Política e Sociedade
Feminismo
PERGUNTA
Caro professor, Salve Maria:
Leio sempre o site Montfort por encontrar nele temas que muito me interessam. Além disso aprecio a forma pela qual o Sr. trata os assuntos, com objetividade e principalmente zêlo pela Fé Católica.
Sou um católico já cançado de tanto modernismo e sempre que leio esta página percebo que meu conhecimento sobre a doutrina católica aumenta ao mesmo tempo em que constato, tristemente, o quanto nós todos, vivendo nesta triste época, nos afastamos do melhor que já tivemos.
Há muitas questões de interesse para mim e a que apresento ao Sr. hoje diz respeito à questão das mulheres em sua perseguição por uma igualdade completa com os homens. Sei que esta busca a que as mulheres se dedicam tem já uns cem anos, mas hoje as exigências feministas estão em vias de transformar os homens em autênticos zumbís. Já nem se trata mais de direitos iguais, mas da imposição de uma superioridade feminina sobre tudo que é masculino. Cada vez mais as qualidades masculinas recuam diante do feminismo deixando, no meu entender, lugar apenas para apelos à emotividade e à sensibilidade exageradas e até mesmo para um misticismo onde esta mulher emancipada e vitoriosa diante do que chamam de violência masculina, surge como vanguarda de um novo mundo. Hoje os próprios homens aceitam tais afirmações de um modo tal que é praticamente impossível questionar a competência de alguma mulher em qualquer campo. Diante disso, professor, gostaria que fosse dedicado algumas linhas sobre este tema.
Desde já agradeço. Luiz, 39 anos, Rio Grande.
RESPOSTA
Muito lhe agradeço suas generosas e benevolentes palavras de apoio a nosso site, tanto mais que você demonstra apreciar não só o conteúdo do site, mas até mesmo o modo como defendemos a Fé, modo que é tão mais difícil de entender, nestes tempos sentimentais que não compreendem a necessidade do zelo forte. Que Deus lhe pague.
Uma das finalidades de nosso site -- e do modo como atuamos -- é exatamente levar uma mensagem de luta e de coragem para os bons católicos que estão desanimados pela frouxidão e pela indiferença dos católicos diante dos ataques que sofre a verdade católica.
Nosso site é um grito de combate em defesa da Fé tão traída ou tão abandonada.
Peço-lhe que reze por nós, para que Deus nos dê força e prudência nesse combate.
O feminismo explora o sofisma da igualdade de direitos. Sofisma, digo-lhe, porque: de fato o homem e a mulher, tendo a mesma natureza, têm direitos naturais iguais. Acontece, porém, que nós não temos apenas direitos naturais. Temos também direitos acidentais diferentes, porque somos diferentes nos acidentes de nossa natureza. (Rogo-lhe que consulte nosso trabalho sobre desigualdade e igualdade de direitos no site Montfort).
A mulher tem certos direitos acidentais que o homem não tem, assim como o homem tem certos direitos acidentais que não cabem à mulher. Deus fez o homem e a mulher semelhantes, mas não iguais. O sofisma revolucionário que hoje se explora, nessa questão, visa lançar a mulher contra o homem. O que se visa é instigar a revolta.
Do mesmo modo, se procura instigar a revolta entre ricos e pobres, professores e alunos, patrões e operários, honestos e criminosos, brancos contra negros e vice-versa, colônias contra metrópoles, leigos contra clérigos, etc. Só se visa a revolta, e produzir revolução. Visa-se uma igualdade que, no fundo, coloca sempre a autoridade em cheque.
O feminismo, hoje, visa até a ordenação de mulheres a pretexto de igualdade, coisa que o Papa João Paulo II tem condenado reiteradamente. E o que é o feminismo, senão o movimento que insufla nas mulheres a idéia de que devem ter o homem como modelo? Que espírito move o feminismo, senão o de apresentar o homem como inimigo e rival, ou explorador da mulher?
E qual o resultado disso? É a rebeldia das filhas contra os pais, a revolta das esposas contra os maridos -- o que não visa justificar e nem defender abusos absurdos de certos maridos que espezinham suas esposas até com violência o que é, evidentemente, pecado. Resultado final é a gestação de uma mentalidade revoltada que só ajuda os partidos revolucionários. Causa-se o ódio e a revolta, para produzir o caos e a revolução.
Nessa questão, o modelo é dado pelo relacionamento entre Cristo e a Igreja, simbolizado no matrimônio. Cristo é o esposo da Igreja, que é submissa a Cristo. Mas essa submissão não implica abuso por parte de Cristo sobre a Igreja, que dá a Ela um tratamento santo e digno.
Recomendo-lhe que, para entender bem esse problema, leia o que diz São Paulo, em suas Epístolas tão sábias.
Um santo Natal é o que lhe desejo, junto com a apresentação de um desejo meu: escreva-me sempre.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli