Polêmicas

Fraticello da FSSPX ri da Montfort
PERGUNTA
Enviada em:
22/11/2021

Prezados,

 

Salve Maria!

 

Recentemente tive contato nas redes sociais com um comentário a respeito de outra carta enviada à vocês. (http://www.montfort.org.br/bra/cartas/ultimas/20211004113537/ ); Se possível, gostaria que vocês esclarecessem essas afirmações. (Print anexo)

Muito obrigado!

 

 “Queria comentar isso já há alguns dias, mas, como estava zucado, não consegui. Se essa não for a maior, está entre as maiores besteiras que já li na vida. Aliás, não sei se é besteira ou se é desonestidade mesmo. Primeiramente que se não fosse a Fraternidade não haveria qualquer autorização de Missa em São Paulo desde a promulgação do novo missal por Paulo VI, tanto que o atual Motu Proprio está ai para provar exatamente isso, afinal o próprio Papa disse que o missal de Paulo VI é a única expressão da Lex Orandi da Igreja. Ora, pela lógica desse texto risivel: se a situação da Fraternidade é irregular, a dos católicos montfortinos só seria regular se frequentassem a única expressão do rito romano segundo Papa: o novus ordo missæ (em minúsculo mesmo). Segundo que, desde a morte do Professor Orlando Fedeli, tal associação virou um antro de hipocrisia e de fofoca, que vai desde criticar os tais "influencers católicos", quando alguns deles frequentam a própria associação, até criticar a fraternidade quando um ou outro membro vai na missa da Fraternidade aos domingos. Não vemos desde então nenhuma obra relevante, se lutam pela missa não vemos o mesmo com relação à doutrina, e como qualquer um que não seja modernista sabe: a luta pela doutrina e pela missa é indivisível. Desde a divisão ocorrida, onde a "elite intelectual ficou com o Colégio São Mauro, essa associação se tornou menos relevante que o Centro Dom Bosco, isso porque o CDB ainda publica um ou outro livro que preste” (Comentário no Facebook relativo à resposta a uma carta em nosso site com o título: “Seminário da FSSPX vs Seminário do IBP”).

RESPOSTA
   

Muito prezado Dalton, salve Maria!

Agradeço muitíssimo a sua missiva que expõe os ataques desse pretenso apologista da FSSPX, e para não revelar o nome do dito personagem, pois nossa intenção é sobretudo desbancar os argumentos infundados e pouca importância dar a destiladores de impropérios, eu chamarei o adversário em questão de fraticello, uma singela homenagem, esse mesmo que me disseram que já colheu muitos frutos da Montfort, inclusive, do seu próprio casamento que segundo fonte fidedigna foi celebrado por um padre muito amigo nosso, que aprendeu a Santa Missa Tridentina com ajuda do nosso insignificante apostolado e inclusive os acólitos.

Começarei pelos ataques pessoais, apesar de menos importantes, como já dizia nosso saudoso professor:

"(...) é natural que o inimigo procure que desviemos o ataque do ponto crucial, fazendo fogo estrepitoso noutro ponto, para que nos desviemos nossa atenção do ponto crucial que está sendo atingido. Deixemos, pois, essa gentinha fazer alarido e lançar lama sobre nós. Continuemos a atacar o ponto principal (...) Calúnias são como busca pé: fazem barulho, “brilham” um momento, mas nem ilumina e nem aquece. Tem “brilho” bem fugaz. Nada se lê à luz de busca pé. E ninguém se esquenta ao calor de um busca-pé. Pois nos recomenda a Sagrada Escritura: “Não respondas ao louco segundo a sua loucura, para não vires a ser semelhante a ele. Responde ao louco segundo merece sua loucura para que ele não imagine que é sábio” (Prov., 4-5). Só se responde ao louco se se pode fazer algum bem, e só quando for conveniente para razões mais altas".

1) “desde a morte do Professor Orlando Fedeli, tal associação virou um antro de hipocrisia e de fofoca, que vai desde criticar os tais "influencers católicos", quando alguns deles frequentam a própria associação, até criticar a fraternidade quando um ou outro membro vai na missa da Fraternidade aos domingos. Não vemos desde então nenhuma obra relevante, se lutam pela missa não vemos o mesmo com relação à doutrina, e como qualquer um que não seja modernista sabe: a luta pela doutrina e pela missa é indivisível”.

Primeiro, prezado fraticello, só queria lembra-lo que as acusações, sejam falsas ou verdadeiras, sobretudo públicas como você faz, deverão ser julgadas, um dia, diante de Deus, por isso, espero que você esteja ciente da gravidade de tais acusações, um dia estaremos nós diante do Terrível Juiz, de quem nada pode ser escondido, e aí tais acusações serão expostas diante do fogo insaciável da justiça, espero, caro Fraticello, que você não queime a linguinha.

Segundo você a Montfort virou um “antro de hipocrisia e de fofoca”, não me lembro de tê-lo visto frequentar nossa sede, ou seja, tais acusações você muito provavelmente recebeu de outros, e tanto você como esses “outros” têm responsabilidade sobre elas, se somos hipócritas e fofoqueiros, deveremos responder isso diante de Deus, que ele tenha piedade se somos culpados de tantos pecados. Mas você, prezado fraticello, nos acusa de hipocrisia, entretanto, você mesmo já provou dos frutos do nosso apostolado (como mostrei no começo dessa missiva) e ainda sim nos acusa de que “Não vemos desde então nenhuma obra relevante”, quem seria então hipócrita? Será que o fato de mais padres rezarem a Missa de Sempre, acólitos formados nesse intuito e mesmo, ainda que muito indiretamente, contribuir para que uma nova família católica se forme, seria uma obra relevante?

É próprio do hipócrita acusar os outros daquilo que ele próprio pratica. Quem seria o fofoqueiro que profere acusações infundadas e mesmo ingratas pelas janelas das calúnias da internet que temos por aí sem pelo menos uma vez ter frequentado nosso meio? Só queria lembrá-lo, caro fraticello, que quem acusa segundo as injustiças de terceiros, é duplamente injusto, e você será cobrado, duplamente, por suas acusações, senão pelos homens, com certeza por Deus!

De fato da Montfort “Não vemos desde então nenhuma obra relevante”, porque certo é que não somos relevantes, as poucas obras que fazemos são miseráveis, porque nós somos miseráveis, e o pouco das misérias que fazemos devemos dedicar a Nosso Senhor que ensina: “Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará recompensa” (Mt 6, 1-6). Que as nossas miseráveis obras, que fazemos com tanto esforço e graças à misericórdia de Deus, fiquem sempre escondidas de olhos ávidos de calúnias como os seus, e se revele apenas para os olhos misericordiosos de Deus que tudo pesa segundo seu divino amor.

É muito provável que não tenhamos mais a mesma pujança intelectual da época do Professor Orlando, ou de outras épocas, todavia, caro fraticello, não seremos cobrados pelo que não somos capazes de fazer, seremos cobrados pelo que fazemos segundo a medida de nossas capacidades, e assim, apesar das negligências, fazemos tudo o que podemos. Com respeito aos “influencers católicos” acho que as suas comadres de internet estão um tanto quanto desatualizadas, critique e exponha os erros desses “influencers católicos” e pergunte a eles se de fato pertencem a nossas fileiras, acho que você vai ser surpreender!

Ora, pela lógica desse texto risivel: se a situação da Fraternidade é irregular, a dos católicos montfortinos só seria regular se frequentassem a única expressão do rito romano segundo Papa: o novus ordo missæ (em minúsculo mesmo)”.

Como todo adversário falacioso, você generaliza um princípio para nos acusar injustamente, pois pela lógica do nosso apostolado você sabe bem que ordens, mesmo do Sumo Pontífice, relativas à licitude da Missa nova e obediência ao CVII são prontamente consideradas ilícitas. O que criticamos na FSSPX é que, quase como uma “Igreja paralela”, ela por princípio se faz insubmissa à Roma, mesmo com relação às ordens mais legítimas do Sumo Pontífice.

Não tenho dúvidas de que só temos hoje em dia esse tesouro da Santa Missa Tridentina graças à heroica resistência do santo bispo Dom Marcel Lefebvre (“santo” por minha conta e risco). Entretanto não me parece que a FSSPX se faz fiel aos princípios hierárquicos que eram tão claros para Dom Marcel, veja essa citação dele sobre a suplência tão pouco conhecido:

“Durante minhas visitas [ao Vaticano], você [Cardeal Seper então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé] me comunicou várias vezes de um documento que deveria colocar fim ao ostracismo da liturgia anterior a 1969. Nos o aguardamos com uma grande esperança. Ele causará um grande alívio na Igreja e será a ocasião de uma grande renovação do fervor e de fé. O documento será a ocasião de normalizar novamente as relações entre a Fraternidade Sacerdotal e a Santa Sé e tirará todo o motivo a um apostolado de suplência” (Intinéraires, Chroniques et documents. Número spécial hors série: Mgr Marcel Lefebvre et Le Vatican sous Le pontificat de Jean-Paul II I- Jusqu’à la mort du cardinal Seper, p. 51).

“Mas, veja, o poder de suplência não se estende indistintamente a todo o poder de governo.  Isso que significa que os Superiores da Fraternidade não podem pretender estar à frente de um instituto, no sentido canônico do termo. Eles estão à frente de uma associação de Padres, que se encontram reunidos, partilhando os mesmos ideais, para se ajudar mutuamente, mas não existe um instituto canônico propriamente dito. E por quê? Porque se se considera que se trata de um instituto propriamente dito, isto significa que eles teriam uma autoridade religiosa própria, com pleno poder de governo. Se eles se atribuem esse poder de governo, sem jamais terem recebido esse poder de Roma, por consequência, eles se estabelecem enquanto tal ao lado do poder romano. E isso é precisamente a definição de um cisma » (Entrevista com o Padre Mercury, excluído da FSSPX, postado no site Montfort, http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/entrevista-com-o-padre-mercury-excluido-da-fsspx-o-bispo-e-soberano-em-sua-diocese/ )

Continua o padre Mercury:

Qual o risco em se alargar o conceito de suplência além dos limites determinados pela própria Igreja?

  Eu não nego a possibilidade de utilizar o processo da suplência para dar continuação a um trabalho apostólico, eu mesmo utilizei esse princípio durante 25 anos e isso não me incomodou em nada. Mas sob a condição de saber que a suplência possui aplicações que são limitadas e, se não se respeita esses limites, colocam-se atos que estão fora do âmbito da suplência e, portanto, fora da mão da Igreja. Assim esses atos não podem assegurar a salvação das almas, contrariamente ao que a Fraternidade tem tendência a afirmar. Eu destaco ainda que o aparecimento dos institutos reconhecidos canonicamente como a Fraternidade São Pedro, o Instituto do Cristo Rei e o Instituto do Bom Pastor, falando de maneira cronológica, a aparição desses institutos hipoteca cada vez mais a possibilidade da São Pio X de reivindicar a suplência, no que concerne aos sacramentos da Penitência e do Matrimônio. Claro, sabemos que é preciso bem discernir a ignorância ou a confusão que podem existir na cabeça dos fiéis, porém, no nível dos princípios, é preciso que nós vejamos claro sobre esta questão”. 

Veja, prezado fraticello, que a acusação de que a FSSPX não utiliza a suplência de forma honesta, ou pelo menos, de forma correta, e existe um alargamento proposital do princípio para que a insubmissão da FSSPX diante das autoridades se perpetue, não é exclusividade da Montfort.

Para finalizar essa missiva, meu caro fraticello, que já vai demasiada longa, lembro que muitos inimigos já cantam a vitória, “a Montfort acabou!”, “viva, não resta mais ninguém na Montfort, todos abandonaram o barco, não tem mais relevância!”. Lembro das sábias palavras de Gamaliel, mestre de São Paulo Apóstolo: "Se esta obra é de homens, não triunfará. ... Mas se é de Deus, não a combatais, pois estareis combatendo o próprio Deus" (Atos 5:34-39). A Montfort não tem importância nenhuma, amanhã Deus pode querê-la solapada, dispersada, Glória a Deus! Deus tudo nos deu, e pode tudo nos tirar quando quiser, e que seu Nome seja sempre glorificado.

Agora,enquanto Deus quiser ainda utilizar, por pura misericórdia, desses pobres miseráveis que combatem por seu Amor, cuidado, pois as calúnias, e a alegria dos maus tornam-se ânimo novo, e forças ainda mais abrasadas para aqueles que combatem o bom combate pela glória de Deus. O grito de vitória dos covardes soa como a corneta de guerra convocando mesmo os cansados, combalidos, miseráveis,para combater até o último suspiro (Então, irado, o pai de família disse a seu servo: Sai, sem demora, pelas praças e pelas ruas da cidade e introduz aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos (...) Pois vos digo: nenhum daqueles homens, que foram convidados, provará a minha ceia – Mt 14, 21) a nossa galera,talvez menor do que nunca, ainda faz muito barulho em que os inimigos covardes não suportam os tímpanos, a nossa espada continua em riste, pronta para o embate, afiada pelo santo Rosário da Puríssima Virgem:

“Essa fidelidade do velho escultor à sua goiva, gasta e velha, me fez lembrar de Davi, que preferiu usar sua funda de pastor do que a armadura e a espada afiada e forte de Saul, quando foi enfrentar Golias. Assim também velhos cruzados, preferiam usar suas velhas espadas gastas do que novas, que não haviam sido suas companheiras de combate.

 Essa é minha esperança. Que Deus perdoe este professor que ele usou como velha goiva sem gume e sem valor, mas que usada por Deus benevolamente pode ser instrumento índigno de tantas conversões. Daí, a minha esperança na eterna fidelidade de Deus, que prefere usar goivas indignas para fazer suas obras. Como me apresentarei diante de Jesus, meu Juiz terrível e pleno de misericórdia?  Mas só posso me apresentar como sempre fui e como sou: pecador e combatente” (Orlando Fedeli).

Se Deus me permitir fazer um último pedido, em um último suspiro, que Ele me dê forças e fidelidade para bradar: “mais um combate, Rei dos céus, Senhor dos senhores, um último combate, pela tua honra, só para tua glória!”. Pois como aprendemos: “não temer as duras batalhas, mas querê-las”.

In báculo Cruce et in virga Virgine,

Francis Mauro Rocha.