Política e Sociedade
A vitória do `NÃO` no referendo da comercialização de armas
PERGUNTA
Amigos da Montfort,
As vésperas do referendo, ainda buscava algum esclarecimento sobre a posição que um católico deveria assumir, argumentos prós e contras auxiliam muito pouco, mesmo os argumentos encontrados no site ainda me colocavam numa posição de insatisafação quanto a decisão tomada, fosse ela qual fosse.
Acabei encontrando uma resposta a minhas dúvidas no texto que seque abaixo, que envio a vocês, por que imagino que, como eu, muitas pessoas recorrem a este site para ter alguma luz sobre a doutrina católica, e nesse momento buscam esclarecer a mesma dúvida que tive.
Evangelium vitae- Ioannes Paulus PP. II
CAPÍTULO III - NÃO MATARÁS - A LEI SANTA DE DEUS
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55. Não há de que se maravilhar! Matar o ser humano, no qual está presente a imagem de Deus, é pecado de particular gravidade. Só Deus é dono da vida! No entanto, frente aos múltiplos casos, frequentemente dramáticos, que a vida individual e social apresenta, a reflexão dos crentes procurou sempre alcançar um conhecimento mais completo e profundo daquilo que o mandamento de Deus proíbe e prescreve. Com efeito, há situações onde os valores propostos pela Lei de Deus parecem formar um verdadeiro paradoxo. É o caso, por exemplo, da legítima defesa, onde o direito de proteger a própria vida e o dever de não lesar a alheia se revelam, na prática, dificilmente conciliáveis. Sem dúvida que o valor intrínseco da vida e o dever de dedicar um amor a si mesmo não menor que aos outros, fundam um verdadeiro direito à própria defesa. O próprio preceito que manda amar os outros, enunciado no Antigo Testamento e confirmado por Jesus, supõe o amor a si mesmo como termo de comparação: « Amarás o teu próximo como a ti mesmo » (Mc 12, 31). Portanto, ninguém poderia renunciar ao direito de se defender por carência de amor à vida ou a si mesmo, mas apenas em virtude de um amor heróico que, na linha do espírito das bem-aventuranças evangélicas (cf. Mt 5, 38- 48), aprofunde o amor a si mesmo, transfigurando-o naquela oblação radical cujo exemplo mais sublime é o próprio Senhor Jesus.
Por outro lado, « a legítima defesa pode ser, não somente um direito, mas um dever grave, para aquele que é responsável pela vida de outrem, do bem comum da família ou da sociedade ». Acontece, infelizmente, que a necessidade de colocar o agressor em condições de não molestar implique, às vezes, a sua eliminação. Nesta hipótese, o desfecho mortal há-de ser atribuído ao próprio agressor que a tal se expôs com a sua acção, inclusive no caso em que ele não fosse moralmente responsável por falta do uso da razão.
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Um abraço e o agradecimento pelo trabalho que fazem,
Alessandro Martini