Neocatecumenato
Gnose grotesca do Caminho Neocatecumenal
PERGUNTA
Prezados irmãos da Montfort AC, salve Maria!
Escrevo-vos com a intenção de contribuir com o vosso site e em busca de fontes de estudo.
Durante minha adolescência, em busca de formação católica, entrei em um grupo que anunciava catequeses na paróquia próxima à minha casa. O grupo chama-se Caminho Neocatecumenal.
Passei 5 anos no que eles chamavam de "comunidade", vivenciando tudo o que era-me orientado por catequistas e responsáveis.
Eu não possuo boa formação católica (estou aprendendo), mas, mesmo assim, o pouco que sei denunciou no meu íntimo que aquilo que via e ouvia não era o que ensinava a Santa Igreja.
Depois de alguns anos deixei o grupo e, estudando por conta própria, comecei a perceber certas similaridades daquilo que experienciei no “caminho” com heresias já conhecidas.
Gostaria de compartilhar com os amigos da Montfort a minha experiência no tocante ao modo como é ministrado o sacramento da confissão no “caminho”.
Inicialmente faz-se necessário uma breve descrição de como é disposta a comunidade durante as celebrações – assim o chamam. Os bancos formam como o formato de um “u”, a mesa do “altar” é posta no centro, detrás o púlpito e então a cátedra do padre, que fica de frente para o povo, aos moldes da missa de Paulo VI. Porém, durante a confissão são retirados a mesa e o púlpito, ficando o padre de pé no centro da assembleia em formato de “u”.
A “confissão” se dá assim: enquanto músicos tocam canções de estilo flamenco (com direito a bumbo, castanholas e derbake!) a pessoa se levanta e fica de frente com o padre, semicerra-se de modo a aproximar sua boca ao ouvido dele, e então confessa os pecados. Na minha experiência, não consegui ouvir a minha penitência e nem sei se o padre ouviu a minha confissão. Por óbvio, a música atrapalhava, e o fato de estarem todos os demais sentados com proximidade fazia com que tanto eu quanto o padre falássemos baixo.
No entanto, algo muito curioso acontecia durante o que chamavam de “convivência”.
Uma vez por mês costumávamos nos reunir em uma localidade separada. Ali havia uma confraternização e, após o almoço, fazia-se a “partilha”. Não me lembro bem se esse era o termo, mas me lembro muito bem dos escândalos que ouvi, pois os membros da comunidade ali compartilhavam problemas de sua vida particular da ordem de maior intimidade. Eu fiquei muitas vezes horrorizado, e por meu turno me restringia a falar das leituras bíblicas que havia realizado durante aquele mês. Entretanto, muitos dos meus pares falavam abertamente de intimidades que faziam jus a uma confissão pública. Ouvi certa vez que assim o era para que fossem curadas as feridas entre os irmãos.
Isto posto, pergunto aos amigos da Montfort se não vos parece estranho que a “confissão” ao sacerdote seja organizada como que para dificultá-la, ao passo que se incentiva uma confissão pública ao grupo pertencente?
De onde o sr. Kiko Argüello e a sra. Carmen Hernández tiraram tais fórmulas? Porque eu, pessoalmente, vejo muitas semelhanças com os “grupos de encontro” do psicólogo Carl Rogers que quando foi aplicado, na década de 60, no convento do Imaculado Coração de Maria da Califórnia, EUA, conseguiu como resultado que 525 das 600 freiras pedissem demissão. Ao estudar o trabalho do Dr. Rogers, Thomas Oden fala que foi “o movimento do potencial humano como uma nova forma do pietismo do século XVIII. O pietismo e os grupos de encontro partilhavam uma crença de que a religião não era algo associado a qualquer organização. Na verdade, era uma nova forma de consciência que permite uma experiência direta e transcendental de Deus por meio de uma experiência emocional cuidadosamente orquestrada que envolve o grupo.” (Thomas C. Oden – Intensive Group Expirience: The New Pietism, 1972, apud, E. Michael Jones, Libido Dominandi: libertação sexual e controle político, p. 677).
É como se o sr. Argüello quisesse retirar a absolvição dada por Deus mediante o sacerdote e transferi-la para o indivíduo, para uma experiência pessoal com o grupo (frise-se a importância que eles dão à experiência). O indivíduo, não a autoridade do padre, é capaz de absolver os pecados, porque Deus estaria dentro de cada de um de nós, logo seríamos todos Deus. E isto não é outra coisa senão gnose!
Amigos da Montfort, peço-vos que denunciem mais as heresias do Neocatecumento, pois eles crescem em número e levam boas pessoas para heresias.
Se tiverem as apostilas que os catequistas do “caminho” usam, peço por favor que as disponibilize, pois não encontro em lugar algum.
Estarei rezando pelo belo apostolado que fazem. Espero que tenham planos de conferências em Brasília!
Vivat Cor Iesu
Matheus Vasconcelos Gomes
Brasília-DF, 24 de setembro de 2023
RESPOSTA
Muito prezado Matheus, salve Maria!
Muito preciosas as suas informações e perspicaz a sua análise, para quem, como você mesmo diz "não possuo boa formação católica (estou aprendendo)", a sua análise me parece perfeita, parabéns!
De fato, parece uma gnose grotesca e sacrílega esse tipo de cerimônia do Caminho, bem em sintonia com as aberrações desse tipo de movimento.
Precisamos continuar atacando e desmascarando as heresias desse tipo de movimento, que, infelizmente, pervertem muitas almas honestas do nosso meio católico.
Rezemos por eles, e, por caridade, caro Matheus, reze por nós e escreva-nos sempre que necessário.
In báculo Cruce et in virga Virgine,
Francis Mauro Rocha.