Neocatecumenato
Ingênuo consulente tenta justificar as heresias do Caminho Neocatecumenal
PERGUNTA
Antes de iniciar este pedido de desculpas, gostaria de pedir a Deus, à Santíssima Virgem, aos Santos, e em especial a minha querida Santa Teresa de Ávila que iluminem minha inteligência nesta carta para que eu não crie mais confusões, não seja ríspido e possa trazer a verdade de nosso Senhor Jesus Cristo, que faz do seio das trevas brilhar a Luz, que é sua Santa Face.
Explico agora meu pedido de desculpas: irmãos em Cristo, venho pedir desculpas pelas confusões causadas pelo Caminho Neocatecumenal.
Não sou enviado por nenhuma equipe de catequistas para tanto, não sou ninguém dentro da organização do caminho neocatecumenal, tais como responsável de comunidade, catequista, padre, nada. Sou apenas um catecúmeno (este é o nome que se dá a todos os que participam do caminho neocatecumenal, e é desprezível as explicações de por que assim se denomina: neo: novo, catecumenato: catequização. Assim quem está em catequização é catecúmeno).
Estive lendo algumas cartas do site, e me encheram de profunda tristeza como os irmãos que escreviam não conseguiam ser claros nas suas explicações. Não me considero melhor que eles, do contrário, me sinto muito mais incapacitado que muitos que expressaram seus próprios testemunhos nas cartas, e como eu já ouvi muitas vezes, o testemunho arrasta mas as palavras no máximo convencem. Entretanto pude observar como eram persistentes as dúvidas por parte de vós quanto às práticas do caminho, que por mais que muitos tentassem explicar não conseguiam sanar as vossas dúvidas. Isto posto, começarei efetivamente meu pedido de perdão:
1º Perdão pelo caminho neocatecumenal ser por vezes muito recluso.
Neste ponto só posso concordar convosco. O Caminho Neocatecumenal no geral se fechou. Vejo para isso 2 motivos principais, primeiro o fato de muitos não compreenderem sua estrutura, ou seja, muitas pessoas não compreendem como pode a paróquia "se fechar" em uma pequena comunidade (que varia de pequenas comunidades com 5, 10 pessoas, até grandes comunidades com 60 pessoas ou mais, não há um número definido). Esta incompreensão das pessoas fizeram com que o caminho se fechasse pois as pessoas que pertenciam a esta comunidade sentiam que só quem estava no caminho as compreendia. E também há muitas pessoas que se pensam melhores que as outras por estarem no caminho. O segundo motivo é pelo fato de que algumas pessoas hostilizam os participantes do caminho neocatecumenal. Já experimentei algumas vezes isto, e vi pessoas que abertamente atacaram o caminho, mas não por uma dúvida ou incompreensão, mas por terem visto o mau exemplo de alguns, aqueles que se acham melhores por estarem no caminho, fazendo estas pessoas adotarem atitudes de repulsa para com os participantes do caminho.
1.1 As "Apostilas" do caminho.
Como já se mostrou em cartas no site, todos sabem da existência destas apostilas, entretanto pouco se fala do grande drama que foi a própria aprovação das práticas neocatecumenais.
O caminho neocatecumenal foi aprovado pela Santa Igreja por 5 anos ad experimentum, e após isto foi aprovado o seu estatuto internacional, após mais de 30 anos nos quais sua doutrina foi corrigida pela Santa Mãe Igreja. Portanto é sim sabido que o caminho neocatecumenal teve práticas heréticas, mas também é sabido que a Igreja corrigiu estas práticas, e corrige qualquer discrepância que venha a acontecer por meio dos bispos, e isto está previsto em seu estatuto como no Artigo 1, §2: "O Caminho Neocatecumenal está a serviço dos Bispos como uma modalidade de realização diocesana da iniciação cristã e da educação permanente à fé, segundo indicações do Concílio Vaticano II e do Magistério da Igreja". Também está escrito: Art. 2 "[...] 1º. sob a direção do Bispo diocesano e com a guia da Equipe Responsável internacional do Caminho, ou da Equipe Responsável delegada, da qual se trata no art. 3, 7º; [...]".
Como mostrado, as práticas do caminho estão submetidas ao bispo diocesano, portanto qualquer ação da comunidade é executada com o consentimento dele, e a existência ou não do caminho em uma diocese depende igualmente da sua aprovação. Portanto, se as apostilas foram aprovadas pelo Vaticano, e o bispo garante que seu conteúdo está sendo aplicado de forma coerente, ou seja, sem desvios, as apostilas não possuem nenhuma irregularidade. Entretanto, por que elas são secretas? O motivo disto é a forma que se constrói a caminhada neocatecumenal. Eu por um tempo não entendi o motivo de se haver etapas no caminho, e estas catequeses serem liberadas gradualmente, porém, após a realização do meu primeiro escrutínio, eu reconheci o motivo destas apostilas não serem abertas: o escândalo. Os cristãos não estão prontos para escutarem que não possuem fé, que estão se enganando ao quererem fazer com Deus trocas, que ir a missa somente não é ser cristão, que sua vida não irá magicamente melhorar por você estar indo na igreja, e todas as outras coisas que infelizmente penetraram a Igreja, e retiraram do homem a verdadeira Verdade: "[...] Até o presente somos considerados como o lixo do mundo, a escória do universo"(1Co 4,13) ou ainda "Pois aquele que quiser salvar a sua vida vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará"(Lc 9,23-24). Estes e outros ensinamentos, se fossem expostos à pessoas que ainda não estivessem preparadas para escuta-las da forma como são mostrados no caminho (no caminho tudo o que é celebrado é vivido pela comunidade. Tudo é concreto.), causaria repúdio por parte delas, escândalo, e como disse Jesus: "Caso alguém escandalize um destes pequeninos que crêem em mim, melhor será que lhe pendurem ao pescoço uma pesada mó e seja precipitado nas profundezas do mar."(Mt 18,6). Ademas, este conhecimento ser reservado não é uma invenção do Caminho Neocatecumenal, as primeiras comunidades cristãs eram assim. O batismo era concedido quando a pessoa apresentava verdadeiros sinais de fé, e antes disto, ela iria recebendo os ensinamentos conforme poderia compreende-los pois a fé é racional.
2º Perdão por causarmos confusão no ensinamento da fé.
Li também neste site que um irmão causou grande confusão quanto ao "ensinamento da fé por parte dos catequistas neocatecumenais". Peço perdão caso alguém saiba de equipes de catequistas que causam transtorno neste ponto, mas eu nunca conheci nenhuma discrepância com os ensinamentos dos catequistas e os da Santíssima Igreja. O que falarei agora faz parte das chamadas "apostilas", como já dito, não as li, mas recebi seus ensinamentos, que são passados lendo-as (vale um parêntese para dizer que o conteúdo do texto da apostila é um resumo da catequese, com várias passagens bíblicas que podem ser perscrutadas para aprofundar o conhecimento da catequese. Além disto há experiências dos primeiros catequistas que passaram estas catequeses, e experiências pessoais que auxiliam o catequista que irá passar a catequese para a comunidade). Por vezes as catequeses são precedidas de perguntas. Para não causar nenhum tipo de dúvida sobre como são estas perguntas, irei explica-las para que o demônio não vos cause curiosidade. São dois tipos de perguntas, as que são respondidas individualmente, e as que são respondidas em grupo. As que são respondidas individualmente são feitas ou de forma anônima - é dado uma folha onde se escreve as respostas, e depois as folhas são todas recolhidas e lidas pelos catequistas sem ser possível saber quem escreveu cada uma - ou quando não é anônima é respondida na liberdade, ou seja, você expõe sua resposta caso queira, ficando em pé e falando. As respostas em grupo são mantidas em segredo dentro do grupo, que é formado pelas pessoas da comunidade, de forma a se gerar um grupo diverso, onde pais e filhos não fiquem juntos, ou esposos e esposas, ou namorados, ou pessoas com vínculos muito íntimos para que não gerem constrangimento entre estes ao responderem. Então o grupo responde, e marca cada resposta de forma anônima, tais como "o irmão 1 disse...", "fulano disse...", "sicrano disse....". Uma destas perguntas no primeiro escrutínio é sobre a fé: "Você tem fé?". Após as respostas, é passado uma catequese sobre a fé, onde é explicado o que diz São Tiago (Tg 2,14-26). Ali é passado o que é ter fé: fé são obras, e não se limita a crença, se tu não possui obras, sua fé é morta, é como se não a possuísse. O catecismo da Igreja sustenta isto nos parágrafos 1815 e 1816.
3º Perdão por causar escândalo quanto aos escrutínios.
O estatuto internacional do caminho diz no capítulo IV, Art. 19 §2: "Os escrutínios ajudam os neocatecúmenos no seu caminho de conversão, respeitando a consciência e o foro interno, segundo a normativa canônica, o OICA e o Direito Catequético do Caminho Neocatecumenal". Espero que as palavras do estatuto sejam suficientes para mostrar que a Santa Mãe Igreja aprova todas as ações dos escrutínios e diz explicitamente que elas devem respeitar a individualidade de cada um (sendo isto repetido durante o escrutínio várias vezes, ao menos pelos meus catequistas). Caso alguém saiba de algo que não esteja nesta conformidade, deve informar o bispo diocesano. Acredito ser importante lembrar que os escrutínios são 2, o primeiro, que é a primeira fase que se realiza no caminho, após isto acontece o shemá israel, e por fim o segundo escrutínio.
4º Perdão se assustamos quando aceitamos cânticos judaicos, ou comentamos a tradição judaica.
um dos cantos mais bonitos do caminho neocatecumenal ao meu ver é o Shemá Israel. Quem quiser ouvi-lo pode facilmente encontra-lo na internet com centenas de cantores diferentes. Acho que esta é a principal presença judaica dentro do caminho neocatecumenal, que nada mais é que uma frase: shemá israel adonai elohenu adonai ehad. Esta frase em aramaico quer dizer "escuta israel, o senhor é vosso Deus, o Senhor é um". Esta é a fé de todas as religiões abraâmicas: Cristãos, Muçulmanos e Judeus. A crença no Deus uno é parte de nosso credo, logo não há nada de errado nisto. Sobre alguma outra ""interferência"" judaica no caminho neocatecumenal, é interessante ouvir as palavras de Jesus em Mt13,52. Ademais, Deus nunca erra, portanto todo o credo judaico até Jesus Cristo é válido (Mt5, 17-19). Após Cristo nada que foi instituído dentro do judaísmo é valido, porém antes disto é. Jesus rezou o Shemá, ele era judeu. Para além disto, conservamos ainda em nossa bíblia sagrada os livros da Sabedoria, Provérbios, Eclesiastes, e todo o antigo testamento, que contém ensinamentos "judeus". Os ensinamentos de Cristo são infinitamente superiores a estes, mas estes também são úteis para a edificação do homem.
5º Perdão pelas nossas eucaristias, que escandalizam a muitos dentro da igreja.
Antes de tentar explicar os principais pontos de discordância da eucaristia neocatecumenal, gostaria de lembrar que a Santa Igreja Católica Apostólica Romana possuí uma riqueza enorme de ritos da eucaristia! Isto é lindo, pois permite que cada cristão celebre a Deus conforme é melhor para ele, e consequentemente permite o anuncio do evangelho de diferentes formas. Seria eu hipócrita ao dizer que não possuo ressalvas quanto a alguns ritos eucarísticos, como as missas de cura e libertação da renovação carismática católica, mas novamente, se a Santa Igreja aprova, e zela para que seja feito da forma correta, que Deus seja bendito nos fiéis que celebrarem este rito. O mesmo ocorre com o caminho neocatecumenal, com a missa tridentina, no rito católico oriental, entre outros.
Mas tentarei explicar como a santa Igreja instrui a celebração do rito eucarístico nas comunidades neocatecumenais.
Em minha comunidade isto não ocorre, pois são pequenas, entretanto há algumas paróquias que celebram a eucaristia apenas para a comunidade - em minha paróquia todas as 4 comunidades celebram juntas. O estatuto do caminho tem um parágrafo para isto, se encontra no Art.13 §2: "Os neocatecúmenos celebram a Eucaristia na pequena comunidade para serem iniciados gradualmente à plena, consciente e ativa participação nos divinos mistérios, também segundo o exemplo de Cristo, que na multiplicação dos pães fez sentar os homens "em grupos de cinquenta" (Lc 9,14). Tal costume, consolidado nas práxis de mais de trinta anos do Caminho, é fecundo em frutos". A eucaristia é celebrada aos sábados por dois motivos, o primeiro é por ser a véspera do domingo, ou seja, o dia que antecede. Esperamos o dia do senhor em oração. Outro motivo é que (eu como jovem confirmo isto) o mundo oferece muitas festas, orgias, eventos, e outras coisas diabólicas durante a noite de sábado. Estar com o compromisso da eucaristia neste dia retira a mim e a outros jovens de minha comunidade, e tenho certeza de que de várias outras comunidades, das garras do demônio nessas noites. Já ouvi se falar que a missa do sábado não é válida para o domingo - durante meu período de catequese, minha catequista dizia que eu participar das eucaristias no sábado com meus pais não valia como ir na missa. Entretanto o catecismo da igreja afirma no parágrafo 2180: "[...] Satisfaz o preceito de participar da missa quem assiste à missa celebrada, segundo o rito católico, no próprio dia de festa ou no dia anterior". Também é valido informar que a eucaristia é preparada com a liturgia do domingo, justamente por ser celebrada sábado à noite, sendo uma vigília para o domingo.
Sobre as disposições da assembléia, do ambão e do altar na liturgia catecumenal, caberia uma enorme explicação. Quando não é realizada na própria igreja, onde se mantém portanto o padrão de qualquer igreja, a sala onde será realizada a eucaristia é composta inteira por sinais, de forma a ensinar com a arquitetura, e favorecer a participação da liturgia. Caso queira saber mais sobre, podem entrar no link https://www.pnse.com.br/ onde há uma explicação da paróquia nossa senhora da esperança no DF, que foi construída nos moldes do caminho neocatecumenal. Algumas outras explicações como a parede com pintura rugosa que se assemelha a um útero, pois a igreja é o útero dos cristãos, onde é gestada a fé. O tapete azul que lembra o céu, ou vermelho, que lembra o sangue dos mártires. A mesa no centro para que todos participem ativamente, e não de forma dispersa da celebração. O feixe de luz sobre o altar, mostrando que ali é o foco da celebração, e simbolizando o céu, etc... A arquitetura na Igreja sempre foi muito rica, e cada época catequizou de alguma forma as pessoas, nas suas mais diferentes formas.
A eucaristia é aberta para todos os que quiserem participar, e todos são acolhidos e apresentados.
É verdade que a eucaristia na maioria das vezes ocorre apenas com pessoas que participam do caminho, e isto é o que permite que a comunhão seja feita em duas espécies, pois estas pessoas recebem inúmeras instruções de como comungar corretamente nas duas espécies. Ademas, a utilização do pão ázimo feito em casa pelos(as) padeiros(as), seguindo vários protocolos e orações, é mais uma vez sinal: relembra como foi feita a primeira eucaristia com o próprio Jesus. Todos os cálices e bandejas utilizadas são lavados com o zelo necessário para com os objetos sagrados, ou seja, com as mesmas práticas que se lavam os instrumentos da igreja. O mesmo vale para os panos utilizados, e a toalha da mesa. Nenhuma partícula de pão deve ser perdida, e toda a comunidade assegura a segurança das eucaristias neste sentido.
Por fim temos ainda as danças.
Meus catequistas são bem rígidos quanto a elas, para que sejam realizadas de forma bíblica (2Sm 14-23). As danças são simplesmente uma expressão de louvor a Deus realizadas em momentos de festa da igreja tais como o tempo do natal, e principalmente o tempo da páscoa. A dança é ensinada na primeira convivência, e deve ser realizada desta forma sem "invencionices", que ocorrem principalmente por parte dos jovens.
6º Perdão por Kiko Arguello.
Eu penso que o homem (gênero humano) possui uma tendência materialista. Nunca li nada sobre isto, nem procurei embasar este meu pensamento, entretanto percebo que lideres espirituais, tais como pregadores, iniciadores de movimentos, sacerdotes que se destacam, entre outros, passam a serem vistos como donos da verdade, e inerráveis. Kiko Arguello é um homem, pecador, orgulhoso, vaidoso, como ele mesmo se descreve. Kiko não é portador da verdade. Kiko não escreveu todas as catequeses do caminho, grande parte - se não a maioria - foram escritas por Pe. Mario e Carmen Hernández. Kiko é só um falho instrumento, que Deus utilizou para sua obra perfeita, como tantos outros na história da igreja. "Maldito o homem que se fia no homem"(Jr 17, 5), Kiko vai passar, sua arte (que agrada a alguns, e desagrada a outros) vai passar, seus cantos - que foram criados com auxilio de outras pessoas - irão passar. Entretanto é inevitável que a beleza é algo que marca a igreja. As imagens, estátuas, pinturas, afrescos, ícones, tudo nos trás mais para perto de Deus. Assim é também com a estética Neocatecumenal. Novamente, quem não se encaixa neste meio, pode bendizer a Deus de outras formas, com outros movimentos, outros itinerários, outras pastorais, etc...
Por fim, tudo o que eu disse não é de maior proveito que esta frase: "O Evangelho tem todas as respostas que a gente precisa", meu avô falava isto. Quem possuí o verdadeiro poder de interpretar o evangelho é a Santa Mãe Igreja. Portanto o melhor a se fazer é acreditar nos ensinamentos dela, em seus concílios, em seus dogmas, em tudo que ela autoriza e permite que exista como uma forma válida de culto e fé.
Me desculpe minha incapacidade de escrita, qualquer outra duvida que surgir, gostaria muito de poder sanar.
RESPOSTA
Li sua missiva atentamente, você parece mais um desses membros dessas novas comunidades, produzidas pelo modernismo, repleto de ingenuidade, com uma boa intenção, mas por conta de uma formação precária se deixa levar por um culto personalista que faz muito mal para as almas, e transforma muitos em fanáticos sectários.
Os seus seguidos pedidos de perdão só valem como ingênuas justificativas de uma heterodoxia para lá de reprovável, apesar de sua, me parece, boa intenção, suas justificativas sentimentalóides e munidas de argumentos doutrinários completamente inconsistentes apenas reforçam os absurdos dessa seita maléfica que é o Caminho Neocatecumenal.
Agora, passemos à sua missiva, você começa por tentar justificar a característica reclusa do Caminho, tentando defender que tal reclusão se dá por conta dos outros que não compreendem os estatutos da sua seita, isso é falso, João Lucas, a reclusão é próprio das ações sectárias que se separam por serem excludentes por conta de sua doutrina exótica e secreta, por conta também do seu elitismo, que tenta selecionar com minúcia seus aliciados. A abertura e a transparência são próprios das obras de Nosso Senhor e de sua Santa Mãe Igreja:
Jo 18, 20: “Jesus respondeu-lhe: "Eu falei publicamente ao mundo; ensinei sempre na sinagoga e no templo, aonde concorrem todos os Judeus; NADA DISSE EM SEGREDO”.
Luc 5, 14-16: “Vós sois a luz do mundo. NÃO PODE ESCONDER-SE UMA CIDADE SITUADA SOBRE UM MONTE; nem se acende uma lucerna, e se põe debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, a fim de que dê luz a todos os que estão em casa. ASSIM BRILHE A VOSSA LUZ DIANTE DOS HOMENS, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”.
Uma doutrina que não é clara, que se protege num segredo para poucos não é obra de Cristo Nosso Senhor, mas do inimigo, Jo 18, 20: “NADA DISSE EM SEGREDO”.
Você afirma que as práticas heréticas do Caminho foram corrigidas pela Igreja e continua dizendo que as tais apostilas continuam secretas, você mesmo afirma que nunca as leu. Quanta ingenuidade, meu caro João Lucas, você acha mesmo que a Igreja aprovaria uma doutrina que permanece secreta e que só pode ser conhecida por alguns membros dessa seita? Se a doutrina fosse aprovada, como você ingenuamente acredita, e fizesse tão bem para as almas, ela seria divulgada por todos os cantos do catolicismo para maior glória de Deus e salvação das almas, mas não é isso que acontece, porque a doutrina do Caminho é judaizante e traz muito perigo para as almas.
A Aprovação de um Movimento que se diz católico, hoje em dia, sobretudo após o fatídico Concílio do Vaticano II, não leva em conta uma análise minuciosa da doutrina de tais movimentos, desgraçadamente, veja o caso dos Arautos do Evangelho com o seu culto secreto ao Plínio e sua mãe, e as aprovações dos movimentos carismáticos e seus falsos dons. Hoje em dia, basta ter como forte padrinho um cardeal que você consegue a aprovação de um movimento, por mais heterodoxo que seja. Você, caro João Lucas, pensa ingenuamente que na aprovação do Caminho pelo Vaticano se deu uma minuciosa análise doutrinária das tão secretas apostilas, essas novas comunidades normalmente ocultam sua heterodoxia para serem aprovadas de forma puramente burocrática.
Você cita ainda como justificativa para todo esse segredo das famigeradas apostilas a desculpa do escândalo que causaria sua revelação, será que a ocultação ou tamanho sigilo da verdade é uma boa atitude para Nosso Senhor, mesmo que possa causar escândalo para alguns? Veja abaixo que Cristo parece dar exemplo diverso do que foi arguido por você:
Jo 6, 53. 60: “Jesus disse-lhes: "Em verdade, em verdade, vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós (...) Muitos de seus discípulos, ouvindo isto, disseram: "Dura é esta linguagem; quem a pode ouvir?". Jesus, conhecendo em si mesmo que seus discípulos murmuravam por isto, disse-lhes: "ISTO ESCANDALIZA- VOS? Que será quando virdes subir o Filho do homem para onde estava antes?”.
Uma das coisas mais absurdas da sua missiva, que manifesta bem os frutos da heterodoxia da seita que você defende, é o ecumenismo e defesa das práticas judaizantes do movimento que você participa: “Esta é a fé de todas as religiões abraâmicas: Cristãos, Muçulmanos e Judeus. A crença no Deus uno é parte de nosso credo, logo não há nada de errado nisto”.
Veja o que fez São Paulo com relação aos costumes judaizantes de São Pedro:
Gal 2, 11-14: “11 Quando, porém, Pedro veio a Antioquia, enfrentei-o face a face, por sua atitude condenável. 12 Pois, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios. Quando, porém, eles chegaram, afastou-se e separou-se dos gentios, temendo os que eram da circuncisão. 13 Os demais judeus também se uniram a ele nessa hipocrisia, de modo que até Barnabé se deixou levar.
14 Quando vi que não estavam andando de acordo com a verdade do evangelho, declarei a Pedro, diante de todos: “Você é judeu, mas vive como gentio e não como judeu. Portanto, como pode obrigar gentios a viverem como judeus?”
A falha que é observada na conduta de São Pedro foi uma imprudência, ao retirar-se da mesa dos gentios, por medo de ofender os judeus convertidos; mas isso, em tais circunstâncias, quando isso pode ser prejudicial para os gentios, que podem ser induzidos a se considerarem obrigados a se conformar ao modo de vida judaico, em prejuízo de sua liberdade cristã.
Veja a crítica de Santo Tomás de Aquino ao evento acima:
“Assim, São Paulo, que era súdito de São Pedro, arguiu-o publicamente, em razão de um perigo iminente de escândalo em matéria de Fé. E, como diz a Glosa de Santo Ambrósio, ―o próprio São Pedro deu o exemplo aos que governam, a fim de que estes afastando-se alguma vez do bom caminho, não recusassem como indigna uma correção vinda mesmo de seu súdito” (ad Gal. 2, 14). No comentário à Epístola aos Gálatas, assim escreve São Tomás: “A repreensão foi justa e útil, e o seu motivo não foi leve: TRATAVA-SE DE UM PERIGO PARA A PRESERVAÇÃO DA VERDADE EVANGÉLICA (...)”.
Outro coisa absurda que você argumenta são as práticas litúrgicas da sua seita que mais do que heréticas são pra lá de escandalosas: “gostaria de lembrar que a Santa Igreja Católica Apostólica Romana possuí uma riqueza enorme de ritos da eucaristia! Isto é lindo”; “Algumas outras explicações como a parede com pintura rugosa que se assemelha a um útero, pois a igreja é o útero dos cristãos, onde é gestada a fé. O tapete azul que lembra o céu, ou vermelho, que lembra o sangue dos mártires. A mesa no centro para que todos participem ativamente, e não de forma dispersa da celebração. O feixe de luz sobre o altar, mostrando que ali é o foco da celebração, e simbolizando o céu, etc... A arquitetura na Igreja sempre foi muito rica, e cada época catequizou de alguma forma as pessoas, nas suas mais diferentes formas”.
Eu nunca ouvi, depois de mais de uma década lidando com estudos litúrgicos, uma descrição tão grotesca e de mau gosto, para dizer o mínimo, que tem ainda a pretensão de se dizer “litúrgica”, João Lucas, você não percebe, mas está soterrado num amálgama de monstruosidades doutrinárias que farão você e muitos logo-logo perderem a fé, se já não perderam!
Por fim, caríssimo João Lucas, aconselho a você se afastar dessa seita repleta de heresias que tanto mal fazem às almas, conte com minhas sinceras orações para que você se afaste de vez de tamanho perigo para a sua fé:
“Pois, então, a suprema deslealdade para com Deus é a heresia. É o pecado dos pecados, a mais repugnante das coisas que Deus desdenha neste mundo enfermo. No entanto, quão pouco entendemos da sua enorme odiosidade! É a poluição da verdade de Deus, o que é a pior de todas as impurezas.
Porém, quão pouca importância damos à heresia! Fitamo-la e permanecemos calmos... Tocamo-la e não trememos. Misturamos-nos com ela e não temos medo. Vemo-la tocar nas coisas sagradas e não temos nenhum sentido do sacrilégio. Inalamos seu odor e não mostramos qualquer sinal de abominação ou de nojo. De entre nós, alguns simpatizam com ela e alguns até atenuam a sua culpa. Não amamos a Deus o suficiente para nos enraivecermos por causa da Sua glória. Não amamos os homens o suficiente para sermos caridosamente verdadeiros por causa das suas almas.
(...) Dizemos aos homens a metade da verdade, a metade que melhor convém à nossa própria pusilanimidade e aos seus próprios preconceitos. E, então, admiramo-nos que tão poucos se convertam e que, desses tão poucos, tantos apostatem. Somos tão fracos a ponto de nos surpreendermos que a nossa meia-verdade não tenha tanto sucesso como a verdade completa de Deus. Onde não há ódio à heresia, não há santidade
Um homem, que poderia ser um apóstolo, torna-se uma úlcera na Igreja por falta de recta indignação” (Pe. Frederick William FABER [1814-1863], The Precious Blood, or: The Price of Our Salvation [O Preciosíssimo Sangue, ou: o Preço da Nossa Salvação], 1860, pp. 314-316) .
Francis Mauro Rocha,