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Fanático carismático insiste em seu sentimentalismo
PERGUNTA
Prezado Sr. Gubitoso, bom dia.
Vamos lá:
“Nem nos fascine a ambição de renovar a estrutura da Igreja por via carismática, como se fosse nova e verdadeira a expressão eclesial nascida de idéias meramente particulares, embora fervorosas e atribuídas talvez à divina inspiração. Por este caminho se introduziriam sonhos arbitrários de renovações artificiosas no plano constitutivo da Igreja. Como ela é, devemo-la servir e amar, com sentido inteligente da história e buscando humildemente a vontade de Deus, que a assiste e guia” (Papa Paulo VI, Encíclica Ecclesiam Suam de 1964, grifos nossos).
Maravilha.
O problema é que a chamada Renovação Carismática teve seu início em 1967. A citação acima é de 1964. Portanto, o argumento de sua mensagem é frágil.
Então, a palavra "carismática", aqui, não estava sendo aplicada a um movimento que nem existia, em que Deus permitiu a ação dos carismas do Espírito Santo de forma renovada em nossos dias, conforme milhões de testemunhos, que os detratores ocultam em nome dos casos de erros ou desvios, claro.
Sobre eu não ler livros verdadeiramente católicos, aí fica a seu critério. Por exemplo, o amor de Nossa Senhora, que descobri anos depois no conteúdo do Tratado de São Maria Montfort, por onde fiz minha consagração a Ela, começou no seio da RCC, e permanece até hoje. Não vejo ingenuidade nisso. Vejo constância, valor perene.
Pelo que entendi em mais de 30 anos de RCC (e não poucos dez anos), ela não tem "doutrina", mas reafirma tudo o quanto está no tripé Palavra de Deus/Magistério/Sagrada Tradição. Fosse uma doutrina diversa, teria sido condenada desde o início com documentos oficiais da Igreja pugnando por sua completa rejeição. Não foi o que aconteceu.Na Suma Teológica, São Tomás afirma que os carismas a que alude São Paulo foram necessários para a época do início da evangelização. Mas não há nenhuma parte da Suma em que este santo teria afirmado que tais carismas estariam proibidos de reaparecerem com força em outras épocas históricas.
Assim, na Questão 176, na segunda metade da segunda parte, Tomás de Aquino trata desse tema, mas não limita inexoravelmente a ação divina, relacionada aos carismas, a uma determinada parte da história humana, repita-se.
Os críticos da RCC remetem-nos ao Papa São Pio X que, por meio da encíclica Pascendi, condenou os erros do modernismo, dentre eles o sentimentalismo. Essa condenação da encíclica é correta, mas aqueles mesmos críticos fazem uma bagunça danada aí. O que essa encíclica alerta é para o erro de se criar uma fé a partir do sentimento humano, a partir do próprio homem por meio de um pensar subjetivo da fé, um sentimento interno que não tem qualquer interferência real de Deus, algo do homem para o homem mesmo, algo gnóstico. Não foi isso o que eu observei nos grupos de oração e retiros verdadeiros, sérios, da RCC. Como já demonstrei, minha vivência na RCC foi maior do que a sua.
Isso, sem mencionar a encíclica Divinum Illud Munus, do Papa Leão XIII, de 1897. Não sei se vocês conhecem.
É preciso analisar o conjunto da obra. Confissões, a Cidade de Deus (Santo Agostinho); Castelo Interior ou Moradas (Santa Teresa); A Noite Escura da Alma (São João da Cruz); Imitação de Cristo (Tomás de Kempis); o próprio Catecismo da Igreja Católica, só pra mencionar alguns... Todos livros adquiridos por mim dentro da RCC. Ué ? E tenho nessas obras a confirmação do Amor de Deus por nós e, sobretudo, da nossa vocação primordial para amar a Deus acima de tudo, em relação espiritual íntima de amor, profunda, mística. Isso foi desenvolvido a partir da RCC, e sendo lapidado ao longo dos anos. Sempre pedi a Deus que me mostrasse se o que falam da RCC de forma genérica era obra do maligno. Engraçado, sempre apareceram críticos de erros de pessoas dentro do movimento, ou de práticas exageradas ou erradas. Mas nunca qualquer orientação da Igreja ou Documento afirmando: A RCC é do diabo.
Por outro lado, as citações da CNBB, como sabemos, infelizmente, estão permeadas de infiltração esquerdista/comunista/marxista, a que já aludia o Cardeal Ratzinger em sua Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação (http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19840806_theology-liberation_po.html). Ainda assim, como você utiliza tais instruções como base argumentativa, verifica-se que elas não rejeitam a RCC como "movimento" , mas indicam a observação de pontos a serem evitados/permitidos. O que até mesmo se compreende, porque quem escreveu as aludidas Orientações não viveu dentro do movimento, somente dele ouviu falar, ou no máximo participou de três ou quatro encontros.
Eu gosto do Dom Athanasius, ele é um verdadeiro farol nos tempos de hoje, e ele falou, na sua citação, exatamente o que estou tentando lhe dizer. Veja sua própria citação:
"Ele reconhece boas qualidades no MC católico, como o zelo pela oração e a adoração eucarística, mas destaca que estas não são especificamente carismáticas, mas pertencem à tradição católica. Para Schneider é necessário ajudar o Movimento Carismático a "retornar aos métodos e modos mais equilibrados"".
Exatamente. Onde houve erros e exageros, seja corrigido. Mas o movimento carismático precisa ser "ajudado", não extinto ou rejeitado. E é aí que o próprio Dom Athanasius diverge de vocês.
Como você passou pouco tempo na RCC, pensa que ela pretendia "renovar a Igreja de Cristo". A Igreja de Cristo não precisa de renovação nesse sentido. Quem precisa são as almas afastadas de Deus, que reencontraram-no por meio da oração e de muitos retiros e encontros. Profundamente injusta a análise superficial que vocês fazem da RCC, sob a capa de "profundidade" que não convence o leitor que se debruça sobre uma investigação mais apurada sobre todos os fatos.
Agora, veja só isso:
"O senhor julga, como muitos ingênuos da RCC que nada buscam na doutrina, que o problema da RCC estaria apenas em alguns exageros que nem todo grupo carismático comete. O senhor julga mal sobre o problema da RCC, o grande problema desse movimento não está nos exageros ou em alguns membros que não são carismáticos tão perfeitos quanto se gostaria. A RCC é essencialmente problemática, o problema está em sua própria essência que deriva de uma doutrina protestante que confunde a ordem natural com a ordem da graça onde se conclui que uma exacerbação de emoções e sentimentalismos, como que magicamente (fui bem generoso com esse “como que”) produziriam os tais carismas, isso é impossível que aconteça, isso é heresia da mais grotesca, atos estritamente naturais (como os sentimentos) não podem produzir efeitos que estão acima da natureza, isso é uma falsa mística, uma pseudoespiritualidade para seduzir os mais incautos".
Como você já percebeu, a ingenuidade é totalmente sua e da Montfort nesse plano, infelizmente.
Há milhares de testemunhos de curas e de conversões por meio da RCC no mundo todo, derivadas do que Dom Athanasius detectou como zelo pela oração e adoração eucarística. O que você achou que ia acontecer com uma pessoa que pedisse a Jesus incessantemente pela cura? Que Jesus não ia ouvir? Algumas pessoas também não foram curadas, mas por meio da frequência aos sacramentos, suscitada pela RCC, para que as pessoas retornassem à vivência plena da fé católica (e não da fé protestante, onde não há adoração eucarística e nem Nossa Senhora), tais pessoas morreram em profunda amizade com Deus. Quem somos nós para dizer que isso não aconteceu? Não podemos.
Há pessoas na RCC que podem ter pensado que os carismas advieram de sua vontade ou esforço pessoal, mero sentimentalismo. Mas conheci também as pessoas que tinha o carisma da cura, por exemplo, inclusive Sacerdotes. E não era nada sentimental...
Deixe-me explicar uma coisa: seu objetivo é defender a integralidade do depositum fidei.
O meu também.
Só que a Montfort fracassa por acreditar que sua estupidez é algo razoável a todo o momento, e por isso cometeu muitos erros e injustiças. Ou você acha que o Prof. Orlando Fedeli foi para o Céu direto? Quem somos nós para dizer tais coisas? Só Deus sabe. O fato é que sua intransigência nas grosserias estava, infelizmente, acompanhada de ignorância sobre detalhes fáticos dentro da RCC, e houve por parte dele muita confusão também sobre a Ação do Espírito Santo na Igreja, desde o final da década de 60.
Observe, caro Gubitoso, que a RCC, hoje, não é mais como foi nas décadas anteriores. E isto se deve ao momento histórico, Deus chamou muitas pessoas de volta ao seio da Igreja Católica Apostólica Romana, antes do grande embate espiritual que já estamos travando em todo o mundo, como cristãos da Igreja Verdadeira, combate que se intensificará cada vez mais.
A força espiritual para travarmos tais batalhas vem de Jesus e Maria, e de tudo que é deles, conforme a Graça da Trindade Santa. E isso, caríssimo, aprendi na RCC que me acolheu com amor, não na Montfort, que repetiu os ensinamentos da Igreja que na RCC eu já havia ouvido. E que faz da estupidez uma prática contumaz, escapando aos verdadeiros propósitos da caridade.
O saudoso Padre Gabriele Amorth, tido por muitos como o maior exorcista contemporâneo, no livro "Exorcistas e Psiquiatras", narra um exorcismo (narrado também em sua obra La preghiera di libertazione (Herbita, Palermo)), onde a participação do louvor em línguas, de um grupo carismático, foi fundamental para a libertação da pessoa afligida pelo demônio. Você sabia disso? Tenho certeza que não, porque tal "louvor", pra você, só chegou ao seu conhecimento através de maus exemplos.
"O Padre Jordan Aumann diz também que “uma pessoa pode ficar sob o poder do demônio em razão de um desejo descontrolado de experimentar fenômenos místicos extraordinários ou graças carismáticas” (Sermão para o Domingo de Pentecostes, 08 de junho de 2013 – Padre Daniel Pinheiro)".
Desejo descontrolado? Já é um erro em si mesmo, não?
Agora, aqui, parece não ter demonstrado muita inteligência:
“Que harmonia entre Cristo e Belial?”, a doutrina da Missa Tridentina, ou como o senhor chama Missa em Latim, é diametralmente oposta à falácia carismática onde prevalece os cançãozinha melosas, as guitarras barulhentas, os violãozinho sentimentais, enfim, o puro subjetivismo sentimentalóide".
Quem disse que quem participou da RCC não pode ter sido conduzido por Deus a amar a Missa Tridentina ao mesmo tempo em que compreendeu o que aconteceu de fato na RCC, retirados os erros ou exageros de seus participantes?
"O senhor coloca como título do seu texto a conta que devemos prestar a Deus, sim teremos muita conta para prestar, nossas fraquezas, nossas imperfeições, negligências, orgulho, soberba, falta de caridade, muitos e tão numerosos, que se não fosse a pura misericórdia de Deus, teríamos uma eternidade para pagá-los, isso falo sobretudo por mim mesmo. Entretanto, a alegria de ter, até o último dos meus dias, combatido ardorosamente os venenos letais da RCC, sim essa alegria será grande, caro Dávio, imensa! Combater e atacar essa doutrina carismática perniciosa talvez será um dos meus raros trunfos diante do Justo e Temível Juiz no dia do meu julgamento particular, dai-me força e fidelidade nesse combate Meu Senhor e Meu Deus!".
Errado.
Temos que combater os venenos da fé. Seja na RCC, seja na Montfort, seja onde for. Observe bem a "perfeita" Montfort. Questione-se.
Entenda:
Não estou fazendo a defesa da RCC, por mais que possa parecer. Estou me manifestando contra injustiças que são costumeiramente feitas por vocês sobre o aludido movimento, ao generalizar pessoas e fatos. E isso é injusto mesmo.
“Onde foi, pois, o Liberalismo buscar a novidade de que ao combater os erros se deve prescindir das pessoas e até animá-las e acariciá-las? (...) Não basta, pois, desviar-se para evitar o tiro, não; o principal e mais eficaz é deixar inabilitado o atirador. Assim, convém desautorizar e desacreditar o seu livro, periódico, ou discurso; e não só isso, senão desautorizar e desacreditar em alguns casos a pessoa. Sim, a pessoa, porque é este o elemento principal do combate, como o artilheiro é o elemento principal da artilharia, e não a bomba, a pólvora ou o canhão.
(...) Firmem-se no que ensina neste ponto a tradição cristã, e deixem-nos a nós, os ultramontanos, defender a fé como se defendeu sempre a Igreja de Deus. Penetre, pois, a espada do polemista católico, fira e vá direto ao coração, que esta é a única maneira real e eficaz de combater!” (O Liberalismo é Pecado”, de D. Felix Sardá y Salvani, 1949. Ed. Companhia Editora Nacional, pp. 89-91).
Só que desta vez, ao tentar acertar o coração, você encontrou uma pessoa que tem o coração repleto de amor a Deus. Mesmo na dor. Recebeu a espada de volta.
E se deram muito mal.
In Corde Jesu, Semper,
Nossa Senhora de Fátima, Rogai por Nós.
Acorda, Gubitoso. Não sou mais um idiota sentimentalóide. Acorda, Montfort.
RESPOSTA
“Sempre admiramos essa necessidade que os caprichos mais irracionais têm de racionalizar-se, de apresentar-se à inteligência como pertencendo à sua ordem e a seu plano. Isso é verdade mesmo no plano sobrenatural. (...) Não basta ao homem o poder de iludir aos outros. Gosta da autoilusão; joga voluntariamente um véu sobre a própria miséria. Precisa parecer santo aos seus olhos, ou pelo menos racional” (Frei Sebastien Tauzin, O.P.: O Sofisma do amor-próprio).
Prezado Dávio, o seu fanatismo e sentimentalismo é tão patente que ao responder de forma apressada e apaixonada o senhor não consegue nem mesmo verificar o nome de quem debate com senhor, da próxima vez tente acertar pelo menos isso.
Enumerar obras dos santos, documentos do magistério e mesmo questões da suma teológica de Santo Tomás de Aquino não imputa a sua resposta uma consistência doutrinária, o senhor precisaria mostrar a coerência e mesmo a justificativa das práticas esdrúxulas, para dizer o mínimo, da RCC na doutrina sólida da teologia católica e não apenas citá-las como se fosse uma justificativa categórica das suas platitudes, entretanto, como sempre os seus argumentos não passam de bravatas sentimentalóides que se contentam em citar superficialmente algumas obras, porém, sem nenhuma conexão com a pseudoespiritualidade carismática.
“(...) uma espécie de lógica afetiva em que a conclusão já existe antecipadamente como o princípio indiscutível a que o espírito adere por motivos afetivos, certeza prática, que vai inspirar a construção de uma silogismo em que as premissas não terão outro papel que não o de servir de engodo, disfarçando o caráter irracional da conclusão para dar-lhe um aspecto rigorosamente lógico. E se, por acaso, as premissas escolhidas manifestarem a sua fraqueza e falta de densidade intelectual, não custará muito ao homem substituir essas premissas por outras, e assim indefinidamente. O importante para ele é apenas manter a conclusão a todo custo” (Frei Sebastien Tauzin, O.P.: O Sofisma do amor-próprio).
Tudo para o senhor se resume à expressão vazia: “Como já demonstrei, minha vivência na RCC foi maior do que a sua”.
«Muitos que falam da Igreja hoje dizem que são inspirados por um espírito profético e apelam ao Espírito Santo como se o Divino Paráclito estivesse à sua disposição em todos os momentos. Que Deus conceda que esta presunção, de elevar uma experiência pessoal a um critério de doutrina religiosa, não possa causar estragos! " (Papa Paulo VI, Audiência de Maio de 1969, fonte: https://www.remnantnewspaper.com/web/index.php?option=com_k2&view=item&id=3186:pope-to-lead-catholics-protestants-in-anniversary-celebration-of-charismatic-renewal)
O senhor chega a dizer o absurdo de que seria preciso viver pelo menos 30 anos na RCC para conhecê-la bem, o grande mal da Montfort é que ninguém viveu os tais 30 anos na RCC e por isso atacamos o que não conhecemos, logo, para o senhor a doutrina da RCC é mais exigente do que a doutrina de Cristo, pois que Nosso Senhor precisou de apenas 3 anos para tudo ensinar aos seus discípulos que mudaram a história do mundo. Lamento lhe dizer, a sua vivência não tem nenhum peso doutrinário, aliás, ela joga contra seus argumentos exatamente porque ela se opõe à doutrina de Cristo.
“Na Suma Teológica, São Tomás afirma que os carismas a que alude São Paulo foram necessários para a época do início da evangelização. Mas não há nenhuma parte da Suma em que este santo teria afirmado que tais carismas estariam proibidos de reaparecerem com força em outras épocas históricas”.
“(...) não se deve esperar nenhum estado futuro em que a graça do Espírito Santo seja aproveitada mais perfeitamente do que até agora o foi; e sobretudo, pelos Apóstolos, que receberam as primícias do Espírito, i. é, com prioridade no tempo e mais abundantemente que os outros” (São Tomás de Aquino, Suma Teológica, Ia IIae, q. 106, art. 4).
“Posto isso, não é absolutamente, admissível excogitar-se ou guardar uma segunda, mais ampla e fecunda “aparição ou revelação do Espírito Divino”; a que atualmente se efetua na Igreja é deveras perfeita, e nela permanecerá incessantemente até que a Igreja militante, após o percurso do seu período de lutas, seja transplantada para as alegrias da Igreja triunfante no céu” (Divinum illud munus , encíclica publicada pelo Papa Leão XIII em 15 de maio de 1897).
“Será que, meus caros irmãos, pelo fato de que vós não fazeis nenhum destes milagres, é sinal de que vós não tendes nenhuma fé? Estes sinais foram necessários no começo da Igreja. Para que a Fé crescesse, era preciso nutri-la com milagres. Também nós, quando nós plantamos árvores, nós as regamos até que as vemos bem implantadas na terra. Uma vez que elas se enraizaram, cessamos de regá-las. (...) Não desejeis, ó irmãos caríssimos, fazer os milagres que podem ser comuns também aos réprobos...” (Papa São Gregório Magno, sermão da Ascenção de Nosso Senhor Jesus Cristo, em 24 de Maio de 591).
Veja, sr Dávio, como mostrado acima, não somente São Tomás mas dois Papas refutam a sua afirmação de que o que aconteceu na época apostólica poderia se repetir hoje, sobretudo entre os heréticos carismáticos.
“O saudoso Padre Gabriele Amorth, tido por muitos como o maior exorcista contemporâneo, no livro "Exorcistas e Psiquiatras", narra um exorcismo (narrado também em sua obra La preghiera di libertazione (Herbita, Palermo)), onde a participação do louvor em línguas, de um grupo carismático, foi fundamental para a libertação da pessoa afligida pelo demônio. Você sabia disso?”.
Bom, creio que no mínimo o exorcista Gabriele Amorth esteja enganado ou a informação é imprecisa, pois não é isso que dizem outros renomados padres:
“O principal exorcista da América, Pe. Chad Ripperger declarou oficialmente: "O pior caso de possessão que já tive foi uma mulher que pediu o dom de línguas e ela o obteve". Portanto, falar em línguas é realmente uma forma de possessão demoníaca. Padre Ripperger deixa claro que Satanás é o espírito que move o Movimento Carismático. “Eu não posso te dizer quantas pessoas eu tive que limpar da renovação carismática.” (Fonte: https://www.knightsrepublic.com/single-post/charismatic-renewal-bewitching-the-faithful)
Temos ainda que: “O falecido especialista em Fátima, Pe. Nicholas Gruner relata o seguinte em vídeo: “No final dos anos 60 ou início dos 70 ... tinha um missionário que veio da África, um irlandês, e ele estava visitando amigos ou familiares e ele foi convidado para uma dessas reuniões, então ele foi ... Ele não participar, mas a certa altura ele simplesmente se levantou e foi embora. Então, eu o vi na Igreja no dia seguinte e ele disse: "Você quer saber por que eu saí da reunião?" Eu disse sim." Ele disse: "Bem, quando eles estavam falando em línguas, e você sabe de uma coisa? Eles estavam falando em uma língua que eu entendia. É a tribo que eu estava missionando na África, então eu reconheci o que eles estavam dizendo. eles estavam dizendo? Eles estavam blasfemando contra Jesus e Maria" https://www.knightsrepublic.com/single-post/charismatic-renewal-bewitching-the-faithful
São Tomás mesmo admite a possibilidade da grosseira caricatura diabólica do verdadeiro carisma em algumas questões da Suma:
I-IIæ, Q.172, A.5: Se alguma profecia vem dos demônios (RESPOSTA: SIM);
I-IIæ, Q.172, A.6: Se os profetas dos demônios predizem a verdade (RESPOSTA: SIM);
I-IIæ, Q.178, A.2: Se os ímpios podem fazer milagres (RESPOSTA: SIM).
“Algumas pessoas também não foram curadas, mas por meio da frequência aos sacramentos, suscitada pela RCC, para que as pessoas retornassem à vivência plena da fé católica”.
Sr Dávio, essa sua afirmação acima fez-me lembrar de uma cômica história que sempre nos contava um saudoso professor, era uma formiguinha que toda ingênua monta num imenso elefante na savana africana, e o elefante correndo à toda pela savana levanta um mundaréu de poeira, a formiguinha empolgada em cima do elefante olha para trás e exclama: olha só quanta poeira estamos levantando! Não, sr Dávio, definitivamente não, os Santíssimos sacramentos instituídos por Nosso Senhor não precisam da RCC e suas práticas heréticas para suscitar nos bons corações verdadeiras devoções e assiduidade. Esse movimento malicioso que de forma maquiavélica se vangloria de suscitar uma pretensa devoção nos fiéis não faz mais do que subverter as almas. Os fiéis ingênuos que olham as grandes devoções e pensam ser fruto da RCC não passam de pessoas enganadas pelos grandes gurus carismáticos e sua falácia, nem Cristo com a sua indefectível doutrina, nem a Virgem Mãe com sua invencível Misericórdia, não precisam da espiritualidade protestantizante da RCC para salvar as almas.
Quando Cristo atrai os seus verdadeiros devotos aos sacramentos e a amar a Virgem Santíssima, Ele se utiliza das riquezas sobrenaturais dos próprios sacramentos e das perfeições de sua Santíssima Mãe, eles são por si mesmos grandes motivos de amor e devoção. A RCC, com seu veneno, se utiliza dessas devoções para aliciar e perverter as almas, não como uma formiga ingênua, mas como uma peste parasitária.
“Há pessoas na RCC que podem ter pensado que os carismas advieram de sua vontade ou esforço pessoal, mero sentimentalismo. Mas conheci também as pessoas que tinha o carisma da cura, por exemplo, inclusive Sacerdotes. E não era nada sentimental...”.
Ah, não eram sentimentais? Quem garante isso, o senhor? O testemunho dos outros? Como eu já afirmei nessa missiva, sr Dávio, a sua pretensa experiência pessoal não tem peso doutrinário nenhum: “Que Deus conceda que esta presunção, de elevar uma experiência pessoal a um critério de doutrina religiosa, não possa causar estragos! " (Papa Paulo VI, Audiência de Maio de 1969).
“E a Nós, na verdade, parece-Nos ser só de um demente ou pelo menos de um rematado imprudente o admitir, sem mais exame, por verdadeiras, as tais experiências íntimas apregoadas pelos modernistas. (...) A maior parte dos homens sustenta e há de sempre sustentar com firmeza que, só com o sentimento e a experiência, sem a guia e a luz da inteligência, nunca se chegará ao conhecimento de Deus” (Pascendi Dominici Gregis, encíclica do Papa São Pio X, publicada em 8 de setembro de 1907).
A sua ingenuidade e fanatismo me assustam, a prova de que essas manifestações são sentimentais ou, pelo menos, não vêm do Espírito Santo, está na origem desses fenômenos, sr Dávio, estou desde o começo de minhas respostas tentando explicar isso mas o senhor não entende por que o senhor enxerga tudo pelo prisma dos seus olhos de apaixonado incorrigível pela RCC. A origem desses fenômenos vem de técnicas, métodos e doutrinas pentecostais protestantes, isso não pode produzir os Carismas do Espírito Santo, veja o que são e como se dá a fenomenologia dos carismas segundo um renomado teólogo, e entenda que são opostas às práticas do movimento carismático, como o próprio São Pio X aconselha consultar os bons autores de ascética:
“Vós o sabeis, pelo contacto que tendes com as almas, especialmente aquelas em que domina o sentimento; Vós o sabeis pelo estudo dos tratados de ascética que, não obstante serem menosprezados pelos modernistas, contém doutrina mais sólida e mais fina observação do que aquela de que se vangloriam os modernistas” (Pascendi Dominici Gregis, encíclica do Papa São Pio X, publicada em 8 de setembro de 1907).
Sobre os carismas (Fr Royo Marin, Antonio O.P. em sua obra: Teologia de La Perfeccion Cristiana):
“1. As graças gratis datae (carismas) concedidas não fazem parte do organismo sobrenatural da vida cristã, constituído pela graça habitual, graça atual, as virtudes em, que elas que põe em prática os hábitos anteriores.
2. Eles são meros epifenômenos da vida da graça, como algo adjacente a ela, e que, portanto, pode existir sem ela.
(...)
7. As graças gratuitas concedidas requerem, portanto, em cada caso, uma intervenção direta e extraordinária de Deus, de natureza milagrosa”.
Sobre os dons do Espírito Santo:
“no caso dos Dons, não podemos usar quando quisermos, mas somente quando o quer o próprio Espírito Santo. (...) o Espírito Santo, que move os dons como causa principal, limitando o homem ao papel de um simples instrumento, embora consciente e livre”.
“No que diz respeito à realização dos dons, nada mais podemos fazer do que dispor-nos - reprimindo, por exemplo, o tumulto das paixões, o afeto pelas criaturas, a multidão de distrações e fantasmas da imaginação que dificultam a ação de Deus, etc. para que o próprio Espírito Santo possa agir quando quiser”.
Portanto, para os verdadeiros carismas, sua manifestação se dá de forma extraordinária, por intervenção direta de Deus, isto é, nada de self-service espiritual onde cada um vai se servindo dos carismas que preferir e na hora que quiser como pretendem os carismáticos. As musiquinhas melosas, as incitações dos gurus carismáticos em seus microfones de showman, ou ainda todo chororô da RCC não pode produzir os carismas. O querer dos homens, mesmos os mais insistentes, não pode induzir o Espírito Santo a satisfazer os seus caprichos, ainda que o pretenda a RCC.
No caso dos dons: “nada mais podemos fazer do que dispor-nos - reprimindo, por exemplo, o tumulto das paixões, o afeto pelas criaturas, a multidão de distrações e fantasmas da imaginação que dificultam a ação de Deus”, tudo o que é o oposto do movimento carismático que incita o tumulto, a exacerbação das paixões e um chororô sem fim!
Como já havia ensinado ao senhor a falsa espiritualidade carismática se baseia na heresia pentecostal-protestante que confunde a ordem natural com a ordem sobrenatural da graça, segundo essa heresia a subjetividade e os sentimentos são sinais e manifestações da graça, mas porque isso? Porque os protestantes não possuem sacramentos e se utilizam de meios artificiosos para simular uma falsa manifestação da graça, daí o motivo do surgimento de toda a sua falsa espiritualidade carismática.
A RCC é filha dessa pseudoespiritualidade protestante, o próprio Dom Athanasius Schneider não se exime de fazer essa mesma evidente constatação:
“Em uma entrevista recente no Gloria.tv, o bispo Athanasius Schneider alertou contra o Movimento Carismático, que ele disse que se baseia em uma abordagem protestante subjetiva de colocar os "sentimentos" em primeiro lugar” (vide: “Charismatic Renewal” Bewitching the Faithful ).
O senhor fala ainda um absurdo sobre os Carismáticos e a Missa Tridentina:
“Quem disse que quem participou da RCC não pode ter sido conduzido por Deus a amar a Missa Tridentina ao mesmo tempo em que compreendeu o que aconteceu de fato na RCC, retirados os erros ou exageros de seus participantes?”
Nunca disse que quem participou da “RCC não pode ter sido conduzido por Deus a amar a Missa Tridentina”, aliás, quem participou da RCC deve amar a Missa Tridentina, pois a Missa é um excelente meio para se abandonar a práticas heterodoxas da RCC, foi o que aconteceu comigo e com muitos da Montfort, por exemplo. Deus leva sim que participou da RCC a amar a Missa Tridentina exatamente para abandonar a RCC (por isso o sr mesmo colocou no passado “participou”, pois quem participa da Missa tridentina e compreendeu sua doutrina, não participa mais da RCC) pois a doutrina da Missa Tridentina é oposta à doutrina desse movimento cripto-protestante.
Não existe conciliação entre Cristo e Belial, não existe conciliação entre a doutrina da Missa Tridentina e o protestantismo carismático:
Doutrina Subjetiva emocional da RCC “Tratamos de dar o indispensável para nos orientar neste mundo do "orar em línguas", no qual não podem estar ausentes os sentimentos; e cremos sinceramente que, quando se trata de uma oração em línguas autêntica, estes se encontram em seu estado mais nobre e puro” (Falar em Línguas. Fundamentos da Renovação, de Juanes, Benigno, Pág 36). |
Doutrina Objetiva da Liturgia “Controlar a liturgia ou determiná-la conforme a nossa preferência nos daria uma satisfação desordenada, pois estaríamos submetendo um bem espiritual aos nossos sentimentos. As rubricas bem determinadas impedem que um grupo imponha a sua espiritualidade ou falta de espiritualidade aos outros fiéis. As rubricas impedem as Missas carismáticas, as Missas das crianças, a Missa disso e daquilo” (A importância das rubricas na liturgia, sermão para o 21º Domingo depois de Pentecostes, Padre Daniel Pinheiro). |
Doutrina Subjetiva emocional da RCC “Sendo assim trata-se, na verdade, de uma interpretação feita a partir do caráter pessoal da oração. Estamos muito habituados ao formalismo, ritualismo e convencionalismo da oração, inibindo-nos facilmente. Temos medo de enfrentar a Deus e não menos de enfrentar os homens. Disso provém o instinto de defesa que rejeita, sob o pretexto de "emocionalismo", o que propriamente não é senão o personalismo vivido na oração” (Falar em Línguas. Fundamentos da Renovação, de Juanes, Benigno, Pág. 36). |
Doutrina Objetiva da Liturgia “O mundo da liturgia afirma fortemente esse axioma: para o homem não há criatividade e conquista se não existe previamente submissão, não somente as leis do ser em com Deus geral e da natureza, mas também as normas livremente determinadas por Deus. (...) É, portanto, impossível penetrar no mundo da liturgia sem uma mentalidade objetiva” (O Sentido Teológico da Liturgia, de Cipriano Vagaggini, Pág. 181). |
E, por fim, o senhor cita o professor Orlando fedeli:
“Ou você acha que o Prof. Orlando Fedeli foi para o Céu direto? Quem somos nós para dizer tais coisas? Só Deus sabe”.
Minha esperança está unicamente na Misericórdia de Deus, apesar das fraquezas e das misérias do Professor, espero sim que ele esteja no céu, e garanto ao senhor que milhares de seus alunos espalhados por todo o Brasil, mesmo aqueles que não o conheceram ainda vivo, rezam com frequência pela sua pobre alma. E foi ele que nos ensinou a não temer as batalhas contra os inimigos da Igreja de Cristo e sua doutrina, mesmo contra pessoas de espírito tão obstinadamente fanático como o senhor.
“Não temer as duras batalhas, mas querê-las.
(...)
Qual falcão atacar, desprezando o perigo,
tendo olhos só para Deus e para o inimigo.
Não temer jamais nem as armas, nem as vaias,
nem o combate franco, nem as vis tocaias.
(...)
Jamais calcular o número do inimigo.
Mas contar só com Deus, com Santiago e consigo
Por justo combater, mesmo que solitário,
sem ver o número, enfrentar o adversário.
(...)
Amar a solidão do deserto ou do mar
ser fiel até a morte e jamais capitular.
Não temer ser desprezado e tido por nada,
não querer senão o triunfo da cruzada.
Ter uma alma agressiva que não retroceda”.
(Orlando Fedeli, 1975)
In báculo Cruce et in Virga Virgine,
Francis Mauro Rocha.
PS: Esta carta é a continuação da carta:
http://www.montfort.org.br/bra/cartas/rcc/20210428152255/