RCC
Carismático condena a Montfort mesmo sem doutrina
PERGUNTA
Prezados Srs. da Montfort, bom dia.
Participei recentemente de um Cerco de Jericó com adoração ao Santíssimo feita de madrugada, e creio que deveria escrever algo para vocês, depois de anos em silêncio lendo alguns absurdos do seu site.
Há algo que Deus irá pedir conta a todos os membros da Montfort, e diz respeito à falta de especificação de casos de conversão de pessoas a partir do conhecimento da Vida e da Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, dentro de encontros da RCC.
Explico.
O site Montfort se esmerou em dizer que a RCC sempre foi um lixo. A palavra "lixo" foi substituída por outras, frequentemente mais estúpidas ou odiosas, mas com a mesma intenção do site.
Montfort que sempre se deu ao luxo de ofender, mas que não aceita ser ofendido.
Também foram ofendidas com estupidez e agressividade orgulhosa, pela Montfort, muitas pessoas que procuraram "defender" a RCC.
A Renovação Carismática Católica, no entanto, recebeu dentro de si, como formato de movimento eclesial, diversos tipos de pessoas, com diferentes histórias. O que aconteceu é que muitas dessas pessoas ouviram falar de um Amor Pessoal de Cristo por elas, por meio de Sua Paixão, Morte e Ressurreição, nos retiros carismáticos. E tiveram o crescimento de sua vida espiritual, ascese mística e ordem interior, a partir de retiros e encontros carismáticos.Tais retiros, inclusive, as conduziram a leituras de obras de santos para aprofundamento da caminhada espiritual, como ocorreu com a procura pelo Tratado de São Luis Maria Montfort. Muitos cristãos que hoje não frequentam a RCC, mas conheceram melhor a Trindade Santa na RCC, tentam apagar esse fato de sua história, mas isto é impossível.
Houve erros em diversos retiros e dentro da RCC, assim como há erros em diversos movimentos ditos tradicionais, como a Montfort, que erra ao acusar indistintamente os participantes da RCC, generalizando maldosamente tudo o que aconteceu lá, a partir de erros encontrados em locais ou momentos específicos.
Mas a Montfort não disse, por meio de seu site, que a Renovação Carismática é obra do demônio. Ou seja, que o demônio pediu que as pessoas voltassem a adorar ao Santíssimo, voltassem a se confessar com frequência, jejuar, e comungar dignamente o Corpo de Cristo. Tal argumento pode ter sido utilizado, no entanto, em respostas a algumas cartas, afirmando que o demônio poderia "incitar" tais comportamentos, contanto que no final a alma se perdesse. Contudo, a Montfort não possui sequer uma prova de que uma alma que conheceu Jesus, pela RCC, tenha ido ao inferno, porque isso somente Deus sabe.
E a Montfort não é Deus. Nem qualquer outro movimento da Igreja Católica é Deus. Isso a Montfort não percebeu.
Nenhum papa, bispo ou documento oficial da Igreja fez orientação, após o surgimento da RCC, especialmente para orientar os católicos a não participar de nada que diga respeito à RCC. Ao contrário, temos o https://www.rccbrasil.org.br/blog/2020/06/papas-disseram-renovacao-carismatica/. Nem vocês sabem realmente o que aconteceu em Duquesne. Só Deus sabe.
Na realidade, muitas almas que conheceram a Jesus na RCC podem ter ido ao Céu e ao Purgatório, ou efetivamente foram. A Montfort não tem controle disso, e jamais terá.
Então, o site pede que as pessoas se afastem da RCC, mas tergiversa sobre os reais motivos, porque, na verdade, não viveu na RCC a fundo. Nenhum membro da Montfort conheceu a RCC realmente. Somente ouviu falar, leu obras de participantes, recebeu testemunhos de pessoas que tiveram experiências negativas etc. Mas não viveram toda a história, desde a década de 70, até hoje. E são décadas, das quais jovens ignorantes do tema, ao atacarem a RCC, nem fazem ideia de tudo o que lá ocorreu para a Glória de Deus. Muitos desses jovens "neotradicionalistas" apenas se acostumaram a acusar, em inúmeras cartas ventiladas pela Montfort, repetindo acusações de outros membros, a partir dos testemunhos negativos de pessoas, em detrimento dos testemunhos positivos, de muito maior número. Outros membros da Montfort vivenciaram a RCC por apenas alguns anos. O site faz questão de ocultar os frutos positivos da RCC.
Com todos os erros havidos na Renovação Carismática, ela foi e continua sendo, para muitas pessoas, a porta de entrada ou reentrada não só para a vivência dos Sacramentos, mas também para uma vida de oração e de prática de caridade.
Fundamentalmente, foi e é um canal para o aprofundamento de uma relação pessoal com Nosso Senhor Jesus Cristo, e de aumento da devoção a Nossa Senhora, inclusive por meio da recitação piedosa do Terço e do Rosário.
Julgam as pessoas da Montfort que todos os carismáticos são idiotas sentimentais. Parecem palavras duras? Podem acreditar, são duras como as palavras usadas pela própria Montfort. E erram feio os da Montfort ao julgar e condenar todos rapidamente. Bem diferente de Jesus.
A total falta de caridade de vocês para com as pessoas que participaram da RCC, de forma indistinta, como se todos fossem lixo, pode ter alegrado alguns corações mesquinhos, mas com certeza afastou muito mais pessoas de um verdadeiro encontro com Nosso Senhor, justamente o que vocês procuravam, aparentemente, suscitar.
A Igreja está acima da Montfort. E o Espírito Santo sopra onde quer.
Eu conheci Jesus por meio da RCC. Hoje, amo a missa em Latim, frequento os Sacramentos, ajudo minha paróquia, trabalho e cuido de minha família, que reza o Terço comigo. E também oro em Línguas. E sou pecador exatamente como os integrantes da Montfort. Não mais, não menos.
Venha alguém da Montfort me condenar, se tiver coragem.
Mas depois da morte, não diga que não avisei.
Vocês não tem ideia do mal que causaram a muitas pessoas com seu orgulho e falsa santidade. Julgam que nenhum carismático lê livros católicos, especialmente tradicionais. Repito, especialmente os clássicos tradicionais. A Montfort acha que somente ela conhece os livros da Igreja. Ledo engano.
Por favor, elaborem uma resposta para minha carta, para que todos percebam, mais uma vez, que a Montfort não aceita nenhuma crítica, pois crê indelevelmente estar ligada a Cristo quando julga e condena as pessoas, como se todos os dias fosse a hora para expulsar carismáticos vendilhões do templo, no pensar montfortiano. Fazendo assim, a Montfort se equipara aos crimes que ela mesma afirma estar combatendo, sob o pretexto de uma falsa caridade que, em seu bojo, infelizmente, carrega muita contaminação de arrogância. Mas pelo menos tenham a decência de publicar a carta na íntegra.
E ao leitor tradicionalista que não entendeu o motivo da carta e já criticou rapidamente, procure refletir sobre o mal que a Montfort, a pretexto de salvaguardar o depositum fidei, tem feito às pessoas com sua extrema estupidez frequente, que merece resposta.
In Corde Jesu, semper e, aqui, de verdade.
P.S. - me procurem pessoalmente, se tiverem coragem, e com aquelas infelizes ironias finas. Garanto que poderemos conversar bastante. E que vocês perceberão que também tem muito a aprender (pois já sabemos que vocês pensam que somente os outros é que tem que aprender com vocês).
P.S.2- por favor não finjam que não tem boca suja ao redigir os artigos e respostas contra as pessoas que participaram da RCC, e que fizeram isso ao longo de mais de uma década. Francamente. E lembrem-se: vocês não me conhecem, nem minha história pessoal com Deus e com Nossa Senhora, como não conhecem de verdade a nenhum dos membros ou ex-membros da RCC que injustamente condenaram, e que amam a Cristo Nosso Senhor, e que por Ele são amados.
P.S. 3 - vão zombar dos Cercos de Jericó também, em que as pessoas adoram o Santíssimo Sacramento e Dele recebem curas e a fortaleza para carregarem suas cruzes? Gostariam de condenar também os Bispos que deles participam? Montfort, prefiro continuar com Jesus. "Semper". Ah, e por fim: procurem atrair as pessoas para Cristo sem condenar as pessoas (esse comportamento condenatório que vocês praticaram por anos a fio). Seu apostolado crescerá muito mais. Feito o desabafo. Perdoo vocês. Ao tentar atacar um movimento, vocês atacaram as pessoas e sua história pessoal. Pegou muito mal.
Dávio Antonio Prado Zarzana Júnior
RESPOSTA
“Nem nos fascine a ambição de renovar a estrutura da Igreja por via carismática, como se fosse nova e verdadeira a expressão eclesial nascida de idéias meramente particulares, embora fervorosas e atribuídas talvez à divina inspiração. Por este caminho se introduziriam sonhos arbitrários de renovações artificiosas no plano constitutivo da Igreja. Como ela é, devemo-la servir e amar, com sentido inteligente da história e buscando humildemente a vontade de Deus, que a assiste e guia” (Papa Paulo VI, Encíclica Ecclesiam Suam de 1964, grifos nossos).
Muito prezado sr Dávio Zarzana Jr, salve Maria!
Pelo conteúdo de sua missiva me parece evidente que o sr é apenas mais uma vítima ingênua dos erros doutrinários da Movimento Carismático, nesse conteúdo apesar do senhor afirmar categoricamente: “Julgam que nenhum carismático lê livros católicos, especialmente tradicionais. Repito, especialmente os clássicos tradicionais. A Montfort acha que somente ela conhece os livros da Igreja. Ledo engano”, fica evidente que o senhor lê muitos livros sim, mas com certeza não os livros da verdadeira doutrina católica, deve ler os livros produzidos pelos próprios líderes carismáticos e afins, pois em nenhum momento o senhor faz uma defesa doutrinária da RCC, em nenhum parágrafo, nem sequer uma frase, e a doutrina, meu caro sr Dávio é o que importa é ela, a doutrina Católica, o Lúmen vivo que nos tira do mar tenebroso dos erros:
“O objeto formal da fé é a verdade primeira, segundo está manifestada nas Santas Escrituras e na doutrina da Igreja que procede da verdade primeira por onde quem não adere, como à regra divina e infalível, à doutrina da Igreja que procede da verdade primeira manifestada nas Santas Escrituras, não tem o hábito da fé, mas possui as verdades da fé por outro modo que não é a fé… Ora, é manifesto que quem adere à doutrina da Igreja, como a uma regra infalível, dá o seu assentimento a tudo o que a Igreja ensina. Se assim não fosse, se entre as coisas que a Igreja ensina, só abraçasse o que lhe agrada e excluísse o que lhe desagrada, não seguiria como norma infalível a doutrina da Igreja, mas sim a vontade própria” (Lc 17,5)” (Carta encíclica Sapientiae Christianae do Papa Leão XIII).
Prezado Dávio, começo respondendo a sua afirmação um tanto quanto imprecisa: “Nenhum papa, bispo ou documento oficial da Igreja fez orientação, após o surgimento da RCC, especialmente para orientar os católicos a não participar de nada que diga respeito à RCC”, veja que já na citação do Papa Paulo VI que usei como epígrafe já mostra uma coisa bem diferente do que vocifera a sua insipiente certeza: “Nem nos fascine a ambição de renovar a estrutura da Igreja por via carismática, como se fosse nova e verdadeira a expressão eclesial”, diz o Papa, mas citaremos a própria CNBB, apesar de um baluarte do modernismo do Concílio do Vaticano II, também proferiu suas restrições contra as práticas perniciosas da RCC:
“Brasília, 27 de novembro de 1994, 1º Domingo do Advento do Senhor, Dom Antonio Celso Queiroz - Secretário-Geral da CNBB:
“46. A experiência religioso-cristã não se realiza em mera experiência subjetiva, mas no encontro com a Palavra de Deus confiada ao Magistério e à Tradição da Igreja, nos sacramentos e na comunhão eclesial" (CNBB, Doc. 45, nº 175).
“57. (...) Os carismas devem ser recebidos com gratidão e consolação. E não devem ser temerariamente pedidos nem se ter a presunção de possui-los (cf. LG 12)”.
“59. Dom da cura: 60. Ao implorar a cura, nos encontros da RCC ou em outras celebrações, não se adote qualquer atitude que possa resvalar para um espírito milagreiro e mágico, estranho à prática da Igreja Católica (cf. Eclo 38, 11-12).
61. Nas celebrações com doentes, não se usem gestos que dão a falsa impressão de um gesto sacramental coletivo ou que uma espécie de "fluido espiritual" viesse a operar curas”.
“63. Orar e falar em línguas: (...) Como é difícil discernir, na prática, entre inspiração do Espírito Santo e os apelos do animador do grupo reunido, não se incentive a chamada oração em línguas e nunca se fale em línguas sem que haja interprete”.
Ainda esse ano um Bispo conservador, estrangeiro, mas que é muito conhecido no meio católico conservador do Brasil, Dom Athanasius Schneider disse em um vídeo de perguntas e respostas de 14 de março da Irmandade Nossa Senhora de Fátima que o Movimento Carismático é “uma nova forma de religião ou denominação cristã”. “(...) e o fato de ser aceita pelos Papas após o Vaticano II, especialmente por João Paulo II "não é um critério de autenticidade, porque os papas podem cometer erros de prudência ao aprovar movimentos que posteriormente revelam defeitos”. Ele reconhece boas qualidades no MC católico, como o zelo pela oração e a adoração eucarística, mas destaca que estas não são especificamente carismáticas, mas pertencem à tradição católica. Para Schneider é necessário ajudar o Movimento Carismático a "retornar aos métodos e modos mais equilibrados". Segue o link do vídeo: https://gloria.tv/post/4m4bnVAFq7bWBmcNuterciGWZ
De fato, ao que parece, não existe uma condenação formal de um Papa contra o movimento carismático, mesmo porque em época de pós Concílio do Vaticano II é proibido condenar, só se condena a Missa Tridentina em que na maioria das dioceses os bispos fazem de tudo para não a permitir, desgraçadamente. Desafio o senhor a encontrar uma aprovação formal de um Papa das práticas carismáticas da RCC, dizendo, oficialmente, que são realmente verdadeiros como eram na época apostólica, será que existe esse documento, caro Dávio? Não, não existe, mas porque se essas práticas são a grande “Renovação” da Igreja de Cristo? Será que todos reconhecem tal veracidade?
O senhor afirma ainda que:
“Houve erros em diversos retiros e dentro da RCC, assim como há erros em diversos movimentos ditos tradicionais, como a Montfort, que erra ao acusar indistintamente os participantes da RCC, generalizando maldosamente tudo o que aconteceu lá, a partir de erros encontrados em locais ou momentos específicos”.
O senhor julga, como muitos ingênuos da RCC que nada buscam na doutrina, que o problema da RCC estaria apenas em alguns exageros que nem todo grupo carismático comete. O senhor julga mal sobre o problema da RCC, o grande problema desse movimento não está nos exageros ou em alguns membros que não são carismáticos tão perfeitos quanto se gostaria. A RCC é essencialmente problemática, o problema está em sua própria essência que deriva de uma doutrina protestante que confunde a ordem natural com a ordem da graça onde se conclui que uma exacerbação de emoções e sentimentalismos, como que magicamente (fui bem generoso com esse “como que”) produziriam os tais carismas, isso é impossível que aconteça, isso é heresia da mais grotesca, atos estritamente naturais (como os sentimentos) não podem produzir efeitos que estão acima da natureza, isso é uma falsa mística, uma pseudoespiritualidade para seduzir os mais incautos.
“Nenhum membro da Montfort conheceu a RCC realmente. Somente ouviu falar, leu obras de participantes, recebeu testemunhos de pessoas que tiveram experiências negativas etc”. Eu não sei o que o senhor quer dizer com “conheceu realmente a RCC”, mas eu participei durantes quase 10 anos da RCC e sei bem o mal que isso me causou, na Montfort temos vários membros que participaram desse movimento, membros inclusive que foram bem próximos da Canção Nova, por exemplo, mas ainda que ninguém da Montfort já tivesse participado da RCC, isso pouco importaria, pois o mais importante critério para se julgar a ortodoxia de um novo movimento eclesial, é e sempre será, a doutrina e essa como eu já disse, na RCC, é perniciosa e venenosa.
Para o senhor, como para muitos carismáticos, o maior bem da RCC seria o famigerado encontro pessoal com Jesus:
“Fundamentalmente, foi e é um canal para o aprofundamento de uma relação pessoal com Nosso Senhor Jesus Cristo”.
Essa experiência tão exaltada pelo núcleo carismático nada mais é que a mesma experiência modernista condenada pelo Papa São Pio X na sua encíclica Pascendi Dominici Gregis, garanto que no seu meio carismático nunca se falou dessa encíclica que é um verdadeiro farol contra as práticas heréticas do nosso tempo:
“Eis como eles o declaram: no sentimento religioso deve reconhecer-se uma espécie de intuição do coração, que pôs o homem em contato imediato com a própria realidade de Deus e lhe infunde tal persuasão da existência dele e da sua ação, tanto dentro como fora do homem, que excede a força de qualquer persuasão, que a ciência possa adquirir. Afirmam, portanto, uma verdadeira experiência, capaz de vencer qualquer experiência racional; e se esta for negada por alguém, como pelos racionalistas, dizem que isto sucede porque estes não querem pôr-se nas condições morais que são necessárias para consegui-la. Ora, tal experiência é a que faz própria e verdadeiramente crente a todo aquele que a conseguir. Quanto vai dessa à doutrina católica! Já vimos essas idéias condenadas pelo Concílio Vaticano I” (Pascendi Dominici Gregis é uma encíclica do Papa Pio X, publicada em 8 de setembro de 1907).
Sobre o caso de uma incitação demoníaca, o senhor nos ataca:
“em respostas a algumas cartas, afirmando que o demônio poderia "incitar" tais comportamentos, contanto que no final a alma se perdesse. Contudo, a Montfort não possui sequer uma prova de que uma alma que conheceu Jesus, pela RCC, tenha ido ao inferno, porque isso somente Deus sabe”.
Existe, no mínimo, uma imprecisão ou um erro de interpretação de texto da sua parte “o demônio poderia "incitar" tais comportamentos, contanto que no final a alma se perdesse” nunca demos veredicto da perdição de ninguém, mesmo que seja da RCC, essa acusação é falsa, o que dissemos é que é claro que com essa pseudoespiritualidade da RCC que beira a magia, todo esse amálgama de falso misticismo pode dar azo a uma influência do demônio, e isso não é a Montfort que diz mas os mais sérios mestres de vida espiritual, e também é certo que os falsos carismas podem mesmo ter origem preternatural:
“Querendo admitir esses favores de Deus, a alma abre porta ao demônio para enganá-la como outros semelhantes, pois, como disse o Apóstolo, pode o inimigo transformar-se em anjo de luz (2Cor 11,14) e sabe muito bem dissimular e disfarçar as suas sugestões com aparências de boas.” (JOÃO DA CRUZ. Subida ao Monte Carmelo. Livro II, capítulo XI, 7. Rio de Janeiro: Vozes, 1998, p. 220 - o grifo em vermelho é do site).
O Padre Jordan Aumann diz também que “uma pessoa pode ficar sob o poder do demônio em razão de um desejo descontrolado de experimentar fenômenos místicos extraordinários ou graças carismáticas” (Sermão para o Domingo de Pentecostes, 08 de junho de 2013 – Padre Daniel Pinheiro).
E o senhor, ainda em sua missiva, tenta, como o famoso casal tradi-carismático Déia e Tiba (no seu vídeo Carismáticos vs Tradicionalistas), parece tentar conciliar o inconciliável:
“Eu conheci Jesus por meio da RCC. Hoje, amo a missa em Latim, frequento os Sacramentos, ajudo minha paróquia, trabalho e cuido de minha família, que reza o Terço comigo”.
“Que harmonia entre Cristo e Belial?”, a doutrina da Missa Tridentina, ou como o senhor chama Missa em Latim, é diametralmente oposta à falácia carismática onde prevalece os cançãozinha melosas, as guitarras barulhentas, os violãozinho sentimentais, enfim, o puro subjetivismo sentimentalóide:
"O latim, não sendo uma língua vulgar, favorece também a mortificação, ou a negação de si mesmo. O latim dificulta que ajamos segundo nossos gostos por meio de improvisações litúrgicas, mudando uma ou outra palavra para agradar às pessoas ou por outro motivo qualquer. Também o fato de não compreendermos perfeitamente o latim é uma espécie de mortificação e de submissão de nossa inteligência a Deus. Muitos têm aversão à liturgia em latim por que não a compreendem. Na verdade, muitas vezes o que existe é uma aversão à mortificação, à negação de si mesmo, a não ter domínio sobre a liturgia" (Sermão para o Décimo Domingo depois de Pentecostes, 28 de julho de 2013 – Padre Daniel Pinheiro).
O senhor coloca como título do seu texto a conta que devemos prestar a Deus, sim teremos muita conta para prestar, nossas fraquezas, nossas imperfeições, negligências, orgulho, soberba, falta de caridade, muitos e tão numerosos, que se não fosse a pura misericórdia de Deus, teríamos uma eternidade para pagá-los, isso falo sobretudo por mim mesmo. Entretanto, a alegria de ter, até o último dos meus dias, combatido ardorosamente os venenos letais da RCC, sim essa alegria será grande, caro Dávio, imensa! Combater e atacar essa doutrina carismática perniciosa talvez será um dos meus raros trunfos diante do Justo e Temível Juiz no dia do meu julgamento particular, dai-me força e fidelidade nesse combate Meu Senhor e Meu Deus!
E quem sabe, caro Dávio, não estaremos nós dois do mesmo lado, quisera Deus! Dando contas ao Amoroso Juiz do nosso incansável combate contra esse movimento carcomido, rezarei sempre por isso. “Venha alguém da Montfort me condenar, se tiver coragem”, caro Dávio, venha conversar conosco, venha em nossa sede, já é nosso convidado, e o senhor julgará por si mesmo os males da alma que a RCC mesma produz.
Por último se faz necessário a defesa de outra acusação sua:
“Montfort que sempre se deu ao luxo de ofender, mas que não aceita ser ofendido. Também foram ofendidas com estupidez e agressividade orgulhosa, pela Montfort, muitas pessoas que procuraram "defender" a RCC”.
“Onde foi, pois, o Liberalismo buscar a novidade de que ao combater os erros se deve prescindir das pessoas e até animá-las e acariciá-las? (...) Não basta, pois, desviar-se para evitar o tiro, não; o principal e mais eficaz é deixar inabilitado o atirador. Assim, convém desautorizar e desacreditar o seu livro, periódico, ou discurso; e não só isso, senão desautorizar e desacreditar em alguns casos a pessoa. Sim, a pessoa, porque é este o elemento principal do combate, como o artilheiro é o elemento principal da artilharia, e não a bomba, a pólvora ou o canhão.
(...) Firmem-se no que ensina neste ponto a tradição cristã, e deixem-nos a nós, os ultramontanos, defender a fé como se defendeu sempre a Igreja de Deus. Penetre, pois, a espada do polemista católico, fira e vá direto ao coração, que esta é a única maneira real e eficaz de combater!” (O Liberalismo é Pecado”, de D. Felix Sardá y Salvani, 1949. Ed. Companhia Editora Nacional, pp. 89-91).
Que a Virgem Puríssima vele sempre pelo senhor, para que se afaste e um dia nos ajude a combater sempre a RCC, desde já conte com minhas sinceras orações.
In báculo Cruce et in virga Virgine,
Francis Mauro Rocha.