TFP
Revolução e Contra Revolução
PERGUNTA
Nome:
Carlos
Enviada em:
01/01/2004
Local:
Brasil
Prezado Dr.,
Salve Maria!
Gostaria pois, de continuar nossa conversa a cerca da TFP.
Peço que me mande mais dados. Esperarei vossa biografia de vida interna nesse grupo.
Faço mas uma pergunta: O processo revolucionário que o Sr. Dr. Plínio descreveu em "Revolução e Contra Revolução" realmente existe?
Salve Maria!
Gostaria pois, de continuar nossa conversa a cerca da TFP.
Peço que me mande mais dados. Esperarei vossa biografia de vida interna nesse grupo.
Faço mas uma pergunta: O processo revolucionário que o Sr. Dr. Plínio descreveu em "Revolução e Contra Revolução" realmente existe?
Outra questão, foi o Sr. Dr. que conseguiu desvendar esse processo revolucionário?
Sem querer abusar faço outra pergunta: Na vossa opinião é pecado mortal frequentar a TFP?
Em Jesus e Maria,
Carlos
Sem querer abusar faço outra pergunta: Na vossa opinião é pecado mortal frequentar a TFP?
Em Jesus e Maria,
Carlos
RESPOSTA
Muito prezado Carlos,
Salve Maria !
Claro que o processo histórico que destruiu a Idade Média para implantar a igualdade existiu.
Muitos autores, muito antes de Dr Plínio, falaram dele. Desde a Reforma, examinando as seitas pentecostais, e desde a Revolução Francesa, quando os enragés tentaram impor o comunismo, se sabia muito bem que a igualdade chegaria até o comunismo. Aliás, houve um processo semelhante na sociedade greco romana. Basta ler o livro de Fustel de Coulanges, "A Cidade Antiga", para compreender o processo igualitário, atuando na sociedade greco romana, com etapas de revolução religiosa, quando foi instaurada a república aristocrática contra monarquia; depois, uma segunda etapa, com a instauração de uma república democrática com Sólon; e afinal uma tentativa de instaurar a igualdade total com Clístenes, em Atenas, com a revolução agrária dos Gracos em Roma, processo que levou à tirania do Império (Claro que sem a negação do direito de propriedade particular, sem o comunismo oficial, mas com um poder imperial discricionário que fazia do capricho do Imperador a lei. Portanto que permitia ao estado confiscar qualquer propriedade).
Leão XIII, já havia esboçado a descrição do mesmo processo das três revoluções em algumas encíclicas em que apontou a relação da Reforma com a Revolução Francesa, e desta com o comunismo a ser instalado como conseqüência lógica do liberalismo.
Monsenhor Gaume escreveu livros sobre isso.
E se você lesse um trabalho de Tancredo Neves -- imagine !! De Tancredo Neves!!! -- por volta de 1935, você veria que Dr. Plínio não foi, de jeito nenhum, o descobridor disso. Aliás, quando li o trabalho de Tancredo Neves de 1935(??), achei até que Dr Plínio havia lido esse trabalho desse político mineiro, e que se inspirara nele.
Li o trabalho de Tancredo, na época em que ele morreu, quando os jornais de São Paulo o republicaram. Imaginar que foi Dr. Plínio que descobriu o processo revolucionário é puro delírio megalomaníaco.
Não tenho tempo, agora, neste momento, de fazer uma análise do livro Revolução e Contra Revolução. Mas para responder a você, peguei esse pequeno livro de Dr Plínio, em minha estante, e que não abria há muitos anos, e li suas primeiras frases, para lhe responder.
Veja que coisas interessantes encontrei.
Escreveu Dr, Plínio, logo de início:
"Capítulo I Crise do homem contemporâneo"
Já nessa frase há um erro muito grave.
A crise não é do homem contemporâneo. Ela começou bem antes da Idade Contemporânea, e Dr. Plínio vai dizer isso, no fim da Idade Média. Teria sido muito menos incorreto ele ter dito "Crise do homem moderno", porque a Crise é da Modernidade e não do homem contemporâneo apenas. Foi a Modernidade que se opôs à Igreja, como Pio IX declarou no Syllabus.
Logo depois dessa primeira frase errada, que o pessoal da tfp decorava isso sem pensar, Dr Plínio escreveu:
"As muitas crises que abalam o mundo hodierno- do Estado, da família, da economia, da cultura, etc. --não constituem senão múltiplos aspectos de uma só crise fundamental, que tem como campo de ação o próprio homem. Em outros termos, essas crises têm sua raiz nos problemas de alma mais profundos de onde se estendem para todos os aspectos da personalidade do homem contemporâneo e todas as suas atividades" (Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra Revolução, 3a edição, Chevalerie Artes Gráficas e Editora ltda, São Paulo, 1993, p. 13).
Duvido que um só tefepista perceba, nessa frase, uma omissão espantosa, escandalosa e capital: Dr Plínio omite a crise da Igreja.
Ora, a crise fundamental é uma crise religiosa. É a crise na Igreja.
Colocando o acento da crise na alma humana, Dr. Plínio aparentemente focaliza o ponto mais profundo.
E isso é falso.
O ponto mais profundo a colocar como fundamento devia ter sido o teológico: a crise revolucionária provém da ação diabólica e das "forças secretas" atuando contra Cristo e contra sua única Igreja.
Dizer que a crise tem sua raiz mais profunda na alma humana é deixar de lado a ação de Deus e do demônio na História através da Igreja e da Anti Igreja, das "forças secretas".
A crise ocidental se deu inicialmente na Igreja. O atentado de Agnani, o Grande Cisma do Ocidente, a Reforma e o Renascimento (gnósticos) foram fenômenos predominantemente religiosos. [Deixei de lado, por brevidade, toda a acão das heresias medievais que prepararam a Reforma e o Renascimento das quais Dr Plínio não trata e que nem conhecia. Por exemplo, a doutrina de Mestre Eckhart e dos Irmãos do Livre Espírito que jamais ouvi falar na tfp; a doutrina de Ockham e do Catarismo; a doutrina esotérica de Dante e dos Gibelinos, do qual e dos quais ele não tinha a menor idéia, como posso testemunhar pessoalmente; a doutrina da Cabala e do cabalismo cristão, que ele nem cita, porque nunca soube o que era especificamente a Cabala, que ele jamais estudou).
Outro fundamento que ele devia ter colocado precedendo o fundamento da alma humana -- fundamento moral -- deveria ter sido o metafísico -- pois a verdade precede a prática do bem, o conhecer precede o querer.
Conseqüência desse erro fundamental -- pois ele errou ao apontar qual era o fundamento mais profundo -- foi que a tfp sempre centrou sua ação externa na esfera política, e não na religiosa. Por exemplo, Dr., Plínio considerava que, acabando o partido Comunista russo, a Missa Nova seria liquidada. Ora, o PC caiu e a Missa está ainda no centro da crise. Dr Plínio centrou sua ação na esfera político - social, enquanto a raiz da Crise estava dentro da Igreja, na religião, não na política. O Vaticano II foi mais importante do que qualquer ação de qualquer Estado ou partido.
Tanto Dr. Plínio errou, que agora, o Scognamiglio e os Arautos renegaram oficialmente à III parte do livro Revolução e Contra Revolução, aceitando o Vaticano II e a Missa Nova, e nada fazem mais contra o Comunismo. Tudo ruiu, porque o fundamento não era simplesmente a crise da alma humana.
Por ter colocado o fundamento da crise revolucionária nas "camadas mais profundas da alma humana", internamente, na tfp, se dava uma importância exagerada, e errada, à questão da castidade, chegando a condenar o casamento como "fassurada", e a condenar a mulher em si mesma como sendo necessariamente "fassura", necessariamente má. A intrinsecamente má, como cantavam os tefepistas de Minas, chamando a mulher de "A Intrínseca".
E ouvi eu mesmo, do próprio Dr. Plínio, a afirmação de que "todo o objetivo da mulher está no útero". Daí, provieram os gravíssimos problemas morais internos da tfp em questão de sexo - o homossexualismo -, de que você deve conhecer muitos casos aí dentro.
Em suma, colocando como fundamento da crise um problema humano, logicamente Dr. Plínio vai ver a crise como a de uma civilização e não a de uma crise religiosa. É o que ele diz no resto desse capítulo I (p, 13 e 14).
Quando muito, Dr. Plínio fala de "crise da Cristandade como família de Estados" (ver P. 15, a evolução é una)
E quando Dr Plínio enumera as características da Revolução ele não diz -- ele omite -- que uma característica fundamental, - e a mais importante -- da Revolução é ser diabólica, gnóstica, contra a Igreja Católica.
No máximo, ele cita um texto de Pio XII que afirma que, pela revolução, foi afetado o "organismo misterioso de Cristo" e que se quis "Cristo sim, a Igreja não".
Mas Dr Plínio nada diz da Revolução na Igreja, e nem da Gnose, quando uma característica profunda da Revolução é a de ser gnóstica. De Gnose ele não trata... Et pour cause...
Ele afirma que a Revolução foi afetada por toda série de fatores extrínsecos "culturais, sociais, econômicos, étnicos, geográficos e outros" (Plínio Corrêa de Oliveira, op cit p.18).
Repare, meu caro Carlos, que Dr. Plínio omite de novo -- e isso é sistemático -- os fatores religiosos. Ele fala até de fatores étnicos, isto é raciais, mas não dos religiosos. Em suma, a concepção que Dr. Plínio dá da revolução é naturalista. Nela não há praticamente nada de religioso, nada de sobrenatural.No máximo ele fala de ética ou moral, não de Fé e de sobrenatural. O naturalismo da visão histórica de Dr. Plínio, na primeira parte desse livro, onde ele pretende expor os fundamentos da revolução, é patente. Só não o vê quem foi cegado pela propaganda interna, formadora de um fanatismo incapaz de análise e de crítica.
Daí, Dr.Plínio colocar como causa profunda da Revolução o orgulho e a sensualidade.
Sem negar a importância desses fatores morais, que de fato existiram no processo revolucionário, a sua focalização exagerada faz esquecer quem estava por trás dessas tentações morais, isto é, que eram o demônio e seus asseclas que astutamente exploraram as debilidades humanas. Dr Plínio não diz praticamente uma palavra sobre quem exacerbou esses vícios.
Quem será que atiçou esses vícios capitais no homem, no final da Idade Média?
Note que, nesse sentido, jamais Dr. Plínio cita o "Roman de la Rose", livro importantíssimo, sobre a preparação do processo revolucionário. Dr. Plínio, que era muito inteligente, mas pouco ou nada estudioso ou pesquisador -- e ele dizia que não pesquisava, mas que só explicitava o que já existia dentro dele, o que ele já sabia, o que é, diga-se passagem, uma tese absurda de sabor esotérico e gnóstico -- Dr Plínio nunca soube o que foi dito nesse "Roman de la Rose". Entretanto, nesse livro se dá o plano para destruir a Igreja.
É só na página 20 da Revolução e Contra Revolução que Dr Plínio vai citar pela primeira vez a palavra Igreja. E ainda apenas incidentalmente. A expressão Igreja Católica vai aparecer, pela primeira vez, na página 48...
Dr. Plínio coloca toda a raiz da Revolução nas tendências desregradas da alma humana: orgulho e sensualidade.
Mas diz depois: "Não acreditamos que o mero dinamismo das paixões e dos eros dos homens possa conjugar meios tão diversos, para a consecuão de um único fim, isto é a vitória da revolução" (Plínio C.de Oliveira, op. cit., ed, cit., p. 50)
Muito bem. Então as paixões sozinhas não causariam a Revolução. Depos, ele escreve:
"As forças propulsoras da Revolução têm sido manipuladas até aqui por agentes sagacíssimos que delas se têm servido como meios para realizar o processo revolucioário.
De modo geral, podem qualificar-se agentes da Revolução todas as seitas, de qualquer natureza, engendradas por ela, desde o seu nascedouro até nossos dias, para a difusão do pensamento ou a articulação das tramas revolucionárias. Porém a seita mestre... é a maçonaria" (Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra Revolução, 3a edição, Chevalerie Artes Gráficas e Editora ltda, São Paulo, 1993, pp. 50-51)
Desse modo então, as paixões desregradas causariam a Revolução. Essas paixões seriam manipuladas pelos agentes da revolução, especialmente pela Maçonaria. Dai a Revolução engendra as seitas, orquestardas especialmente pela Maçonaria, manipulando as paixões que geram a revolução, etc.
Não vê você que essa apresentação é um círculo vicioso?
Paixões --> Revolução --> Seitas e Maçonaria --> manipula as paixões desregradas--> Revolução.
Isso parece o cachorro correndo atrás do próprio rabo. Dr Plínio não diz qual é o fim da maçonaria que não pode ser apenas a exploração das paixões, que são apenas o meio que elas usam e não o fim que quer tem em vista. E Dr Plinio não distingue na Maçonaria o ramo panteísta racionalista do ramo místico e gnóstico. Por que será ?
Ignorância ou esperteza?
E quando ele fala dos agentes da revolução infiltrados na Igreja ele cita Pio IX atacando os católicos liberais. Mas ele não fala dos Modernistas que, conforme São Pio X, eram os piores inimigos da Igreja e atuando dentro dela.
Por que será?
Ignorância ou política?
E ele põe como fim da Revolução estabelecer uma ordem ilegítima, em lugar da Cristandade medieval, e não a Igreja.
E ele não diz nada sobre a visão gnóstica do mundo, e não diz nada -- a menos que a memória me engane, por que não tive tempo de reler, hoje, todo esse livrinho pretencioso -- não diz, repito, que a finalidade última da Revolução é destruir a Igreja Católica.
Haveria muitíssimo mais a dizer, é claro, sobre tudo isso, mas, hoje, não tenho tempo de fazer uma análise mais profunda e completa desse livro naturalista de Plínio e da falecida Tfp da velha observância, porque a nova TFp dos Arautos, a tfp do rito reformado e aceito, ecumênica, relativista e liberal, renegando a terceira parte desse livro de Dr. Plínio, renegou a todo ele.
E me diga, porque você não mo disse ainda, a que tfp você pertence ainda ?
Você me pergunta se ser da Tfp -- qual delas ? -- é pecado mortal.
Respondo-lhe que, na medida em que um membro dessas entidades sabe perfeitamente da doutrina mais oculta que nelas se ensina, que é uma doutrina não católica, ligada à Gnose Romântica, na medida em que se aceita que a tfp é a Igreja, e que Dr Plínio era mais que qualquer apóstolo e santo, na medida em que se aceita suas práticas nada morais, por exemplo, o uso de restrições mentais, na medida de seu sede vacantismo latente, sua doutrina moral sobre o casamento e a geração, o emprego da chantagem pela exploração de pecados confessados por seus membros, confissões que eram gravadas secretamente, nessa medida a pessoa que adere conscientemente e voluntariamente a tudo isso comete pecado grave.
Ninguém pode ser católico e aceitar a doutrina mais secreta da tfp e suas práticas que violam a moral.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
Orlando Fedeli