Igreja e Religião
Fátima muda de estatuto
1- Fátima muda de estatuto
2006-02-13 09:39:12
http://www.paroquias.org/noticias.php3?id=6230
O SANTUÁRIO de Fátima vai mudar de estatuto por imposição directa do Vaticano, que pretende restringir este local ao culto exclusivo dos católicos. Fátima poderá mesmo passar a ter um delegado permanente da Santa Sé com a tarefa de «vigilância teológica», soube o EXPRESSO junto de fontes eclesiásticas.
O assunto vai ser discutido na próxima assembleia plenária dos bispos, marcada para os dias 24 a 27 de Abril. Fátima está classificada como santuário diocesano, sobre o qual apenas tem jurisdição o bispo - neste caso de Leiria-Fátima - e um reitor, designado por este prelado. A intenção de Roma é que o maior santuário português passe à «categoria» de nacional - passando a ser gerido e coordenado pela conferência episcopal (CEP). De acordo com o Código de Direito Canónico, a alteração estatutária de qualquer santuário tem de ser avalizada pelo plenário dos bispos, último passo para este processo, que será, então, tomado em Abril.
Na base desta alteração, está, segundo o que o EXPRESSO apurou junto de várias fontes da hierarquia, o facto de o actual reitor ter aberto o santuário à devoção de outras confissões religiosas. Foi o caso, em 2001, da visita do Dalai Lama a Fátima - que rezou na capelinha das aparições - e, mais recentemente, da realização de um congresso ecuménico sobre os santuários nas várias religiões e a visita de um grupo de hindus à Cova da Iria, em 2004. Estes casos desagradaram a Roma e o cardeal Ratzinger, hoje Bento XVI e então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, exigiu explicações ao bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva.
Recorde-se que Bento XVI foi um dos ausentes na primeira reunião ecuménica promovida por João Paulo II, em Assis, em 1986, e que defende a restrição dos locais de cultos católicos a manifestações da Igreja e que, em Itália, os santuários têm a presença permanente de um delegado da Santa Sé.
Conselho de administração.
O bispo de Leiria-Fátima recusou-se a comentar ao EXPRESSO a mudança de estatuto do santuário sob sua responsabilidade. No entanto, é precisamente D. Serafim quem mais sentirá a diferença da alteração estatutária. Com efeito, até agora o santuário era exclusivamente gerido por um reitor - nomeado directamente por aquele bispo - que detém plenos poderes nas decisões administrativas e pastorais que a Fátima dizem respeito. O que não é de todo desprezível quando se sabe que, em 2004 - último orçamento conhecidos e a que o EXPRESSO teve acesso - Fátima registou mais de 19 milhões de euros de «proveitos» e uma despesa de mais de sete milhões. Só em investimento, naquele ano e, em grande parte devido à construção da Igreja da Santíssima Trindade, o santuário gastou quase 11 milhões de euros.
Com o novo modelo, Fátima passará a ter uma administração partilhada entre os três arcebispos portugueses - Braga, Évora e Lisboa -, o próprio bispo de Fátima e um reitor nomeado pela CEP. A este conselho de administração competirá a gestão financeira e administrativa, bem como a definição das linhas pastorais do programa do santuário.
Mário Robalo
Igreja prepara saída de quatro bispos
O assunto vai ser discutido na próxima assembleia plenária dos bispos, marcada para os dias 24 a 27 de Abril. Fátima está classificada como santuário diocesano, sobre o qual apenas tem jurisdição o bispo - neste caso de Leiria-Fátima - e um reitor, designado por este prelado. A intenção de Roma é que o maior santuário português passe à «categoria» de nacional - passando a ser gerido e coordenado pela conferência episcopal (CEP). De acordo com o Código de Direito Canónico, a alteração estatutária de qualquer santuário tem de ser avalizada pelo plenário dos bispos, último passo para este processo, que será, então, tomado em Abril.
Na base desta alteração, está, segundo o que o EXPRESSO apurou junto de várias fontes da hierarquia, o facto de o actual reitor ter aberto o santuário à devoção de outras confissões religiosas. Foi o caso, em 2001, da visita do Dalai Lama a Fátima - que rezou na capelinha das aparições - e, mais recentemente, da realização de um congresso ecuménico sobre os santuários nas várias religiões e a visita de um grupo de hindus à Cova da Iria, em 2004. Estes casos desagradaram a Roma e o cardeal Ratzinger, hoje Bento XVI e então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, exigiu explicações ao bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva.
Recorde-se que Bento XVI foi um dos ausentes na primeira reunião ecuménica promovida por João Paulo II, em Assis, em 1986, e que defende a restrição dos locais de cultos católicos a manifestações da Igreja e que, em Itália, os santuários têm a presença permanente de um delegado da Santa Sé.
Conselho de administração.
O bispo de Leiria-Fátima recusou-se a comentar ao EXPRESSO a mudança de estatuto do santuário sob sua responsabilidade. No entanto, é precisamente D. Serafim quem mais sentirá a diferença da alteração estatutária. Com efeito, até agora o santuário era exclusivamente gerido por um reitor - nomeado directamente por aquele bispo - que detém plenos poderes nas decisões administrativas e pastorais que a Fátima dizem respeito. O que não é de todo desprezível quando se sabe que, em 2004 - último orçamento conhecidos e a que o EXPRESSO teve acesso - Fátima registou mais de 19 milhões de euros de «proveitos» e uma despesa de mais de sete milhões. Só em investimento, naquele ano e, em grande parte devido à construção da Igreja da Santíssima Trindade, o santuário gastou quase 11 milhões de euros.
Com o novo modelo, Fátima passará a ter uma administração partilhada entre os três arcebispos portugueses - Braga, Évora e Lisboa -, o próprio bispo de Fátima e um reitor nomeado pela CEP. A este conselho de administração competirá a gestão financeira e administrativa, bem como a definição das linhas pastorais do programa do santuário.
Mário Robalo
Igreja prepara saída de quatro bispos
QUATRO bispos portugueses vão ser substituídos por terem atingido o limite de idade. A primeira substituição deverá ocorrer na diocese de Leiria-Fátima, precisamente para fazer face à vontade da Santa Sé de alterar o estatuto do Santuário e reforçar a componente teológica do perfil do futuro prelado.
Segundo fontes eclesiásticas, o lugar de D. Serafim Ferreira e Silva poderá ser ocupado pelo actual bispo de Viseu, D. António Marto ou por D. Anacleto Gonçalves, o bispo auxiliar de Lisboa mais recentemente escolhido pelo Patriarca. Ambos os prelados correspondem ao currículo desejado por Roma. O bispo de Viseu é doutorado em Teologia Sistemática e o auxiliar de Lisboa é doutorado em Exegese bíblica e licenciado em História, Teologia e Ciências Bíblicas.
Os outros três prelados a deixarem as respectivas dioceses são D. Armindo Coelho, do Porto, D. António Marcelino, de Aveiro e D. Teodoro de Faria, do Funchal. Todos completaram 75 anos, idade-limite para o exercício do cargo. As consultas para avaliar os candidatos aos lugares deixados em aberto já foram realizadas, antes do Natal, pelo Núncio Apostólico em Lisboa, monsenhor Alfio Rapisarda. A decisão final, porém, ainda não foi tomada, dado o facto de o representante da Santa Sé ter sofrido um acidente vascular cerebral.
Segundo fontes eclesiásticas, o lugar de D. Serafim Ferreira e Silva poderá ser ocupado pelo actual bispo de Viseu, D. António Marto ou por D. Anacleto Gonçalves, o bispo auxiliar de Lisboa mais recentemente escolhido pelo Patriarca. Ambos os prelados correspondem ao currículo desejado por Roma. O bispo de Viseu é doutorado em Teologia Sistemática e o auxiliar de Lisboa é doutorado em Exegese bíblica e licenciado em História, Teologia e Ciências Bíblicas.
Os outros três prelados a deixarem as respectivas dioceses são D. Armindo Coelho, do Porto, D. António Marcelino, de Aveiro e D. Teodoro de Faria, do Funchal. Todos completaram 75 anos, idade-limite para o exercício do cargo. As consultas para avaliar os candidatos aos lugares deixados em aberto já foram realizadas, antes do Natal, pelo Núncio Apostólico em Lisboa, monsenhor Alfio Rapisarda. A decisão final, porém, ainda não foi tomada, dado o facto de o representante da Santa Sé ter sofrido um acidente vascular cerebral.
Fonte Expresso
2 - Cardeal-Patriarca explica futura mudança de estatuto do Santuário de Fátima
2006-02-14 07:07:25
http://www.paroquias.org/noticias.php?n=6234
O Cardeal-Patriarca de Lisboa confirmou este Domingo uma mudança de estatuto do Santuário de Fátima, mas garante que este é um passo que se limita a recuperar uma prática em vigor no tempo de Pio XII.
D. José Policarpo afirma que esta mudança permite conciliar as dimensões diocesana, nacional e internacional do Santuário. "São evidentes duas coisas: que o Santuário está na diocese de Leiria-Fátima, pelo que a jurisdição imediata é da diocese; por outro lado, é igualmente evidente a dimensão nacional e internacional do Santuário", referiu aos jornalistas que o interrogaram sobre o tema.
O Cardeal-Patriarca de Lisboa confirmou este Domingo uma mudança de estatuto do Santuário de Fátima, mas garante que este é um passo que se limita a recuperar uma prática em vigor no tempo de Pio XII.
D. José Policarpo afirma que esta mudança permite conciliar as dimensões diocesana, nacional e internacional do Santuário. "São evidentes duas coisas: que o Santuário está na diocese de Leiria-Fátima, pelo que a jurisdição imediata é da diocese; por outro lado, é igualmente evidente a dimensão nacional e internacional do Santuário", referiu aos jornalistas que o interrogaram sobre o tema.
"Aquilo que estão a ver com grande surpresa não é, porque já no tempo de Pio XII, nos anos 50, foi constituído um Conselho Superior, representando a Igreja de Portugal toda para acompanhar o Santuário de Fátima", acrescentou.
D. José Policarpo explicou que "o que a Santa Sé fez foi, apenas e só, pedir para que esse Conselho se reactivasse". A primeira responsabilidade será, portanto, estudar um dossiê que virá a culminar, depois, "num outro estatuto para o Santuário de Fátima.
Fonte Ecclesia
3 - Controlo da Santa Sé sobre Fátima é "ideia pateta"
2006-02-14 09:50:361
http://www.paroquias.org/noticias.php?n=6236
O controlo do Vaticano sobre o Santuário de Fátima, ao nível teológico e doutrinal, é uma ideia "pateta", diz o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Carlos Azevedo, reagindo às notícias do último fim-de-semana.
No sábado, o Expresso informava que o santuário português poderia "passar a ter um delegado permanente da Santa Sé com a tarefa de "vigilância teológica"". Carlos Azevedo recusa esta possibilidade, dizendo que em Itália, onde isso acontece nos santuários mais importantes, o caso é diferente: "O Papa é o primaz [de Itália], há uma ligação muito maior" entre o que se faz nos lugares de peregrinação religiosa e o Vaticano.
Carlos Azevedo diz que esta confusão surgiu por causa das notícias, "também já desmentidas", de que a Santa Sé não teria gostado da realização de um encontro sobre diálogo inter-religioso em Fátima. Também o Dalai Lama e um grupo de hindus foram rezar ao santuário - uma situação que não era inédita: o próprio Papa João Paulo II convidou o Dalai Lama para rezar num encontro na Basílica de São Pedro, em Roma.
Essas notícias "causaram" algum burburinho junto do Vaticano e este quis saber o que se passara. Mas "a Santa Sé está totalmente confiante nas pessoas de cá", assegura o porta-voz da CEP.
Já quanto à existência de um conselho do santuário, que teria a participação dos arcebispos de Braga, Évora e Lisboa (o patriarca), Carlos Azevedo diz que essa decisão deverá ser tomada em Abril. A CEP retomará, a ser aprovada esta mudança do estatuto do santuário, um órgão que já existiu nos anos 50, mas que, com o tempo, foi deixando de se reunir.
Decisão sobre novos estatutos em Abril
Decisão sobre novos estatutos em Abril
Este conselho de governo - do qual faria parte ainda o bispo de Leiria-Fátima e o reitor do santuário - teria a seu cargo apenas as "grandes decisões", diz o porta-voz. No caso, projectos como a construção da Igreja da Santíssima Trindade, que está em fase de conclusão, passaria obrigatoriamente por esse organismo e não seria tomada autonomamente pelo bispo de Leiria e pelo reitor. Já quanto às decisões do dia-a-dia, elas continuarão apenas sob a responsabilidade do bispo da diocese e do reitor.
A decisão sobre os novos estatutos do santuário será tomada pela CEP na assembleia plenária de Abril. O Vaticano terá, depois, uma última palavra sobre o assunto.
A decisão sobre os novos estatutos do santuário será tomada pela CEP na assembleia plenária de Abril. O Vaticano terá, depois, uma última palavra sobre o assunto.
No próximo fim-de-semana, o papel do santuário enquanto lugar de acolhimento estará também em debate em Fátima. Inserido no programa dos 90 anos das aparições, as jornadas decorrem sexta e sábado, e propõem-se debater como acolher melhor os peregrinos e o actual contexto de mudança cultural. No domingo, os restos mortais da Irmã Lúcia, a vidente de Fátima que morreu no ano passado, serão trasladados de Coimbra para Fátima.
António Marujo
António Marujo
Fonte Público
Para citar este texto:
"Fátima muda de estatuto"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/imprensa/igreja/20060213_1/
Online, 21/11/2024 às 11:57:45h