Polêmicas

Canção Nova, RCC e Concílio Vaticano II
PERGUNTA
Nome:
Rodrigo
Enviada em:
21/04/2004
Local:
Ipatinga - MG,
Religião:
Católica (RCC)
Idade:
23 anos
Escolaridade:
2.o grau concluído

Caro Orlando Fedeli;

Graça e paz!

Gostaria de fazer alguns comentários acerca da correspondência do senhor e Glaucio (aluno do Padre Estevão). Obs; as frases entre parênteses são as suas colocações.

(E de onde tirou você esse absurdo que alguém possa ser " herege" e, ao mesmo tempo, um filho predileto de Nossa Senhora ?)

A predileção de Nossa Senhora não diz respeito a ortodoxia do sacerdote, mas ao ministério a ele confiado legitimamente. A predileção esta conferida a marca indelével do sacramento da ordem que esta na alma do padre e não a sua situação de herege. Saiba pois que nem a praga da heresia é capaz de subtrair a graça do sacerdócio.

(Querer aproveitar algo de movimentos doutrinários heréticos ou influenciados pela heresia é como querer aproveitar a visita de um ladrão, e aproveitar de seu roubo)

Aqui o senhor acusa toda comunidade canção nova de herética, explicitamente.

Talvez não seja do conhecimento do senhor que o santo padre em uma de suas catequeses deu uma benção apostólica a todo sistema canção nova e aos seus membros, estimulando-os a levarem adiante a ombra iniciada.Creio eu, que seria incoerente da parte de ´´Pedro`` que é o pastor da igreja, abençoar movimentos heréticos como o senhor definiu.

Discurso de Paulo VI " A igreja atravessa, hoje, um momento de inquietação. Alguns se exercem na auto crítica, dir-se-ia que até na auto demolição. É como se houvesse um revolvimento interior agudo e complexo, que ninguém teria esperado depois do Concílio. Pensava-se que haveria um florescimento, uma expansão serena dos conceitos amadurecidos na grande assembléia conciliar. Existe também esse aspeto na Igreja, existe o florescimento, mas... nota-se mais ainda o aspeto doloroso. A Igreja é golpeada também por quem faz parte dela".

(Ficou-lhe claro que Paulo Vi se referia aos frutos amargos do Vaticano II já em 1968?)

Não vejo com esta claridade que o senhor afirma ver. Parece-me que o senhor aceita a ipôtese de que a igreja possa ensinar erros. O que confere o dogma da infabilidade papal acerta de moral e fé(doutrina), é o fato provado que nenhum papa contradice outro a esse respeito. Porém o senhor cita Pio X, como se ele, antes mesmo do acontecimento do concílio vaticaII, já o condenace. Paulo VI, faz referência aos erros de interpretação do que foi proposto no concílio vaticano II e não ao conteúdo dele. Uma coisa é voz da igreja, outra são os ouvidos dos filhos da igreja, que muitas vezes mutiplicam as interpretações ao seu gosto. E embora Paulo VI afirme que os aspectos dolorosos são maiores, ele não deixa de afirmar que existem bons frutos (o senhor parece não ter visto o aspecto luminoso). Ensisto!o erro esta na forma como muitos filhos da igreja colocaram o concílio em prática e não no seu conteúdo puro, como nos foi propósto.

Lembro também que João PauloII faz referência aos ensinamentos do CVII em diversos documentos seus e demonstra sempre que espera de todos os fiéis uma vivência profunda de tudo o que foi proposto nele.

agradeço a atenção e aguardo anciosamente uma resposta.

Rodrigo Virtuoso
DES/ de Ipatinga

RESPOSTA
Prezado Rodrigo, salve Maria !

Sua carta é uma demonstração da absoluta falta de conhecimento de doutrina católica existente entre os seguidores da Canção Nova. Lamentável.

Claro que um padre herege -- e só é herege quem nega um dogma de modo contumaz -- continua sendo padre até no inferno. Lutero era padre, e continuou padre até o fim, porque o Sacramento da Ordem imprime caráter na alma do sacerdote.

Mas um herege é um homem que comete um dos piores pecados que possa existir, e jamais um herege contumaz é um predileto de Nossa Senhora. Não estou aqui me referindo, concretamente, a nenhum padre, mas tratando a questão apenas teoricamente, sem me referir a padre nenhum. Nem a Padre Jonas Abib, em cujos livrecos há muito erros graves contra Fé, infelizmente.

Você parece não entender bem português. Disse e repito que a RCC se originou do protestantismo, que é uma árvore má. E da árvore má, ensinou Jesus, não se pode colher bom fruto.

Ainda este ano o papa abençoou o Cardeal Amigo, que ele nomeara para cardeal de Sevilha. Nesta semana ainda Cardeal Amigo defendeu o casamento de homossexuais que o Papa condena. Então não é porque o papa abençoa alguém ou elogia um movimento que esse movimento é perfeito. João Paulo II, em carta aos bispos da CNBB declarou, em abril de 1985, que a Teologia da Libertação era "útil, necessária e oportuna". E, depois, condenou a Teologia da Libertação.

E agora, Rodrigo ?

Você me diz: "Não vejo com esta claridade que o senhor afirma ver" o mal do Vaticano II.

Dai que se conclui?

Que você não tem boa vista.

Recomendo-lhe um bom colírio, e um bom estudo das encíclicas papais.

O que confere credibilidade à infalibilidade papal é a palavra de Cristo, no Evangelho, e a definição feita pela Igerja da infalibilidade papal como dogma.

O fato de que nenhum Papa jamais ensinou um erro, quando falou como Papa, só comprova, a posteriori, a verdade do dogma. Mas a infalibilidade da Igreja se exerce só nos documentos em que ela mesmo declara que usou da infalibilidade. Paulo VI declarou que o Vatiano II não se exprimiu infalivelmente.

Não adianta, então, você declarar o Vaticano II infalível, por duas razões:

1) O Vaticano II foi um Concílio pastoral e não infalível;

2) Você não tem poder nenhum para declarar o Vaticano II infalível contra o que decidiram João XXIII e Paulo VI.

Para provar que o Vaticano II ensinou uma doutrina errada - diferente daquela que a Igreja sempre ensinou, recomendo-lhe que leia o livro "Concílio Vaticano II, Análise e Prospectivas", organizado pelo Padre Paulo Sérgio Lopes Gonçalves e pela Irmã Ivanise Bombonatto, Ed. Paulinas, São Paulo, 2.004, livro que é uma confissão escandalosa de que o Vaticano II ensinou uma doutrina diferente da doutrina católica de sempre. Logo, que ensinou erros e heresias.

Julgando ter elucidado suas dúvidas, me subscrevo atenciosamente,

in Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli