O termo “gnose” vem do grego “gnosis” cujo significado é conhecimento, deriva-se do verbo gignosko que significa conhecer. Ao latinizar-se converteu-se em “gnoscere”, ou seja, “conhecer”. Gnóstico portanto é um conhecedor ou aquele que sabe ou que detém o conhecimento. Na verdade gnose tem um significado muito mais amplo e abrangente, uma vez que este termo serve também para designar as correntes filosóficas e espirituais que floresceram no início da era cristã, cujos adeptos proclamavam serem detentores dos ensinamentos secretos que Jesus Cristo o “Salvador”, passou a seus discípulos mais próximos. A bem da verdade devemos esclarecer que a gnose em si mesma transcende a era cristã. Trata-se de um conhecimento tão antigo quanto o próprio homem, cuja origem se perde na noite dos séculos, proveniente das regiões superiores da natureza. Ser um gnóstico portanto, eqüivale a dizer que o indivíduo alcançou a sabedoria das idades, encarnando em si mesmo o “conhecimento perene”, que permeia o Universo. A gnose é o saber por excelência, é a sabedoria pura e suprema que está acessível a todo aquele que ousar trilhar o Caminho da Iniciação Branca, revelado ao mundo pelos grandes iniciados e Mestres do passado da Terra. Graças ao labor de Samael Aun Weor o grande Mestre Gnóstico do século XX, este Caminho agora está aberto a todo aquele que queira trilhar a senda de mistérios, onde o candidato é instado a todo momento a superar sua letargia, os seus medos mais profundos, a embriaguês e o fascínio que a existência material exercem sobre a consciência humana. Para que possamos obter uma compreensão mais ampla a respeito do que é a gnose e sobre o desenvolvimento do gnosticismo, vamos expor abaixo o pensamento de alguns estudiosos do assunto:
Jean-Michel Angebert, em: O Livro da Tradição:
“A Gnose é uma escola de pensamento total que engloba a um só tempo o microcosmo e o macrocosmo em uma corrente sincrética no qual ciência, fé e magia se unem para secretar uma verdade única. “A etimologia do termo é grega e significa conhecimento. Nisso reside toda a explicação das pretensões gnósticas, cujo objeto supremo é o de casar harmoniosamente a inteligência e o misticismo. “Nesse espírito, a gnose perfeita, só pode ser atributo dos iniciados, dos eleitos e não do vulgar que não atravessou os degraus sucessivos e iluminados dos mistérios”.
Elaine Pagels, em: Os Evangelhos Gnósticos:
“Da maneira como os gnósticos usam o termo (referindo-se a palavra gnosis), poderíamos traduzi-lo por percepção interior, pois a gnose envolve um processo intuitivo de conhecer-se a si mesmo. E conhecer-se, afirmavam eles, é conhecer a natureza humana e o destino do humano. De acordo com o mestre gnóstico Teódoto, que escreveu na Ásia Menor entre os anos 140 e 160, o gnóstico é aquele que chegou a compreender: quem éramos e quem nos tornamos; onde estávamos... para onde nos precipitamos; do que estamos sendo libertos; o que é o nascimento e o que é o renascimento. “Porém conhecer-se no nível mais profundo é simultaneamente conhecer Deus; esse é o segredo da gnose”.
Maria Helena de Oliveira Tricca, em: Apócrifos II:
“O gnosticismo é uma corrente filosófica que a Igreja cristã ortodoxa dos primeiros séculos considerou herética. Deriva do pitagorismo, do platonismo, do zoroastrismo e do mitraísmo. Também tem raízes nas religiões do Egito e da Mesopotâmia. Englobava portanto todo o conhecimento existente. “Seus adeptos acreditavam que a gnosis, o Conhecimento, podia chegar ao homem por meio de transes, quando o espírito ficava livre para circular pelas diversas esferas. O que faziam alguns filósofos gregos”.
Joan O’Grady, em sua obra: Heresia:
“Gnosticismo, em seu sentido mais abrangente, significa a crença na Salvação pelo Conhecimento – isto é, pela compreensão da natureza da realidade. Para os gnósticos, era a compreensão da origem da alma, sua condição neste mundo e a saída desta condição. Segundo afirmavam, esse conhecimento não pode ser apenas intelectual, mas precisa passar pelo sentir. Antes de mais nada é o conhecimento do Eu – de sua verdadeira natureza e seu destino. Havia várias cosmogonias e sistemas cósmicos para explicar esse destino mas a alma aspirante tinha de viajar para o alto, rumo a seu objetivo”.
Samael Aun Weor, em: A Doutrina Secreta de Anauhac:
“A Gnose é uma função bastante natural da consciência, uma Philosofhia Perenis et Universalis. “É fora de toda e qualquer questão, o conhecimento iluminado dos Mistérios Divinos reservados a uns poucos, a uma elite. “A palavra Gnosticismo encerra em sua estrutura gramatical a idéia de sistemas ou correntes dedicados ao estudo da Gnose. “Este Gnosticismo implica uma série coerente, clara, precisa, de elementos fundamentais, verificáveis através da experiência mística direta como: a Maldição, do ponto de vista científico e filosófico; o Adão e a Eva do Gênese hebraico; o Pecado Original e a saída do Paraíso; o Mistério do Lúcifer náuatle; a Morte do mim Mesmo; os Poderes Criadores; a essência do Salvator Salvandus; os Mistérios Sexuais; o Cristo Interno; a Serpente ígnea dos nossos Mágicos Poderes; a descida aos Infernos o retorno ao Éden; o Dom de Mefistófeles. “Somente as Doutrinas Gnósticas que impliquem os fundamentos Ontológicos, Teológicos e Antropológicos acima citados fazem parte do Gnosticismo autêntico. “O adjetivo Gnóstico pode e até deve ser aplicado inteligentemente tanto a concepções que de uma ou outra forma se relacionem com a Gnose ou com o Gnosticismo. “Estabelecidos firmemente estes esclarecimentos semânticos, passemos agora a definir com total clareza meridiana o Gnosticismo. “Cabe explicar aqui, neste trabalho, com ênfase, que o Gnosticismo é um processo religioso muito íntimo, natural e profundo. Esoterismo autêntico essencialmente, desenvolvendo-se de instante a instante, com vivências místicas muito particulares e com Doutrina e ritos próprios. Doutrina extraordinária que, fundamentalmente, adota a forma mística e, às vezes, mitológica. Liturgia Mágica inefável com viva ilustração para a Consciência Superlativa do Ser. “É evidente que o conhecimento Gnóstico escapa sempre às análises normais do racionalismo subjetivo. O correlato deste conhecimento é a intimidade infinita da pessoa, ou seja, o Ser. “A razão de ser do Ser é o mesmo Ser. Só o Ser pode conhecer-se a si mesmo. O Ser, portanto, se Auto-conhece na Gnose. “Auto-conhecimento , auto-gnose implica a aniquilação do Eu como trabalho prévio, urgente, inadiável. “O Eu, o Ego é constituído de adições e subtrações de elementos subjetivos, inumanos, bestiais que, como é evidente, têm um princípio e um fim. “Com a dissolução do Eu, a essência, a consciência desperta, ilumina-se, liberta-se, sobrevindo então como consequência ou corolário o Auto-conhecimento, a Auto-gnose. “Evidentemente, a revelação legítima tem seus fundamentos irrefutáveis, irrebatíveis na Auto-gnose. “A revelação Gnóstica é sempre imediata, direta, intuitiva; exclui radicalmente as operações intelectuais de tipo subjetivo, nada tem a ver com a experiência e com a reunião de dados basicamente sensoriais. “A experiência Gnóstica permite ao devoto sincero conhecer-se e auto-realizar-se integralmente. “Entenda-se por auto-realização o desenvolvimento harmonioso de todas as infinitas possibilidades humanas. “Auto-conhecer-se e auto-realizar-se no horizonte das infinitas possibilidades humanas implicam o ingresso ou o re-ingresso na Hoste Criadora dos Elohim. “Esta é a segurança do Gnóstico, o Ser se lhe revelou completamente, e seus esplendores maravilhosos destroem radicalmente toda ilusão. “Se hoje possuímos a Gnose dos Grandes Mistérios Arcaicos é porque alguns homens santos conseguiram achegar-se ao dinamismo revelador do Ser devido à sua lealdade doutrinária”. Estas explicações do grande Mestre Gnóstico nos levam a concluir que, Gnóstico é aquele que se auto-realizou a fundo, enquanto que aquele que não alcançou este feito é simplesmente um aspirante à Gnose. A gnose portanto é o conhecimento obtido por revelação divina, através de um processo intuitivo muito íntimo, advindo da experiência mística direta, onde o iniciado se dá conta de quem é, de onde veio, do porque está aqui e qual é o destino que o aguarda.
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