RCC
Católicos de ontem e hoje (RCC e protestantismo)
PERGUNTA
Prezado Prof. Orlando
Há um meses atrás enviei para o senhor algumas questionamentos sobre a Renovação Carismática e a Missa Tridentina. Certo tempo depois recebi sua resposta a qual embora fosse bastante precisa como de costum em todas as suas respotas, ainda me suscita outros questionamentos.
Embora o senhor seja contrário a Renovação Carismática e favorável a um rito litúrgico como se realizava antes do Concílio Vaticano II, preciso pergunta-lo a respeito da vivência do povo católico atual e anterior a o último concílio.
Se o senhor fosse traçar um paralelo entre o comportamento cristão-católico destas duas realidades como seriam as características?
Sabe porque eu pergunto isto caro professor? é porque hoje observo que o comportamento, o posicionamento, a atitude dos que pertencem ao movimento da renovação carismática é bem diferente daqueles que se dizem católicos e que andam por aí crendo em toda a sorte de crendices (signo, reencarnação, sortilégios, pedras, cristais). Claro que não estou dizendo que somente os católicos ligados a renovação carismática estão agindo correto sei que existem pessoas que não pertencem e até não gostam deste movimento que são firmes nos ensinamentos da Igreja, como por exemplo o senhor, mas sinceramente esses últimos são raríssimos.
Me lembro que no e-mail que o senhor me enviou foi citado como exemplo o leão que estava preso a uma corrente cujo um dos elos não era de ferro e que portanto havia o risco eminente de um acidente. Este exemplo foi usado para a Renovação Carismática que embora pareça inofensiva tem assim como o nosso leão uma perigo latente, no caso para a nossa fé.
Caro professor volto a insistir (desculpe a minha insistência) se existem erros eles podem ser direcionados, podados, se há arestas estas podem ser aparadas até transformar uma pedra bruta numa bela jóia. Não consigo entender como no meio de tanto trigo o joio não pode ser separado, e cá para nós professor graças a Deus existe bastante trigo neste movimento.
As pessoas que tem a sua vida transformada por novos valores não são somente pessoas de boa vontade independente da Renovação Carismática, mas antes muitas delas passaram a conhecer os verdadeiros valores morais que a Igreja prega através deste movimento.
O senhor mencionou sobre a Missa Tridentina que o latim era usado porque era a língua voltada para Deus, então eu pergunto o que há de herético no povo que vai a Missa em entender o que se fala para Deus.
As primeiras Missas ainda no período dos apóstolos era celebrada em latim? ou numa única língua em todas as regiões?
Falando um pouco sobre mim, quando retornei para Igreja isso a uns 7 anos atrás fui acolhido por um grupo ao qual hoje estou coordenando, uma Comunidade Aliança (Comunidade Magnificat) de lá até hoje tenho me esforçado continuamente para aprender mais e mais sobre a Igreja e como melhor servi-la, pois sei que perseverando nela sirvo ao nosso Senhor Jesus.
Por vezes sinto-me ilhado, pois a mensagem evangélica assusta e chega a afastar até mesmo o que se dizem católicos, porém não esmoreço quando percebo que tantos movimentos afloram Brasil e mundo afora mostrando que Igreja continua apesar dos pesares.
Sinceramente gostaria de conhecê-lo para sentarmos e converamos a respeito da nossa Igreja Quando o senhor virá ao Rio de Janeiro?
Aguardando sua resposta, desejo-lhe que Deus abençoe esse seu árduo porém valioso trabalho - lutar pela nossa fé católica.
RESPOSTA
Muito prezado Roberto, salve Maria.
Gostaria que você compreendesse que faço uma distinção entre as pessoas que freqüentam as reuniões dos chamados carismáticos, e o movimento em si. Critico e ataco as heresias e os erros graves da RCC. Admito que possa haver, nesse movimento, pessoas de boa vontade, pessoas equivocadas ou iludidas, que não conhecem realmente nem a doutrina católica, nem a da RCC, e que são, pouco a pouco, levadas a erros mais graves.
Também sei que a RCC não é homogênea, havendo grupos mais ou menos errados, e outros de maior ou menor boa vontade.
Evidentemente, não critico pessoas, mas as idéias que fundamentam a RCC.
Ainda ontem à noite, recebi uma jovem dentista, que dirige um grupo carismático.
Quando fiz que ela lesse alguns textos de livros importantes dos carismáticos, ela caiu das nuvens, e na realidade. Porque esses textos são espantosamente heréticos.
Claro que os dirigentes maiores da RCC não mostram esses textos para todos. Muito menos os explicam. Se o fizessem, perderiam, muito de sua "clientela".
Gostaria muito que você lesse esses livros, e que estudasse as origens do Carismatismo. Tenho certeza, pelo que conheci de você, por sua carta e por seu telefonema, que você não admitiria os erros que nesses livros se defendem.
Para ajudá-lo, penso, então escrever um estudo mais longo sobre a RCC. Deixo, porém, esse trabalho para outro dia.
Por hoje, só respondo a algumas das questões que você me coloca.
Você me pergunta como compararia a situação dos católicos, antes e depois do Vaticano II.
E você, infelizmente, sem perceber bem o termo que emprega, me pergunta sobre a "vivência dos católicos antes do Vaticano II". Sem perceber, disse eu, porque a palavra vivência é um termo tomado da filosofia existencialista, e não pode ser aceito pela Fé católica. A Fé não é uma vivência. mas uma crença em verdades reveladas por Deus e ensinadas pela Igreja. Haveria que distinguir muito, ao comparar os católicos de antes do Vaticano II com os de agora.
Em número, os católicos daqueles tempos eram bem superiores aos de hoje.
Número, porém, não vale nada. Deus e a Igreja nunca buscaram ibope. Pelo contrário. São os partidos políticos e a mídia que têm sede de ibope, e que acreditam nos números. E é o carismatismo que busca atrair multidões sem dar doutrina, mas só emoções, e que, quando reúne multidões para rebolar e agitar os bracinhos numa missa-show, julga que converteu o mundo para Cristo. A RCC vive caçando ibope.
As Missas, outrora, eram muito mais freqüentadas, e a devoção era muito mais viva, embora nem de todo reta e pura.
Em minha paróquia, -- num bairro operário -- havia várias Missas dominicais, todas abarrotadas. Quase todo o mundo ia à Missa.
Estudei sempre em colégios católicos. Eles tinham milhares de alunos.
Nas Igrejas, havia muitos padres.
Lembro-me de que, nas igrejas do centro de São Paulo, havia muitas Missas, ao mesmo tempo, numa só igreja, mesmo nos dias de semana.
Nas procissões de Corpus Christi, havia mais de milhão de católicos, e a população era bem menor que hoje. Os conventos tinham muitas religiosas e os padres apóstatas eram raros.
Lembro-me do triunfo que foi o Congresso Eucarístico de São Paulo, em 1942.
E quase não havia protestantes.
E quanto à qualidade, como eram os católicos?
Além do número, muito superior ao de hoje, havia muito mais respeito. De modo algum havia as profanações e os atrevimentos sacrílegos de hoje.
Eram os tempos severos de Pio XI -- de que me lembro ainda -- e os dias solenes de Pio XII.
Este último era um Papa hierático, que impunha um grande respeito.
Nos Colégios católicos, se ensinava religião todos os dias.
Ganhei meu primeiro certame de Catecismo -- para isto, tive que saber de cor todo o II Catecismo da Doutrina Cristã -- em 1939, quando tinha seis anos. Nos colégios maristas, se ensinava Catecismo todos os dias. O Evangelho, uma vez por semana, e o Catecismo de Devoção a Nossa Senhora, todos os sábados.
Porém, se ainda se ensinava o Catecismo, decorado, já pouco se transmitiam os princípios.
Esses aspectos positivos, que tinham muito de verniz superficial, iludiam a muitos. Por trás da fachada solene, por baixo da superfície brilhante e envernizada, por trás dos números astronômicos, grassava a mentalidade Modernista, que às escondidas e secretamente trabalhava nos porões das sacristias como cupim que tudo devora. Em silêncio e ativamente. Incansavelmente. Enquanto os padres otimistas e confiantes no poder de Pio XII, dormiam e sonhavam seu sonho róseo e doce...
De repente veio o terremoto!
De repente?
Nenhum terremoto acontece de repente.
O terremoto do Vaticano II -- a maior desgraça jamais ocorrida na História da Igreja -- era gestado nos silêncios dos claustros beneditinos e dominicanos. Discretamente, nas profundezas dos seminários jesuítas, nas revistas e Congressos de linguagem semi-esotérica.
Conspirava-se.
E para que a conspiração fosse mais segura, atacava-se como delírio ridículo a teoria da conspiração. Porque ninguém é mais contrário à teoria da conspiração do que os conspiradores ativos.
O terremoto do Vaticano II foi preparado, durante quase duzentos anos antes, pelo Romantismo, movimento gnóstico antiintelectual, que afirmava que a revelação era feita por Deus no interior de cada homem, e não por Cristo aos Apóstolos.
Para o Romantismo, o sentimento estava acima da Fé. Ou melhor, a Fé era um sentimento.
A Fé não era uma adesão da inteligência às verdades reveladas por Deus e ensinadas pela Igreja. Para o Romantismo, a Fé era um sentimento doce, íntimo, inefável e pessoal da Divindade, que existiria escondida, em germe dentro de cada homem.
A Fé seria uma vivência , uma experiência, e não uma crença.
Para a Gnose romântica -- que o povo não conhecia-- a revelação não era exclusiva da Igreja Católica. A revelação se daria dentro de cada homem, no "coração" de cada um.
E por coração os teóricos românticos entendiam uma partícula divina, existente dentro de cada ser, de cada coisa, de cada homem. O povinho, coitado, entendia por coração, o coração mesmo, e julgava que o sentimento era o ápice da devoção e da manifestação de Deus.
Daí a difusão de uma piedade sentimental, rosicler, efeminada, que não dava importância à verdade, nem à luta, nem às virtudes sérias, e seriamente praticadas.
Começou-se a falar mais do amor do que da Fé. E, em vez de verdades, começou-se a pregar e a defender "os sentimentos cristãos do povo brasileiro"...
Nas igrejas, se adocicavam as almas e se enervavam --- se retirava o nervo, a fibra -- dos católicos por meio de canções extremamente sentimentais. Ser piedoso, era rezar com o pescocinho inclinado, e ter devoção era sentir os olhos úmidos nas procissões dos santos.
Ser santo era fazer milagres, andar de camisolão azul celeste, com uma flor de lírio na mão, e com jeito semifeminino.
Lembro-me de que quando me disseram que os santos eram assim, decidi não ser santo.
Ah se me tivessem dito que os santos -- todos os santos foram combativos e foram odiados -- eram "briguentos"! Ah se me tivessem dito que ser santo era ser combativo, era ser herói no mais alto sentido desse termo!
E, enquanto os católicos, os padres e os Bispos bons procuravam apenas conservar -- sem querer conquistar nada e ninguém -- Judas não dormia.
Os Apóstolos, no Horto das Oliveiras dormiam.
Judas não dormia...
Judas vinha, a noite, com os guardas do Templo, a coorte e o tribuno também. Com o tribuno de contrapeso, para prender a Cristo.
E porque nunca me explicaram o que era a coorte e o que fazia o tribuno romano lá, no Horto das Oliveiras, sem licença de Pilatos?
...
E acho que até hoje nenhum padre -- e ninguém -- explica para os católicos o que se deve entender por "coorte", que evidentemente não era a côrte de rei nenhum.
Os padres não explicam isso.
E nem os Bispos. A CNBB tem que se preocupar com os transgênicos e com o desarmamento. E a próxima Campanha da Fraternidade será sobre a água. Evidentemente não e nunca com a água benta, que isso é coisa ligada ao céu, e a CNBB se preocupa só com coisas terrenas, e de modo muito terra a terra Dom Scheidt é menos preocupado ainda que a CNBB.
Ao tomar pose da Arquidiocese do Rio, ele fez a brilhante declaração de que, no Rio, era Bangu, e, em São Paulo, era do Timão! Mas Dom Scheidt é um místico, que passa por ser erudito, pois fez tese de doutoramento sobre Ubertino da Casale (Pensei que fosse sobre o Bangu).
Claro que vendo o jogo do Timão e a novela das oito, os padres não têm tempo de estudar nem Exegese, nem Teologia. Nem a heresia de Ubertino da Casale E para que saber o que se tende por coorte?
Por acaso isso aumenta o PIB, ou enche a barriga do povo?
Naqueles tempos de Pio XII, não havia ainda a TV , nem a novela das Oito, mas já havia a novela romântica da Rádio São Paulo.
Que era às nove horas.
Depois da bênção do Santíssimo -- porque naqueles devotos tempos de Pio XII, havia Bênção do Santíssimo -- os Padres ouviam a romântica novela da Rádio São Paulo, com violinos soluçantes, fazendo fundo sonoro às ternas declarações de doces e pudicos amores.
E havia retiros.
Nos quais se dormia...
Como nos sermões.
O resultado final desse catolicismo quase geral, muito sentimental, bastante dorminhoco e totalmente enervado, só podia ser um: a vitória da heresia Modernista que jamais se deixou abater, jamais deixou de trabalhar, depois das excomunhões lançadas contra ela por São Pio X.
Judas não dormia.
Os hereges Modernistas estudavam, maquinavam, conspiravam e trabalhavam. E surpreenderam os conservadores dormindo.
No Vaticano II, os católicos se apresentaram sem programa e praticamente sem ciência teológica. Quase nenhum Bispo conservador se opôs aos Modernistas. Inicialmente, pelo menos, NINGUÉM compreendeu as ambigüidades e as fórmulas capciosas usadas pelos Modernistas, nos textos ambíguos do Vaticano II.
E, depois do Concílio, meramente pastoral, os Modernistas tiraram as conseqüências dos princípios camuflados nas frases tortuosas e quase esotéricas das declarações conciliares.
O resultado foi a apostasia de um número imenso de padres e o êxodo dos conventos: dezenas de milhares de padres que jogaram a batina às urtigas. Dezenas de milhares de freiras e frades abandonaram regras e conventos.
O resultado foi o abandono da religião por milhões de católicos. O resultado foi o fechamento dos colégios ditos católicos. O resultado foi a rarefação da vocações, as igrejas vendidas. O resultado do ecumenismo foi o fim das missões. O resultado do ecumenismo foi a divisão dos católicos e o crescimento e a multiplicação das seitas. O resultado foi a existência, hoje, de professores de Teologia, nas Universidades Católicas, professores que se declaram ateus. O resultado foi a abandono de toda a moral pública, o crescimento da violência, do crime e do uso da droga. O resultado foi o aborto e o divórcio legalizado, a pornografia pública, invadindo os lares por meio da TV, essa meretriz eletrônica que "conservou os valores da família brasileira", como alguém se atreveu a dizer recentemente.
Pio XII dizia que o mundo moderno perdeu o sentido do pecado.
Hoje, se deveria dizer que o mundo perdeu o sentido da virtude.
Você me pergunta sobre os conhecimentos religiosos antes e depois do Vaticano II.
Evidentemente, antes do Vaticano II, apesar de todo o sentimentalismo e de toda a superficialidade já dominantes, estudava-se e se sabia muito mais do que hoje. Afinal, naqueles tempos não havia ainda uma Faculdade em cada esquina. Por isso, pensava-se mais. Bem mais.
Pelo menos em alguns, ainda funcionava a lógica. Hoje, se dizem os maiores despautérios com a maior seriedade.
Pior: escrevem-se despautérios e ninguém os percebe.
Tenho aqui, agora, sobre minha mesa, um livreco que conta as "aparições e mensagens de Medjugorje. As tolices aí escritas, se tivessem sido publicadas nos tempos de Pio XII, causariam riso e indignação.
Imagine que na página 2, Nossa Senhora afirmaria: " Vossas orações me são necessárias " !!! " Preciso da oração de vocês" (Mediugórie, Apresai a vossa conversão -- Servos da Rainha, Brasília, sem data, p. 2).
Nossa Senhora, Mãe de Deus, Imaculada desde a sua concepção, Rainha do Céu e da Terra precisando de nossas orações!
É uma loucura.
E logo na página um, Nossa Senhora -- pretensamente educada, como locutora de rádio -- é quem agradece a atenção que lhe foi dada pelos pseudovidentes, como se estes tivessem feito um favor a Ela: "Obrigada por vocês terem aceitado o meu convite". "Também, nesta tarde, queridos filhos, estou particularmente reconhecida a vocês por terem vindo até aqui" (Ob. cit. P. 01).
Uma doidice desse tipo causaria riso geral, em 1940, e o padre que a tivesse publicado seria severamente repreendido, e proibido para sempre de voltar a escrever tolices.
Hoje, depois do Vaticano II, e depois da Missa Nova em português, se tornou preciso explicar tolices. A decadência religiosa e intelectual são patentes.
Tenho também outro livreco à minha frente. É do famoso Padre Jonas Abib, que, ao que parece, só escreve livrecos.
Este é do arco da velha! Intitula-se Orando com Poder. Nele, Padre Abib defende heresias, e afirma incríveis teses, como, por exemplo, esta: "Quando Jesus vier, vai desposar esta Terra, esta Igreja e esta humanidade" (Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Ed. Salesiana, São Paulo, 2.001, p. 16).
Imagine-se: Cristo desposando esta Terra!!!
Após o Vaticano II se perdeu não só a noção da pecado e da virtude, mas também a do ridículo.
E ainda há quem considere esse padre um santo apóstolo!
E a heresia está em acreditar num segundo advento de Cristo, para reinar na terra, heresia milenarista e protestante que Padre Jonas defende explicitamente nesse seu livreco citado acima.
Eis o que ele escreveu: "Ele virá para reinar sobre a Terra" (Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Ed. Salesiana, São Paulo, 2.001, p. 23).
E Padre Jonas Abib, no afã de combater a heresia marxista e racionalista da Teologia da Libertação, acaba por defender o Milenarismo irracionalista, ao dizer: "Eles também não acreditam na segunda vinda de Jesus" (Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Ed. Salesiana, São Paulo, 2.001, p. 83).
Padre Jonas Abib, acreditando na segunda vinda de Cristo para reinar este mundo, contra o que diz explicitamente o Evangelho, Padre Jonas Abib já não é católico: é protestante adventista.
O terremoto do Vaticano II, negando que a revelação tenha sido de verdades, mas da própria "res" -- [da substância divina] -- com a qual se entraria em contato por meio de uma experiência interior inefável, desacreditou o valor da inteligência humana.
Todas as heresias modernistas derivaram disso: da negação do valor correto da razão. Deste erro nasceram o racionalismo da Teologia da Libertação, sequaz do marxismo, e o irracionalismo emocionalista, sensacionalista, anti intelectual e gnóstico do Pentecostalismo da RCC. Racionalismo e irracionalismo são as duas pontas da língua da serpente, que engana os católicos em nossos dias, com o apoio de muitos padres.
Aliás, é Padre Jonas Abib quem afirma que: "Logo após o Vaticano II -- Deus já havia derramado o Seu Espírito sobre a Igreja ( SIC !!!) --, o inimigo veio violentamente para atacar-nos justamente em nossa fé. Ele foi tão covarde que visou especialmente àqueles que estavam na cabeça da Igreja [O Papa ???] Os mais atingidos fomos nós, padres, religiosos e religiosas" (Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Ed. Salesiana, São Paulo, 2.001, p.55.).
É Padre Jonas Abib quem afirma tal coisa.
Você me pergunta ainda sobre o latim, escrevendo-me: "pergunto o que há de herético no povo que vai a Missa em entender o que se fala para Deus".
Devo dizer-lhe que por trás dessa vontade de impor o vernáculo na Missa, está o erro doutrinário gravíssimo que afirma que a Missa é rezada pelo povo, e não pelo Padre, erro que o concílio de Trento condenou dizendo: "Se alguém disser que o rito da Igreja Romana pelo qual parte do Cânon e as palavras da Consagração se pronunciadas em voz baixa, deve ser condenado (...) ou que só se deve celebrar a Missa em língua vulgar (...) seja anátema !"(Concílio de Trento, Cânones sobre o Santo Sacrifício da Missa, Cânon 9, Denzinger 956. O negrito é meu).
Além disso, se cada povo rezar em sua língua própria, se perde a noção da unidade da Igreja. Foi em Babel que, com pecado, as línguas se dividiram.
Foi no Pentecostes, que a unidade da Fé restabeleceu a unidade das línguas.
E o latim dificulta a introdução de erros, enquanto que, nas línguas vivas, as palavras mudam de sentido, facilita a introdução de erros.
E argumentam alguns que o povo entende a Missa em português.
Será?
Que entende o povo quando se diz que Cristo é Filho de Deus?
E que entende o povo -- e até, que entende a maioria dos padres de hoje, que lêem gibis, ou que torcem pelo Bangu ou pelo Timão - sobre o que é o Verbo?
E poderia eu multiplicar as perguntas sobre as palavras da Missa, perguntando o que significa a expressão "Ele está no meio de nós "...
A verdadeira explicação dessa estranha expressão iria muito longe.
Esta primeira carta, respondendo à sua pergunta, já vai longa, e por hoje encerro nosso bate papo. Noutra missiva, analisarei mais a fundo, como você me pede, o problema da RCC.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.
A RCC É MÁ PORQUE VEM DO PROTESTANTISMO
Pretensão de Restaurar a Verdadeira Face da Igreja
Novo Pentecostes através do Batismo do Espírito Santo
O CARISMATISMO SE OPÕE À IGREJA INSTITUCIONAL
Carismatismo, Igreja Espiritual e Ecumenismo
Doutrina ou Emoção (foto de carismáticos)
Carismatismo – Graça e Dons
RCC, CURAS E PECADOS
Um Milenarista Declarado: Padre Jonas Abib, da Canção Nova
Muito prezado Roberto, salve Maria !
Como lhe prometi, volto hoje a lhe escrever, fazendo uma análise sucinta dos erros mais graves da RCC.
Antes de tudo, porém, é preciso fazer uma distinção importante entre os teólogos modernistas que promovem a RCC e as pessoas que participam desse movimento.
Você mesmo, que faz parte da RCC, certamente desconhece o que pensam os seus dirigentes. O povinho é dirigido a certas práticas sem conhecer o por quê delas. É claro que a culpa maior é a desses dirigentes. Mas também, quem participa sem saber o que faz, tem culpa, na medida de seu conhecimento da doutrina católica, e de suas possibilidades de esclarecimento.. Em todo o caso, deixemos a questão da culpa e das responsabilidades para o julgamento de Deus, pois que só Ele conhece as consciências. Tratemos tão somente da ortodoxia ou da heterodoxia das doutrinas da RCC.
***
A RCC É MÁ PORQUE VEM DO PROTESTANTISMO (início)
Em primeiro lugar, quero lhe colocar um argumento tirado das palavras de Nosso Senhor, no Evangelho.
Disse-nos Jesus Cristo, Verdade divina e infalível: "Assim toda árvore boa dá bons frutos, e toda árvore má dá maus frutos Não pode uma árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar bons frutos" (Mt. VII, 17-18).
Ora, nos livros carismáticos, se lê que os teólogos desse movimento ou que apóiam esse movimento, admitem abertamente que a RCC tem origem no Pentecostalismo protestante.
Veja esta confissão: "Damos por suposta uma continuidade entre neo Pentecostalismo católico e Pentecostalismo protestante dos anos 1900, bem como entre este e o revivalismo americano do século XIX. Esta continuidade é verificável e declarada". (Claude Gérest, A Hora dos Carismas, in R. Laurentin, E. Dussel L. Boros, C. Duquoc et Allii, Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p.16).
Então, é publicamente admitido e declarado que a RCC vem do Protestantismo.
Ora, como lhe lembrei acima, Nosso Senhor disse que a árvore má não pode dar bom fruto.
O protestantismo é árvore má, porque é heresia condenada pela Igreja no Concílio infalível de Trento.
Logo, o Pentecostalismo é mau fruto dessa árvore má.
Como podem, então, os católicos pretenderem colher bom fruto da árvore protestante? Como podem os católicos bem se alimentar de um fruto venenoso de uma árvore má?
A RCC é fruto de uma árvore má.
Logo, a RCC é má, e está errada.
Por isso, os católicos que comem do fruto pentecostal carismático protestante estão sendo envenenados de protestantismo.
E para que fique bem provado que isso é reconhecido pelos autores carismáticos dou-lhe outra citação de outro autor: "O novo Pentecostes, ou melhor, o despertar carismático, como fenômeno de massa, para a renovação da Igreja no clima de Pentecostes, nasceu nos Estados unidos, e fora da Igreja católica" (S. Falvo, A Hora do Espírito Santo, Paulinas, São Paulo, 1986, p. 25).
Pretensão de Restaurar a Verdadeira Face da Igreja (início)
A finalidade confessa e pretensiosa da RCC é a de restaurar a verdadeira face da Igreja, que Ela teria perdido: “ A Renovação Carismática como diz a própria palavra, é reviver a experiência de Pentecostes” (...) “É restituir à Igreja sua verdadeira face que é a carismática” (S. Falvo, A Hora do Espírito Santo, Paulinas , São Paulo, p. 105).
Portanto, a RCC crê que a Igreja Católica se corrompeu, perdendo a sua verdadeira face, o que implica em afirmar que Cristo mentiu quando prometeu que jamais abandonaria a Igreja, e que a assistiria todos os dias, não permitindo que jamais as portas do inferno prevalecessem sobre ela.
E essa acusação de que a Igreja se corrompeu, assim como a pretensão de salvar a Igreja, é típica de vários movimentos heréticos.
Novo Pentecostes através do Batismo do Espírito Santo (início)
O meio para efetuar essa restauração do verdadeiro cristianismo seria o que os carismáticos chamam de Batismo no Espírito Santo.
“A expressão ´Batismo no Espírito Santo` recebemo-la dos pentecostais fundamentalistas, que, não tendo uma teologia sacramental, dão a esta o significado de uma verdadeira e própria efusão do Espírito, posterior à regeneração [pelo Batismo] e diferente dela” (S. Falvo, A Hora do Espírito Santo, Paulinas , São Paulo, p. 134).
Então é confesso pelos autores carismáticos que o chamado “Batismo do Espírito Santo” é distinto do Sacramento do Batismo, e que é uma coisa herdada dos hereges protestantes.
Essa aceitação de um “Batismo no Espírito Santo”, quando se atribui a ele caráter sacramental, faz a RCC cair na condenação do Concílio de Trento contra os protestantes pentecostais: “Se alguém disser que os Sacramentos da Nova Lei ao foram instituídos por Jesus Cristo Nosso Senhor, ou que eles são mais ou menos que sete, a saber, Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema Unção, Ordem e Matrimônio, ou também que algum desses não é verdadeira e propriamente sacramento, seja anátema” (Concílio de Trento, Cânones sobre os Sacramentos em Geral, Cânon 1. Denzinger, 844).
É verdade que alguns autores carismáticos têm o cuidado de negar que o chamado “Batismo no Espírito Santo”, seja, de fato, um novo sacramento. É o que constatamos em S. Falvo, por exemplo, que escreveu: “Não se trata de um novo sacramento, por isso é chamado “batismo” em sentido impróprio; é o despertar, a revivescência, e evidência dos efeitos do batismo e da crisma” (S. Falvo, A Hora do Espírito Santo, Paulinas, São Paulo, 1986, p. 135).
Também os textos da Escola Paulo Apóstolo manifestam essa ambigüidade. Assim numa página, diz-se clarissimamente: ”Não se trata de maneira alguma de um sacramento” (Escola Paulo Apóstolo, A Espiritualidade da RCC - Apostila I, Ano 98, p. 38).
Noutra página, porém, a formulação é mais vaga: “A fórmula `Batismo no Espírito Santo` tem conotações muito vaiadas nos diferentes movimentos pentecostais.
Para a Renovação Carismática Católica, ela é muito precisa e contém dupla significação. A primeira é propriamente teológica ou sacramental. Todo membro da Igreja foi batizado no Espírito Santo pelo fato de ter recebido os sacramentos da iniciação cristã. A segunda é de ordem vivencial e remete ao momento, ou momentos, nos quais a presença operante do Espírito tornou-se sensível na consciência pessoal”(Escola Paulo Apóstolo, A Espiritualidade da RCC - Apostila I, Ano 98, p. 33. O negrito é meu).
Ora, na página seguinte, se diz “Na Renovação Carismática Católica, “Batismo no Espírito Santo” tem pronunciados acentos batismais e sacramentais, que não se sobressaem na maioria dos demais movimentos pentecostais”(Escola Paulo Apóstolo, A Espiritualidade da RCC - Apostila I, Ano 98, p. 33. O negrito é meu).
Afinal o que vale?
Vale a negativa de que o Batismo no Espírito Santo seja propriamente um sacramento, -- texto da página 33 dessa Apostila- e que ele não é “de maneira alguma um sacramento” (p.38), ou vale a afirmação rotunda da página 34 dessa mesma Apostila: “Na Renovação Carismática Católica, “Batismo no Espírito Santo” tem pronunciados acentos batismais e sacramentais” ?
Fica-se com a impressão de que a contradição é tipicamente modernista: afirma-se uma posição correta numa página, para não cair sob a condenação da Igreja, e, depois, se diz o contrário, na página seguinte, para ensinar o erro. Essa tática foi denunciada expressamente por São Pio X na Encíclica Pascendi, como sendo tática tipicamente Modernista, para confundir o leitor.
Nessa Apostila se nega expressamente que o Batismo no Espírito santo seja um sacramento nas páginas 4, 19 e 38. Na mesma Apostila se afirma o oposto nas páginas 11, 33 e 34.
Na página 11 se diz: “Será que o Batismo no Espírito Santo é apenas uma emergência daquilo que já estava latente e não uma nova efusão do Espírito?
A teologia católica não pode aceitar a explicação de que o poder do Espírito até então latente de repente se transformasse numa vivência pessoal por pura iniciativa de minha consciência subjetiva. Isso contradiz a teologia da graça, pois “é Deus quem suscita em nós o querer e o agir”. Portanto se tomo consciência do poder do Espírito Santo em mim, é sinal que ele começou agir em mim de um modo novo, isto me leva a dizer teologicamente que está presente em mim de um modo novo”(Escola Paulo Apóstolo, A Espiritualidade da RCC - Apostila I, Ano 98, p. 11).
Ora, na página 19, vai se dizer o oposto: “Ser batizado no Espírito Santo” designa a experiência vinda do poder do Espírito Santo sobre uma pessoa. O batismo no Espírito Santo não é um sacramento, mas a atividade das Graças recebidas nos sacramentos.
“Através do Batismo no Espírito Santo a graça dos Sacramentos de Iniciação Cristã (Batismo, Crisma e Eucaristia), pode ser vivenciada em plenitude” (Escola Paulo Apóstolo, A Espiritualidade da RCC - Apostila I, Ano 98, p. 19).
Na página 11 se disse que “A teologia católica não pode aceitar a explicação de que o poder do Espírito até então latente de repente se transformasse numa vivência pessoal”. Depois, na página 19, se diz que “Através do Batismo o Espírito Santo a graça dos Sacramentos de Iniciação Cristã (Batismo, Crisma e Eucaristia), pode ser vivenciada em plenitude” De novo tem que se perguntar: afinal o que vale?
Constata-se assim um método de dizer ora uma coisa, ora o contrário, o que indica a clara vontade de iludir.
Ao mesmo tempo em que se ensina ambiguamente que o Batismo no Espírito Santo é, e não é, sacramento, e que desperta virtudes e graças já presentes na alma da pessoa batizada, se diz, depois, que há uma nova efusão de graças do Espírito Santo e que “a presença operante do Espírito tornou-se sensível na consciência pessoal” (Escola Paulo Apóstolo, A Espiritualidade da RCC - Apostila I, Ano 98, p. 33. O negrito e meu) Contradições curiosas...
Cabe perguntar: como o Espírito Santo se torna “sensível na consciência pessoal”, se Ele é puro Espírito?
Isso cheira exatamente como a experiência interior da Gnose e do Modernismo.
Assim também se posiciona Salvador Carrillo Alday, M. Sp.S. no folhetim intitulado O Batismo do Espírito Santo, Comunidade Emanuel, edição Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 1991, que escreveu: “Não sendo o “batismo no Espírito” nem o sacramento do batismo, nem o da confirmação pode-se dizer que o batismo no Espírito é uma efusão a mais, uma nova efusão do Espírito Santo que põe em atividade o rico potencial de graça que Deus deu a cada um segundo sua própria vocação e segundo o carisma do estado próprio de vida (cfr. I Cor. VII, 7).(Salvador Carrillo Alday, M.Sp.S., O Batismo do Espírito Santo, Comunidade Emanuel, edição Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 199, p. 18).
Portanto, o “Batismo no Espírito Santo” não é nem o batismo, nem o Crisma. É outra coisa que nos permitiria uma “efusão a mais, uma nova efusão” do Espírito Santo que atualiza o que já existia. E isso contraria o que foi dito pela Apostila da Escola Apóstolo Paulo, na página 11 Fica difícil não ver, nessa conceituação, que não se considere esse “Batismo no Espírito Santo” como um pretenso novo verdadeiro sacramento.
Esse mesmo autor-- Salvador Carrillo Alday, M. Sp.S. -- repete mais adiante: “O batismo no Espírito Santo pode, pois, descobrir-se, ou como uma nova efusão do Espírito Santo em nós, ou como um deixar em liberdade o Espírito para que atue em nós com todo o seu poder, pondo em atividade os carismas que Ele mesmo queira nos comunicar e produzindo os frutos de sua ação soberana” (Salvador Carrillo Alday, M.Sp.S., O Batismo do Espírito Santo, Comunidade Emanuel, edição Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 199, p. 20).
E ao comentar o Crisma, esse mesmo autor nos diz: “Contudo, este sacramento – [do Crisma ou Confirmação] – não esgota o conteúdo total daquela experiência pneumática. Pentecostes tem uma riqueza tal que não pode encerrar-se apenas na Confirmação. Ou o que é o mesmo no sacramento da Confirmação recebe-se o dom do Espírito santo, mas de forma alguma a confirmação exclui ulteriores doações do Espírito Santo, sacramentárias ou extra sacramentárias” (Salvador Carrillo Alday, M.Sp.S., O Batismo no Espírito Santo, Comunidade Emanuel, edição Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 199, p. 25. O negrito é meu).
Está aí, bem expressa nessas palavras colocadas em negrito, a afirmação clara de que o “Batismo no Espírito Santo” é uma forma sacramentária de receber a graça de Deus, isto é, o “Batismo no Espírito Santo” é tido explicitamente, pelo menos por alguns carismáticos, como um sacramento. Outros dizem o mesmo, mas de modo velado, insinuado, pois não ousam desafiar claramente o anátema de Trento.
Não faltam autores carismáticos ainda mais explícitos. Por exemplo, no folhetim redigido por Stephen B. Clark se lê: “O Batismo no Espírito Santo é uma experiência definitiva para um número sempre crescente de católicos. Quando estes a descrevem, surgem, então, os resultados que se pretendem deste sacramento, tal como ilustrados nos textos teológicos” (Stephen B. Clark, A Relação entre o Batismo no Espírito Santo e a (Sic.) Crisma, e Encontros para Oração no Espírito Santo, Tradução e Introdução pelo Padre Haroldo, Assistente de Treinamento de Liderança Cristã, Empresa Gráfica e Editora Palmeiras Ltda, C. G. C. -- M. F-- 46.002.960 sem data. Centro Social Presidente Kennedy, Campinas, São Paulo, p.35. O negrito e o sublinhado são meus).
Nesse folheto está escarrapachada a tese condenada pelo Concílio de Trento de que o Batismo no Espírito Santo é um oitavo sacramento. Este último autor afirma ainda que, como os hereges certamente recebem o Batismo no Espírito Santo, isso prova que ele não tem relação nenhuma com o Crisma: “Não católicos cristãos, que não tenham sido crismados, recebem o Batismo no Espírito Santo. Se assim é, como seria possível uma definição do Batismo no Espírito Santo como uma renovação da Crisma ou a liberação do poder do Espírito realizada neste ato?” (Stephen B. Clark, op. cit., p. 37) Ao mesmo tempo em que afirma escandalosamente que o Batismo no Espírito Santo é um sacramento, esse mesmo autor, Stephen B. Clark, procura desvalorizar o Sacramento do Crisma, quase que negando que ele seja de fato um Sacramento.
Assim, diz ele: “A (sic!) Crisma nunca ocupou um lugar de destaque em meio à Cristandade. Este sacramento, experimentalmente, não tem muito significado” (Stephen B. Clark, A Relação entre o Batismo no Espírito Santo e a (Sic.) Crisma, e Encontros para Oração no Espírito Santo, Tradução e Introdução pelo Padre Haroldo, Assistente de Treinamento de Liderança Cristã, p. 23).
É incrível a ousadia com que se escrevem e imprimem, com introdução de sacerdotes, tamanhas tolices e tamanhos erros teológicos: o Crisma não teria muito significado !
É o caso de se dizer: Mas que falta faz a Inquisição!
Mais ainda. Esse autor escreve: “Atualmente na Igreja Católica, há um novo interesse em sacramentos “renovadores”. Em retiros, ou outras reuniões dessa natureza, é fato comum incluir-se entre as matérias a serem analisadas uma ” Renovação do Batismo” ( não exatamente uma renovação do Voto do Batismo), como também uma ”Renovação do Crisma”. Qualquer que seja o significado dessas cerimônias, elas, ao menos, mostram o crescente cuidado da Igreja para o fato de que algo há de errado no modo pelo qual estes sacramentos se manifestam quando são conferidos” (Stephen B. Clark, op .cit. p. 32. O negrito e meu).
É difícil ver atrevimento igual. Esse ator carismático coloca em dúvida a autenticidade e a legitimidade dos sacramentos conferidos, hoje, pela Igreja.
E pouco adiante, esse mesmo autor ousa colocar o seguinte título num capítulo do seu livrequinho miserável e rechonchudo de heresias: “Porque os Sacramentos Não são Eficazes” (Stephen B. Clark, A Relação entre o Batismo no Espírito Santo e a (sic) Crisma, e Encontros para Oração no Espírito Santo, Tradução e Introdução pelo Padre Haroldo, Assistente de Treinamento de Liderança Cristã, p. 27) Não, meu caro Roberto, você não leu errado, e eu não copiei errado. O título do capítulo é esse mesmo: “Porque os Sacramentos Não são Eficazes”. Título que contradiz a própria definição de sacramento como sinais eficazes da graça que significam.
E nesse capítulo, ele diz ainda: “Sacramentos não produzem, automaticamente, os resultados que deles esperamos. É verdade que um sacramento trabalha “ex opere operato”. Isto significa que, quando o sacramento é celebrado, um dom de graça é concedido, algo acontece. Mas, não significa que este ato produza imediatamente os efeitos pretendidos. Algo mais é necessário” (Stephen B. Clark, op cit., p. 28).
Este é outro absurdo, pois se fosse verdade, as palavras da Consagração, na Missa, não produziriam imediatamente a transubstanciação do pão e do vinho no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo. “Algo mais seria necessário”. O que é herético.
De tudo que disse esse Stephen B. Clark, conclui ele que: “Em nossos dias, Deus está realizando algo de novo na igreja Católica. A Igreja está mudando de modo revolucionário. (...) A Crisma (sic) é um dos pontos da vida da Igreja que tem sido estudado, debatido, e mesmo modificado. Alguns são de opinião que este sacramento deveria ser concedido ao mesmo tempo que o Batismo; outras que se deveria concedê-lo entre os dezoito e vinte anos, como um rito adulto de confirmação. Haverá quase que certamente uma modificação em sua administração” (Stephen B. Clark, op cit., p. 41).
Que concluir de toda essa confusão se o Batismo no Espírito Santo é ou não é um sacramento, para a RCC?
Julgo que se deve concluir que existe na RCC, uma doutrina pelo menos suspeita de heresia, vistas as contradições apontadas que violam a ortodoxia.
Tanto essa neodoutrina sacramentaria, difundida na RCC, é suspeita de heresia, que a própria CNBB - tão pouco exigente em matéria de ortodoxia -em documento oficial, tratando da RCC, escreveu: “54. Alguns temas necessitam de maior aprofundamento teológico,diálogo eclesial e orientação pastoral, tais como: Batismo no Espírito Santo, dons e carismas, dom da cura, orar e falar em línguas, profecia, repouso no Espírito, poder do mal e exorcismo.
“55. A palavra "Batismo" significa tradicionalmente o sacramento da iniciação cristã. Por isso, será melhor evitar o uso da expressão "Batismo no Espírito", ambígua, por sugerir uma espécie de sacramento. Poderão ser usados termos como "efusão do Espírito Santo", "derramamento do Espírito Santo". Do mesmo modo, não se utilize o termo "confirmação" para não confundir com o sacramento da crisma (Cf. Comissão Episcopal de Doutrina, Comunicado Mensal, Dez de 1993, 2217).
O CARISMATISMO SE OPÕE À IGREJA INSTITUCIONAL (início)
Os teólogos modernistas que apóiam o carismatismo reconhecem que a Igreja institucional, isto é, a hierarquia eclesiástica, e o carismatismo se opõem e não podem estar em acordo.
E essa oposição é lógica.
Se uma pessoa está convicta de que possui o Espírito Santo, que o sente em si mesmo, e se acredita guiada por Ele, é natural e lógico que ela não admita ser advertida, guiada, e nem sequer aconselhada pelo vigário de sua paróquia ou pelo Bispo, pois o Espírito Santo, que ele julga possuir, é Deus, e o sacerdote não. Para quem está convicto de possuir o Espírito Santo, mais nenhuma autoridade terá valor ou importância, nem a do Bispo e nem a do Papa. Toda interferência ou oposição de autoridades, quaisquer que sejam essas autoridades, será vista como uma violação da ação livre do Espírito Santo "que sopra onde quer".
Já no Protestantismo, a ação do Pentecostalismo anulou toda a organização jurídica das várias seitas em que se infiltrou.
A mesma coisa ocorre com a RCC, na igreja.
E os teólogos defensores da RCC reconhecem essa oposição entre carismas e Instituição.
Veja, por favor, o que eles dizem: "O Espírito Santo não estipulou que se manifestaria unicamente pela mediação das instituições eclesiais ou pelos sacramentos"(Padre Christian Duquoc, O P., Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, pp. 95) Note-se, nessa frase acima transcrita, a desvalorização clara das instituições e da autoridade da única Igreja de Cristo.
Ao expor a doutrina de Lezek Kolakowski sobre os carismas (com a qual ele concorda pelo menos em parte) diz o Padre Duquoc: "(...) a Igreja é uma instituição histórica; para sobreviver, deve atribuir-se um direito e leis. Guardiã de uma ordem e de tradições, não deixa, por isso, de proclamar a gratuidade do Evangelho. Curva-se sob o peso dos Evangelhos, porque, julga Kolakowski, embora tenha feito muitos esforços para torná-los inacessíveis ao povo, não pôde contudo impedir que do cristão mais simples ao mais erudito se imponha a consciência de um desacordo entre a ordem eclesial ou moral e a irracionalidade da graça, entre a instituição e os dons do Espírito" (Padre Christian Duquoc, O P., Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, pp. 95. O negrito é meu).
Nessas afirmações de Kolakowski citadas pelo padre Duquoc, salientei: 1) a afirmação e acusação absurdas de que a Igreja procurou ocultar o Evangelho ao povo 2) que há desacordo entre a ordem eclesial, ou moral, e a graça, o que suporia que pudesse haver desacordo em Deus, que instituiu a Igreja, e Deus que concede a graça.
3) que há desacordo entre a instituição e os dons do Espírito Santo.
Portanto, que haveria desacordo entre Cristo Deus e o Espírito Santo Deus. O que é um absurdo e uma grosseiríssima heresia.
Repito: é claro que isso não é ensinado ao povo direta e claramente. Mas se diz continuamente ao povo que o "Espírito sopra onde quer", se convencem as pessoas que elas , de fato, possuem Deus em si mesmas, e assim se estimula o seu orgulho que as leva a se sentirem independentes das autoridades da Igreja.
Veja, prezado Roberto, mais esse texto abaixo transcrito do mesmo autor e do mesmo livro, citando a doutrina de Kolakowski sem condená-la expressamente: "Se a Igreja julga [os carismas] em última instância, ela julga Deus, e, quer queiramos quer não, a lei domina a graça. Mas, se cada qual decide por si sobre a verdade da comunicação divina, se o único critério de autenticidade divina é a experiência daquele que apreende a voz do Espírito em seu coração, a Igreja não tem razão de ser" (Padre Christian Duquoc, O P., Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, pp. 95-96. O negrito é meu).
Nessa afirmação, há uma clara colocação dos carismas acima da autoridade eclesiástica. Para quem tem os carismas, “a Igreja não tem razão de ser”. E ainda: "No Reino consumado não haverá instituição nem carisma (...) Mas, por enquanto, no tempo e na história, a Igreja traz em sua essência uma contradição ( no sentido atual do termo) que, como dissemos, só se resolverá no reino. Contradição, oposição, entre seus dois momentos constitutivos: instituição- -- profética" (Enrique Dussel, Diferenciação dos Carismas, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 58. O itálico é do original).
Diz mais esse autor que defende, ao mesmo tempo, o carismatismo e a Teologia da Libertação: "Desde Joana d´Arc a instituição deveria com muito receio cuidar-se para não matar o carisma" (Enrique Dussel, Diferenciação dos Carismas, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 53).
Repare como o autor desse despautério afirma, sem constrangimento, que a Igreja, enquanto instituição, é que matou Santa Joana d´Arc, e não o Bispo Cauchon, que se vendeu aos ingleses, para obter deles a nomeação para o Bispado de Paris. Porque há Bispos, cuja orgulhosa sede de grandeza os faz se abaixarem, para colher, no chão, a mitra que ambicionam...
Hoje, se costuma, com toda facilidade, culpar a Igreja pelos crimes cometidos pelos homens que nela, algum dia, tiveram alguma autoridade.
Conseqüentemente os carismáticos não deveriam estar subordinados a nenhuma autoridade na Igreja. Nem mesmo ao Papa. É o que vai dizer um outro autor carismático, o Padre Duquoc, expondo, e não se opondo, uma idéia de Kolakowski: "É essencial à vida da Igreja, no seu caráter institucional, que nenhum poder jurídico decida em última instancia sobre sua orientação e seu futuro" (Pe. Christian Duquoc, OP, Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 98).
Ficou claro?
"Nenhum poder jurídico" inclui o poder do Papa.
Nem o Papa poderia se atrever a dirigir, censurar, ou orientar os que possuem os carismas, pois que eles são guiados e orientados pelo próprio Espírito Santo, Deus.
E ainda: "Os carismas (...) não dependem unicamente das meras instancias jurídicas ou legalmente determináveis" (Pe. Christian Duquoc, OP, Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, pp. 97- 98) E para que não haja dúvida que o Padre Duquoc aceita as idéias e teses de Kolakowski sobre a contradição entre instituição e carisma, cito-lhe mais uma frase dele: "Por um lado, a tese de Kolakowski permanece verdadeira, sem dúvida. Não somente na medida em que se atribui [sic] confirmações históricas notadamente no seio do catolicismo, mas, em primeiro lugar, me parece, porque revela o caráter conflitual da Igreja. A Instituição tende por seu próprio peso a reduzir o conflito à má vontade ou ao pecado. Na realidade, o conflito está ligado à própria instituição em razão do fim que persegue: vivenciar o social e pessoalmente a liberdade da graça". (Pe. Christian Duquoc, OP, Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 98) Conclui o Padre Duquoc: "Não é um acaso o fato de os movimentos espirituais de orientação comunitária muitas vezes se terem levantado na história, contra o poder da hierarquia legal" (Pe. Christian Duquoc, OP, Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 98).
E a revolta contra a autoridade do clero entre os carismáticos vai a ponto de chamar o clero de casta, que procura dominar o povo, açambarcando o poder: "Em conseqüência, no seio da instituição, o carisma exclui a dominação do legal ou do organizado; recusa o açambarcamento do poder social na Igreja por uma casta que legitima seu estatuto unicamente pela legalidade" (Pe. Christian Duquoc, OP, Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 99).
Isso significa que os carismáticos excluem o poder, repelem a autoridade insituída.
E o padre Duquoc OP. ousa citar, sem condenar, o que diz Kolakowski de que haveria: "(...) desacordo entre a ordem eclesial ou moral e a irracionalidade da graça, entre a instituição e os dons do Espírito"(Pe. Christian Duquoc, OP, Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 95).
Disso conclui o padre Duquoc: "O Espírito Santo não estipulou que se manifestaria unicamente pela mediação das instituições eclesiais ou pelos sacramentos" (Pe. Christian Duquoc, OP, Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 95).
Entretanto, Padre Duquoc simula não aceitar totalmente a tese de Kolakowski, que coloca um dilema Instituição X Graça do Espírito Santo, mas acaba por dizer que "o indício de que esta articulação vital [entre instituição e graça] seja seu projeto, me parecem ser os carismas" (Pe. Christian Duquoc, OP, op cit., p. 97) Mas, como já vimos, ele diz também que “o poder jurídico” na Igreja, procura “açambarcar a totalidade das iniciativas das quais dependem, a nosso ver, a sobrevivência e o futuro da Igreja" (Padre Duquoc, OP., Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 98).
E ainda: “Os carismas testemunham, portanto, no ponto central da instituição, por terem uma função social, a serviço dos fins da comunidade, a necessidade, para a sobrevivência da própria instituição, de que ela não se feche numa ordem legal ou numa organização racionalmente planejada. Os carismas manifestam que as responsabilidades no seio da Instituição e em vista dos fins da Comunidade não dependem unicamente das meras instâncias jurídicas ou legalmente determináveis. É essencial à vida da Igreja, o seu caráter institucional, que nenhum poder jurídico decida em última instância sobre sua orientação e seu futuro” (Pe. Christian Duquoc, op. cit., ed. cit. pp. 97-98. O negrito é meu).
Nessa frase, posta em negrito, se nega até que o Papa tenha poder ou direito de se opor ao “carisma”. Ora, se isso fosse assim, a Igreja deixaria de ser hierárquica, e o próprio carisma da infalibilidade papal ficaria anulado.
Não há dúvida então que, apesar de seu ziguezaguear, o padre Duquoc admite que o clero procura monopolizar o controle da graça, e assim se oporia à liberdade da ação do Espírito Santo.
E não é só esse padre que diz tais coisas. Outros autores carismáticos defendem a mesma doutrina e por vezes com maior ousadia: “Recordemo-nos de que Deus não tem filhos privilegiados. Todos eles são iguais aos seus olhos com os mesmos direitos, tem acesso às suas riquezas infinitas” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, ed. cit., p. 13).
E com essa afirmação absurda e igualitária se nega que a Igreja tenha sido instituída por Cristo de forma hierárquica. Recusa-se que o Papado e o Episcopado tenham sido instituídos por Cristo. Nega-se implicitamente que a Pedro tenha sido dado o privilégio de reinar e ensinar infalivelmente a Igreja toda. O que é herético. Recusa-se, implicitamente, até mesmo que Nossa Senhora tenha sido privilegiada sobre todos os homens com a Imaculada.
Por isso, esse mesmo autor carismático nega que a Igreja seja uma monarquia, nega o poder do papa ao dizer que: “É sintomático o fato de que o despertar dos carismas na Igreja esteja acontecendo justamente hoje, quando em todas as comunidades, seja qual for a sua inspiração, reina um clima de democracia, onde os membros já não suportam ser orientados por um chefe” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, ed. cit., p. 42. O negrito e meu).
Veja, prezado Roberto, como se sabota o dogma da monarquia papal, pregando uma democracia eclesial antievangélica. Veja como se prega a rebelião contra a autoridade, inclusive do Papa. Depois, vêm os carismáticos alegar que João Paulo II elogiou o movimento carismático...
E esse autor acima citado se atreve a dizer, sobre São Paulo, que Deus o fez passar por cima da autoridade de São Pedro: "Jesus confiou a evangelização do mundo pagão exatamente a um fanático fariseu – [São Paulo] – e ele mesmo o nomeou apóstolo, passando por cima da Hierarquia que ele mesmo havia constituído" (S. Falvo, A Hora do Espírito Santo, Paulinas, São Paulo, 1986, p. 27).
O que é falso, pois São Paulo, apesar de ter sido constituído Apóstolo pelo próprio Cristo, foi conferir o seu Evangelho com Pedro, como ele mesmo contou que fez (Gal. I, 18).
Portanto, fica claro, por esses textos de autores insuspeitos, que, para os carismáticos:
1- há uma oposição entre carisma e autoridade institucional. O que coloca uma contradição na própria Divindade. Uma contradição entre Cristo, que instituiu a igreja, e o Espírito Santo, doador dos carismas.
2- o carismatismo recusa obedecer a qualquer autoridade instituída, inclusive a do Papa.
3- o carismatismo defende uma igreja espiritual, democrática, sem qualquer autoridade, movida apenas pelos carismas.
4- a igreja espiritual não se identifica com a Igreja Católica, mas abarca membros de todas as religiões que apresentem fenômenos carismáticos ou místicos.
5- portanto, a Igreja espiritual é ecumênica, passando por cima dos limites institucionais ou doutrinários
Carismatismo, Igreja Espiritual e Ecumenismo (início)
O Concílio Vaticano II declarou que com os cristãos não-católicos, "temos até com eles certa união verdadeira no Espírito Santo, que também neles opera com Seu poder santificante por meio de dons e graças, tendo fortalecido a alguns deles até com a efusão de sangue" (Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática Lumen Gentium, 15).
E ainda: "O Espírito Santo não recusa empregá-las [as Igrejas cismáticas (os chamados ortodoxos) e Comunidades separadas – (as seitas heréticas protestantes)] como meios de salvação, embora a virtude desses [meios de salvação] derive da própria plenitude de graça e verdade confiada à Igreja católica" (Concílio Vaticano II, Decreto Dignitatis Humanae, 3).
O Concílio empregou uma linguagem propositadamente vaga, pouco clara.
Por exemplo, não distinguiu entre graças atuais, que Deus sempre dá a todos os homens, e graça santificante, ou habitual, que só pode existir, fora da Igreja, em quem, em estado de ignorância invencível, segue a lei natural, tendo, pelo menos implicitamente o batismo de desejo.
Nos textos do Vaticano II também não se fala claramente dos sacramentos válidos, mas ilícitos, nas igrejas cismáticas, sacramentos que só podem dar seu efeito pleno nos que estão em ignorância invencível. Nada disto é posto com clareza. O texto do Vaticano II que citamos refere-se aos sacramentos das igrejas cismáticas orientais, muito fluidicamente como "meios de salvação". Não se fizeram distinções ou precisões nítidas, no intuito de, através da ambigüidade, favorecer-se o ecumenismo. E, com isso, favoreceram-se ambigüidades que, depois, trouxeram confusões e más interpretações.
Daí, a famosa discussão entre os que seguem a "letra do Vaticano II", e os que dizem seguir o "espírito do Vaticano II". E essa divisão entre seguidores da letra e seguidores do espírito do Vaticano II chega até mesmo ao Colégio dos Cardeais: o Cardeal Kasper segue o "espírito" do Vaticano II, enquanto o Cardeal Ratzinger, com João Paulo II, segue a letra do Vaticano II.
Nem entre os cardeais o Vaticano II produziu a união e a unidade.
Os carismáticos da RCC se aproveitam dessas ambigüidades dos textos do Vaticano II sobre a ação do Espírito Santo, para defender que o Espírito Santo não se limita a dar os seus carismas dentro dos quadros da Igreja católica, mas que os fenômenos místicos que se registram nas seitas protestantes, e mesmo nas religiões pagãs, seriam efeitos autênticos dos carismas do Espírito Santo.
Pretendem então dar uma nova unidade à Igreja, não fundamentada num único Credo e numa única Fé, num único pastor, o Papa, e num único Batismo.
Na Apostila da Escola Paulo Apóstolo, lemos: “Todos sabemos dos problemas internos da Igreja. Vocês talvez tenham problemas pessoais em seu trabalho. Vemos dificuldades entre Roma e as diferentes áreas da Igreja nos dias de hoje. Porém podemos ser um, e esse retiro poderá ser um sucesso inacreditável para trazer uma nova unidade para a Igreja, para a família e para o mundo”(Escola Paulo Apóstolo, Apostila I , A Espiritualidade da RCC, p. 20, O negrito é meu).
Veja, caro Roberto, que pretensão ousada: julgam poder dar uma nova unidade à Igreja. Como se fossem mais poderosos e sábios do que Cristo.
Daí se passa para uma concepção ecumênica e não institucional de Igreja, acreditando-se que, acima das religiões positivas institucionalizadas, existiria uma Igreja Espiritual, formada por todos os que pretendem ter os carismas do Espírito Santo, pertençam eles a qualquer religião que seja.
Ora, essa idéia de uma Igreja Espiritual, sem dogmas, sem estruturas jurídicas, sem hierarquia, sem Papa, pobre e igualitária, corresponde exatamente à noção de igreja dos gnósticos. Essa Igreja Espiritual nega as quatro notas da Igreja Católica: una, santa, católica e apostólica.
A Igreja Católica já condenou inúmeras vezes esse conceito pneumático de igreja, pois ele admite muitas heresias já condenadas.
Vimos, no item anterior, como a RCC se opõe à Igreja institucional.
Veremos agora como ela é interconfessional. Diz Raul Vidales: "Atualmente aparece com clareza como o fenômeno carismático de inspiração pentecostal ultrapassa os quadros institucionais das Igrejas e manifesta cada vez mais explicitamente implicações socio-políticas que o inserem no complexo panorama atual".(Raul Vidales, Carisma e Ação Política, in Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 72).
Daí, os membros da RCC praticarem um ecumenismo dos carismas, considerando que as diferenças dogmáticas entre católicos e hereges não têm nenhuma importância. Havendo carismas, havendo especialmente o chamado "dom de línguas", se passa por cima de qualquer diferença doutrinária. Não importa o que se crê, mas importa falar na língua do blá-blá-blá, gagueira que se atribui á própria Divindade.
Desvaloriza-se, assim, totalmente a Fé, sem a qual não pode existir nem a caridade, e nem carismas autênticos.
"O carismatismo pouco tem de doutrina. Isso facilita seu acesso aos católicos confessos que julgam nada ter a suprimir ou a acrescentar ao fundo de seu ´credo´ " (Claude Gérest, A Hora dos Carismas, in Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 38).
E, nesse ponto, esse autor coloca a seguinte nota ao pé de página: "O neopentecostalismo católico e o neopentecostalismo protestante praticam ente si um amplo ecumenismo – certos grupos são perfeitamente mistos; outros são abertos aos da outra confissão"(Claude Gérest, A Hora dos Carismas, in Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 38. Nota 36).
Para defender a intercomunicação entre carismatismo católico e protestante, os carismáticos apelam aos textos do Concílio Vaticano II: “O Concílio, por outro lado, é cuidadoso em não restringir a ação do Espírito Santo unicamente à Igreja visível. Na Constituição da Igreja [Lúmen Gentium] séc. 15, ele ensina que cristãos não católicos “de algum modo real estão unidos a nós no Espírito Santo, pois, para eles também ele concede seus Dons e Graças e é, por conseguinte, operante entre eles com sua força santificante”(Stephen B. Clark, A Relação entre o Batismo no Espírito Santo e a (Sic.) Crisma, e Encontros para Oração no Espírito Santo, p.39. O negrito é meu).
Repare, prezado Roberto, que o texto que coloquei em negrito fala em “Igreja visível”, como se houvesse outra Igreja invisível. O que é contra a doutrina correta. Os que, por ignorância invencível, seguem a lei natural pertencem à alma da Igreja visível -- a única que existe -- e não a uma igreja invisível, que jamais existiu e nem pode existir..
(Conheço vários católicos que me disseram que, quando eram da RCC iam, várias vezes, e com facilidade, a cultos carismáticos protestantes, porque julgavam que era "tudo a mesma coisa". Esse fato é relativamente freqüente nas paróquias carismáticas.) Eu mesmo ouvi uma vizinha beata carismática, recebendo testemunhas de Jeová, e dizer-lhes contentíssima: "Que bom! Agora nós somos uma igreja só! Estamos todos unidos!".
Por isso, Gérest ousa escrever que "A igreja que a gente pensa edificar é a do "ajornamento" e da oikoumene"; o Espírito que aí se invoca é não a fria imaterialidade em Deus, mas o Sopro, aquilo que " apressa o tempo", que recua os limites do impossível e partilha sua alegria" (Claude Gérest, A Hora dos Carismas, in Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p.41).
Então, os carismáticos pensam "edificar uma igreja", como se Cristo não tivesse já edificado a sua Igreja sobre Pedro.
Que nova igreja é essa que os carismáticos pensam edificar no lugar da Igreja Católica Apostólica Romana?
Qualquer que seja essa nova igreja, ela será outra que a Igreja de Cristo. Portanto será uma igreja falsa.
Doutrina ou Emoção (início)
Os carismáticos, como vimos, reconhecem que têm pouca doutrina. Pelo menos falam muito pouco de suas doutrinas, para os membros de seu movimento.
Por outro lado, é patente que nas reuniões carismáticas há um clima emocional muito intenso, com gritos, danças, convulsões, risos, e até com latidos e grunhidos. Não somos nós que dizemos isso. São os próprios carismáticos que o reconhecem, e que atribuem esse emocionalismo histérico à ação do Espírito Santo.
Como prova disso, citamos o que confessa um autor carismático, Claude Gérest, sobre o que ocorria nas manifestações do pentecostalismo do "revival" protestante, da qual veio o pentecostalismo católico e com manifestações do mesmo tipo: "No meio ´revivalista´, é de suma importância que a conversão seja provocada (embora venha de Deus) e também que seja reconhecida. Reconhecida pelo convertido, pois deve ser experiência sentida; reconhecida pela assembléia, pois lhe é o princípio sociológico. O reconhecimento é dado pelo testemunho interior do Espírito Santo´, segundo toda uma tradição protestante e mística. Faz-se também e por toda sorte de manifestações de emotividade As menos inquietantes são os choros, as aclamações, o transbordamento de entusiasmo. Mas existem outras mais estranhas: comoções catalépticas, latidos, convulsões e cambalhotas (fala-se hoje de ´holly rollers´)" (Claude Gérest, A Hora dos Carismas, in Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p.24. O negrito é meu.).
Que as mesmas manifestações estranhas ocorrem na RCC se têm a prova nessa foto de uma missa carismática nos Estados Unidos, na Universidade católica de Steubenville, em outubro de 2.003. A foto mostra carismáticos, rolando no chão da igreja, enquanto outros, segundo a legenda, "latem como cães" ou "grunhem como porcos". Transcrevo a notícia em inglês: October 20, 2003 - St. John Cantius, Confessor (Double) Charismatics Infiltrate Novus Ordo Church < http://www.traditio.com/comment/com0310.htm >
From: Fr. Moderator
(início)
Novus Ordo Charistmatics Barking Like Dogs, Oinking Like Pigs, and Rolling on the Floor In the "Spirit of Vatican II"
I bet you never thought you"d see something like this at a Catholic University! Charismaticism is a particularly virulent modern-day mania infecting the New Order Counterfeit Church and has its roots deep in heresy. It just goes to show that heresies get worse and worse over time, once they take hold.
The scene is a "Catholic" university, the University of Steubenville. The photo shows charismatics barking like dogs, oinking like pigs, and rolling on the floor in hysterical "holy laughter."
Que espírito seria esse que se apossa desses pobres coitados?
Dizem eles que é o Espírito Santo. Mas, latindo como cão, e grunhindo como porco, parece que quem se apossou deles foi antes o espírito do cão, ou o espírito do porco, isto é, o demônio. Atribuir ao Espírito Santo manifestações animalescas desse tipo é uma grande blasfêmia.
Pretendem os carismáticos que a Igreja primitiva era mais uma experiência vivida do que uma doutrina. E, dizendo isso, eles repetem o que diziam os hereges Modernistas: "Para a maioria dos cristãos --[depois que o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano em 395] -- portanto, o cristianismo se tornou mais uma doutrina do que uma vivência (...)" (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 10).
O que é uma afirmação inteiramente desprovida de objetividade histórica e doutrinária.
Falando ainda da Igreja primitiva-- e todo modernista, contraditoriamente, pretende ser admirador do primitivismo -- o mesmo autor S. Falvo escreveu: "A igreja primitiva foi a Igreja do Espírito Santo" (S. Falvo, op cit .p. 21) como se, depois, a Igreja tivesse deixado de possuir o Espírito Santo, e tivesse deixado de ser a Igreja do Espírito Santo. O que é heresia.
E diz ainda esse autor, falando do que ele chama de "igreja primitiva":
"Talvez, [os cristãos primitivos] não tivessem uma doutrina completa sobre o Espírito Santo, mas repletos do Espírito Santo estavam os seus corações" (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 23).
De novo, se nota a super valorização do carisma com a depreciação da doutrina. A experiência -- a vivência, como se diz hoje, utilizando a terminologia existencialista -- valeria mais do que a doutrina.
Essa colocação da experiência acima da doutrina, típica da heresia do Modernismo, será uma constante na RCC.
Também como os Modernistas, herdeiros da Gnose romântica, os carismáticos colocam o sentimento, a emoção, acima da verdade e do intelecto. Sentir alegria seria mais importante e fundamental do que compreender ou conhecer:
"O fiel, enquanto se está rezando por ele, percebe dentro de si uma experiência nova; sente-se invadido em todo o seu íntimo por um profundo e doce sentimento de paz, de serenidade, de alegria(...) "(S. Falvo, A Hora do Espírito Santo, Paulinas, São Paulo, 1986, p.151. Os negritos são meus)
Carismatismo – Graça e Dons (início)
A Igreja católica sempre distinguiu a ordem sobrenatural da ordem natural, a graça da natureza.
A Gnose, pelo contrário, é naturalista, pois afirma que a natureza humana possui, em si mesma, um germe divino.
Essa heresia naturalista faz do homem um deus em potencial.
Ora, é a repetição da tese gnóstica do Modernismo, da identificação da ordem sobrenatural com a ordem natural, que reencontramos na RCC.
O famoso teólogo Modernista Padre René Laurentin, afirma em um seu artigo que "Se os carismas podem ser ditos "sobrenaturais", no sentido de serem dons gratuitos do Espírito, é na condição de não entendermos sobrenatural como algo acrescentado á natureza, como se fora uma superestrutura, ou como uma coroa de metal numa cabeça de carne. Os carismas liberam dons naturais segundo a diversidade dos homens e das comunidades. Atingem, assim, toda a realidade humana individual e coletiva, corpo e psiquismo, conforme a diversidade dos engajamentos" (R. Laurentin, Os carismas, Precisão de Vocabulário, in Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, pp. 11-12. O negrito é meu.).
Para o modernista René Laurentin, então, os carismas do Espírito Santo não são algo extrínseco à natureza humana; os carismas seriam algo próprio da natureza humana. O que acaba com a distinção entre natural e sobrenatural, e faz do homem um deus. E este também foi um dos erros da heresia modernista.
Depois dessa asserção, como pode ele dizer que os carismas são do Espírito Santo, se os considera coisas naturais ligadas à natureza humana?
E dessa afirmação da Gnose modernista, conclui o Padre R. Laurentin, confirmando o que dissemos, que: "Os dons do Espírito de que se prevalecem os Movimentos carismáticos ilustram até que profundeza o Espírito se funde como espírito humano" (R. Laurentin, Os carismas, Precisão de Vocabulário, in Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 13. O negrito é meu).
Para os carismáticos, então, receber o Espírito Santo os faz fundir-se com o próprio Espírito Santo.
É de espantar, depois disso, de que eles tendam a não aceitar nenhuma autoridade e que se julguem salvos?
Dessa identificação do natural com o sobrenatural, dessa divinização da natureza pela fusão do espírito humano com o Espírito divino decorre a confusão entre líder natural e Redentor divino, como, por exemplo, entre Cristo e Maomé, a colocação de lideranças carismáticas ao lado ou acima das autoridades eclesiásticas instituídas.
Vejas-se o que afirma E. Dussel sobre o líder natural: "A autoridade carismática, o líder natural, possui dons corporais e espirituais extraordinários; é o herói. Seu poder político, sua legitimidade exige a lealdade, a fidelidade, a fé. O profeta, o carismático religioso como Zoroastro, Jesus ou Maomé, é o portador da salvação (Heilbringer) , que se defronta com a ordem estabelecida" (Enrique Dussel, Diferenciação dos Carismas, in Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 45).
Note-se, nesta última citação:
1) Como o autor identifica "autoridade carismática" com "líder natural", o que só pode proceder da identificação dos carismas divinos com qualidades naturais humanas, o que diviniza o homem;
2) Como o autor passa do plano natural para o sobrenatural ao dizer que o líder carismático natural tem direito e exige "lealdade, fidelidade, fé”;
3) Como ele nivela Jesus Cristo a Zoroastro e a Maomé, como se os três tivessem o mesmo nível de ser, a mesma missão redentora. Como se os três igualmente salvassem. Como se Maomé e Zoroastro fossem divinos como Cristo.
Como os carismáticos que lêem e admitem essas heresias, podem dizer depois, ao recitarem o Credo: "Creio em um só seu Filho, Nosso Senhor"?
Essa confusão entre ordem natural e ordem sobrenatural, entre Unigênito de Deus e líderes naturais como p pseudo profeta Maomé, é levada ainda mais longe, pois que o autor, que acabamos de citar, se atreve a escrever, sem que nada lhe aconteça, sem nenhuma crítica eclesiástica: "Maomé, Buda, Confúcio, Tiacaelel entre os astecas, serviram ao mundo de sua época, realizaram um trabalho de inovação carismática, que, de certa forma, prepara o caminho para o Evangelho. O Espírito sopra onde quer" (E Dussel, op. e ed. cit., p. 54).
Primeiramente, a isso se deve contestar que, quem serve o mundo, não serve a Deus, pois "todo o mundo está posto no maligno" ( I Jo, V, 19).
Segundo, que Buda e Maomé não prepararam o mundo para o Evangelho mas, pelo contrário, Buda condenando o ser, a existência, e Maomé, negando a divindade de Cristo e negando que Jesus fosse o Filho de Deus, não prepararam o mundo para o Evangelho.
Como Maomé preparou o caminho para o Evangelho, se negou a Divindade de Jesus Cristo ao dizer: " Allah é o único. Allah é o único. Ele não gerou e não foi gerado" (Corão, Surata CXII, 1-3). E ainda: "Eles [os cristãos] em sua blasfêmia dizem: Deus gerou" (Corão, Surata XXXVII, 151-152)". São infiéis os que dizem: ´ Deus é o Messias, filho de Maria "(Corão, Surata V,72). E ainda: "O Messias, filho de Maria não é mais que um apóstolo ao nível dos que o precederam" (Corão, Surata V, 75).
E se é bem verdade que "o Espírito Santo sopra onde quer" (Jo. III, 8), é também muito verdade que o Espírito Santo jamais sopra mentiras e blasfêmias como as pronunciadas por Maomé e Buda, e jamais grunhe como porco ou late como cachorro.
Além disso, que besteira é essa de dizer que Maomé preparou o caminho para o Evangelho, se Maomé viveu depois de Cristo?
Identificando carisma e liderança natural, carisma realmente dado por Deus para salvação das almas – [como, por exemplo, os que Deus deu a São Francisco Xavier] – com o desejo de servir o mundo, esse autor acaba por afirmar que é o Espírito Santo quem move a revolução comunista: "O Espírito Santo estimula o crescimento das forças produtivas que são aquelas que desequilibram os modos de produção e dão impulso às formações sociais para atingirem novas etapas rumo a parusia" (E. Dussel, op. e ed. cit. p. 47).
Esse texto adota a terminologia e a filosofia marxista, e identifica o estado comunista com a parusia, isto é, a segunda vinda de Deus ao mundo, o que é doutrina milenarista condenada.
E para que não se duvide de que esse autor carismático é comunista, veja-se quem ele considera movido pelos carismas do Espírito Santo: "Mas os carismas do Espírito Santo não se podem esgotar em sua Igreja, nem entre as religiões históricas, mas ele sopra também no mundo, nas formações históricas concretas, suscitando heróis, homens excepcionais que, movidos pela responsabilidade para com o povo, por amor aos oprimidos, dedicam a vida inteira, toda a sua práxis para preparar um reino histórico mais justo, abrindo assim o caminho para o Reino de escatológico. Homens como Fidel Castro, Mao, Nyerere, para citar apenas um exemplo entre milhares da América Latina, Ásia, e África hoje, devem ser objeto de cuidadosa reflexão teológica"(E. Dussel, op. e ed. cit. p. 57).
Ficou bem claro. O Espírito Santo é que moveria a agitação e a guerrilha comunista. Fidel e Mao segundo esse autor carismático e comunista, seriam obra do Espírito Santo.
Já que "o Espírito sopra onde quer" (Jo. III, 8) --e já que o Espírito Santo falou até pela mula de Balaão, Ele também poderia falar pela boca de Fidel, Mao Tsé Tung, e de Pol Pot. Só que pela boca da mula de Balaão, o Espírito Santo disse a verdade, e da boca de Fidel, Mao, e quejandos só saiu heresia e ódio. De onde se conclui do maior valor do que disse a mula do que o que diz Fidel.
Essa confusão entre ordem sobrenatural e ordem natural - e até com a desordem natural do comunismo --será repetida por outros autores carismáticos.
É bem sabido que Deus tudo fez ordenadamente."Todas as coisas dispusestes em medida, número e peso" (Sab. XI, 21) E que "na Sabedoria Deus fez todas as coisas".
Entretanto, para o movimento carismático a graça de Deus equivale à desordem e à irracionalidade.
O Padre Christian Duquoc, -já citamos esse texto dele - expõe a doutrina de Lezek Kolakowski -- sem repudiá-la e até aceitando-a -- de que "a graça é ausência de ordem": "A graça, considera Kolakowski, não é um suplemento à Lei, é sua negação, uma vez que inverte a ordem racional. A graça é arbitrária por princípio, não estando relacionada com a justiça" (Padre Christian Duquoc, O P. Os Carismas, Formas Sociais do Caráter Imprevisível da Graça, ed. cit p.95).
Kolakowski, com essa afirmação, repete a heresia do gnóstico Marcion, que opunha o Novo ao Antigo Testamento
Essa tese de Kolakowski -- que o padre Duquoc não condena -- afirma, no fundo, a abolição da Lei, o antinomismo gnóstico.
Por isso, afirma ainda Kolakowski, segundo Duquoc, que "do cristão mais simples ao mais erudito se imponha à consciência de um desacordo entre a ordem eclesial ou moral e a irracionalidade da graça, entre a instituição e os dos do Espírito Santo" (C. Duquoc, op. e ed. cit. p. 95.
"A coexistência durável da liberdade procedente da graça e da ordem da lei é definitivamente impossível" (C. Duquoc, op e ed. cit. p. 95)..
E, por isso, a idéia de que Deus é Pai, Legislador e Juiz seria inaceitável: se Deus é Pai, Ele não nos julgaria, e nem nos condenaria (Cfr. C. Duquoc, op e ed. cit. p. 95).
O amor tornaria inútil o dever: "A obediência por amor desinteressado dá origem ao sentimento de que o amor, absorvendo o dever, este se torna inútil na relação entre o homem e Deus" (C. Duquoc, op e ed. cit. p. 95).
Veja-se a que absurdo de imoralidade se chega então.
E não se venha a dizer que essa é uma tese de Kolakowski, não condenada pelo padre Duquoc. Isso é o que se pratica, desgraçadamente, hoje, porque são sem conta os sacerdotes que ensinam que "basta o amor". Daí a retirada dos confessionários das igrejas. Tudo passou a ser permitido. E tanto se crê que não há mais pecado, e que "basta o Amor", que, quando o Papa João Paulo II mandou restabelecer os confessionários, praticamente ninguém o obedeceu. Os padres modernistas, aplaudem entusiasticamente o Papa João Paulo II e o desobedecem descaradamente. Resultado: na hora da comunhão, todo mundo comunga. Quase ninguém se confessa. Já não há mais pecado. Já não há mais lei. Já não há mais verdade. Basta o “amorrr”. Com três erres guturalmente arrastados.
E o carismático S. Falvo afirma: "Jesus não exige a santidade, mas que se creia nele" (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 16).
É a tese de Lutero repetida por esse carismático protestantoso.
E não se julgue que, dizendo que se deve crer em Jesus, o autor deseja defender a obrigação e a necessidade de crer nas verdades que Cristo ensinou. O autor diz apenas que se deve crer em Jesus, mas nem pensa que se deva crer que Jesus exigiu de nós a santidade ou a perfeição, quando Ele nos disse: "Sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito" (Mt V, 48).
Nada de buscar a perfeição. "Basta o amor". Se a pessoa recebeu o chamado Batismo no Espírito Santo, tendo passado a falar no engrolado "dom de línguas", isso provaria que ela já está com Deus, e está, portanto, salva. Não precisa mais se preocupar com a prática da lei de Deus, com pecados e deveres.
Não precisaria mais se confessar. Basta o amor. Até o amor homossexual.
Esse é novo evangelho antinomista e gnóstico que é ensinado em muitas paróquias.
Daí, se dar a comunhão a pecadores públicos, a "recasados"-- em "segunda união estável" -- como se lê num folheto paroquial de São Paulo, exatamente quando o Papa João Paulo II, na encíclica Ecclesia de Eucharistia, acaba de condenar como abuso dar a comunhão a amasiados. Mas, como já salientamos, ao Papa, esses Modernistas só aplaudem com as mãos. Nunca o obedecem de coração. Aplaudem "João de Deus", jamais acatam o que ele manda, ou o que ele ensina.
Dessa noção falsa de que “basta o amor”, para a salvação sem necessidade da Fé, advém outra noção herética pregada pelos textos dos carismáticos: a de que a salvação não é individual, e sim coletiva.
Veja aqui a heresia explícita da Escola Paulo Apóstolo: “Algumas pessoas têm um conceito individualista da salvação, e não há nenhuma salvação individual revelada”(Escola Paulo Apóstolo, Apostila I, a Espiritualidade da RCC, p. 21).
Como não há nenhuma salvação revelada?
E a frase de Nosso Senhor Jesus Cristo “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vier perder a sua alma”(Mt XVI, 26) E não foi dito por Cristo que cada um será julgado por suas obras?(Mt. XVI, 27).
De onde em essa mentira que a Escola Paulo Apóstolo ousa imprimir sem que ninguém denuncie essa heresia de salvação coletiva? Porque esa heresia é repetida nessa Apostila absurda “ Nós seremos salvos quando os tornarmos um, quando superamos todas as divisões causadas pelo pecado e nos tornarmos a imagem de Deus, entrando em unidade”( Escola Paulo Apóstolo, Apostila I, a Espiritualidade da RCC, p. 21).
Esse é um conceito gnóstico de salvação que nada tem de católico. Além disso, o autor demonstra não compreender como somos feitos á imagem de Deus, e como essa imagem está em nossa alma, independentemente de nossa fé e de osso estado moral.
Por outro lado, se os carismas são algo inerente à própria natureza humana, eles não seriam propriamente dons sobrenaturais. Daí, se dizer que, seria possível recebê-los por meio de uma técnica ao alcance de qualquer homem independentemente de ter fé ou não: “A oração de línguas é uma combinação misteriosa de elementos divinos e humanos. Também a iniciativa e divina e humana. Costuma-se dizer: nada poderás fazer sem o Espírito e este, sem ti, também nada fará” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 62).
E como se coaduna essa afirmação com o princípio de que “o Espírito sopra onde quer”?.
Em consonância com essas idéias, S. Falvo sugere certos meios para facilitar a recepção ou a manifestação do dom de línguas: “1) Comece-se a glorificar o Senhor em alta voz, de forma espontânea, sem preocupar-se com a forma. É aconselhável repetir muitas vezes a invocação: Aba Pai!
“2) Passados alguns minutos, aconselha-se deixar de orar na própria língua e fazer esforço para exprimir algumas articulações sem significado” (...) A partir desse momento, é preciso deixar de orar na língua local e repetir, em alta voz, os sons estranhos e incompreensíveis” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 62).
Essa “técnica” carismática para desenvolver ou obter do dom de línguas é exatamente a mesma recomendada pelo cabalista Abraham Abuláfia, na Idade Média, para se comunicar com a divindade imanente ao homem, usando as letras do alfabeto hebraico, combinando-as de modo a formarem conjuntos sem significado algum: “A partir desse contexto, Abuláfia expõe uma disciplina peculiar, que ele denomina Hochmat Ha-Tzeruf,“a ciência de combinar as letras”. Esta é descrita como um guia metódico para a meditação, com o auxílio de letras e suas combinações. As letras individuais ou suas composições não precisam como tais ter um “significado” no sentido ordinário; é uma vantagem, pelo contrário, que muitas vezes pareçam vazias de sentido, pois neste caso há menos probabilidades que nos distraiam” (Gerschom Scholem, A Mística Judaica -versão portuguesa de Major Trends in Jewish Mysticism - Perspectiva, São Paulo, 1972, p. 137).
Técnica semelhante, para tentar anular a lógica e a razão, foi usada por Freud e pelos Surrealistas, nas chamadas escritura e linguagem automáticas. E tanto Freud era cabalista, quanto os Surrealistas eram gnósticos (Cfr. David Bakan, Freud e la Mística Giudaica, Edizioni di Comunitá, Milano, 1977, pp. 86 a 88; André Breton, Manifestos do Surrealismo, Ed. Brasiliense, São Paulo, 1985, p.58 e 223).
Por outro lado, os próprios autores carismáticos afirmam que o demônio pode intrometer-se e atuar em reuniões carismáticas, e dar um dom de línguas que eles chamam de falso: ”Às vezes, ele [o demônio] se intromete em nossos encontros de oração, a fim de destruir a serenidade. Ele chega mesmo a dar a algum dos presentes um falso dom de ínguas ou fazendo-o proferir uma falsa profecia”(S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 184).
E como se distingue o dom de línguas falso do dom verdadeiro, se, em ambos os casos o que se diz é ininteligível?
Será que pelo menos se deve desconfiar que não é o Espírito Santo que faz emitir grunhidos de porcos ou latidos de cães?
RCC, CURAS E PECADOS (início)
Em certo sentido, o pentecostalismo que hoje faz devastações entre os católicos é uma reação irracionalista ao racionalismo marxista da Teologia da Libertação.
Esta última, como materialismo de sacristia, renega o sobrenatural, é cética quanto aos milagres, não crê nos demônios, apesar de crer em Fidel, Stalin e Mao, não acredita nem no céu, nem no inferno,e em seu naturalismo radical, pretende realizar a utopia , o céu na terra, Com arame farpado e paredón.
O pentecostalismo, reagindo contra isso de forma absolutamente errada, cai no erro posto: afirma-se radicalmente irracionalista, vendo em tudo a ação de forças sobrenaturais ou preter naturais. Daí sua crença infantil em falsos milagres e em exorcismos fáceis contra atuações diabólicas mais das vezes imaginárias, Se o pentecostalismo recusa a utopia marxista da Teologia da Libertação, leva o povinho ao erro oposto, ao esperar, com sofreguidão, a realização do milênio, isto é do Reino de Deus sobre a Terra. É o que veremos ser defendida por Padre Jonas Abib, da Canção Nova, esse padre que é um negativo de Frei Boff, sem o conhecimento nem a inteligência do outro.
Teologia da Libertação racionalista e RCC irracional repetem a dicotomia – o verdadeiro dualismo da Gnose protestante -- entre um protestantismo pseudo científico, que lê a Bíblia através dos óculos do racionalismo, e um protestantismo t alumbrado, com ares de possesso.
O pentecostalismo, por ser irracionalista, vive de emoções e procura emoções. Por isso, a fé, como virtude intelectual, entre os pentecostais tem pouca ou nenhuma importância. O pentecostal quer ver, e quer sentir. A Fé é a adesão da inteligência a verdades reveladas por Deus, àquilo que não se vê, e que não se sente.
No pentecostalismo, quer seja ele protestante declarado, quer seja protestantismo travestido de catolicismo, geralmente a pessoa busca destacar-se por um pseudo dom espiritual, ou procura uma cura extraordinária, pouco importando o credo que se tenha. Daí, os pentecostais migrarem facilmente de uma seita para outra, ou de uma missa do Padre Marcelo Rossi, onde praticaram a tola “aeróbica do Senhor”, ou um ato supersticioso qualquer, para uma sessão de macumba ou de espiritismo, ou ainda para ma seita de um “pedir mais cedo” ou um “pedir mais tarde” qualquer. O que interessa para essas pessoas é uma cura, venha de onde vier.
Daí as chamadas “Missas de Cura”, tendas milagreiras, falsas sessões de exorcismo, e todas as mais variadas formas de curandeirismo e de charlatanice.
O falso misticismo—que sempre grassa separado da Fé autêntica – leva a práticas supersticiosas e mágicas: bênçãos através do rádio, recitações repetitivas de orações ou de nomes em forma de mantras hindus, abuso de sacramentais, obsessão com ações diabólicas, possessões e exorcismos, anulação do eu absorvido numa comunidade fanática, etc.
Não é, pois, de espantar que se encontrem, em livros ligados à RCC, idéias absurdas a respeito de doenças, curas e pecados, que aproximam a RCC de seitas amalucadas e fanáticas. Nas prateleiras das denominadas livrarias católicas, abundam volumes com títulos sugestivos dessa mentalidade irracionalista: Cura Interior, Libertação do Eu, Auto Libertação, Relaxamento Imediato, Na Trilha da Cura, Auto Controle do Temperamento, etc.
Vejamos algumas provas dessa mentalidade, ao mesmo tempo, naturalista e mágica, retiradas de livros carismáticos.
No Livro que já citamos de S. Falvo, há um capítulo em que lê o seguinte sub título: “As enfermidades não vêm de Deus” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 83).
Depois de dizer algumas verdades sobre as doenças e Deus, como por exemplo, que Deus manda as enfermidades para expiarmos os nossos pecados, ou para nos provar, o autor afirma rotundamente que esse modo de pensar, é errado, esquecendo-se o que dia a própria Escritura, no livro de Jó. E conclui esse autor de modo peremptório e absurdo:
“Elas [as doenças]: são um mal, e nenhum mal pode provir de Deus” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 84).
Pode, sim senhor. Deus pode permitir um mal relativo.
A negação dessa verdade leva a atribuir todos os males relativos do mundo ao demônio o que conduz em linha direta ao dualismo gnóstico.
Daí, conclui erradamente esse autor com um novo sub título absurdo: “As enfermidades provêm do pecado e do demônio”(S. Falvo, op. cit. p. 87).
De onde se concluiria que todo doente é pecador, e que todos os sadios são santos.O que além de uma loucura.
E que esse autor tira exatamente essa conclusão estapafúrdia se pode ver por esta outra afirmação dele: “Se, portanto, o pecado já não está em nós porque Jesus o tomou sobre si, as doenças também já não podem estarem nós, desde que ele as tomou sobre si”(S. Falvo, op. cit., p. 91).
“Jesus tomou as nossas enfermidades e carregou-se com as nossas doenças( Mt. VII, 17) e, portanto, elas já não podem mas residir em nós” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 132).
Para esse autor, católico em estado de garça não pega nem gripe. Em vez de aspirina, se confesse. Em vez de operar o câncer no intestino, se confesse que o câncer some.
Que loucura!
Todo católico batizado, então, e que não peque, tem que gozar de excelente saúde.
Quem fica doente, é sinal de que pecou.
Como esse autor explica, então, que bebês batizados fiquem doentes é um mistério.
Por isso, esse autor chega ao desvario de escrever: “Ora, Cristo já foi glorificado e, portanto, todos os membros [de Cristo] também participam de sua glorificação” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 93). Como corpos glorificados, então, ao podemos ficar doentes.
Mas isso nunca foi catolicismo. Isso é Sei tcho no Yê !
Mas esse autor delirante não se detém em seu delírio, e, para comprová-lo, declara solenemente este despautério: “Não consta que Jesus tenha chamado de bem aventurado algum enfermo” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 98).
Deixe-me, prezado Roberto, colocar, em seguida, várias frases absurdas desse pentecostal dito católico: “Pecados e enfermidades são, antes, dois aspectos de um único mal, dois campos de uma só vitória de satanás” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 99).
“Se, portanto, não somos mais escravos do pecado, segue-se que são eliminados também os efeitos deste, sendo que um deles, são as doenças” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 109.).
Portanto, só morre quem pecou. Se não pecou não morre, e nem fica doente. De onde, em vez de gastar tanto em remédios e aparelhos tão caros, em vez de fazer operações tão dolorosas, bastaria que os doentes se confessassem e estariam curados.
Fácil, não?
Fácil, mas falso. Fácil, mas absurdamente estúpido.
Como se permite.que se vendam, como livros católicos, obras como essa ?
Por ai também se vê como se fez mal, após o Vaticano II acabar com o Índice dos Livros Proibidos e com o Santo Ofício ! Para obter a cura das doenças, esse autor recomenda o seguinte método mágico- pentecostal: “ Além disso, enquanto o doente reza, tendo confiança e otimismo em seu coração, ele também deve formar uma imagem em sua mente, de como gostaria de ser, isto é, ver-se livre da enfermidade, e sentir-se feliz por isso. Deve ele imaginar-se curado e tocado pelas aos de Jesus que lhe diz: “ quero, sê curado”. E ainda que a enfermidade persista, é preciso louvar o Senhor e agradecer-lhe a cura alcançada” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 121).
E, confirmando a idéia absurda de que toda doença é causada por um pecado, diz esse autor: “A cura, talvez, não se realize pelo fato de ainda existirem pecados não confessados ou a intenção de continuar no pecado, caso a cura não se concretize” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 130). Portanto, ara esse carismático, todo doente está em pecado. E como todo o mundo morre, então todo o mundo morreria em pecado, e por estar em pecado, e ninguém se salvaria. Essa é a loucura que se deduz desse livro péssimo. Essas são as idéias não católicas que se ensinam na RCC. Isso é o que se edita e se vende nas livrarias ditas católicas.
E enquanto isso, a CNBB faz uma campanha pelas águas, e se preocupa com a economia, com trânsito, desarmamento, e em proteger os “direitos humanos” de bandidos e assassinos.
Um Milenarista Declarado: Padre Jonas Abib, da Canção Nova (início)
Disse-lhe, meu caro Roberto, que a marxista e racionalista Teologia da Libertação pretende estabelecer na terra um Reino de Deus secularizado, planejado e cercado de arame farpado sob a vigilância de uma KGB eficientíssima.
Disse-lhe anda que a RCC é uma forma de Teologia da Libertação em negativo, que quer o reino de Deus na Terra não através da razão e da metralhadora, mas por meio de uma graça mística e irracional que restabeleça o homem na “inocência primeva”. Que o faça retornar ao Éden, ao Paraíso terrestre. Os carismáticos esperam -- para já – do mesmo modo que certas seitas de protestantes fanáticas, a vinda de Cristo para reinar neste mundo. Não sei se no Rio há uns “out doors” malucos anunciando a chegada de Jesus para depois de amanhã.
Aqui em São Paulo, há anos já, há uns “out doors” que anunciam a vinda de Cristo para já. Se Ele está demorando para chegar, certamente é por causa do engarrafamento do trânsito, nas marginais. Logo mais, Ele chega. Para estabelecer o Reino de Deus na Terra. E não adianta lembrar a esses fanáticos que o mesmo Jesus nos preveniu dizendo: “Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo, ou ei-lo acolá, não deis crédito, porque se levantarão falsos Cristos e falsos profetas” ( Mt. XXIV, 23).
Agora, lá nos vem o carismático Padre Jonas Abib que se apresenta como profeta para nos anunciar, qual membro da seita adventista do sétimo dia, que Cristo está para chegar, para reinar neste mundo.
“Da mesma forma como Jesus habitou na terra por trinta e três anos, Ele viverá o meio de nós” (Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Editora Salesiana, São Paulo,2.001, p.18).
Pouco importa que, o próprio Cristo, no Evangelho, nos tenha dito: “Meu Reino não é deste mundo” (Jo. XVIII, 36), Padre Jonas ilude seus leitores dizendo-lhes que Cristo virá logo mais: “Mas o Pai O ressuscitou e Ele está nos céus, aguardando o segundo momento da sua vinda gloriosa: Ele virá reinar sobre a Terra” (Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Editora Salesiana, São Paulo, 2.001, p.22).
E Padre Jonas Abib previne que não se confunda esa segunda vinda de Cristo com a do Juízo Final: “Somos tentados a pensar logo na glória futura que nos deve ser manifestada lá no Céu. Não ! É a esta Terra que o Céu virá, o Reino de Deus virá e será restaurado aqui nesta Terra”.
É, portanto, o mais grosseiro milenarismo que Padre Jonas prega em sua Canção Nova, esquecendo-se—creio que elê não as conhece – as terríveis conseqüências que as pregações milenaristas tiveram no passado.
Essa pregação milenarista é feita de modo grotesco, até com imagens futebolísticas dignas do Presidente Lula: “Numa partida de futebol, quando vai se aproximando “ o final do tempo”, é preciso decidir a partida. Jesus está aguardando a ordem do Pai. Ele sabe que chegará o momento em que o Pai Lhe Dara a ordem: “Meu Filho, pode entrar em campo!”, e Ele irá resolver a partida”(Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Editora Salesiana, São Paulo,2.001, p.14).
É com figuras desse porte grosseiro que se faz Exegese e Teologia, hoje. Pobre rebanho de Cristo, governado por tais pastores!
.E além do futebol crístico, Padre Abib fala das místicas núpcias do Cordeiro.
Veja, meu prezado Roberto, que despautério abibesco:
“Nós somos convidados às núpcias do Cordeiro. Quando Jesus vier, vai desposar esta Terra, esta Igreja e esta humanidade. Nós somos convidados a participar desta festa. Fazemos parte desta humanidade, desta Igreja. Nós somos os felizes convidados” (Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Editora Salesiana, São Paulo,2.001, p.16).
Possivelmente, Padre Jonas em seu entendimento muito chão das figuras místicas que raiam o futebolístico, pensa que Jesus vai de fato se casar com a Terra.
Quem sabe haja até chopp nesse casamento que Padre Abib imagina. Porque se ele imagina Cristo entrando na História como em um campo de futebol, para decidir a “ partida” com o time do demônio, não seria fora de propósito o chopp nessas bodas místicas de Cristo com a Terra, que não sei de onde ele tirou. E Padre Abib, como um profeta protestante, desses que berram na Praça da Sé, em São Paulo – no Rio devem existir desses alumbrados, porque isso é praga corrente e contagiosa neste mundo enlouquecido e abandonado pelos Pastores após o Vaticano II -- afirma peremptoriamente que” Nossa geração verá a fera, o anticristo, sendo jogado no abismo de fogo sulfuroso, acorrentado e preso por mil anos” (Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Editora Salesiana, São Paulo, 2.001, p.17).
Então, assim como os romanos gritavam “Aníbal ad portas!”, Padre Jonas nos está gritando: “Anticristus ad portas!
Chiii... Isso acaba mal...
Porque, na História, não é a primeira vez que surge um pseudo exegeta ou um pseudo profeta gritando isso. E quando isso aconteceu com outros falsos profetas, o resultado foi sempre trágico.
E isso está escrito em livro.
Não tenho televisão, graças a Deus, mas sei que esse sacerdote faz programas na TV. Imagine-se o efeito de uma frase apocalíptica dessas na mente dos pobres telespectadores dele.
Padre Jonas considera que, após o Concílio Vaticano II, houve uma verdadeira disseminação de uma Aids espiritual no clero católico:
“Logo após o Concílio Vaticano II (...) o inimigo veio violentamente para atacar-nos justamente em nossa fé. Ele foi tão covarde – [ou tão esperto?]—que visou especialmente àqueles que estavam na cabeça da Igreja. Os mais atingidos fomos os ,padres, religiosos e religiosas” (Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Editora Salesiana, São Paulo,2.001, p.55).
Tu o disseste.
Desta vez, e nesse ponto, apoio Padre Jonas.
Depois de dizer essa verdade sobre a crise do clero após o Vaticano II, Padre Jonas compara essa crise à Aids espiritual: “O Vírus que o inimigo inoculou em nós e tão danoso como o vírus da Aids. E muitos de nós padres, religiosos, infelizmente, acabamos vítimas Pegamos o vírus e parecia que estava tudo muito normal Tínhamos sido atingidos, mas não percebíamos” (Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Editora Salesiana, São Paulo, 2.001, p.55).
Grande verdade dita por Padre Jonas!
Pelo menos fica provada a tese de que é impossível, num livro repleto de erros, não dizer pelo menos uma verdade.
Para Padre Jonas, então, após o Vaticano II entrou uma Aids espiritual no clero.
Graças a Deus, porém—pensa Padre Jonas – o Vaticano II trouxe também o RCC na Igreja. O que possibilitou a defesa contra a aids clerical e contra o anticristo.
Padre Jonas se julga um eleito de Deus para salvar a Igreja da aids espiritual e clerical, e se acredita na posse do Espírito Santo, já que ele, Padre Jonas, junto com os carismáticos, estabelecerão a verdadeira religião sobre a Terra.
Conta Padre Jonas Abib que, certa vez, num encontro carismático, ele estava adoentado e sem voz. Mas que, rezando alguns por ele, foi logo curado, recuperando a voz. E aí, ele escreve:
“Alguém poderia perguntar:”Mas o Espírito Santo não estava no senhor{ senhor aí é o próprio Padre Jonas] ?” “Estava, mas esse são os mistérios de Deus”. (Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Editora Salesiana, São Paulo,2.001, pp.76-77).
Portanto, Padre Jonas se acredita possuído pelo Espírito Santo. O que é uma presunção contrária ao que diz a Sagrada escritura, porque nela está escrito: “á justos e sábios, e as suas obras estão na mão de Deus, e contudo o homem não sabe se é digno de amor se de ódio”( Eclesiastes, IX, 1).
Mas apesar dessa claríssima afirmação do Espírito Santo, na Escritura, de que nenhum homem sabe se é está ou não na graça e no amor de Deus, Padre Jonas Abib afirma peremptoriamente o oposto: ele tem certeza de que é possuído pelo Espírito Santo. Essa é a devoção de Padre Jonas pelo Espírito Santo: negar o que Ele ensinou.
Pior ainda é a pretensão desse Padre ao dizer que a verdadeira religião ainda não foi estabelecida na terra, e que é ele, com os carismáticos, quem vai estabelecê-la:
“Nosso trabalho só vai terminar depois que tivemos estabelecido a verdadeira religião sobre a Terra. Essa é a missão do intercessor” (Padre Jonas Abib, Orando com Poder, Editora Salesiana, São Paulo,2.001, p.84).
Noutro de seus livrecos abissalmente apocalípticos, Padre Jonas nos diz;
“Se não tenho a perspectiva do mundo que há de vir, da parusia, do apocalipse, de uma terra nova, eu nunca vou ser movido para a conversão. Vou ficar “ na minha”, sem me importar com nada” (Padre Jonas Abib, Céus Novos e uma Terra Nova,Loyola, São Paulo, 1997 p. 123)
E para confirmar que esse Reino ”é pra já”, Padre Jonas nos diz, logo na página seguinte desse outro livreco:
“A esperança que temos é de que a grande maioria de nós, filhos de Deus, estaremos nesta terra nova” (Padre Jonas Abib, Céus Novos e uma Terra Nova, Loyola, São Paulo, 1997 p.124)
Creio que lhe deixei patentes os delírios e os gravíssimos erros desse movimento hereticamente protestante—a RCC -- que se infiltrou na Igreja, após o Vaticano II, como outra aids espiritual, para usar a boa metáfora do Padre Jonas.
Haveria ainda, é claro, muito mais a dizer. Não tive a ambição de esgotar o assunto, e compreendo que lhe restem dúvidas. Escreva-me, se as têm, que, na medida do que possa, procurarei ajudá-lo a se livrar dos erros e da mentalidade errônea da RCC.
Como estamos às vésperas do Natal, quero desejar-lhe, estimado Roberto, meus melhores votos de um santo Natal, para você e para a sua família.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.