Polêmicas
O que a Montfort defende? [2]
PERGUNTA
Nome:
Álvaro Lisboa
Enviada em:
03/01/2010
Local:
Maceió - AL, Brasil
Religião:
Católica
Escolaridade:
Superior em andamento
Profissão:
Estudante
Caro professor Orlando Fedelli,
Muito me espanta o quanto em curtas linhas o senhor consegue afirmar aquilo o que eu outrora havia repetido: Nemo dat quod non habet. De fato, ninguém dá aquilo que não tem, e minha pretenção não foi nunca de tentar ensinar algo ao senhor, até porque pela sua formação, experiência e sabedoria, não há como comparar meu conhecimento telógico com o seu.
Ainda volto a afirmar, que o senhor não pode dar aquilo que não tem. E ser Igreja, significa "ser amor". Ou ser de Deus, aquilo que se é afirmado no Pai-nosso, é deixar com que "Deus seja tudo em todos", e como na sua primeira encíclica o Papa Bento XVI titulou: "Deus caritas est", e ser Igreja, defender a fé católica, exige um minímo de caridade, o laço com a perfeição, a qual busco, e imagino também que o senhor a busque, a perfeição em Deus.
Na resposta a minha carta, o senhor afirmou que a Missa não é uma ceia, e de fato não é, apenas. O senhor me indicou a Mediator Dei de Pio XII, e lá se encontra redigido o seguinte: "A Igreja, pois, fiel ao mandato recebido do seu Fundador, continua o ofício sacerdotal de Jesus Cristo, sobretudo com a sagrada liturgia. E o faz em primeiro lugar no altar, onde o sacrifício da cruz é perpetuamente representado e renovado, com a só diferença no modo de oferecer;" Continuar o ofício sacerdotal de Jesus Cristo, mesmo que como Igreja discente, significa assumir uma realidade talvez maior do que o conhecimento puramente teológico. - "onde o sacrifício da cruz é continuado" - o senhor, mais do que eu, sabe que a Redenção tinha de passar pela cruz, que o erro dos fiéis no princípio, foi de não entender o "escândalo da cruz". Ou seja, se na Santa Missa representamos o "sacrifício da cruz", então é na mesma que se inicia o projeto da Salvação, é lá, na hóstia consagrada, que Cristo ressucita em nós, que o Deus amor, se faz vivo em cada um de nós. Ainda sobre a representação da grandeza de Cristo, a qual comentei e o senhor acusa de erro, encontra-se assim escrito por Pio XII: "Os infinitos e imensos méritos desse sacrifício, com efeito, não têm limites: estendem-se à universalidade dos homens de todo lugar e de todo tempo, porque, nele, o sacerdote e a vítima é Deus Homem; porque a sua imolação como a sua obediência à vontade do Eterno Pai foi perfeitíssima, e porque foi como Cabeça do gênero humano, que ele quis morrer." Se os infinitos méritos da cruz não correspondem a grandeza de Deus, não sei em que o Senhor acredita.
"Vós sois templos do Espírito Santo". "Amai-vos uns aos outros assim como Eu vou amei". Caro Orlando, ser Igreja, ainda que discente, é ser amor. É respeitar o sacrifício de Cristo para com a humanidade e difundir a verdade que é caridosa, que é sabedoria do altíssimo e não tradicionalismo interpretativo como o senhor julga ser.
Que bom que o senhor admite: "Sempre ensinei o oposto: o Vaticano II foi FALÍVEL". Afinal o senhor também sabiamente conclui: "Nós não somos a Igreja.", então não cabe ao senhor definir aquilo o que é válido ou não.
O senhor ainda me indica orar pela vitória sobre a presunção. Que o Senhor me faça humilde. esvazie meu ser e preencha-o com Sua sabedoria, com sua história que me é entregue pela Eucaristia.
Que Deus o abençoe.
Dei, solum.
Muito me espanta o quanto em curtas linhas o senhor consegue afirmar aquilo o que eu outrora havia repetido: Nemo dat quod non habet. De fato, ninguém dá aquilo que não tem, e minha pretenção não foi nunca de tentar ensinar algo ao senhor, até porque pela sua formação, experiência e sabedoria, não há como comparar meu conhecimento telógico com o seu.
Ainda volto a afirmar, que o senhor não pode dar aquilo que não tem. E ser Igreja, significa "ser amor". Ou ser de Deus, aquilo que se é afirmado no Pai-nosso, é deixar com que "Deus seja tudo em todos", e como na sua primeira encíclica o Papa Bento XVI titulou: "Deus caritas est", e ser Igreja, defender a fé católica, exige um minímo de caridade, o laço com a perfeição, a qual busco, e imagino também que o senhor a busque, a perfeição em Deus.
Na resposta a minha carta, o senhor afirmou que a Missa não é uma ceia, e de fato não é, apenas. O senhor me indicou a Mediator Dei de Pio XII, e lá se encontra redigido o seguinte: "A Igreja, pois, fiel ao mandato recebido do seu Fundador, continua o ofício sacerdotal de Jesus Cristo, sobretudo com a sagrada liturgia. E o faz em primeiro lugar no altar, onde o sacrifício da cruz é perpetuamente representado e renovado, com a só diferença no modo de oferecer;" Continuar o ofício sacerdotal de Jesus Cristo, mesmo que como Igreja discente, significa assumir uma realidade talvez maior do que o conhecimento puramente teológico. - "onde o sacrifício da cruz é continuado" - o senhor, mais do que eu, sabe que a Redenção tinha de passar pela cruz, que o erro dos fiéis no princípio, foi de não entender o "escândalo da cruz". Ou seja, se na Santa Missa representamos o "sacrifício da cruz", então é na mesma que se inicia o projeto da Salvação, é lá, na hóstia consagrada, que Cristo ressucita em nós, que o Deus amor, se faz vivo em cada um de nós. Ainda sobre a representação da grandeza de Cristo, a qual comentei e o senhor acusa de erro, encontra-se assim escrito por Pio XII: "Os infinitos e imensos méritos desse sacrifício, com efeito, não têm limites: estendem-se à universalidade dos homens de todo lugar e de todo tempo, porque, nele, o sacerdote e a vítima é Deus Homem; porque a sua imolação como a sua obediência à vontade do Eterno Pai foi perfeitíssima, e porque foi como Cabeça do gênero humano, que ele quis morrer." Se os infinitos méritos da cruz não correspondem a grandeza de Deus, não sei em que o Senhor acredita.
"Vós sois templos do Espírito Santo". "Amai-vos uns aos outros assim como Eu vou amei". Caro Orlando, ser Igreja, ainda que discente, é ser amor. É respeitar o sacrifício de Cristo para com a humanidade e difundir a verdade que é caridosa, que é sabedoria do altíssimo e não tradicionalismo interpretativo como o senhor julga ser.
Que bom que o senhor admite: "Sempre ensinei o oposto: o Vaticano II foi FALÍVEL". Afinal o senhor também sabiamente conclui: "Nós não somos a Igreja.", então não cabe ao senhor definir aquilo o que é válido ou não.
O senhor ainda me indica orar pela vitória sobre a presunção. Que o Senhor me faça humilde. esvazie meu ser e preencha-o com Sua sabedoria, com sua história que me é entregue pela Eucaristia.
Que Deus o abençoe.
Dei, solum.
RESPOSTA
Muito prezado Álvaro,
Salve Maria.
Você declara que não sabe o que a Montfort defende. Mas, apesar de não saber o que defendo, me critica. Uma coisa você sabe: que eu não tenho caridade. Coisa que só Deus pode saber, pois só Deus conhece o que somos realmente. Mas pelo menos você imagina que eu busque a perfeição. O que já é alguma coisa.
Você diz que Deus é amor...
Diga-me: que é o amor?
E como o Deus Amor escreveu o terrível Salmo CVIII?
É o amor que o faz me escrever manifestando tanta amargura e insatisfação em sua alma?
Disse-lhe que pedisse a Deus graças para você vencer sua presunção.
Ora eis o que você escreveu, julgando estar pontificando e ensinando:
“Ou seja, se na Santa Missa representamos o "sacrifício da cruz", então é na mesma que se inicia o projeto da Salvação, é lá, na hóstia consagrada, que Cristo ressucita em nós, que o Deus amor, se faz vivo em cada um de nós”.
Meu caro, dizer que na Missa “representamos” o sacrifício da Cruz é heresia. A Missa não é um teatro onde se representa a morte de Cristo na Cruz. Na Missa se renova misticamente a morte de Cristo.
E também não é certo dizer que Deus se faz vivo em nós pela Missa e pela comunhão. Cristo está vivo, pois já ressuscitou. Cristo não nos torna vivos quando comungamos. Ele aumenta então a vida da graça em nós, se bem comungamos. Pois que para receber a Cristo eucarístico devemos já antes estar vivos pela graça santificante. É sacrilégio comungar estando mortos pelo pecado mortal.
Esta pequena lição caridosa a dou para ajudar sua alma a ser um pouco mais humilde.
E desde quando eu me disse tradicionalista?
Claro que defendo a Tradição da Igreja, mas evito dizer-me simplesmente tradicionalista por causa dos múltiplos sentidos que essa palavra tem. Por exemplo, o Vaticano I, o Concílio infalivel de 1870, condenou o fideísmo dos filósofos tradicionalistas. A TFP se diz defensora da Tradição e o gnóstco Rene Guenon chamava a Gnose de Tradição. E Cristo condenou a tradição (cabalah) dos fariseus.
Ao me atribuir o adjetivo tradicionalista, você mostra a presunção de saber o que é o tradicionalismo, e o que pretende saber de mim mesmo internamente.
Em suma, você pretende dar o que não tem: sabedoria e humildade, bancando ter uma caridade que não possui, pois não pode haver caridade sem a verdade.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
PS. Poderia perguntar-lhe qual é a sua profissão? Por que você não a colocou em seus dados pessoais? Estudou você em seminário? Seu estilo e seu “amor” me parecem tão seminarísticos... ou será imaginação minha? OF