Polêmicas
Comentário de uma resposta-conselho de um padre
PERGUNTA
Muito prezado Professor Orlando
Ao questionar um padre católico sobre as várias dificuldades encontradas hoje nos ambientes de trabalho (salários baixos, ociosidade, desânimo, negativismo), eu comentei com o padre que a Fé Cristã poderia ajudar muito na amenização dessas "pesadas cargas" que estão sendo verificadas, nesses ambientes.
Veja, abaixo, a resposta que obtive do padre. Apreciaria muito se o senhor pudesse comentá-la.
Cordiais saudações,
Marcos
"Como lhe disse, pouco adianta pedir soluções a Deus, porque já as forneceu todas e mais algumas ainda. Os problemas no trabalho são de ordem política e econômica, e não teológica, e são originados pela corrupção e falhas humanas, que são opções livres, por mais idiotas que sejam. Sendo que a esperança é a última que morre, continuemos esperando, mesmo que seja sentados, mas não de braços cruzados. É preciso fazer nossa parte, refletir, oferecer sugestões, propostas e iniciativas. Não é fácil, mas não é impossível. O importante é não permitir que o negativismo se torne em derrotismo e provoque gastrites, úlceras estomacais, prisão de ventre e o diabo a quatro, enfim somatizações. Apesar de tudo, a vida continua maravilhosa e nós somos privilegiados em comparação com tantos bilhões de outros nossos irmãos ."
RESPOSTA
Você me pede que comente a resposta-conselho que um padre lhe deu sobre problemas comuns à vida profissional.
A resposta desse sacerdote poderia ser a de um pagão. Não há, nas palavras desse padre nada de sobrenatural, nada nem mesmo de elevado.
A reposta dele é a de um naturalista sem fé nenhuma.
Cristo Deus nos disse:
"Sem Mim, nada podeis fazer" ( Jo.XV, 5).
Sem a graça de Deus não podemos fazer nada. Mesmo os mais simples problemas, se Deus não nos assiste com a sua graça, continuamente, nada podemos fazer. Para esse padre, porém, tudo se resume a atuar bem, para evitar "somatizações".
E a glória de Deus está bem longe de suas vistas.
Para ele, haveria uma separação completa entre a vida econômica e profissional e a vida sobrenatural. Esse pobre sacerdote é um laicista completo. E até, se se levar a fundo a separação que ele coloca entre as atividades mundanas e a Fé, se poderia dizer, com Bonifácio VIII, que ele admite dois princípios opostos e separados: o do bem, o divino, e outro natural, sem relação um com o outro. Portanto, ele admitindo dois princípios no governo do mundo, ele seria, no fundo, um dualista maniqueu, pelo menos, prático.
E ele afirma com o maior caradurismo do mundo, que "pouco adianta pedir soluções a Deus, porque já as forneceu todas e mais algumas ainda".
Como esse Padre reza, então, o Pai Nosso, todo o dia, em sua Missa?
Cristo nos ensinou a rezar o Pai Nosso, pedindo a Deus tudo o que necessitamos.
Se "pouco adianta pedir soluções a Deus", para que existem os Padres?
Para que existe esse homem, como sacerdote?
O que ele afirma é a negação do próprio motivo de ser sacerdote.
É a existência de Padres desse tipo, hoje, que explica o colapso da Fé entre os católicos de nosso tempo.
Desgraçadamente.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.