Outros temas

Associação Montfort e Vaticano - II
PERGUNTA
Nome:
André Machado Coelho
Enviada em:
11/01/2007
Local:
SC, Brasil
Religião:
Católica
Idade:
26 anos
Escolaridade:
Pós-graduação concluída
Profissão:
Advogado



Caro Professor Fedeli,

Gostaria primeiro de lhe agradecer pela prontidão com a qual respondeu meu questionamento. Ainda mais com duas mil e tantas cartas a responder.

Sua explanação foi bastante esclarecedora quanto a natureza e finalidade da Associação. Na verdade era o que estava no meu pensamento, queria apenas saber se havia algum vínculo entre a Monfort e o Vaticano, além do Batismo. Ratifico o que escrevi anteriormente, acho grandioso, válido e rico o trabalho desenvolvido embora, repito, discorde de alguns entendimentos.

Sobre as tristes constatações estatísticas redigidas, já eram do meu conhecimento, não em números tão exatos, mas o "abandono" dos católicos a sua fé, principalmente no velho continente, é visível.

Não concordo, no entanto, que o senhor atribua às mudanças trazidas pelo Vaticano II o único motivo dessas perdas. De qualquer forma, meus argumentos não terão o conhecimento demonstrado pelo senhor, então, para evitar "erros grosseiros", lhe faço nova pergunta: Porque atribuir ao Concílio Vaticano II a causa dessas perdas?

Li alguns de seus artigos e respostas sobre o assunto, e vi sua posição contrária ao Vaticano II, dizendo ser ele inútil e obscuro, trazendo confusão à Igreja. Mas, até onde as idéias do Concílio perjudicaram a fé católica, ao ponto de perder fiéis? Não há então posições positivas trazidas pela Igreja do Vaticano II?

Quanto a Igreja "Una, santa e pecadora", o senhor tem razão, o credo é outro. De qualquer forma, retiro o último adjetivo da Igreja, e atribuo aos fiéis, esses são pecadores, sem exceção ou estou equivocado novamente?

Em relação ao meu gosto pela história, vou lhe esclarecer. Afirmei que sempre gostei de história, porém, não sou estudioso no assunto. Quando escrevi "sempre gostei de história" estava me referindo aos bancos escolares, quando, de fato, era uma das minhas matérias favoritas.

Então, perdão professor pelo erro grosseiro que o senhor afirma ter eu cometido. No entanto, não posso deixar de destacar que o que ensinam nos bancos escolares, é que a Igreja quis demonstrar força com a Inquisição, perseguindo, matando e violando em nome de Deus, àqueles que a ela contestava. Também é a opinião defendida por alguns historiadores, ao menos os que conheço. Por isso até me surpreendi quando vi sua formação em história. Aproveito para lhe perguntar novamente: Estou equivocado?? O que alguns historiadores dizem sobre a Igreja/Estado medieval é errado?? Porque?

Por fim, estou sempre em busca de conhecimento, e com certeza irei em busca de informações, como tenho feito diariamente. Espero um dia chegar ao brilhantismo e pontencial com o qual o senhor responde e defende seu ponto de vista, espero, porém, alcançar argumentos suficientes para contrapor algumas de suas teses, às quais compreendo, porém discordo.

No mais professor, continuo com meu São Francisco, o de Assis. Até que prove o contrário, é um Santo pelo qual tenho apreço, ao menos dos livros que li de histórias/estórias a ele atribuídas, enxerguei nele forte presença divina.

Permita-me ainda lhe fazer mais dois questionamentos:

Gostaria de saber, à luz da verdade defendida pela Montfort, a opinião sobre o pontifício do Papa João Paulo II, e o que esperar de Bento XVI no que diz respeito à possibilidade de um novo Concílio.

Hoje (11/1/2007) verifiquei uma nota no canto esquerdo do site uma nota sobre a relação da Montfort com o Vaticano, acaso já estava ali, ou tem relação ao meu questionamento?

Nos encontramos na Eucaristia,
Forte abraço

André Machado Coelho

RESPOSTA

Muito prezado Dr. André,
Salve Maria.
 
    Fico muito contente que você tenha bem compreendido que não se pode dizer -- como o fez Lutero -- que a Igreja é santa e pecadora. Como você bem disse, pecadores somos nós. E a Igreja nos santifica, e nós não tornamos a Igreja pecadora.
    Assim como na Missa o sacerdote mistura vinho com uma só gota de água (que simboliza nossa lágrima de arrependimento, perdoando então nossos pecados venias ao abençoar essa gota de água), assim nós nos unimos a Crsito. A gotinha de água não vai aguar o vinho. Pelo contrário. É o vinho que vai "vinificar" a água dando-lhe sua cor, aroma e sabor.
    Assim também nós, unidos a Cristo, na Igreja, não o aguamos, mas Ele nos dá a cor, o perfume, e o sabor de suas virtudes. Nós não tornamos a Igreja pecadora como nós. Ela nos santifica, porque ela é santa e santificadora, da santidade que lhe vem de Crsito Deus, cabeça do Corpo Mística da Igreja.
 
    Louvo sua honestidade intelectual reconhecendo equivocos. Há uma verdadeira conspiração contra a Igreja na História, como houve uma conspiração contra Cristo que o levou à morte de Cruz.
    Os livros de história usados nas escolas mentem descaradamente.
    Como já tratei largamente desse ponto no site, permita-me pedir-lhe que leia, por exemplo, dois textos meus. Um se intitula "Mas que gente ignorante..." e trata da questão se na idade Média se ensinava que a terra era plana. Um segundo texto, seria sobre "A Vocação do Brasil". Há também muitas cartas tratando da inquisição citando livros e autores europeus que desmentem as lendas que ainda correm no Brasil sobre a Inquisição.
    Permita-me dizer-lhe que não defendo "um ponto de vista meu".
    Defendo a Igreja, defendo a Fé, e defendo a verdade histórica tal qual ela objetivamente foi.

    Qual o livro que você leu sobre São Francisco de Assis?

    Aquela nota sobre a Montfort e o Vaticano está lá há muito tempo já.
     
    Sobre o pontificado de João Paulo II e de Bento XVI escrevi muitos artigos e cartas. Hoje, para atendê-lo, pelo menos em parte, cito-lhe um dito que corria, em Roma:

"João Paulo II enchia as praças e esvaziava as igrejas. Bento XVI esvazia as praças e vai encher as igrejas".

    Nos últimos meses, esse dito tão inteligente que tem que ser de uma Cardeal peninsular, foi um tanto desmentido.
    Bento XVI tem conseguido uma audiência na Praça de São Pedro muito maior do que João Paulo II, apesar de não ter uma personalidade tão cativante quanto indubitavelmente tinha o Papa polonês. No fim de um longo pontficado, João Paulo II legou a Bento XVI uma igreja extremaente dividida. No Brasil, não há duas paróquais com a mesma missa. Não há dois grupos católicos que se entendam e que concordem entre si.
    O ecumenismo do Concílio Vaticano II não trouxe nenhum grupo herético de volta à Igreja -- e nem pretende fazer isso - mas dividiu os católicos. 
    Sobre o Vaticano II peço-lhe que leia meus trabalhos: Resposta ao Institutto Paulo VI de Brescia e Eclesiologia do Vaticano II, provando como este concílio foi manipulado pelos hereges modernistas.
    Desejando aprofundar nossa amizade me subscrevo,
 
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli