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Amar a Deus, única felicidade da vida
PERGUNTA
A paz de Cristo esteja convosco.
Já é a terceira ou a quarta vez que vos escrevo e é sempre um prazer fazê-lo pois não vejo em mais lado nenhum cristãos mais defensores da fé e da Igreja Católica (a única e verdadeira igreja de Cristo, obviamente), que lutam pela Verdade e contra o relativismo estúpido e estupidificante deste pobre século educado pela televisão. E se por um lado é grande a alegria de ver que ainda existe quem esteja verdadeiramente com Cristo, é pena encontrar em vós uma excepção (mesmo quando olhamos para grande parte do clero). Em todo o caso contem sempre com as minhas orações, o meu respeito, e claro a minha amizade, mesmo existindo um oceano entre nós. Que Deus vos abençoe sempre e vos dê sempre fé e lucidez para combater o mal que surge de todos lados; a vós e a todos os verdadeiros cristãos (isto é, os que são católicos, porque os outros infelizmente não seguem a Cristo, seguem apenas aquilo que lhes interessa).
A minha questão (desabafo) é sobre o facto da vida ser uma dádiva de Deus. Passo a explicar. Se de facto ser participantes na obra de Deus é uma dádiva magnífica, tanto mais considerando a grandeza de Deus e a nossa pequenez, não é verdade que a vida, depois do pecado original, se tornou um suplício autêntico? Trabalhar, quem tem trabalho,viver permanentemente acossado pelos pecados, atacado pelos nossos inimigos, cheios de dúvidas quanto à nossa morte, não sabendo se depois de um esforço brutal não acabamos no inferno por um momento de fraqueza (até porque os nossos momentos de força são bem mais de Deus que nossos), frágeis fisicamente, etc, etc, etc. Até para dar à luz a mãe o faz com dor. E eu queixo-me e no entanto sou um abençoado que nasci numa família cristã, que não tem problemas monetários, onde não há discórdias, tenho uma vida pacata, boa saúde, nasci num país que pode não ser o melhor do mundo mas onde a qualidade de vida a todos os níveis é mais que boa para uma pessoa ser feliz, etc. Mas mesmo com todas esta sorte, estes presentes que Deus me deu, continuo a achar a vida um suplício e não percebo como uma pessoa pode andar alegre neste desterro. É claro que eu só referi em boa verdade coisas materiais que não são de modo nenhum os bens mais preciosos, mas também creio que nos espirituais não sou a pessoa mais desfavorecida do mundo, e mesmo assim não vejo na minha existência grande motivo para regozijos. Se um dia estiver no céu com Deus então sim, mas para já, ao contrário do que a igreja pede, não consigo viver com alegria, mas só como alguém que anda desterrado no mundo. E reparem que sem alegria é difícil uma pessoa andar próxima de Deus, praticar a caridade, etc. A minha questão é a seguinte: como pode um cristão conciliar o facto de viver num desterro (não podendo ninguém ter a certeza que acabando o desterro não vai para lugar ainda pior, ainda que devamos ter fé em Deus na nossa salvação), e ao mesmo tempo viver com alegria e achar a vida uma dádiva?
Peço desculpa se as minhas palavras forem um pouco confusas mas acho um pouco difícil explicar precisamente o que me inquieta, e talvez no fundo esta dúvida seja somente um sinal de alguma fraqueza minha na fé ou algum afastamento de Deus, e para quem confie mais em Deus que eu não faça qualquer sentido. Em todo o caso se me puderem dispensar umas palavrinhas sobre este tema ficaria agradecido.
um abraço a todos, especialmente ao professor Orlando que tem sido sempre o meu interlocutor das últimas cartas.
RESPOSTA
Salve Maria.
Prière pour des petits Cyranos - Ah! non ! Jamais!- que je ne fasse un pas mauvais par lacheté. Que j"aie l"audace de proclamer à voix claire la vérité. Tout solitaire que ce soit, que j"aie la grace de témoigner la vraie Foi sans balancer. Donnez- moi, s"il faut déplaire un puissant sire, pour le bien faire, donnez-moi un franc langage, pour le maudire, sans faux ménage. Que je prefere plus que plaisir, un coeur sincère. Plutot souffrir une vie amère que de mentir. Plutot la mort que d"être lâche, car plus que l"or vaut le panache. Plus que l"argent, la vérité. Plus que la vie, l"honneur de Dieu. Plus que renom, être haï par les méchants. Être sans nom. Être un cri d"amour vermeil. Verser son sang, en plein soleil. Rester au rang, même tout Seul. Entrer en lice, quand l"on se bat pour la justice. Rire du nombre, haïr le vice et la pénombre. Parler bien Clair contre l"erreur. N"avoir l"air d"avoir peur, d"être risible. Rêver l"honneur d"être une cible. O la joie, o mon Dieu, d"être à Toi, Roi des cieux! Plutot la mort que d"être lâche, car plus que l"or vaut le panache. Plus que l"argent, la vérité. Plus que la vie, l"honneur de Dieu. O la joie, o mon Dieu, d"être à Toi, |
Oração para pequenos Cyranos
Senhor, por misericórdia, não permitas – - Ah! Não! jamais!-
que eu faça
um ato mau
por covardia.
Que eu tenha a audácia
de proclamar
com voz clara
a verdade.
Por mais sozinho
que eu esteja,
que eu tenha a graça
de testemunhar
a verdadeira Fé
sem hesitar
Dai-me,
se for preciso desagradar
um poderoso senhor,
para fazê-lo bem,
dai-me
uma linguagem franca
para maldizê-lo,
sem falso respeito.
Que eu prefira
mais que o prazer
um coração sincero.
Antes sofrer
uma vida amarga
do que mentir.
Antes a morte
do que ser covarde,
porque mais do que o ouro
vale a bravura.
Mais do que o dinheiro,
a verdade.
Mais do que a vida,
a honra de Deus.
Mais do que a fama,
ser odiado
pelos maus.
Ser sem nome.
Ser um grito
de amor vermelho
Derramar seu sangue
em pleno sol.
Permanecer na fileira
ainda que sozinho.
Entrar na liça
quando se luta
pela justiça.
Rir do número,
odiar o vício
e a penumbra.
Falar bem claro
contra o erro.
Não ter o ar
de ter medo,
de ser ridículo.
Sonhar a honra
de ser um alvo.
Oh! a alegria,
oh meu Deus,
de ser teu,
oh Rei dos céus.
Antes a morte
do que ser covarde,
porque mais que o ouro
vale a bravura.
Mais que o dinheiro,
a verdade.
Mais do que a vida,
a honra de Deus
Oh! a alegria,
oh meu Deus,
de ser teu
oh Rei dos céus! |
São Paulo, 30/I/89.
Orlando Fedeli.
O la joie, o mon Dieu, d"être à Toi, Roi des cieux!
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli