Quadro de Honra

Vocês são desorientados no que diz respeito a doutrina católica
PERGUNTA
Enviada em:
06/03/2008

caro prof. Orlando Fideli

Deus abençoe a todos da montfort.

Bem sem mais delonga gostaria de dizer que mandei uma carta a algum tempo mais não me responderam creio q é porque vocês só publicam algo do interesse do site, não tenho nada contra você ou outro da montfort, mas sim contra suas atitudes e grocerias com as pessoas. li e leio varios artigos do seu site e vejo tristimente o modo como o senhor se dirije aos leigos e as autoridades eclesiais ( sacerdotes, bispos e até o Papa) não demostra respeito com ninguem, o senhor se diz tão católico é contra o aborto, contra a eutanásia, pena de morte? se o senhor é me responda umas pequenas perguntas, encontrei isso em um de suas respostas a um rapaz que defendia a toca:
"Você me fala da inquisição ser restaurada. Pois saiba que se tivesse havido Inquisição no século XX não teria sido possível Hitler, Mussolini, o nazismo, Auschwitz, o comunismo, Stalin, Mao e Fidel. E nem teriam se dado as duas gueras mundiais, e nem as clínicas assassinas que fazem abortos."
professor como resolver esses asuntos com uma nova inquisição, resovemos matança com matança?
á é mesmo se nós católicos tivessimos matado todos os comunistas não teria ocorrido o comunismo, afinal poderiamos ter matado em nome da igreja? Vejo que apesar de ser muito inteligente Prof. orlando fideli, o senhor não tem veracidade no que diz apenas ódio nas palavras em que escreve achando-se o senhor da verdade em apenas distorse a realidade e a verdade encontrada nos documentos da igreja, o senhor condena a vaticano II como se não fosse valido leia isso:

"Promulgação do concilio vaticano II. Todo o conjunto e cada um dos pontos que foram enunciados neste decreto agradaram aos padres do sacrossanto concilio. E Nós, pela autoridade Apóstolica por Cristo a Nós confiada, juntamente com os veneráveis Padres, no Espirito Santo os aprovamos, decretamos estatuimos. Ainda ordenamos que o que foi assim determinado em concilio seja promulgado para a glória de Deus.

Roma, junto de São Pedro,
no dia 21do Mês de novembro de 1964.

Eu Paulo, Bispo da Igreja católica."


não alongarei demais a conversa pois falei o principal, vejo que sei site só fala do concilio de trento, acorda tiveram mais 20 concilios, automaticamente se você não aceita o vaticano II e os demais concilios você não aceita o papa e se você não o aceita rejeita a igreja se rejeita a igreja não está em comunhão com ela nem com Cristo.
termino dizendo que não estou defendo nenhuma pastoral nem movimento mas a igreja que sai perdendo com pessoas como você que só causa desunião dentro dela com interpretações erradas.

que Maria possa está na tua frente abrindo teus olhos para a verdade.
logo logo escrevarei mais dizendo pontos que não estão em comunhão com a Igreja.
RESPOSTA


Muito respeitável e abalizado Clérigo X, ilustríssimo membro da cleresia brasileira.
Muito Reverenda Cleritude,
Salve Maria!

Pena que não tenha eu recebido sua carta anterior!  Que carta preciosa foi se perder!  
   Considero essa perda um prejuízo para o site, e, muito mais ainda, um grave dano para a cultura eclesiástica nacional. Tendo em vista a profundidade e a originalidade de seu pensamento eu a publicaria com gosto. Mande-a de novo para mim, por favor,-- peço-lhe encarecidamente --, que a publicarei com alegria, para ilustração de todos os leitores de nosso site. 
   Que carta a cultura mundial foi perder!
        
   Meu caro e muito respeitável clérigo, trato sempre os membros do clero, que me honram com suas cartas, com todo respeito devido à sua autoridade. Houve até um sacerdote que protestou contra minhas fórmulas tradicionais de tratamento para com os padres, acusando-me de ter um estilo... "engomado"... 
   Mesmo assim, engomarei bem -- e muito especialmente -- esta minha resposta a Vossa Cleritude. Pena que Vossa Reverenda Cleritude não me tenha informado em que ano está do seminário, se no primeiro ano, ou se já é professor de Teologia Dogmática, ou até se é reitor de seu seminário, ou coisa parecida. A profundidade e beleza de seu estilo, assim como a força de seus argumentos me deixaram tal dúvida no espírito.
 
   Que talento sua missiva revela! 
   Até se parece com a do Pacheco!
   Certamente Vossa Cleritude conhece bem o Pacheco do Eça. Um talento!!!
 
   Diante de Vossa Altíssima Cleritude devo confirmar que, de fato, sou totalmente contra o aborto e contra a eutanásia, assim como sempre defendo a pena de morte, pois sigo a palavra de Cristo no Evangelho, e a doutrina da Igreja sempre a mesma durante dois mil anos, e que sempre defendeu a pena de morte. 
   Confesso-lhe ainda mais que não me arrependo disso, e que manterei tais princípios até a morte. 
   Et dans cette foi je veux vivre et mourrir, como repetia o estribilho de uma saborosa balada de François Villon.
   E nessa fé quero viver e morrer.
 
   Como vê sou um "pecador" impenitente e -- pior ainda -- que se ufana de seus "pecados" anti modernos. Um pecador inveterado.
   Tendo lido e meditado sua enérgica inquirição à minha troglodítica ignorância medievalesca, desconfiei - e mais ainda - fiquei com receio de que Vossa Mui Reverente Cleritude seja a favor do aborto, e da eutanásia, e temo que lhe tenham ensinado isso em seu seminário, ou em seu catecismo muito fiel á Modernidade.
Com temor, ouso dizer-lhe algo contrário à sua sapientíssima Teologia. 
   Perdoe-me esta ousadia própria de pessoas ignorantes, como me reconheço ser, pois que eu jamais estudei Filosofia ou Teologia. Jamais estudei em seminário.
   Tremo e hesito então em opor-lhe um argumento, pois, em minha imensa ignorância, me sinto esmagado por seu altíssimo saber.
   Mesmo assim, levando em conta sua caridade, permita-me a audácia de ousar levantar uma objeção contra sua fortíssima argumentação.
   É a respeito da Inquisição e Hitler.
Se Hitler tivesse vivido na Idade Média, a Inquisição não teria feito matança nenhuma: executaria o Adolfinho do Bigode ridículo e pronto. Não haveria matança nenhuma. Morria um só. Pois convém que a ovelha pestífera seja morta, para salvar todo o rebanho.
Mas Hitler não nasceu na Idade Média. Ele foi uma criminosa "flor” da Modernidade. Na Idade Média, era impossível haver Auschwitz.
Tanto como é impossível haver, hoje, a Inquisição.
Modernidade e Inquisição se excluem mutuamente.
Entre elas, eu escolho a Inquisição.
 
Vossa Insigne Cleritude certamente prefere a Modernidade. E a prefere a tal ponto, que, desconfio, desejaria até que houvesse Inquisição para me queimar como salsicha.
Ái ! Ái! Ái!
Só de pensar, sinto-me a queimar e a arder, e me aparecem bolhas na pele. Bolhas imaginárias, evidentemente.
Como era malvada a Inquisição! E como é caridosa Vossa Modernidade: ela usa câmaras de gás.
Indolores.
Para milhões!
Quanta caridade turbinada!
Como é eficiente e indolor a Modernidade!
E depois o site Montfort ousa trogloditicamente condenar o Progresso!
Já lhe ouço a gritar em coro com todo o seminário:
A Montfort aos leões!.
A Montfort à fogueira!
La Montfort à la lanterne!
A Montfort ao Paredón!
       
A seguir, tratando do Concílio Vaticano II e de sua infalibilidade incontestável segundo certos magistérios mui vivos, Vossa Altíssima Cleritude me esmaga com um argumento só, mas absolutamente definitivo, no qual sublinho certas palavras capitais:
 
"Promulgação do concilio vaticano II. Todo o conjunto e cada um dos pontos que foram enunciados neste decreto agradaram aos padres do sacrossanto concilio. E Nós, pela autoridade Apóstolica por Cristo a Nós confiada, juntamente com os veneráveis Padres, no Espirito Santo os aprovamos, decretamos estatuimos. Ainda ordenamos que o que foi assim determinado em concilio seja promulgado para a glória de Deus.
 
Roma, junto de São Pedro,
no dia 21do Mês de novembro de 1964.
 
Eu Paulo, Bispo da Igreja católica."
 
Rendo-me completamente à evidência de seu argumento decisivo.
Reconheço diante de Deus que o Concílio Vaticano II foi promulgado oficialmente pelo Papa Paulo VI.
Reconheço também humildemente que o Concilio foi promulgado em Roma, no dia 8 de Dezembro de 1965.
Entretanto, como Vossa Excelsa Cleritude pode observar, há alguma discrepâncias entre o que sublinhei em seu argumento teológico-canônico, e o que humildemente reconheci.
Repare bem: Vossa Cleritude me mandou a promulgação de um Decreto do Vaticano II, na data de  21 de Novembro de 1964
Ora, o Concílio Vaticano II foi encerrado em Dezembro de 1965, data em que esse Concílio foi promulgado por Paulo VI.
Na data de 21 de Novembro de 1964 foi promulgado o Decreto Orientalium Ecclesiarum.
Cada documento do Vaticano II foi promulgado em data diferente. O Concílio Vaticano II foi promulgado em Dezembro de 1965.
Vejo que Vossa Excelsa Cleritude, por excesso de saber, não percebeu esses detalhes.
Atrevo-me ainda a lhe observar, e perdoe-me ousar indicar-lhe outro "equívoco”: promulgação não quer dizer declaração de infalibilidade. Promulgação é apenas a divulgação oficial e pública de um documento oficial da Igreja ou de um Estado.
Só isso.
O muito saber, afluindo em seu clerical cérebro, atropelou datas e qualificativos jurídico-canônicos. Com esse acúmulo de ciência nas avenidas de seu intelecto, é natural que isso possa acontecer.
Caridosamente Vossa Excelsa Cleritude conclui sua mui teologal missiva advertindo-me:
 
"acorda tiveram mais 20 concilios, automaticamente se você não aceita o vaticano II e os demais concilios você não aceita o papa e se você não o aceita rejeita a igreja se rejeita a igreja não está em comunhão com ela nem com Cristo”
 
Quanta bondade a sua!
Qual caridoso despertador me soa um briiing misericordioso.
Que briiing coisa nenhuma!
Vossa Excelsa Cleritude me desperta com um clangor de trombeta do Apocalipse!
Bendito X, anjo despertador do Apocalipse que me fez lembrar que houve já dezenas de concílios, que Vossa bondosa Cleritude lança a meus pés, todos eles metidos num saco só, numa confusão de mitras e decretos, tiaras e constituições, Motu próprios e báculos, pastorais, e infalibilidades, tudo misturado. E quer me meter tudo isso junto, goela abaixo, seminaristicamente: sem distinções, sem ponderações, e sem considerações.
Tudo junto: concílios infalíveis, concililábulos heréticos, concílios santos junto com o pastoral -- mui pastoral, e só pastoral -- Vaticano II.
Alto lá. Eu não sou seminarista que engole tudo. Só aceito assim o que a Igreja ensina infalivelmente em seu Magistério Extraordinário ou Ordinário. Devagar com a colher de escavadeira. Minha goela é estreita e ortodoxa. Minha alma é ortodoxamente estreita.
E não sou aberto como a boca do inferno que aceita tudo o que chega. Ecumenicamente. Ou como porta larga de seminário, sem vestíbulo e sem vestibular, onde qualquer um entra... E sai.
E permita-me dizer-lhe que aceito a autoridade dos Papas e aceito a Igreja. Quero morrer antes de me separar do Papa ou da Igreja.
Uma última palavra sobre seus profundos, fundamentados e misericordiosos juízos sobre minha pessoa.
Vossa Excelsa Cleritude sentencia:
 
"Vejo que apesar de ser muito inteligente Prof. orlando fideli, o senhor não tem veracidade no que diz apenas ódio nas palavras em que escreve achando-se o senhor da verdade em apenas distorse a realidade e a verdade encontrada nos documentos da igreja”
 
Graças a Deus, não há, em seu juízo final, nada de verdadeiro no que tange a qualidades naturais que iludidamente me atribui. E que – infelizmente -- lamento não lhe poder retribuir, sem cometer julgamento falso e mentiroso. Pois amo a veracidade e não lhe tenho nenhum ódio e nem desprezo. Somente pena. Uma pena imensa de ver um jovem seminarista tão enfatuado.
 
Qui t´as rendu si vain, jeune présomtueux - perguntou o Conde ao Cid.
Claro que você meu caro amigo, não conheceu nem o Conde e nem o Cid. E é uma pena.
 
Deixe-me, então falar, agora, não mais ao seminarista e sim à sua alma.
Tenho pena de você.
Uma pena imensa por você não conhecer nem o Catecismo, nem a si mesmo, nem as suas limitações, nem nada.
Que pena!
Como você está abandonado e sem guia!
E isso lhe tira parte da culpa.
Como poderia eu ajudá-lo, além de lhe dar esta lição:
Não vejo outro modo, senão rezar por você, e pedir a Nossa Senhora, que é nossa Mãe bondosíssima, que o guarde de todo mal.
E se você quiser que eu ajude, escreva-me sem receio. Escreva-me particularmente. Estarei sempre disposto a auxiliá-lo, por enquanto apenas com minhas pobres orações. Mas, desde já, com um desejo ardente de me tornar seu amigo, e de lhe ensinar tudo o que aprendi na Igreja, nos documentos papais, no estudo da Sagrada Escritura, na cruz. Teria alegria em ajudá-lo, para que um dia Deus Nosso Senhor o faça um sacerdote realmente santo e bem sábio, que salve muitos moços, hoje, como você, tão abandonados.
Termino, pois, com uma jaculatória que aprendi num dia de aflição, numa pequena praça de uma velha e poética aldeia francesa.
Em Beaulieu sur Dordogne. Num Belo Lugar na bela Dordogne.
Lá, os camponeses sem estudo, mas sábios, haviam erguido uma imagem lindíssima de Nossa Senhora, escrevendo no pedestal: Posuimus Te custodem!
Nós Te colocamos como guardiã.
Como guardiã das videiras deles. E nas mãos da estátua da Virgem e do Menino Deus, eles haviam colocado cachos de uvas.
Desde então, sempre que desejo obter, guardar ou recuperar algo que perdi e que quero, repito: Posuit Te custodem!
Hoje, no silêncio de minha alma, na hora da Comunhão, direi bem baixinho, o que sempre digo pelas inúmeras almas que Deus colocou em meu caminho de professor:
"Minha Mãe, guarda esse moço. Guarda essa alma!”
Posuit Te custodem.
E Ela jamais deixará se perder algo que foi posto sob sua guarda.
Hoje, meu caro e desconhecido amigo, e que hoje me despreza e odeia -- só hoje -- hoje, é por você, é por sua alma, que digo a Nossa Senhora, que a todos nos salva: guarda esse bem abandonado seminarista
Posui Te custodem!
Tenho certeza que ela o guardará, e que um dia -- quem sabe dentro de algum curto tempo-- você voltará a me escrever
Estarei esperando uma carta sua, e com tal conteúdo que nos unirá sempre no Coração de Jesus.
 In Corde Jesu...
 
...In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli