos importantes nas jornadas das pessoas.
- Que as celebrações de funerais e casamentos (sem a Sagrada Comunhão) sejam confiadas a leigos qualificados (homens e mulheres) que são reconhecidos como tais em suas comunidades: trabalhadores pastorais, catequistas, professores aposentados, etc.
- Que os marginalizados, ou católicos divorciados e recasados, se sintam bem vindos nas celebrações litúrgicas, pela plena participação de membros de outras igrejas nas celebrações.
- Que nossos Bispos intervenham junto às autoridades romanas para buscar o reconhecimento e a prática da absolvição geral, pelo menos durante nos tempos importantes do ano litúrgico: Advento e Quaresma.
- Que nossa Igreja mantenha e intensifique sua presença em celebrações ecumênicas e interconfessionais.
- Que os projetos concretos sejam implementados em resposta às expectativas criadas pelos sínodos diocesanos.
4. SOLIDARIEDADE DENTRO DA IGREJA
Solidariedade na Igreja, na nossa opinião, refere-se a elementos tais como: justiça social, a transformação da sociedade, igualdade de gêneros, o fenômeno da marginalização, empobrecimento e o apoio às Igrejas do Terceiro Mundo.
Nós reconhecemos
- Que nossa Igreja, através das publicações dos bispos, desenvolveu uma maior atenção às causas humanitárias e as necessidades de solidariedade ao tomar o partido da justiça social. Com o seu apoio para o Desenvolvimento e a Paz, ela tem educado as pessoas para a causa do Terceiro Mundo e dos países em desenvolvimento.
- Comentários relevantes feitos pelos bispos canadenses para denunciar as desigualdades e promover formas de transformar a sociedade.
- Os esforços conjuntos de nossa Igreja com seus parceiros ecumênicos e várias organizações de caridade em ações específicas em favor dos pobres e daqueles que enfrentam emergências (guerras, fome, desastres naturais).
- Que muitas mulheres e homens religiosos têm trabalhado em solidariedade com nossas comunidades leigas cristãs nos trabalhos de ação social.
- A ação de congregações religiosas na busca de sistemas econômicos alternativos e na defesa da justiça.
- A contribuição efetiva das comunidades religiosas, em termos de recursos humanos e financeiros, em contextos básicos e pobres, aqui com os povos das Primeiras Nações e nos países do Terceiro Mundo (trabalho missionário para as Primeiras Nações, promoção dos direitos humanos, solidariedade para com os pobres).
- A presença e a ação pastoral de nossa Igreja em outros lugares e setores da sociedade: escolas, hospitais, prisões; com as pessoas marginalizadas, alienadas, imigrantes (comunidades hóspedes).
- A caridade e generosidade mostrada por nossas comunidades Cristãs em resposta as necessidades urgentes de seus membros: serviços de apoio mútuo, jovens com problemas, famílias de pais solteiros, auxílio aos pobres, serviços assistenciais de curta duração, levantamento de fundos, apoio local durante tempos difíceis (catástrofes, perda de emprego, fatalidades).
Nós lamentamos
1. Que nossos comentários informados sobre assuntos vitais da sociedade são escondidos em linguajar obscuro, tendo por resultados que os cristãos não são bem informados sobre as posições e pontos de vista de nossa Igreja.
2. Do fato que a maioria das comunidades cristãs não conhecem a doutrina social da Igreja e que os párocos não persistem na implementação dos documentos dos Bispos sobre justiça social.
3. Uma freqüente atitude intransigente da Igreja universal e da Igreja canadense que contribui para a criação de marginalizados (mulheres, católicos divorciados e recasados, homossexuais).
4. A falta de igualdade em nossa Igreja entre homens e mulheres, entre ministros ordenados, religiosos e homens e mulheres leigos.
5. Que nossa Igreja não esta pronta para conduzir uma análise social de suas estruturas organizacionais.
6. Que a mídia de mais cobertura aos comentários da Igreja sobre os assuntos sexuais (aborto, contracepção, homossexualidade) do que às questões de justiça (guerras, meio ambiente, AIDS, empobrecimento de grupos sociais, violência contra as mulheres, refugiados ameaçados de expulsão, etc).
7. A erosão do apoio financeiro ao Desenvolvimento e Paz em algumas dioceses e ao Kairos a nível nacional.
Nós esperamos
1. Que nossos pastores, seguindo o exemplo do Bom Pastor, recebam todas as pessoas marginalizadas (mulheres, católicos divorciados e recasados, homossexuais, etc).
2. Que nossas estruturas da Igreja favoreçam mais a necessidade de comunhão sobre a de poder.
3. Que os membros de grupos dentro da Igreja que trabalham pela transformação da sociedade sejam reconhecidos, encorajados e promovidos.
4. Que a Igreja canadense continuará a promover a justiça através da educação para a justiça e esforços para mudanças sistêmicas ao invés de apenas através apelos caritativos.
5. Que nossa Igreja se posicione mais próxima às questões maiores do mundo: empobrecimento, inadequação, direitos e papeis das mulheres, defesa dos desempregados, respeito ao meio ambiente, e pela segurança da humanidade; que ela abra os caminhos que levam à extinção das desigualdades: entre ricos e pobres, entre as classes sociais, entre homens e mulheres.
6. Que um maior diálogo e uma verdadeira parceria seja estabelecida entre as comunidades cristãs e os grupos envolvidos na luta pelas causas humanitárias e trabalhando com a humanidade sofredora.
Assim como é de interesse do mundo reconhecer
a Igreja como uma realidade social e uma força motriz na história, assim também a Igreja não está desapercebida de quanto ela lucrou com a história e o desenvolvimento da humanidade. (Gaudium et Spes, No. 44)
7. Que a doutrina social da Igreja seja mais bem conhecida nas comunidades Cristãs, e que os bispos locais assegurem que as publicações da Igreja a este respeito ganhem mais reconhecimento.
8. Que a solidariedade entre a Igreja e o povo das Primeiras Nações seja mantida, para que eles recebam apoio em seus desafios sociais culturais e espirituais.
5. PROFECIA NA IGREJA
Dentro dessa dimensão especial da Igreja, nós incluímos os eventos, comentários, e ações proféticos em nome do Evangelho. Também incluímos o respeito pelas iniciativas, o ministério de promoção das vocações e o radicalismo evangélico...
Nós reconhecemos
- Que pelo seu batismo, os cristãos, e particularmente os religiosos, são chamados a questionar a sociedade e a Igreja.
- Que as congregações religiosas têm uma presença profética mais visível quando se envolvem com os vulneráveis e os abandonados, os excluídos, os deserdados ou com os explorados; sua contribuição em criar condições favoráveis para a reconciliação e seu envolvimento na eliminação de todas as formas de violência, especialmente aquelas cometidas contra mulheres e crianças (tráfico) são boas novas.
- A bravura profética de nossa Igreja ao apontar certos valores humanos, sociais e evangélicos mesmo que a sua intervenção não seja sempre bem recebida e pela maior parte da comunidade.
- Que, em nome da fé, nossa Igreja faz sua voz ser ouvida ao denunciar as desigualdades, promover os valores evangélicos, desenvolver atitudes cristãs em termos de ética e bioética, e optar em favor do meio ambiente.
- Que nossa Igreja tenha uma voz profética quando ela toma partido dos pobres, dos excluídos, pela vida, paz e direitos humanos; quando ela emite comentários a respeito do trabalho, da ecologia, da justiça social, da integridade da vida humana, e respeito pela Criação.
- O papel profético de certos centros de formação e de crescimento e de periódicos que abrem uma diversidade de experiências e forneçam a oportunidade para uma análise social, liberdade de expressão, e responsabilidade ecológica.
- Que o Espírito Santo está ativo e presente na opção preferencial pelos pobres, no ecumenismo, no feminismo, nos movimentos pacifistas e de não-violência.
- Que o processo atual de busca do perdão e da reconciliação pela Igreja canadense e pela Igreja universal é de natureza profética.
- Que o real desafio de nossa Igreja é viver num mundo pluralista e numa cultura pós-moderna.
Nós lamentamos
- A timidez da voz profética da Igreja canadense: o medo da mudança, a falta de encorajamento de várias iniciativas de leigos em nossos contextos cristãos, se atendo a tradições velhas e obsoletas.
- A reticência dos bispos em expressar o que pode ser percebido como contraditório ou atenuado no discurso de Roma.
- No nosso ambiente eclesiástico, o continuo uso de linguagem e ações perpetuadas por uma mentalidade clerical.
- O eclipse ou retrocesso de grandes investidas do Concílio Vaticano II, sobre a estrutura colegial e a colegialidade, como proposto e adotado por aquele Concílio; a falta de reconhecimento do papel proféticos de homens e mulheres leigos.
- A ausência de uma verdadeira consideração sobre o declínio das vocações religiosas e sacerdotais; falta de novas iniciativas nessa área.
- A hesitação da Igreja em se tornar parceira de outras organizações, seculares ou civis, em causas humanitárias, sociais e ambientais.
- Que nossa Igreja tenha tão pouca influencia nos grandes debates sociais, por causa do seu conservadorismo e o de Roma que ele suporta, e também porque ela não aceita nenhuma discordância, mesmo as discordâncias responsáveis. Ela inibe seus profetas...
Nós esperamos
1. Que a Igreja universal, para ser profética, recupere o espírito do Vaticano II e adote as delineações expressas nos documentos mais importantes do Concílio. Que a Igreja canadense influencie a Igreja universal para que ela volte à visão pastoral do Vaticano II; que as estruturas necessárias para a igreja local para manter e aprofundar estes objetivos aconteça.
2. Por uma busca séria pela verdade em nossa Igreja: um lugar de diálogo, de respeito para teologias diversas, por iniciativas a serem tomadas por grupos de homens e mulheres cristãos e pela abertura às realidades pós-modernas que demandam mais do que apenas valores negativos.
3. Que nossa Igreja, para ser profética, manifeste primeiramente e principalmente sua solidariedade para com os oprimidos, se tornado cada vez mais uma “Serva dos pobres”, um título que lhe deu o Concílio Vaticano II. (Lúmen Gentium).
4. Que nossa Igreja, para ser profética, se torne uma Igreja cujos pastores primeiramente cuide dos sofrimentos, das lutas e dos desafios dos outros, os menores entre o Povo de Deus, porque este é o campo onde o Evangelho se enraíza: uma Igreja baseada na atenção, no respeito, no diálogo, e na busca humilde pela verdade.
5. Que nossa igreja fale sobre as questões atuais como opressão, consumismo, poluição, e a necessidade de diálogo entre as culturas e outras religiões.
6. Que a Igreja Canadense re-examine todo os seus meios de comunicação social para que ela possa esclarecer e se expressar em termos simples algumas das maiores questões da igreja Universal.
7. Que o diálogo seja encorajado e promovido em nossa Igreja, assim como as maiores questões da fé, pratica religiosa e os meios de ação social, bem como em questões controversas tais como ordenação de mulheres e de homens casados, e casamentos dos mesmo sexo.
8. Que nossa Igreja canadense, para ser profética e fiel a sua história, foque mais no desenvolvimento de laços mais estreitos com o mundo artístico e intelectual.
9. Que nossa Igreja desenvolva uma teologia profética e recursos para reflexão ética/ que ela promova mais educação e treinamento de liderança para ministros ordenados e homens e mulheres leigos.
CONCLUSÃO
Caros bispos, nossa mensagem deseja demonstrar nossa profunda solidariedade para com vocês durante sua próxima visita ad limina. Ela também dá voz aos fortes laços que existem entre nós e o nosso povo. Ela expressa a percepção de nossa realidade como Igreja, e permite a numerosos homens e mulheres consagrados que amam a Igreja se expressarem livremente. Eles querem vê-la mais viva e fiel à missão confiada a ela por Jesus Cristo. Mesmo que a primeira vista alguns de nossos comentários sejam difíceis de receber, nos lhes asseguramos que não é nossa intenção julgar suas ações, mas convocar todos nós para a mesma transformação. Esta é a única verdadeira maneira de ser fiel ao Evangelho. Os religiosos são os primeiros a serem chamados a uma maior honestidade em suas atitudes, comentários e ações. Como a Lúmen Gentium nos desafia: “A Igreja, contudo, mantendo pecadores em seu seio, a uma só vez Santa e em necessidade de purificação, segue constantemente o caminho da penitência e da renovação.”(No. 8). A humildade com que esta mensagem é oferecida encontra sua fonte e sua força na convocação para a transformação. Ela nos toca no íntimo.
Em sua revisão da mensagem vocês certamente notarão que alguns elementos aparecem mais do que uma vez. Isto foi feito conscientemente; nós desejamos repeti-los em vários lugares para que reflitam a urgência assim como as nuances aos quais são submetidos. O fato deles aparecerem sob uma dimensão ou outra oferecem um sabor especial para seu significado. Ao mesmo tempo, certos pontos podem parecer contraditórios: eles aparecem simultaneamente sob o “nós reconhecemos”, “nós lamentamos” e “nós esperamos”. Nossa intenção foi destacar certas práticas pastorais notáveis em algumas condições, para deplorar sua ausência em outras e para ousar esperar por sua promoção por toda Igreja do Canadá.
Ao mesmo Espírito que convidamos para os acompanhar durante a sua peregrinação ao trono de Pedro, nós também rogamos em nosso próprio benefício. Que nós possamos, com coragem e determinação, formar uma Igreja de homens e mulheres fiéis, animados pelo constante chamado e processo de conversão.
Finalmente, desejamos reiterar nosso desejo de caminhar ao seu lado na construção da Igreja canadense. Em qualquer diocese na qual religiosos podem ser encontrados, há a necessidade de liberar o carisma profético que suas vocações lhes demandam. Para esse fim, eles necessitam do seu envolvimento e do seu apoio, de sua fé e de sua confiança neles. Nosso amor pela Igreja e pela missão confiada a nós nos encorajam a ir às próprias fronteiras da missão, onde os sofrimentos e as feridas da humanidade são mais vívidas. A profundidade dos seus sentimentos, e a maneira com a qual eles o expressam nos desafiam como homens e mulheres do Evangelho.
Caros irmãos bispos, a mensagem que lhe confiamos quer expressar nossa crença de que a esperança sempre encontra suas raízes nas forcas e fraquezas de uma humanidade em busca da verdade. Finalmente, reconhecemos a responsabilidade que cai sobre nós a medida em que anunciamos nossa mensagem, e reafirmamos nossa determinação em assumi-la com convicção.
Juntos por um mundo reconciliado!
A Conferência dos Religiosos Canadenses
Para citar este texto:
"Religiosos canadenses defendem heresias e desafiam Roma"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/imprensa/igreja/20060329/
Online, 03/12/2024 às 17:21:55h