Filosofia
Padres naturalistas
PERGUNTA
Nome:
Marcos
Enviada em:
04/12/2003
Local:
Curitiba - PR,
Religião:
Católica
Idade:
47 anos
Escolaridade:
Pós-graduação concluída
Muito prezado Professor Fedeli
Recentemente comecei a freqüentar uma igreja, a qual está atraindo um número progressivo de fiéis em minha cidade.
Os padres dessa igreja fazem sermões realmente muito bonitos; e além disso, realizam todos os dias dezenas de atendimentos individuais a pessoas que vêm enfrentando os mais diversos tipos de sofrimento (como álcool, drogas, dificuldades financeiras, violência na família, síndromes de depressão e fuga). São padres que possuem longa formação teológica e também são psicólogos e parapsicólogos.
É inegável o excelente serviço que esses padres estão desenvolvendo no sentido de aliviarem o sofrimento humano; condição esta que tornou-se muito séria em nossa população, com o agravante de que as pessoas não têm mais com quem conversar/desabafar (as cidades viraram muito frias) e também não possuem recursos para buscarem atendimento profissional (analistas, psicólogos, psiquiatras).
Por outro lado, esses padres possuem algumas idéias com as quais eu tenho resistido em concordar, como por exemplo as que submeto a seguir, Prof. Fedeli, para a sua análise e comentários, na sua condição de grande estudioso e conhecedor da religião católica e das doutrinas da Igreja.
1. Não há qualquer prova de que Satanás aja ou tenha agido neste nosso mundo de hoje. Não há nenhuma evidência de que tenha havido qualquer caso de possessão demoníaca, em alguma pessoa. Quando a Bíblia se refere a Satanás, na realidade trata-se de uma figura de linguagem para citar "os maus pensamentos" ou o "negativismo" intrínseco a cada ser humano. O caso dos porcos que caíram no despenhadeiro trata-se de uma elaboração literária e não de um fato que tenha realmente ocorrido. As demais tentações citadas na Bíblia são decorrentes das próprias pessoas e de seus desejos, e não da influência do diabo como se acredita.
2. Deus já nos deu tudo aquilo de que necessitamos. Recebemos o dom da vida e um ambiente maravilhoso (céu azul, mares, pássaros, florestas, e assim por diante). Daí para frente, a responsabilidade é inteiramente nossa, pois Deus nos respeita e nos ama tanto, que Ele nos deixa seguir a vida de acordo com o nosso livre-arbítrio, sem interferir.
3. Uma pessoa que, por exemplo, passe a orar para que ela consiga trabalho (isso é, "um emprego", necessário para a sobrevivência de sua família), receberá aquele emprego somente se "ela" esforçar-se para tal. Não haverá possibilidade de qualquer graça de Deus no sentido de ajudá-la nisso. E esperar que Deus nos ajude, é alienar-se, é não querer fazer a nossa parte.
4. Os ensinamentos constantes da Bíblia visam unicamente a Salvação, entendida como a Vida Eterna (isso é, a vida após a presente vida). Não há, portanto, qualquer interferência ou ajuda de Deus para conosco, nesta presente vida.
5. Jesus aconselhou-nos a não usarmos de vãs repetições ao orarmos. Portanto, não devemos rezar o terço (como Nossa Senhora nos recomendou em Fátima), pois ele não passa de repetições das mesmas orações (embora este seja o entendimento, há sessões de reza de terços na igreja desses mesmos padres).
6. Abençoar (as pessoas, as Bíblias, os crucifixos, etc.) com água benta, trata-se unicamente de um sinal psicológico, não tendo nenhuma relação espiritual envolvida nesse ato. (Esses procedimentos são adotados por esses padres, mas no entendimento de que são sinais psicológicos).
7. Com exceção da consagração/comunhão, todos os outros rituais da missa são puramente psicológicos.
Apreciaria seus comentários sobre esses temas.
Cordialmente,
Marcos
RESPOSTA
Prezado Marcos, salve Maria.
O que você me conta desses padres demonstra que, na realidade, eles são Modernistas.
O naturalismo do que eles ensinam é anticatólico. Eles negam os milagres, negam a graça de Deus, têm uma concepção deísta e não católica da ação de Deus na História, negam o sobrenatural e o preter natural. Desse modo, esses Padres não são mais católicos.
Eles negam a existência do demônio e das possessões, afirmadas por Cristo, nos Evangelhos. Se eles ousam negar direta e brutalmente o que o próprio Cristo afirmou, no que acreditam eles ? Eles não crêem em Cristo e na Sagrada Escritura. Eles crêem em si mesmo e nas fábulas parapsicológicas do padre Quevedo. São quevedistas e não cristãos.
Disse que eles são modernistas, e, portanto hereges.
Se o caso narrado nos evangelhos sobre os porcos possuídos pelo demônio é, para eles , "uma elaboração literária e não de um fato que tenha realmente ocorrido" que prova se tem de que a anunciação do anjo a Nossa Senhora não foi também.
"uma elaboração literária e não de um fato que tenha realmente ocorrido" ? E por que a transubstanciação, para eles, seria verdadeira?
A negação de um só fato do Evangelho acarreta a negação de todos eles, e o cristianismo passa a ser uma farsa.
No que acreditam, então, de fato, esses padres naturalistas?
É verdade que Deus respeita nosso livre arbítrio, mas é falso que Ele fique apenas assistindo tudo o que ocorre na história, sem interferir. Esse é um erro dos deístas. Deus constantemente nos assiste com suas graças. Por isso, Nosso Senhor disse "Sem Mim, nada podeis fazer".
Embora devamos fazer tudo o que possamos, nada alcançamos sem que Deus nos dê. Por essa razão nos diz a Sagrada Escritura:"Em vão vigia a sentinela, se Deus não guarda a cidade" (Sl CXXVI, 1).
Esses padres já não são católicos: são naturalistas e materialistas.
Todo o trabalho que eles fazem de assistência é mera filantropia e não caridade Eles pretendem ser mais assistentes sociais do que sacerdotes, do que outros Cristos.
Eles não são católicos, mas membros da igreja filantrópica universal.
E é esse filantropismo, travestido de católico e negador da caridade sobrenatural, que os faz merecedores do tratamento que Cristo deu aos fariseus: " Ai de vós,..."
O que você me conta desses padres demonstra que, na realidade, eles são Modernistas.
O naturalismo do que eles ensinam é anticatólico. Eles negam os milagres, negam a graça de Deus, têm uma concepção deísta e não católica da ação de Deus na História, negam o sobrenatural e o preter natural. Desse modo, esses Padres não são mais católicos.
Eles negam a existência do demônio e das possessões, afirmadas por Cristo, nos Evangelhos. Se eles ousam negar direta e brutalmente o que o próprio Cristo afirmou, no que acreditam eles ? Eles não crêem em Cristo e na Sagrada Escritura. Eles crêem em si mesmo e nas fábulas parapsicológicas do padre Quevedo. São quevedistas e não cristãos.
Disse que eles são modernistas, e, portanto hereges.
Se o caso narrado nos evangelhos sobre os porcos possuídos pelo demônio é, para eles , "uma elaboração literária e não de um fato que tenha realmente ocorrido" que prova se tem de que a anunciação do anjo a Nossa Senhora não foi também.
"uma elaboração literária e não de um fato que tenha realmente ocorrido" ? E por que a transubstanciação, para eles, seria verdadeira?
A negação de um só fato do Evangelho acarreta a negação de todos eles, e o cristianismo passa a ser uma farsa.
No que acreditam, então, de fato, esses padres naturalistas?
É verdade que Deus respeita nosso livre arbítrio, mas é falso que Ele fique apenas assistindo tudo o que ocorre na história, sem interferir. Esse é um erro dos deístas. Deus constantemente nos assiste com suas graças. Por isso, Nosso Senhor disse "Sem Mim, nada podeis fazer".
Embora devamos fazer tudo o que possamos, nada alcançamos sem que Deus nos dê. Por essa razão nos diz a Sagrada Escritura:"Em vão vigia a sentinela, se Deus não guarda a cidade" (Sl CXXVI, 1).
Esses padres já não são católicos: são naturalistas e materialistas.
Todo o trabalho que eles fazem de assistência é mera filantropia e não caridade Eles pretendem ser mais assistentes sociais do que sacerdotes, do que outros Cristos.
Eles não são católicos, mas membros da igreja filantrópica universal.
E é esse filantropismo, travestido de católico e negador da caridade sobrenatural, que os faz merecedores do tratamento que Cristo deu aos fariseus: " Ai de vós,..."
in Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.